Hoje quero falar do papel que as "MADRINHAS DE GUERRA" tiveram nas vidas de muitos de nós que fizeram a Guerra Colonial.
Quase todos nós deixamos tudo: Mães, avós, noivas, mulheres, filhos, sonhos etc. Tudo enfim, para cumprir o seu dever de soldado.
Recordo-me com saudade, quando se houvia o roncar de uma DO ou o DAKOTA a expectativa que se gerava entre nós: Olha é o correio a chegar, diziam uns. Olha que não diziam outros. A verdade é que corríamos para a "pista" ver a carga do avião. E alguns momentos depois, lá estava o nosso Hipólito a chamar um a um. E era ver os olhos daqueles que recebiam uma ou mais cartas em contraste com outros que nada recebiam. Eu era um felizardo. Rara era a vez que "lerpava".
Então, além das cartas da família, também tinha uma Madrinha de Guerra. De seu nome Maria da Graça. A minha madrinha, foi uma "companheira" durante mais de um ano! Nesse período que me escrevia, eu apreciava bastante as palavras de carinho, conforto e principalmente de alento para superarmos aqueles momentos dificeis e traumáticos da Guerra Colonial.
Quando cheguei à Metrópole devia, até por obrigação moral, de ir procurá-la até para a conhecer pessoalmente. Mas a vida tem destas coisas. Numca a procurei, mas numca a esqueci. Era um dever moral que eu tinha de concretizar para lhe agradecer o trabalho e a dedicação que sempre teve comigo naquele período dificil.
Pois hoje resolvi ir procurá-la para a conhecer pessoalmente, e encontrei-a!! Já se passaram 40 anos! Mas valeu a pena. Estive um hora com ela a recordar os caminhos que cada um traçou a partir de Fevereiro de 1969. Vamo-nos encontrar mais vezes concerteza, mais a mais que agora sei onde vive.
Bem haja a todas as Madrinhas de Guerra, que contribiuram para a felicidade de muitos de nós ex-combatentes.
José Costa
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Amigo Costa
Cada vez mais me interrogo que magia é esta que fez deste tempo em que estivemos todos juntos na Guiné, um futuro de amizades e vivencias inexplicaveis.
E a prova está no teu interesse em procurares a tua Madrinha de Guerra. Foi um gesto muito simpáctico da tua parte e acho que para ti foi um momento de grandes emoções.
Eu também tive a minha, apesar de ela nunca se assunir como tal, mas para mim foi a minha Madrinha de Guerra.
O que aconteceu é que depois de vir do Ultramar, arrastei-lhe a asa e em Março de 1971 estava no altar para dizer o "sim". E com ela tive um filho e uma filha, que já me deram um neto e duas netas.
E continuo casado ao fim de 37 anos...
Parabens amigo por trazeres à nossa memória mais um trecho importante da nossa passagem pela Guiné.
Leandro Guedes
3 comentários:
Éh Costa
Gostei de ler a tua crónica.
Como foi decerto bom esse encontro.
Mas tenho a sensação que não disseste tudo?
Com o devido respeito que é muito e uma vez que os encontros vão repetir-se, pode ser que numa próxima oportunidade possas desenvolver mais a informação.
Um abraço
Pica
Boa tarde,
Trabalho numa produtora de tv e no âmbito de uma pesquisa que estou a fazer para um Programa (RTP), procuro informação sobre este tema ("Madrinhas de Guerra") e pessoas que me possam relatar a sua experiência. Se alguém ler este post e tiver vivido esta época de uma forma ou de outra p.favor contacte-me p aqui .
Ao autor deste artigo, se ler esta mensagem, estaria muito interessada em falar consigo.(posteriormente darei o meu contacto).
Muito obrigada.
Marina
Se puder ajudar, conta comigo: jpcovr@sapo.pt
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