Zé Justo
34º almoço em 2025 - Figueira da Foz - Quinta da Salmanha.
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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
DAR VIDA SEM MORRER !
Reforma dos ex-Combatentes
A quem souber, solicitamos informações sobre as pensões/reformas que estão a ser pagas aos ex-Combatentes, se é que estão a ser pagas e qual a sua periodicidade - mensal, anual, etc .
A divulgação do valor que recebem é facultativo, apenas se pedem informações uteis.
Também é util saber se o pagamento é incluido na Reforma normal ou se tem um pagamento à parte e qual a entidade pagadora.
Este assunto passa a ter Etiqueta própria para que seja mais fácil a qualquer um, consultar este assunto que é do maior interesse de todos. Nesta Etiqueta irão sendo arquivadas todas as considerações e comentários que forem feitos.
Poderão responder a este assunto todos aqueles que já estão Reformados, transmitindo a sua experiencia, e também aqueles que em virtude das suas profissões estão dentro destes assuntos.
Podem também tecer as considerações que acharem interessantes e úteis para todos os Companheiros.
Abraços.
************************* segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Relembrando o MADUREIRA... pelo Pica Sinos e Zé Justo.
olas, lá para os lados da parte baixa de Alfama.
Do Cais do Sodré, vou a pé pela rua do Arsenal, recordo com saudade tempos idos onde por lá trabalhei, o Rei do Bacalhau, a Casa Testa/Casa das Moedas, a Mercearia Pérola do Arsenal, são estabelecimentos que não “envelheceram” ainda resistem.
Direito à Rua dos Bacalhoeiros, atravesso as arcadas da Praça do
Comércio, não poso deixar de tomar um café no Martinho da Arcada, passo pela frente Casa das Vassouras e das Rolhas, hoje estabelecimento muito pró fino, Já no Campo das Cebolas paro e entro na tasca onde há tempos largos encontrei o Madureira.
À senhora que estava por detrás do balcão perguntei, diga-me
por favor, (os homens jogavam às cartas) conhece um “rapaz” da minha idade que dá pelo nome de Madureira? Era estivador nos frigoríficos da carne ali no porto. Perante a sua incerteza disse-lhe que tinha umas orelhas bem desenvolvidas.
…Ah esse retorquiu, é arrumador de carros ali na frente! Olhe, lá está ele sentado na cadeira pela sombra…
Pé ligeiro, sorridente, lá vou ao encontro da personagem que me foi apontada, mas quanto mais me aproximava, mais dúvidas me sobressaltavam, até que na minha frente, vejo um homem alto, magro, mas reparo que parecido com o Madureira só nas orelhas por muito grandes.
A conversa com o Sr. José Martins foi muito interessante!
Fiquei triste por me dizer que fisicamente o nosso grande amigo e camarada já não está entre nós, aliviando aos poucos o desconforto, pela forma de estar e de comunicar deste velho arrumador de carros:
…Claro que conheci o Madureira. Muito bom rapaz e falador! ….Dei-lhe muito trabalho de estivador quando eu era empregado n
a Casa das Sacas, agora há anos que está fechada…Sim é verdade ele tinha umas orelhas tão grandes como as minhas, mas não era meu familiar. …era muito bom rapaz…ao almoço, ele, de certeza que não vai…mas não se preocupe um dia vamos encontrá-lo…
Deste homem, natural do Bairro de Alfama, despedi-me com amizade.
Pica Sinos.....................................................
Mais uma vez as preciosas buscas por antigos companheiros de armas, feitas pelo Pica Sinos, me levaram a meditar.
Como lamento o desaparecimento físico, mas não na lembrança, de mais um camaradão.
O Madureira “Velhinho” como todos o tratava-mos com afecto, era de facto daqueles seres humanos de eleição.
Era, dos com quem mais acompanhava no nosso dia a dia em Tite.
Fazia também parte da família das Transmissões, pois era Rádiomontador, e muitas vezes era ele que me desenrascava, à revelia do furriel Rosa... uma ou outra ferramenta para as minhas permanentes engenhocas.
Lembro que tinha um quarto contíguo à oficina dos rádios, também protegido por cima com sacos de terra e tinha como “missão” ser mais um abrigo durante os ataques.
Foi nesse quarto, onde estava-mos vários abrigados num dos muitos ataques, que entrou a tal granada pelo telhado de lusalite ou chapa (não recordo) e se espetou numa das bancadas incendiando uns desperdícios, mas por grande sorte nossa, não deflagrou.
Foi um dos grandes sustos !! Gostava mesmo do Madureira, era um excelente rapaz.
