Meu caro José Da Horta Amador.
Muitos parabéns neste dia do teu aniversário.
Que contes muitos mais com saúde, junto dos teus familiares e amigos.
Um abraço.
Leandro Guedes.
33⁰ Almoço anual do BART 1914, em 15 de junho de 2024, no restaurante Vianinha Catering, em Santa Marta de Portuzelo. Organizador Daniel Pinto e seu filho Rui Pinto.
“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
-
"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
-
“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
Sob a égide da junta de freguesia do Pombalinho, no dia 25
de abril de 2024, será inaugurado nesta pequena aldeia ribatejana, um memorial
em honra dos milhares de concidadãos combatentes nos diversos campos de batalha
da guerra colonial, com referência expressa aos seus filhos caídos em combate
no antigo ultramar.
Lá estarei.
Raul Pica Sinos.
Bom dia Leandro
Espero que te encontres bem de saúde, assim como familiares.
Este ano trocaram-nos as voltas e os almoços do Bart e da
Cart estão no mesmo dia.
Anexo a carta para fazeres o favor de meter no blogue.
Abraço e obrigado
Raul Raúl Soares
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Abílio Salgado Mendes
Rua do Olival, 95
OLIVAL-RONFE
4808-368 GUIMARÃES
25/03/2024
33o ALMOÇO
Este ano o nosso almoço convívio, será efetuado na VILA DE
RONFE, com almoço no
restaurante COSTA VERDE em GUIMARÃES, no próximo dia 15 de
Junho.
11:00- Concentração no Largo da Igreja
12:30- Missa na igreja paroquial de Ronfe
13:45- Almoço no restaurante Costa Verde
Convidamos também netos e filhos.
Agradece-se a confirmação até dia 02/06, por telemóvel para
os seguintes números,
Cá^a Salgado (neta): 934160308
Célia Mendes (filha): 934064633
Preço por adulto 32.00€ (crianças de 4-10 anos 16.00€)
Tragam a habitual prendinha
Ementa:
Entradas diversas
Prato de peixe: Bacalhau a COSTA VERDE e filetes
Prato de Carne: Picanha a COSTA VERDE
Mesa de sobremesas diversas
Bebidas: Vinho da casa; água, refrigerantes, espumante e
café
Bolo de Cerimónia
No verso seguem-se as indicações de como chegar a Vila de
Ronfe.
Um abraço do camarada Abílio Salgado Mendes e família.
Como chegar a igreja da Vila de Ronfe/Guimarães:
Quem veem sen^do Espanha/Braga para Guimarães, depois de
sair das portagens, tem
de apanhar a N206, sen^do Guimarães/Vila Nova de Famalicão
até encontrar a Vila de
Ronfe.
Como chegar a igreja da Vila de Ronfe/Guimarães:
Quem veem sen^do Sul/Porto para Vila Nova de Famalicão,
entra na A7 sen^do
Guimarães, três quilómetros depois tem a saída de Seide
(Terra Camilo Castelo
Branco), após o pór^co da portagem virar à esquerda e no
final da reta sair à direita
para a N206 sen^do Vila Nova de Famalicão/Guimarães até
encontrar a Vila de Ronfe.
PS: Deixamos aqui a morada completa para u^lização de GPS,
assim como dois
contactos de emergência ao dispor para os que ^verem mais
dificuldade de chegar a
Vila de Ronfe.
Avenida Monsenhor Horácio de Araújo, 4805-359 Ronfe
Coordenadas: 41.43902638763914, -8.384704170403314
Victor Mendes: 910200348
Célia Mendes: 934064633
Espanha/ Braga
Sul /Porto
Local Convívio
C.CAÇ.2314.
Na época de Páscoa pareceu-me boa ideia fazer a evocação de
um amigo cimentado no período mais difícil da vida de um jovem a GUERRA.
E esta amizade só foi quebrada perlka partida para a última
missão que lhe foi confiada.
