Da página do Joaquim Caldeira, tiramos este interessante artigo:
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"BART 1914
Em Tite fomos recebidos nas instalações do BART 1914. Contrariamente ao que eu supunha o BCAÇ 2834 foi desmembrado e cada companhia seguiu o seu destino, indo a sede do Batalhão para outro sítio.
Não deu para perceber mas não se perdeu nem se ganhou. A que nos acolheu era uma unidade de gente igual a nós, compinchas e com quem fizemos rápidas e boa amizades..Acabaram a comissão mais cedo do que nós. Ficamos órfãos. Durante a nossa estada em Tite foi com o seu apoio que sempre contámos, desde sapadores, obuses, transmissões, etc,etc.Durante algum tempo ficámos com a companhia 1734, não sei se de caçadores, cavalaria ou artilharia. Era uma companhia operacional que teve alguns desaires devido a operações difíceis e arrojadas. Foi dela que foram raptados um alferes e um cabo, em Bissássema, resgatados muito mais tarde, após sofrimentos que se adivinham.
Voltemos ao BART. Era dele que se recrutavam os encarregados da messe, jeitosos. Esse encargo devia-se ao facto de estarem mais disponíveis do que os operacionais que, por andarem em operações não podiam assumir tais funções. Também os sapadores colaboravam na picagem e levantamento de minas. Foram eles que destruiram e minaram o que ficou de Bissássema. Hoje é-me difícil lembrar os nomes. Mas as feições de então ainda estão presentes. Em resumo, fizemos grandes amizades e tenho pena de na altura não termos ideia de ficar com a lista de nomes e moradas uns dos outros. Talvez ainda não seja tarde. Mas há um elemento com quem ainda hoje me encontro, regularmente, e de quem sou amigo. O José Carlos Figueiredo, furriel dos obuses. É natural e residente em Coimbra, por sinal, quase meu vizinho. Um dia, penso dedicar-lhe um capítulo destas memórias.
Aos poucos vamos recordando velhos tempos. Para os mais saudosistas, sugiro que consultem em :
http://bart1914.blogspot.com/
para formarmos uma parceria. É uma página, por sinal muito bem feita, do BART 1914. Não deixem de ver. Eu fui informado pelos Garcia, Almeida e Trabulo. Agora quero que todos lhe façam uma visita.
Joaquim Caldeira
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34º almoço em 2025 - Figueira da Foz - Quinta da Salmanha.
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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
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quinta-feira, 1 de abril de 2010
Bart 1914, pelo Joaquim Caldeira
Da página do Joaquim Caldeira, tiramos este interessante artigo:
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"BART 1914
Em Tite fomos recebidos nas instalações do BART 1914. Contrariamente ao que eu supunha o BCAÇ 2834 foi desmembrado e cada companhia seguiu o seu destino, indo a sede do Batalhão para outro sítio.
Não deu para perceber mas não se perdeu nem se ganhou. A que nos acolheu era uma unidade de gente igual a nós, compinchas e com quem fizemos rápidas e boa amizades..Acabaram a comissão mais cedo do que nós. Ficamos órfãos. Durante a nossa estada em Tite foi com o seu apoio que sempre contámos, desde sapadores, obuses, transmissões, etc,etc.Durante algum tempo ficámos com a companhia 1734, não sei se de caçadores, cavalaria ou artilharia. Era uma companhia operacional que teve alguns desaires devido a operações difíceis e arrojadas. Foi dela que foram raptados um alferes e um cabo, em Bissássema, resgatados muito mais tarde, após sofrimentos que se adivinham.
Voltemos ao BART. Era dele que se recrutavam os encarregados da messe, jeitosos. Esse encargo devia-se ao facto de estarem mais disponíveis do que os operacionais que, por andarem em operações não podiam assumir tais funções. Também os sapadores colaboravam na picagem e levantamento de minas. Foram eles que destruiram e minaram o que ficou de Bissássema. Hoje é-me difícil lembrar os nomes. Mas as feições de então ainda estão presentes. Em resumo, fizemos grandes amizades e tenho pena de na altura não termos ideia de ficar com a lista de nomes e moradas uns dos outros. Talvez ainda não seja tarde. Mas há um elemento com quem ainda hoje me encontro, regularmente, e de quem sou amigo. O José Carlos Figueiredo, furriel dos obuses. É natural e residente em Coimbra, por sinal, quase meu vizinho. Um dia, penso dedicar-lhe um capítulo destas memórias.
Aos poucos vamos recordando velhos tempos. Para os mais saudosistas, sugiro que consultem em :
http://bart1914.blogspot.com/
para formarmos uma parceria. É uma página, por sinal muito bem feita, do BART 1914. Não deixem de ver. Eu fui informado pelos Garcia, Almeida e Trabulo. Agora quero que todos lhe façam uma visita.
Joaquim Caldeira
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