A DIFERENÇA QUE PODE FAZER O “DE” DO “EM”
Para que não haja quaisquer dúvidas, começo por afirmar que todo este texto é ficção ou invenção resultante da imaginação do autor, qualquer semelhança ou parecença com alguém ou personagens que possam eventualmente terem conhecido ou conheçam, é pura coincidência ou mera casualidade.
Segundo histórias do povo na antiguidade, foi o formato dos cornos sobrepostos nos narizes dos rinocerontes que originaram chamar
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no Nordeste
Africano, à parcela pontiaguda deste continente, de Corno de África, região que engloba diversos países africanos tais como a Somália e a Etiópia.
No entanto não é do “Corno de África” que quero falar hoje, mas sim do dito “em África”, personagem que vivia maritalmente com uma outra e que foi traído, ao melhor estilo
do realismo fantástico.
Diz
em
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os “má lí
nguas” que a prática, continuada, da traição era visível na fronte do “em”, através do crescimento de um par de robustos chifres não ramificados, que fazia inveja à melhor espécie do mamífero búfalo-africano (Syncerus caffer).
Este “espécime” estava sitiado numa pequena cidade, na costa ocidental da região africana, num país que foi colónia portuguesa desde o século XV até à sua independência no século XX.
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Era receptor dos produtos agrícolas de maior cultivo: arroz, amendoim, castalha-de-caju entre outros, que constituíam a única fonte do rendimento e alimentação dos naturais, e, de riqueza fácil do protagonista desta história, que, os mercantilizava a troco de uns míseros tostões ou de parcos géneros alimentícios. Comercializando-os posteriormente, por bom preço, na grande capital. Também detinha uma espécie de snack-bar que praticamente estava reservado aos europeus que por ali estacionavam sobretudo por via do “turismo safariano”.
O homem era baixo e gordo, de estilo. Sebento e anafado de natureza. Repelente e asqueroso de feitio. Tinha
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ao seu serviço quatro empregados que, não só atendiam a clientela, como também cuidavam da limpeza dos estabelecimentos, do cultivo da horta que também dispunha nas traseiras do edifício. Creio que a sua consorte também era considerada subordinada, pois quando as coisas não corriam de feição não era difícil de perceber o “sururu” que existia para além da porta do snack-bar que dava acesso ao holl de entrada, tal como aos quartos de dormir da moradia.
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Um dado dia, pela manhã, dou com alguém, na frente do balcão do já citado snak-bar, a gesticular indignado por não haver um empregado que o servisse de uma prazenteira sandes mista, regada com uma cerveja bem gelada, dado que o jantar do dia anterior não foi de molde a contentar o seu exigente estômago, justificava. Vai daí, irado, nada rogado, entra pela mo
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radia dentro, para apresentar, em “livro”
, a sua reclamação, quando observa o que não devia ter observado, ou seja, um dos empregados a usar, em “benefício próprio”, numa das camas, sem o consentimento do mercador, alguém que este considerava ser de sua propriedade.
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É certo que a ira e a vontade de comer, do “mirones” por aci
dente, desapareceu por completo, confidenciando-me, mais tarde, que as contas dos pequenos-almoços, assim
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como o “cão” no rol dos “deves”, a partir desse dia, sem o pedir, tinham descontos consideráveis.
Pica Sinos
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