O FURRIEL LEITE
Estávamos nos finais de 1967 e, à entrada do quartel de
Tomar, cruzei-me com o João que trazia um braço ao peito e vinha abatido. Mal
nos conhecíamos e não nos vía-mos desde os tempos da recruta, muitos meses
antes. Nem sabia o seu nome tal como ele não saberia o meu. Satisfez a minha
curiosidade dizendo que se chamava João Leite e que tinha tido um acidente…
Despedimo-nos nesse dia e só voltámos a rever-nos no
seguinte, na caserna que nos foi destinada. Ficámos a saber que o nosso destino
era comum. Íamos formar companhia para depois seguirmos para o ultramar, mas
nem sabíamos ainda para onde.
Não sabíamos que os dois anos seguintes iriam ser muito
cheios de emoções fortes, perigos, mas também de solidariedade só possível de
construir nos momentos mais difíceis e de grande perigo. E vim a conhecer
melhor o Leite e toda a equipa com quem fizemos grandes amizades.
Passarei a designá-lo por Leite, pois era o nome que
usávamos por lá e mais tarde, já no fim da guerra, quando nos encontrávamos por
ocasião dos convívios.
Afinal, era um homem diferente do que conheci à entrada do
quartel, em Tomar. Era folgazão, brincalhão, sempre de boa disposição e muito
bem-humorado.
Cedo demos conta de que se tratava de homem determinado,
sabia o que queria, como queria e quando queria. Quis o destino que tivéssemos
de viver o desastre de Bissássema onde ele, mesmo na linha da frente por onde o
IN pretendia repetir o assalto, tal como fizera uns dias antes e se
apoderara de armamento, equipamento e prisioneiros, soube
infligir a maior derrota sofrida pelo IN durante toda a guerra que travou com o
Exército português. Esta batalha nem consta da história de guerra do PAIGC.
Outros desastres aconteceram nas nossas vidas e, em todos, o
Leite teve participação com vantagens para o nosso lado.
Desgostoso com o conformismo que reinava na companhia,
decidiu formar o seu próprio grupo indo buscar os melhores de entre os
melhores. E assim nasceu o grupo “OS BRUTOS” que fizeram história deixando um
rasto de medo nos grupos do IN. Estavam sempre na linha da frente. Tive o
privilégio de os comandar nas ausências do Leite. Eram o escol da companhia. E
ajudaram o seu comandante, o Leite, na conquista de uma condecoração justa e
merecida, só atribuída aos bons. Uma “CRUZ DE GUERRA”.
Mas nem sempre foi fácil a vida do grupo. Tiveram as suas
horas más. Entre outras, talvez a pior, o acidente do Viriato Lopes. E assim se
passaram dois anos de uma convivência fraterna, só possível em teatros de
guerra. Fizemos amizades para a vida. Ficaram as saudades dos amigos e de
algumas, muitas vivências.
Só voltei a ver o Leite passados alguns anos, por ocasião
dos convívios a que ele não queria faltar, mesmo vindo de tão longe.
Por fim, soube da sua doença. Fui dar-lhe o meu abraço numa
das suas vindas a Lisboa para tratamentos. A doença venceu o homem. Mas não
venceu o marido, o pai, o profissional bem realizado, o amigo e o camarada de
quem todos sentimos saudades.
O Leite ainda vive em nós. Até sempre, companheiro.
OS BRUTOS
Crachá de os BRUTOS
Não sei em que altura da comissão foi decidida a sua
criação. Era um pelotão com a missão de ir efetuar os golpes de mão e ao
assalto a posições mais fortificadas para abrir as hostilidades e facilitar a
nossa missão.
Era constituído por um grupo de voluntários que desfalcaram
as secções no seu desempenho, mas facilitavam o assalto final, depois de terem
feito o trabalho mais sujo. O seu comandante era o furriel Leite, açoriano de
São Miguel que conheci ainda em Tomar. Na sua ausência, quer por férias ou
outros motivos, cabia a mim e ao Bastos o seu comando.
Fizemos muitas emboscadas em locais inimagináveis, mas
fizeram muitas mais, sempre com grande "ronco",captura de armas e
inimigos, nos sítios mais improváveis. Tinham a seu favor o reduzido número e
atuavam como um grupo de comandos.
Tal foi a sua notoriedade que no final da comissão, o Leite
foi proposto para uma condecoração e foi-lhe atribuída uma CRUZ de GUERRA que
veio a receber, garbosamente, no dia da raça de 1970.
