ACONTECEU HÁ 205 ANOS!
JACINTO CORREIA, PRIMEIRA VÍTIMA OFICIAL DOS EXÉRCITOS DE
NAPOLEÃO NA PENÍNSULA IBÉRICA, FOI FUZILADO EM MAFRA EM 25-01-1808.
ESTE MÁRTIR / HERÓI RESIDIU NA FREGUESIA DE ATOUGUIA DA
BALEIA DE 1785 A 1802.
Natural da Zambujeira, freguesia e concelho da Lourinhã.
Casou na Atouguia de Baleia com Umbelina Rosa, em 30 de Maio de 1785, e residiu
na Azenha de Baixo e na Azenha do Penteado, onde nasceram os seus 8 filhos.
Já residindo em Mafra, onde estava ao serviço dos frades do
Convento, por ocasião da chegada das tropas invasoras, encontrou, nas
imediações dos Gorcinhos, arredores daquela vila; quando transportava um feixe
de lenha às costas e um cabaz de fruta seguro pelo braço; dois soldados
franceses que, com violentas e perigosas ameaças, o tentaram roubar. Jacinto
Correia, muito embora perturbado com a injustiça do assalto, ainda teve a
serenidade precisa para recordar que, na sua frente, se encontravam, além de
gatunos, dois abusivos devassadores do território nacional. E, cego de raiva,
resistiu, matando os dois soldados com uma foice roçadoura.
Sem demora, Jacinto Correia foi preso e levado para Mafra,
quartel-general do General Loison, e julgado num conselho de guerra. Como
matara em legítima defesa, tudo se fez no sentido de se obter um perdão. A
condessa da Ega, que participou naquelas improfícuas tentativas, não conseguiu,
também, abrandar a irritação de Junot.
No tribunal, Jacinto Correia respondeu com serenidade e
coragem às perguntas que lhe eram feitas. Surpreendido com tanta audácia, o
general de divisão Loison, que assistia ao julgamento, determinou ao intérprete
que fosse perguntado ao réu se o arrependimento já teria exercido algum efeito
no seu espírito.
Jacinto Correia, dominado por fervoroso patriotismo e em
atitude que só é peculiar dos heróis, respondeu que: “Se todos os portugueses
fossem como eu, não restaria um só invasor”.
Confundido com tão inesperada e pronta resposta,
apressadamente traduzida pelo intérprete, o general Loison apresentou visíveis
indícios de cólera e, por forma brusca e peremptória, ordenou ao tribunal o
fuzilamento do réu, sem apelo.
Na manhã de 25 de Janeiro de 1808, na alameda sul do
Convento de Mafra, em ambiente apropriado, pois a tristeza do tempo não
desmentia a dor dos homens, compareceu uma escolta militar francesa, na frente
da qual, pouco depois, foi colocado Jacinto Correia.
Seis ruídos próximos e agudos se propagaram no espaço. E,
por esta maneira, caiu, para jamais se erguer, um valente português.
O general Loison, temendo, certamente, as consequências da
atitude heróica de Jacinto Correia, que podia excitar ódios ou estimular ânimos
para análogas façanhas, mandou publicar, sete dias depois do fuzilamento, uma
notícia na Gazeta de Lisboa, na qual, no sentido de intimidar, dava
conhecimento da condenação que sofrera o pacato e bom trabalhador que, no
exercício das suas funções, calcorreara pelos imensos e longos corredores do
Convento de Mafra.
Nota: na foto apresenta-se o monumento da homenagem prestada em Mafra em 2008.
Jacinto Correia foi um resistente aos invasores franceses na
primeira das 3 invasões a Portugal decretadas por Napoleão Bonaparte, por isso
pagou com a vida a sua rebeldia, foi o 1º condenado à morte em Portugal pelas
forças estrangeiras e executado por fuzilamento Em Mafra no dia 25 -01-1808 por
ordem dos generais Junot e Loison este o célebre maneta que deu origem ao
ditado popular ainda hoje em voga (olha que vais para o maneta)
Na celebração do 2º centenário da nossa vitória total obtida
nas linhas de Torres Vedras foi-lhe erigido em Mafra no local da sua execução
um mausoléu e todos os anos pela data do seu falecimento aí lhe é prestada
homenagem por altas individualidades civis e militares, depois de alguns anos
sem ter aparecido qualquer descendente na sua homenagem, por desconhecimento
total desses descendentes, com o divulgar da sua História muito pela
persistência do seu sobrinho-neto Doutor Paulo Ferreira autor do livro (As Lides do Talaia) que nesta obra divulga e
dedica várias páginas sobre a História do seu tio-avô Jacinto Correia e porque
não dizê-lo pela minha também, hoje já temos regularmente todos os anos alguns
descendentes na sua homenagem quase todos da sua quinta geração.