Achei curioso a referência do Pica às orelhas dele...francamente, se eram grandes, não me lembro. Grande era a sua alma, disso estou certo.
Muito pacato, sempre prestável, óptimo conversador, mas já naquele tempo me apercebia que tinha uma vida um pouco complicada.
No entanto, nunca lhe ouvi um queixume ou alguma palavra de revolta, e misturado com agradáveis e longas conversas, compartilhamos muitos petiscos.
Penso que não tinha família muito chegada, ou se a tinha, nunca falava de ninguém.
Revi as fotos em que estou com ele, logo nos primeiros tempos d
e Guiné, quando ainda tinha-mos gosto por, aos fins de semana, vestir roupa civil e dar uns passeios ao redor do quartel, mas sempre nos perímetros do arame farpado...para evitar “surpresas desagradáveis” !!
Recordo-o com muita saudade, mas tenho a certeza, que como merece, é mais uma estrela no firmamento.
Um abraço “Velhinho”.
Zé Justo
Falando de munições... pelo Zé Justo
Associação Portuguesa de Coleccionadores de Munições
http://apcm.home.sapo.pt/
Existem muitos temas de Coleccionismo, mas este não há dúvida que não deixa de ser original...coleccionar munições !!
Estarão todas inertes ?!!
A Associação tem por fim:
1 – O coleccionismo, estudo, investigação, restauração, conservação, catalogação, divulgação e defesa do património, na perspectiva histórica, científica e tecnológica, bem como a exposição recreativa ou museológica, das munições, cartuchos, projecteis, invólucros/cápsulas e pentes ou clips de carregamento, bem como de simples amostras dos diversos tipos de pólvoras usadas no fabrico de munições, nas diferentes épocas.
2 - O intercâmbio de informação, publicações e estudos, relacionados a estas actividades, com associações congéneres existentes no país ou no estrangeiro.
3 - Associar todas as pessoas e/ou organizações interessadas nestes fins.
Contactos:
Rua Sebastião José Costa nº14,2º Esq. 2925
Brejos de Azeitão
(só para Correspondência)
mailto:apcmuni@gmail.com?subject=Comentário
Zé Justo
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Os Milicianos... pelo Pica Sinos
foto tirada junto ao abrigo/base do Morteiro
das operações, da maior parte dos oficiais do quadro indigitados para nos comandar, para concluir, e no mínimo dizer que a “sorte” não nos bafejou, dada a incompetência e a prepotência da maior parte dos ditos oficiais.
egando mesmo a ameaçar, cobardemente, com acções de violência física. quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Carlos Martins, da Pedrulha, Coimbra




segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Carnaval de Torres Vedras, está à porta...
"Grandioso e impressionante" monumento ao Carnaval de Torres 2009
Oh Costa, isto é para te fazer inveja... toma lá !
Este é o programa oficial do Carnaval de Torres 2009
Sexta-Feira 20 Fevereiro 2009 a Quarta-Feira 25 Fevereiro 2009
Vários locais da Cidade de Torres Vedras
A abrir com milhares de crianças a colorir as ruas da cidade, no Co
rso Escolar de dia 20 de Fevereiro, o Carnaval de Torres está de regresso subordinado ao tema “profissões”.
Serão 6 dias de euforia constante com milhares de foliões a trazer alegria aos concursos de máscaras de Sábado à noite, aos corsos diurnos de Domingo e Terça-Feira, às ruas de Torres Vedras até de madrugada.
Não poderá perder esta festa que todos os anos traz cerca de 300 mil pessoas a uma terra que se prepara a preceito para realizar o Carnaval mais português de Portugal.