Está doente. Tem passado algo mal. Força, camarada. Os
Brutos estão contigo
O Leite já partiu para a sua última missão. Adeus, amigo
Hoje é Domingo de Ramos.
Daniel Silva Pinto
Rua das Pontes N.o 341
4990-610 Fontão
Ponte de Lima
Contacto 963 431 481
10/03/2024
33.º Almoço
Preparem as vontades para, no próximo dia 15 de junho, um
sábado, apontarem o caminho para Santa
Marta de Portuzelo, Viana do Castelo, onde o nosso encontro
se irá efetuar.
A concentração será no local do almoço, no Vianinha
Catering, a partir das 11:30, sendo o
almoço às 13:00 (ementa no verso).
O preço é de 37,00€ por pessoa, crianças até aos 3 anos não
pagam e crianças dos 4 aos
10 anos pagam 18,50€.
Conto com as vossas inscrições até ao dia 8 de junho através
do 963 431 481 para
confirmar no restaurante.
Fico a aguardar as vossas notícias e aproveito para enviar
um forte abraço.
Daniel Silva Pinto+
-
EMENTA:
Aperitivos: caprichos, rissóis, presunto caseiro, chouriço
caseiro, etc.
Creme de Legumes
Bacalhau à Vianinha
Sobremesa: leite-creme, arroz-doce, mousses, fruta laminada,
bolo do batalhão
-
Dicas para chegar ao restaurante:
• Para quem se deslocar pela A28 no sentido Porto-Viana do
Castelo:
Utilizar a saída n.o 23 para a estrada nacional 202 e seguir
em direção a Ponte de Lima.
Seguir na EN 202 até encontrar o cruzeiro de Santa Marta de
Portuzelo (após o Pingo
Doce) e virar na primeira à direita.
Prosseguir por cerca de 900 metros até ao Vianinha Catering,
Rua Embarcadouro do
Pinheiro, N.o 41.
-
• Para quem se deslocar pela A3 e sair para a A27 em direção
a Viana do
Castelo:
Utilizar a saída n.o 1 (Nogueira, N202, S.ta Marta de
Portuzelo) e seguir em direção a Viana
do Castelo
Seguir na EN 202 até encontrar o restaurante Camelo e virar
à esquerda na direção centro
de Formação Profissional, Junta de Freguesia, Grupo
Folclórico.
Prosseguir por cerca de 900 metros até ao Vianinha Catering,
Rua Embarcadouro do Pinheiro, N.o 41.
-
• Localização GPS
Santa Marta de Portuzelo – Viana do Castelo
Rua Embarcadouro do Pinheiro, N.o 41
41.702666, -8.772984
Damos nota duma interessante iniciativa da Liga dos Combatentes e do Instituo dos Vinhos do Douro e do Porto, Curso de Enófilo, destinado a sócios da Liga e seus familiares.
Se algum dos nossos amigos e companheiros estiver interessado num futuro curso de Enófilo (já houve dois), deve-se dirigir ao
Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes para se informar e aproveita para visitar o lindíssimo
edifício onde a mesma está instalada.:
Rua Formosa 131,
4000-041 Porto.
tlf. 22 200 61 01
http://www.ligacombatentes.org.pt
Publicamos o artigo da autoria do Senhor General Chito Rodrigues, JOVENS E VETERANOS, com a devida vénia ao seu autor e à Revista da Liga dos Combatentes.
Este texto é acompanhado dum interessante poema que relata o
calvário dos Combatentes.
O nosso companheiro ANTÓNIO CAVALEIRO festeja hoje mais um aniversário.
Os nossos parabéns amigo, que passes um dia muito feliz, junto da tua família e amigos.
Um grande abraço.
Leandro Guedes.
RECORDANDO - HÁ QUATRO ANOS - em pleno confinamento do Covid!!!
LÊDE e RELEMBRAI...
A TODOS abraço, com total amizade.
(LMD, 20.03.24)
=== === ===
HOJE - 20.03.20
Início da equinocial estação da Primavera.
Entre outros, é Dia da POESIA.
Lembro, em 1999, a jornada ‘’A Poesia está na Rua!’’ (alguns
saberão a que me refiro).
Assim, aqui me tendes, Amigas/os a vo-la propor!
