Devem estar recordados, que nos princípios o IN só atacava antes da meia-noite. A partir de uma passagem de ano, começaram a visitar-nos depois da meia-noite.
Num dos últimos ataques, deviam ser umas duas e pouco da madrugada, estava eu nessa altura a dormir juntamente com outros colegas no posto de rádio, quando fomos acordados com o matraquear das armas "deles" e dos morteiros. Imediatamente nos levantamos e há que fugir. Acontece, que eu ao por a mão na porta, dei conta que estava descalço. Naquele momento passa muita coisa pela nossa cabeça. Como tenho muita sensibilidade na sola dos pés, resolvi voltar à cama para os buscar, como tudo ficou às escuras demorei uns milésimos de segundo a procurar até que algo caiu entre a enfermaria e uma pequena antena que havia no posto de rádio virada para essa enfermaria e a verdade é que me iluminou. Calcei as chinelas (havaianas borracha) e quando abro a porta do posto de rádio, ouço um zumbido e instântaneamente o enorme estrondo e vejo um jeep a arder junto à caserna e a caserna a começar a arder também. Dirigi-me para aquele quarto que ficava no extremo do edificio de transmissões onde trabalhava o Vitor Hugo o Luis Filipe, Matos. Mas quando vou a entrar, gritam-me para não o fazer, pois tinha caído um morteiro. Efectivamente a peça caiu nesse pequeno hall furando o telhado e ao cair fez um pequeno buraco no cimento mas não explodiu.
Moral da história. Se eu não demorasse aqueles breves segundos à procura das chinelas, provavelmente teria levado nas costas ou na tola sei lá onde,com o roquete que atingiu o Jeep. E quem sabe se o morteiro que caiu no hall e não explodiu me teria atingido na tola!
Abraço-vos a todos
José Costa
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