Carros alegóricos, cabeçudos e os famosos “Reis do Carnaval”, todos fazem parte deste cenário…
Programa:
7 FEVEREIRO » Sábado 12h00 » Inauguração do Monumento do Carnaval Praça da República 16 FEVEREIRO » Segunda-feira22h00 » Espectáculo apresentação Carnaval Praça RepúblicaOrganização: Real Confraria do Carnaval Torres
17 FEVEREIRO » Terça-feira 22h00 » Espectáculo apresentação Carnaval Praça RepúblicaOrganização: Real Confraria do Carnaval Torres
18 FEVEREIRO » Quarta-feira22h00 » Espectáculo apresentação Carnaval Praça RepúblicaOrganização: Real Confraria do Carnaval Torres
19 FEVEREIRO » Quinta-feira 22h00 » Entronização dos Reis de Carnaval Praça RepúblicaOrganização: Real Confraria do Carnaval Torres
20 FEVEREIRO » Sexta-Feira 09h30 » Corso Escolar Ruas do Centro da Cidade (Rua Henriques Nogueira, Av.5 de Outubro, Rua Santos Bernardes e Rua José Augusto Lopes Júnior)22h00 » Chegada Reis Carnaval Largo da Estação até Praça RepúblicaOrganização: Real Confraria do Carnaval Torres 22h30 » Dj’s Carnaval Party I Palco da Praça Machado Santos (Praça da Batata) / Palco Ocean Spirit ( Jardins Santiago)
21 FEVEREIRO » Sábado16h00 » “Um Cheirinho a Carnaval” com TócandarRuas do Centro da Cidade (Rua Henriques Nogueira, Av.5 de Outubro, Rua Santos Bernardes e Rua José Augusto Lopes Júnior)21h00 » Corso Nocturno, Concurso Grupos Mascarados e Tocandar Ruas do Centro da Cidade (Rua Henriques Nogueira, Av.5 de Outubro, Rua Santos Bernardes e Rua José Augusto Lopes Júnior)22h30 » Dj’s Carnaval Party IIPalco da Praça Machado Santos (Praça da Batata) / Palco Ocean Spirit ( Jardins Santiago) 00h30 » Tócandar com “Banda Baco”
22 FEVEREIRO » Domingo 14h00 » Corso Diurno – TocandarRuas do Centro da Cidade (Rua Henriques Nogueira, Av.5 de Outubro, Rua Santos Bernardes e Rua José Augusto Lopes Júnior)16h30 » Tócandar com “Banda Baco”22h30 » Dj’s Carnaval Party IIIPalco da Praça Machado Santos (Praça da Batata) / Palco Ocean Spirit ( Jardins Santiago)
23 FEVEREIRO » Segunda-Feira15h00 » Baile Máscaras Expotorres21h00 » Corso Trapalhão, Tocandar » Ruas do Centro da Cidade (Rua Henriques Nogueira, Av.5 de Outubro, Rua Santos Bernardes e Rua José Augusto Lopes Júnior) 22h30 » Dj’s Carnaval Party IV Palco da Praça Machado Santos (Praça da Batata) / Palco Ocean Spirit ( Jardins Santiago) 00h00 » Tócandar com “Banda Baco”
24 FEVEREIRO » Terça-Feira14h30 » Corso Diurno – Tocandar Ruas do Centro da Cidade (Rua Henriques Nogueira, Av.5 de Outubro, Rua Santos Bernardes e Rua José Augusto Lopes Júnior) 16h30 » Tócandar com “Banda Baco”
25 FEVEREIRO » Quarta-Feira21h00 » Enterro do Entrudo com fogo de artifícioLargo junto ao Império e Largo junto Tribunal
Preços:
Entrada simples para cada Corso
- Corso (Corso Nocturno de Sábado, Corso Diurno de Domingo e Corso Diurno de Terça-Feira ) = 5€/cada
Livre Trânsito para os três Corsos
(Corso Nocturno de Sábado, Corso Diurno de Domingo e Corso Diurno de Terça-Feira ) = 10€
domingo, 15 de fevereiro de 2009
As meditações do Pica Sinos...

m os mesmos problemas, medos e até as mesmas esperanças.
Matamos filhos de pais como os nossos...que os vão chorar, como os nossos nos chorarão.
No meu caso, estive lá, porque a isso fui obrigado, (o Presídio de Elvas era a alternativa) porque não tinha formação política (quantos a teriam?), nem conhecimentos da própria realidade da guerra, nem coragem p
ara “dar o salto” e escapar aquele inferno de três anos.
rviço no Centro Cripto, e entre o decifrar de duas “secretas” me interrogava; como era possível, nós continuarmos com as Colónias em África, quando já tinham sido “empurrados” para fora daquele Continente, países como a Inglaterra, França, Espanha, Bélgica etc.
Devia-mos ser muito grandes e especiais ou muito estúpidos!!
A propaganda espalhava, que o nosso Colonialismo era diferente...mais soft...mais humano... estavam estes territórios em franco desenvolvimento... a vivência entre brancos e negros era normal e amistosa...todos tinham as mesmas oportunidades etc...etc...
Num as
pecto estou de acordo, até acredito na “boa convivência”.
Como alguém disse, “foram os Portugueses que inventaram o mulato”...porque nesse campo, sempre “tivemos boa boca” !!
Terei sempre presente a imagem de quando entrei pela primeira vez no quartel de Tite.