Beijos e abraços, como costumo vo-los dar.
---
VOLUNTARIAMENTE ENCLAUSURADO
O dia em que a Prima me-nos veio visitar
Alegre deveria ser, contudo, e a destoar,
Enfarruscado, tristonho, chuvoso foi e frio.
Distinta, veio de longe a saudar: era a Vera!
-
Esta minha Prima, de quem mui gosto e amo,
A Primavera – pois então – entrou sem reclamo,
Sem parangonas nos periódicos, nem lustrada.
Simples, modesta na aparição, mas engraçada.
-
A etérea sua beleza se configura com o mundo
De modo tal lúcilo, virente, gerador e profundo,
Que se escapa à mente a sua Vera designação
Pela graciosidade, alegria, frescor em transição.
-
Oh, eu? Voluntariamente enclausurado estou.
Não por receio, não! Nem suscepto de maleita,
Que abispado sou, do corrente vírus me abrigo.
Foi mui pensada, quiçá antecipada, a decisão.
-
De curso sinuoso, com picos e baixos avulsos,
A corrente brava se nota que nos por aí roda.
Por ela só, sem temer, fechado me vejo agora
De voluntária, mas mental, operosa reclusão.
-
Nela me sinto, direi ao tempo, bem e mal.
Contraditório, oposição de termos, não tal.
É que cá por dentro tudo gira, corre e volta
Sem quaisquer menções, reparos de monta.
-
E mal, porque coarctado, curto, no defeito
Da acção, do vício do passeio, de sair a eito
Por aí, sem tino nem destino, em caminhada
Ou corrida de velha mas útil bicicleta amada.
-
Confinado, longe de puros espantos, assomos
A entreabertas ou prenhes matas ou clareiras,
Sem mui quem lá passe, plenas de vida, chilreio
Colorido, destacado, em ritmos de puro enleio…
Tanto assim que tal me sinto deveras normal,
Sem em mim perscrutar sintomas, por sinal
Viroso, catafáltico, seja outro que fôr a meio,
Se respiro tranquilo o ar denso num passeio!
-
Voltando à real, crua verdade de tempo assim,
Aqui trancado estou, paredes nuas, só e vivo.
Seria mau, se abaixo por pouco me fosse, sim!
Todavia confiante, calmo, à espreita no postigo.
-
Além, donde espreito, me dou conta num lobrigo
Da parca gente que se afoita, anda por ser preciso,
Sem descurar conselhos de quem sabe e é amigo.
Eis tudo, então: recluído, não diminuto, cá me fico!
LMD, 20.3.20.
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Hoje festeja o seu aniversário o MANUEL MOREIRA FAZENDEIRO, clarim, morador no Barreiro
Os nossos parabéns companheiro, que contes mutos com saúde, junto dos amigos e familiares.
Quer passes um excelente dia.
Um forte abraço.
Leandro Guedes
O nosso companheiro Raul Soares, furriel da CART 1743, completa hoje mais um aniversário.
Muitos parabéns companheiro, que contes muitos mais com saúde junto dos teus familiares e amigos.
Um forte abraço.
Leandro Guedes.
A FUGA
Há coisas que não podemos deixar cair em saco rôto, para que os vindouros
saibam o que foi a guerra do Ultramar, principalmente os factos que nos foram
mais próximos.
Relembro aqui dois excertos do livro MEMÓRIAS DE UM
PRISIONEIRO DE GUERRA (pag. 109), da autoria do saudoso Alferes António Júlio
Rosa, da CART 1743, em que ele relata (edição de 2003), uma tentativa de Fuga
de alguns companheiros de infortúnio entre eles o major piloto aviador António
Lobato, recentemente falecido, dos calabouços da Guiné Conakry em 1969, um ano
e um mês depois do desastre de Bissássema.
“Na tarde do dia 3 de março de 1969, estava bastante nervoso.
Havia o receio de que alguma coisa corresse mal e que o plano falhasse. No caso
de isso acontecer, tudo se complicaria e todos deixariam de confiar em nós. De
qualquer modo, era meu dever arriscar. E foi isso que fiz. Se fosse hoje, a
minha decisão seria idêntica àquela.
