Amigo Guedes
Mais uma história, desta vez de guerra, mas sem desgraças...antes pelo contrário !!
Um relato sobre granadas de morteiro do PAIGC que ao contrário do que era habitual, em vez de matarem “salvaram muitas vidas”.
Como normalmente os ataques ao quartel eram efectuados de noite, na manhã seguinte, bem cedo, fazia-se um balanço aos estragos causados no pessoal e material, e efectuavam-se os devidos relatórios, que nós Op. Cripto, tínhamos como tarefa, cifrar e enviar para Bissau.
Por diversas vezes foram localizadas, meio enterradas no chão, granadas de morteiro do ataque da véspera, por deflagrar. Algumas, quando caiam em terreno um pouco menos rijo, ficavam mesmo enterradas até á deriva de cauda.
O que acontecia, era que as granadas de morteiro utilizadas pelo PAIGC, vêm embaladas de fábrica com uma tampa de baquelite preto, no lugar da cabeça/ espoleta.
Sabia-se que o IN de véspera fazia uma rusga pelas aldeias nativas e “mobilizava” pessoal para a função de carregadores do material bélico que seria utilizado no ataque ás NT.
Claro que antes do disparo das granadas, teria que ser retirada a tampa de baquelite e enroscada a cabeça detonadora...mas na confusão dos ataques e na pressa da retirada, muitas das granadas eram disparadas como inértes.
Recordo o pessoal especialista na “pesca” á “parte-tolas” que era feita com uma vara muito comprida e uma corda de laço na ponta que era engatada na deriva da granada, e a que o pessoal depois de abrigado dava uns puxões valentes até a “bicha” se desenterrar.
Terminada a função bélica, tinham um fim prático, estas granadas, muitas deram belos candeeiros, que camaradas artífices do armamento “mãosinhas de ouro” com engenho e arte, transformavam em práticas peças e vendiam ao pessoal. Eu próprio comprei dois, que acabei por oferecer já na Metrópole.
As fotos legendadas mostram como funcionava o sistema.
Zé Justo
11 Maio 2008
1 comentário:
Grande Justo
Lembro-me perfeitamente das "parte-tolas". Mais... uma caiu em cima do nosso quarto e também não explodiu ao contrário de uma outra que quase destruiu a oficina dos rádio-montadores. Lembro-me como se fosse hoje. Eu, Tu e o Cavaleiro no quarto do "velhinho", paredes meias com o nosso, todos nós a tremer como varas verdes, fogo...aquilo naquela noite foi muito complicado. Ainda bem que a cavilha da granada não foi tirada. Que sorte nós tivemos. Um Abração Justo
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