EM TITE – OS MILICIANOS - FORAM OS VERDADEIROS COMANDANTES
Na crónica “Espólio de Guerra” publicada, no Blog, em Abril de 2008, escrevo que desde a constituição (do Batalhão) até à data da guia de marcha para embarque, 08 de Abril de 1967, a nível dos militares oficiais do quadro e milicianos, a designação para comando das companhias operacionais agrupadas, registou alguns ajustamentos nas nomeações, não sendo pacífica pelo menos uma…
Digamos que o autor sabe da contenda, mas ainda não tem criada a “vontade” para a sua divulgação, contudo, não quer deixar de opinar sobre factos que de algum modo podem (ou não) terem simultaneidade, a exemplo; a observada prática de comando e a vivencia no dia-a-dia no teatro
das operações, da maior parte dos oficiais do quadro indigitados para nos comandar, para concluir, e no mínimo dizer que a “sorte” não nos bafejou, dada a incompetência e a prepotência da maior parte dos ditos oficiais.
Sabemos quão deficiente foi a preparação das NT para a especificidade da guerra colonial, e as dificuldades iniciais que encontrámos no desenvolvimento da actividade operacional que nos foi destinada, não fora a bravura no comando das operações dos oficiais e dos furriéis milicianos, creio que o nosso espólio de guerra em termos de vidas e sofrimento humano seria muito mais penoso, comparativamente com aquele que infelizmente assistimos, e que jamais esquecerei.
Lembro o
uvir dizer que, entre esses oficiais, havia quem defendesse, ainda antes da partida, que se deviam distribuir aos militares raquetes de ténis, para devolver as granadas de mão que o IN eventualmente remessasse.
Ou um outro, que só tinha olhos para as alfaces, debaixo de forte flagelação ao aquartelamento, no silo dos morteiros, se agachou com as mãos na cabeça, tremendo como varas verdes, estorvando o melhor funcionamento para o contra ataque, óbvio será dizer que do mato só conheciam o nome.
Um outro não gostava que o incomodassem durante e quando
dormia para lhe serem entregues mensagens de carácter urgente,
ch
egando mesmo a ameaçar, cobardemente, com acções de violência física.
Não permitia, fosse qual fosse o militar, sentar-se ao seu lado no jeep que o fazia transportar.
Ou mandava “desencostar” da sua secretária, quem quer que fosse se com um dedo nela se apoiasse.
Este homem, anos mais tarde, cruzou-se comigo no Teatro Tivoli, em Lisboa, por ocasião de um sarau de ballet, onde minha filha e a sua participaram.
Teve a coragem de virar a cara para evitar o cumprimento.
Quero finalizar dizendo que estas breves palavras, não foram fruto de qualquer conversa ou recolha de informação prévia, mas somente a percepção de quem esteve no terreno, conhecedor dos factos e observador atento.
Correndo o risco de estar a ser injusto ou ter falhas na precisão, não posso nem devo esquecer aqueles - tenho a certeza que muitos dos meus camaradas partilham da mesma opinião - homens que foram oficiais e furriéis milicianos como os verdadeiros comandantes na guerra em que participei.
Para eles o meu maior respeito e admiração.
Pica Sinos
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