Às dezoito horas eu e o Vaz estávamos preparados!... Tínhamos
a chave e o elo. O Lobato ocupou a posição estratégica, no corredor da cela dos
“intelectuais”. O Vaz subiu para o depósito sem problemas!... A seguir era a
minha vez!... Olhei para o meu companheiro!... Tudo estava normal!... Em poucos
segundos também eu estava no interior do depósito. A nossa sorte estava
lançada!...
Teríamos de esperar cerca de quarenta e cinco minutos pelo
nosso camarada Lobato. Quando subi, tive tempo de observar o exterior da prisão.Havia
poucas casas, algumas árvores e não vi ninguém nas redondezas.
Aquele espaço de tempo pareceu-nos uma eternidade!... Por
fim, ouviu-se um leve ruído nas colunas, e logo de seguida, surgiu a cabeça do
Lobato, que, rapidamente saltou para dentro do depósito, onde ficámos os três,
sentados no fundo do nosso esconderijo. Ninguém se apercebera do desenrolar da
primeira acção. Estava tudo a correr bem!...
…………..
O Lobato disse-nos então que não tinha comido e que despejara
o arroz do jantar num balde. Dizia ele que os nervos eram tantos que até tinha
perdido o apetite!... Por fim a porta foi fechada no momento em que a noite
começava a cair.
……………
Embrenhamo-nos
no mato e (passados alguns dias), e decorridos dois quilómetros, a vegetação
fez-nos regressar à estrada. Não fizemos mais de cem metros quando, de um lado
e do outro da mata, se acenderam lanternas eléctricas. Fiquei sem ver, com
tamanho luzeiro e, nos segundos imediatos, senti-me agarrado… Um fio metálico
aflorou à minha garganta… era uma catana encostada ao meu pescoço!... Os meus
companheiros também estavam imobilizados. Tínhamos sido capturados!...
……………………
A LUZ AO
FUNDO DO TÚNEL… A LIBERDADE!... (pag. 149)
(Após a libertação a 21 de Novembro de 1970) Caminhámos durante quinhentos metros, até que chegámos à praia!... No areal só restavam dois barcos de borracha!... Os outros já tinham partido!... O comandante do grupo de assalto comunicava com o rádio. Ouvi o que ele disse: Libertámo-los todos!... Missão cumprida!...”
Grupo de Prisioneiros após a libertação
"Zé Tolentino, por António Lobo Antunes:
Zé Tolentino: ele tem as duas coisas em grau altíssimo, o malandro. Uma bondade enorme e a inteligência metida lá dentro. De que serve ela, aliás, fora disso? A bondade
(e, já agora, a modéstia)
rodeiam-no como um halo, a inteligência possui uma descrição e uma delicadeza que não sei se encontrei em mais alguém. Para além disto
(ele, de facto, é escandalosamente rico)
carrega uma agudeza e uma cultura de cristal de rocha e um talento poético de excepção. Nós somos, felizmente, um país de poetas, de grandes poetas, e José Tolentino Mendonça é sem dúvida um deles. E isto é verdade porque eu digo. A sua voz é inteiramente pessoal, compreende-se, ao lê-lo, que o seu conhecimento das obras alheias é muito grande, nota-se, como em qualquer artista, o halo dos autores que foram importantes para ele, mas a sua voz não deve nada a ninguém a não ser a si mesmo. (Se eu fosse parvo escrevia eu próprio, que é como pôr ketchup em cima de rodelas de tomate.) Não só não deve nada a ninguém a não ser a si mesmo como se sente que a qualidade da sua voz vai continuar a crescer. E o pouco
(o muito pouco)
que conheço da sua prosa é de altíssima qualidade. Não é um ficcionista nem me interessaria que o fosse, é um magnífico escritor com um perfeito domínio da ondulação e do ritmo, capaz de pensar numa musicalidade de cristal, denso sem nunca ser pesado, fundo sem nunca sair pela outra ponta, de palavras todas dominadas como cavalinhos de circo. O talento deste homem, naturalmente humilde, faz-nos sentir aquela inveja boa da qual o Zé Cardoso Pires me falou tantas vezes:
— Tenho uma inveja boa de ti,
dizia ele todo vaidoso
tenho uma inveja boa de ti