Estavam junto à porta de armas dois indígenas muito novos e extremamente magros, rodeados pelo nosso p
verificar, que mesmo presos, sobre apertados interrogatóris e espancamentos, poucos eram os rasgos de dor nos seus semblantes.
Revoltou-me aquele espectáculo brutal.
Tentei sabe
r o porquê e um dos “velhinhos” de Lisboa que entretanto conheci, me informou que se tratava de dois guerrilheiros, que foram capturados escondidos na Bolanha e que tinham detonadores.
Vi na prisão perto dos duches, um elemento IN capturado, que tinha sido atingido um pouco acima da cintura, por um estilhaço das nossas granadas de morteiro, com uns 30 cm, que lhe cortou a parte esquerda do tronco de um lado ao outro.
os fitava, o seu olhar de profundo ódio e raiva, era impressionante, mas nunca disse uma palavra.
Passados uns meses, depois de vários ataques ao aquartelamento, ver camaradas com quem na véspera tinha-mos jogado ás cartas e bebido umas cervejas, mortos, feridos, amputados, todo aquele sentime
nto de revolta e dó pelas coronhadas, se tinha desvanecido, e sentia um tremendo ódio a quem nos causava tanta dor e sofrimento.
Tinha-se criado o sentimento de desprezo pela vida dos outros, e era “Matar para não ser Morto”, o eterno lema de todas as malditas guerras.
Como dizem companheiros, momentos muito difíceis por nós passaram, durante aqueles dois longos anos.
Tantas noites, s
empre a pensar quando seria a minha hora...se chegaria à Metrópole e se "viria inteiro"...
Sempre disse e assumi, que se não fosse algum efeito de álcool, nunca teria suportado com o mínimo de sanidade mental todo aquele tempo em permanente tensão.
Não encontrava outra forma de atenuar os pânicos e pesadelos nocturnos.
Fazia por me deitar sempre tarde, e um pouco
grogue, para adormecer rápido e não ter a cabeça a latejar.
o lenitivo de eleição para me abstrair dos medos, da realidade das temíveis e longas noites, sempre à espera de mais um ataque.
Tudo isto já se passou, e hoje só de quando em vez me vêm estes maus momentos à lembrança, no entanto os bons, recordo-os muito.
Tudo, menos a guerra, em África é lindo para mim !!
Min
ha mulher, há anos, foi ver o filme bastante badalado “África Minha” não a acompanhei, o que ela estranhou ? Falas tanto da beleza de África, que gostavas de lá voltar! Este filme tem paisagens lindas, porque não te desperta interesse, não gostavas de recordar ? Respondi que o filme não me recordaria nunca o que mais me marcou...os cheiros daquela terra !!
Seria uma estadia de um mês de novo em África, o que me agradou.
Estava desfeito e saturado da longa viagem (viajar para mim sempre foi uma penitência), mas ao sair do avião, senti um enorme bafo quente...e então de novo...os cheiros...avivaram-me a alma. Senti uma sensação, misto de estranha e agradável, que me fez recuar o metabolismo aos antigos tempos de Guiné.
Na Guiné
, as cores da terra, aquele vermelhão, quiçá tantas vezes impregnado de sangue e lágrimas;
As árvores de largos e enormes troncos;
O odor característico e sensual das Bajudas, que como dizia Fernando Pessoa “Ao princípio estranha-se, mas depois entranha-se”.
Os pássaros exóticos multicor de longa cauda, com o seu esv
oaçar ondulado;
Os "Jagudis", abutres horríveis feiosos de aspecto, mas tão úteis para a limpeza do solo (era crime punido o abater alguma destas aves);
tar um pouco se desfaziam nas mãos;
manteiga dos Açores (deliciosa) que eu e o Pica fazia-mos no nosso quarto, que nos sabiam pela vida, mesmo por vezes tendo que raspar e sacudir as formigas que tinham chegado primeiro ao banquete;
As músicas gravadas em fita de bobine, no bruto gravador pr
ofissional AKAI do alferes Carvalho. Grandes programas da "Rádio Local de Tite" coordenados pelo Pica Sinos, com entrevistas, canções regionais dos TMS, anedotas etc.
O prazer de no dia certo receber a roupa lavada e primorosamente engomada da minha lavadeira, por sinal linda, Sábado de seu nome (também haviam as de nome Quinta e Terça);
As noitadas de Poker com o alferes Carvalho, grande mestre na arte da jogatina.
