Já lá vai Pedro Soldado
Num barco da nossa armada
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada.
Triste vai Pedro Soldado
Branda rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Nem é Pedro marinheiro
Nem no mar é o seu caminho.
Nem anda a branca gaivota
Pescando peixe em terra
Nem é de Pedro essa rota
Dos barcos que vão à guerra.
Nem anda Pedro pescando
Nem no mar deitou a rede
No mar não anda lavrando
Soldado a mão se despede
Do campo que se faz verde
Onde não anda ceifando
Pedro no mar navegando.
Onde não anda ceifando
Já o campo se faz verde
E em cada hora se perde
Cada hora que demora
Pedro no mar navegando
E já Setembro é chegado
Já o Verão vai passando.
Não é Pedro pescador
Nem no mar vindimador
Nem soldado vindimando
Verde vinha vindimada.
Triste vai Pedro Soldado.
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada.
Soldado número tal
Só a morte é que foi dele.
Jaz morto. Ponto final.
O nome morreu com ele.
Deixou um saco bordado e era Pedro Soldado
Poema de Manuel Alegre
(também enviado pelo Pica Sinos)
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