CCaç 2314 - Age Quod Agis
21 h ·
NOVA SINTRA – GUINÉ
Faz hoje 53 anos que foi o início do aquartelamento de Nova
Sintra, na Península de Gantangó, Guiné Portuguesa.
Na madrugada de 6 de Maio de 1968, a CCAÇ 2314 e a CART 1802
saiam de Tite e São João, respetivamente, com destino à região de Nova Sintra,
para a construção de um aquartelamento.
A CCAÇ 2314 atinge o objetivo, pelas 9 horas e 30 minutos e
a CART 1802, pelas 15 horas, com uma coluna de 17 viaturas carregadas de
material diverso necessário à sua construção, que ocorreu até 31 de maio.
Esta acção tinha tido inicio com trabalhos de abertura e
desmatação da estrada que ligava Tite a Nova Sintra, entre 17 de março e 4 de
Maio de 1968 e as operações de reconhecimento em 19, 23 e 30/31 de março.
A CCAÇ 2314, a 31 maio 1968, regressa a Tite, fazendo-se
acompanhar de 5 viaturas GMC, tendo atingido Tite pelas 9 horas, sem qualquer
contato com o IN e a Cart 1802 permaneceu em Nova Sintra.
Esta permanência em Nova Sintra foi bastante penosa quer
para a CCac 2314 bem como para a CArt 1802, onde sofreram ataques ao
aquartelamento em 10MAI, com um morto soldado nativo e 10 feridos, a 12, 14 e
19 de Maio, sem consequências, e finalmente no dia 26 de Maio com um ferido.
Outras companhias se seguiram no melhoramento das condições
e defesa destas instalações.
Assim, verificamos que no historial de Nova Sintra, consta:
- O aquartelamento foi construído pela CCAC 2314 e pela Cart
1802 entre 6 e 31 de Maio de 1968;
- A Cart 1802, ‘Os Pioneiros de Nova Sintra' permaneceram
depois até Outubro de 1968;
- A CArt 1743, esteve entre outubro de 1968 e Março de 1969;
- A CCav 2483, os ‘Cavaleiros de Nova Sintra', esteve entre
Março de 1969 e Setembro de 1970;
- A CCav 276, 'Pica na Burra', esteve entre Setembro de 1970
e 8 de Dezembro de 1970;
- A CArt 2771, os ‘Duros de Nova Sintra', entre 8 de
Dezembro de 1970 e 16 de Setembro de 1972;
- Finalmente, a 2ª CART do
BART 6520, permaneceu em Nova Sintra entre 16 de Setembro de 1972 e 17
de Julho de 1974, data em que entregou o aquartelamento ao PAIGC.
Desse dia, diz-nos Carlos Barros:
“Quando os guerrilheiros do PAIGC estavam perto do arame
farpado, portões das bananeiras, criou-se suspense de quem os iria receber. Os
furriéis Barros e Ferreira, desarmados e em calções, assumiram corajosamente
esse papel, e foram para junto do portão de acesso ao destacamento, onde os
guerrilheiros/as e a população afeta ao PAIGC entraram, conviveram connosco,
tiramos fotografias, jantaram, dormiram e afinal cheguei a uma conclusão: -
Eles e nós estávamos fartos da guerra e desejávamos a paz e, acima de tudo, a
libertação da Guiné”.
Diz-nos, também, que ajudou a oferecer livros e outras
lembranças, tendo sido para ele ‘um momento marcante da história da Guerra
Colonial, em Nova Sintra’.
Ajudou a arrear a bandeira portuguesa, mas o PAIGC não
hasteou a sua porque não tinha bandeira.
Ficou com uma recordação dessa bandeira portuguesa da qual
guardou dois pedaços como lembrança da História Real ou Virtual da Guerra.
Bandeira que já estava em muito mau estado, diz ...
Uma das fotografias, publicada por José Pires, é um
documento histórico da entrega formal do quartel de Nova Sintra (BART 6520 de
Tite) ao PAIGC, em 17 de Julho de 1974, onde vemos o Alf. José Pires, o Ten.
Cor. Almeida Mira e o Cap. de Nova Sintra, pela parte portuguesa.
O Furriel Miliciano Carlos Barros, da 2ª. CART do BART 6520, relata-nos assim como foram os
últimos dias da presença portuguesa em Nova Sintra, na Província Ultramarina da Guiné, situada na região de
Gantangó, Quinara.
Este relato é ‘o princípio e o fim” de uma permanência feita
de sacrifícios, sangue, suor e lágrimas e até da própria morte, quer do lado
das Forcas Armadas Portuguesas, quer do PAIGC.
Nova Sintra estava situada na parte sul do Setor de Tite, na
Península de Gantangó, Quinara. Era uma
região abundante em cajueiros e mangueiros, onde se fazia o cruzamento da estrada
internacional que tinha início no
Enxudé, porto no rio Geba, e ligava Tite a Bolama por São João e Fulacunda até
Buba e Catió.
Presentemente, segundo informações, o local encontra-se
completamente abandonado e as instalações desaproveitadas cobertas pelo mato.
Gouveia, 6 de Maio de 2021.
Cor. JMPTrabulo
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