Não sabia sequer o valor das cartas, e com ele aprendi a jogar a tudo !!;
A grande admiração que aprendi a ter pelos Paraquedistas. 
método de disparo de uma curta rajada de G3 para o rio e esperar calmamente que os peixinhos começassem a vir ao de cima com as barriguinhas para o lado, mesmo a pedir frigideira.
Tinha-mos também a variante da granada para dentro do rio, quando a pescaria se pretendia mais abundante;
A deslumbrante luminosidade dos dias e o tremendo calor, que espicaçava os neurónios sensuais;
Ver uma quantidade enorme de nativos Muçulmanos vestidos ricamente, pois iriam fazer a viagem da sua vida até Meca;
A estranheza que me faziam os vegetais e frutos serem todos muito pequenos: Bananas, Tomates e outros, tinham dimensões ridículas comparando aos nossos.
Até o gado era magríssimo;
Chuvadas repentinas e diluvianas, com o forte ribombar do
s trovões, que tão depressa surgiam, como findavam, deixando a terra vermelha fumegando, com aquele cheiro característico, sempre os cheiros;
Os banhos a céu aberto com essas mesma chuvas, pois corria a crença que “preveniam e coravam as impinges”
OS CHEIROS...óh os cheiros...como recordo os “doces” odores daquela terra;
As conversas de fim de tarde com os companheiros, cada qual recordando vivências e as saudosas terras que os viram nascer,
evista vinda da Metrópole o Bar Gingão no Bairro Alto...onde tive a minha primeira “namorada”...o Luso, o Lua Nova, nosso "escritório nocturno" durante anos. Que saudades já tinha daquela vida que me parecia ter sido à longos anos atrás;
O receber correio das Madrinhas de Guerra, dos familiares, dos amigos;
O tirar fotos “compostinhas” para enviar à família, como se tudo fosse um Paraíso, pois preocupações e temores já eles os tinham
O ritual de levar as revistas de foto-novelas “Capricho” para os WC...sabe-se lá com que secretas intenções;
fabrico de calções de chita em cores garridas, que todos vestia-mos por tão frescos e leves;
As “lerpadas” nas mesas do refeitório, algumas vezes com os “Paras” como parceiros;
O comprar de sapatilhas de “meter o dedo” quase todos os meses, pois rompiam-se todas;
O tabaquinho SG Filtro, vindo da Metrópole, pois a Guiné não tinha fabrico próprio;
A fruta em lata que nos davam no refeitório, mas que a maior parte do pessoal da província não gostava e que trocava-mos pela nossa ração de vinho (que diziam ter cânfora misturada, para quebrar os “ímpetos da juventude”);
Os paradisíacos por-do-sol, com o imenso céu raiado de majestosos vermelhos, roxos e azuis;
O prazer de desenhar no cinto de lona, um sinal, símbolo que mais um mês tinha passado naquele inferno;
O sentir verdadeiramente o peso e significado da palavra Saudade, quando tudo aquilo a que era indiferente e detestava em Lisboa, aparecia com outra roupagem.
umia outra e maior importância: O Fado, a música folclórica, os cantores ditos românticos da época, fotos de
lugares por onde passava diariamente e que agora me pareciam tão longínquos.
A partir de um ano de comissão, tudo começava a tornar-se muito mais penoso, e os medos do não retorno aumentavam.
A constante tensão, a má e pobre alimentação do quartel, (eu e o Pica lá nos safava-mos, e éramos bastante faltosos às vitualhas regimentais no refeitório) o arrastar lento dos dias, a saturação das repetitivas conversas, tudo contribuía para o massacrar do corpo e da mente.
No regresso à Metrópole, findos os intermináveis dois anos, a bordo do Uige, ver no horizonte começar a desenhar-se a Ponte Sobre o Tejo...com os olhos repletos de lágrimas, que por falta de forças não chegaram a escorrer... ao sentir-me inteiro no magro corpo...então tive a certeza de estar a viver o dia mais feliz da minha vida.
Estas recordações, são para mim como a Paixão quando se apaga, dá lugar ao Amo
r e depois à sublimação da Ternura e da Veneração.
Tudo o que foi bom, fez no meu arquivo da memória, apagar os horrores da guerra...
Várias vezes me dispus a voltar a Tite, só com amigos ou com a minha mulher.
ais que crianças, foram forçados a uma Guerra que provavelmente se podia ter evitado...e que cimentou ódios e indiferenças, mesmo depois de terminada.
Mas de uma coisa estou certo: Passamos de meninos a homens num forcing de sit
Que também para vós tenham acontecido bons momentos, e que os partilhem com todos no vosso Blog.
Zé Justo
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JJ arquivo e edição fotos














