Para a tropa fui chamado
A cumprir o meu dever
Nas fileiras do exército
Aprendi a obedecer
Na vida civil protestava
Ao que o meu Pai me dizia
Pois aqui é tão diferente
Como a noite do dia
Quando fui mobilizado
Bastante me custou
Sabia que vinha sofrer
Mas não pude dizer não vou
Abandonei minha família
Com esperanças no coração
De voltar ainda um dia
Ao terminar a comissão
Dias alegres e tristes
E assim se vão passando
Até que cheque o dia
Que estou desejando
Tinha medo quando cheguei
À Província da Guiné
Agora estou mais calmo
Já sei o que isto é
E assim tenho escapado
Protegido pela sorte
Porque aqui é tudo mau
Desde o Sul até ao Norte
Cheguei a sair do quarto
A chover quanto podia
Junto dos meus camaradas
Sem nenhum saber pra onde ia
Rompendo na escuridão
Sem se ouvir uma voz
Mas a esperança de voltar
Andava sempre com nós
Esta cor tão diferente
Daquela que eu ia criando
E com eles passo a mocidade
Nesta terra desterrado
José Costa
Guiné, 1968
1 comentário:
Viva.
Espero que isso dos ouvidos tenha passado.
Naquele tempo havia de ser pior, pois de certo nem havia defesa ao ruido.
A artilharia foi escolha ou imposição ?
Um abraço e bom fim de semana.
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