e é óptimo ter uma inveja boa dos camaradas de ofício. Infelizmente, Zé, falta-me a tua qualidade humana e nisso invejo-te também. Eu, que me acho o melhor do mundo
(não tenho lugar em mim para falsas modéstias)
invejo-te de um modo que me faz morder-me todo. Invejo-te a quantidade e invejo-te a qualidade, quase que dava o cu
(desculpa lá, não sou padre)
para compor poemas assim. Sendo um homem complexo, por vezes aparentemente contraditório, consegues sempre tocar-me no coração do coração porque a tua inteligência é uma doçura de gume que me penetra sempre até ao centro de mim, onde estou eu e tudo o que amo também. Devo-te o prazer de te ler, devo-te o prazer de aprender contigo
(que ensinas sempre aprendendo, malandro, outra virtude rara)
devo-te o prazer de, ao estarmos juntos, sermos dois sobretudo quando conseguimos ser um. Esta crónica não vai ser comprida porque está cheia de amor, amizade, respeito e ternura e esses sentimentos poupam-se. Só quero dizer quanto te agradeço não por seres meu amigo, só quero dizer quanto te agradeço por eu ser teu amigo. Quem não necessita de um amigo assim nesta vida? Espero que tenha sobrado suficiente papel nesta página para caber lá um abraço.
© ANTÓNIO LOBO ANTUNES"
Faleceu o major piloto aviador ANTONIO LOBATO. Esteve preso em conakry, juntamente com o saudoso alferes Antonio Rosa, com o Capitulo e o Contino., todos da Cart 1743.
Publicamos com a devida venia este artigo publicado no facebook dos antigos combatentes.
Condolências à família do valoroso Major Piloto Aviador.
Descanse em Paz!
-
Faleceu o Major António Lobato!
Um pouco de história.
Major Piloto Aviador António Lourenço de Sousa Lobato, nascido em terras do Minho, mais precisamente na Aldeia de Sante, freguesia de Paderne, concelho de Melgaço, a 11 de Março de 1938.
Alistou-se na Força Aérea em 1957 e fez parte do Curso de Pilotagem P3/57. Recebeu as suas asas em Junho de 1959, e tinha o posto de Segundo-Sargento.
Partiu em missão para a então Província da Guiné, em Julho de 1961, ainda a guerrilha não tinha tido início.
No dia 22 de Maio de 1963, após uma das muitas missões em que já participara, no regresso à base, suspeitando que podia ter sido atingido por fogo inimigo, pediu ao seu asa que passasse por baixo do seu T-6 para ver se detectava algo de errado. O asa cometeu um erro na manobra, tendo chocado com o seu avião o que forçou António Lobato a ter de efectuar uma aterragem forçada.
Foi detido após a aterragem por um grupo de populares afectos ao PAIGC, que o entregou a uma força de guerrilheiros chefiados por Nino Vieira, o qual viria, mais tarde, a ser Presidente da Guiné-Bissau, qualidade em que receberia António Lobato em audiência.
António Lobato sofreu maus tratos por parte dos indígenas, mas foi bem tratado pela guerrilha, que viu nele um valioso troféu de guerra e o levou para a Ex-Guiné Francesa.
Mudou três vezes de prisão, conheceu a “solitária”, fugiu e foi recapturado, três vezes, mas, manteve-se firme na sua qualidade de militar e combatente da Força Aérea Portuguesa, nunca traiu o seu juramento para com a Pátria, cumpriu sempre o seu dever como verdadeiro português e militar, e, tentado várias vezes a trocar a prisão, pela “liberdade”, num país de leste, sempre recusou.
Começou ali um longo e doloroso cativeiro, que duraria sete anos e meio, tendo sido resgatado na célebre operação Mar Verde, em 22/11/1970, juntamente com mais 25 portugueses, presos em Conacri.
Descanse em Paz.
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
"Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Vinicius de Moraes"
O nosso amigo e companheiro Francisco Ferreira, do pelotão de morteiros, festeja hoje mais um aniversário.
Desejamos que tenhas passado um excelente dia dia, junto dos
teus familiares e amigos.
Muitos parabéns amigo, muita saúde e que contes muitos.
Um forte abraço.
Leandro Guedes.