Há muitos anos e porque gosto muito de História li em alguns
livros que na primeira das 3 invasões ao
nosso País feitas por Napoleon Bonaparte houve um patriota natural da Lourinhã
que lhes deu luta e que por isso pagou com a vida a sua ousadia sendo por isso
fuzilado em Mafra às mãos do General invasor Junot, alguns autores da época
falam nisso não como um grande feito, mais em jeito de nota de rodapé, na
altura jamais associei essa personagem à minha ascendência, primeiro não
pensava ter raízes na Lourinhã uma vez que toda a minha família paterna e
materna é originária da Atouguia da Baleia, nada me levava a pensar ter raízes
deste grande patriota. Como já disse gosto muito de História e depois de me
reformar comecei a estudar a História da família aprendendo a fazer procura
geneológica aparecendo-me na minha ascendência na Atouguia da Baleia Jacinto
Correia nascido na Quinta de Dona Máxima
junto ao lugar da Azambujeira na freguesia de Nossa Senhora da Anunciação da
Lourinhã e eu fiquei desconfiado, mesmo assim nada me dizia que se tratasse da
mesma personagem mencionada nos livros de História, há uns anos atrás começou a
febre do facebook e para não fugir à
regra também comecei a aceder regularmente quando e um dia vejo numa página do
Grupo Atouguia da Baleia a foto do Mausoléu e toda a história de Jacinto
Correia que coincidia em tudo com a do meu quinto avô que eu tinha na minha
ascendência, o autor dessa publicação era o
historiador senhor João Luís Alves Francisco natural do lugar de
Azenhas dos Tanoeiros Mafra e com
o qual entrei em contacto tirando-me ele todas as dúvidas ficando eu com a
certeza de que era mesmo seu descendente. Mais tarde e conversando com a Dona
Maria Matos incansável diretora da coletividade da Zambujeira acerca disto ela
convidou-me a ir à Lourinhã ao lançamento do livro (As Lides do Talaia) de
Paulo Ferreira também ele sobrinho-neto de Jacinto Correia e que no mesmo livro
dedica algumas páginas ao seu tio-avô, uma das coisas que o ouvi dizer ao
referir-se a Jacinto Correia era de que tinha muita pena de não conhecer
qualquer descendente direto do mesmo, no final apresentei-me como tal o que
acabou por ser uma alegria para os dois
e já juntos fomos em 25/01/2017 os
primeiros descendentes a marcar presença na sua homenagem, fomos passando a
palavra e nos anos seguintes começaram a aparecer mais e hoje já somos alguns, penso que a semente está
lançada e que Jacinto Correia não mais deixará de ter os seus descendentes em Mafra no dia do aniversário
da sua morte em que é homenageado pelo seu ato de coragem e patriotismo.
Júlio Ivo no livro El Rei Junot de Raúl Brandão diz que ele
terá sido estudante quando jovem dos frades do convento de Mafra e que viveria
em Mafra ao tempo dos acontecimentos ao serviço dos mesmos frades e que no
regresso do seu trabalho terá sido surpreendido por dois soldados franceses
quando transportava às costas um cabaz de fruta e um cesto de lenha e tendo
estes tentado roubá-lo agredindo-o, ele se defendeu matando-os com uma foice
roçadora ferramenta que usava no seu trabalho diário.
Pinheiro Chagas diz que ele embora tenha nascido na
Zambujeira da Lourinhã, terá estudado em jovem nos frades do convento e que
teria alguma instrução, que terá fixado
residência em Mafra e que nesta vila casara onde tinha filhos, duas crianças de
tenra idade, que em Mafra trabalhava à data dos acontecimentos por conta dos
frades nos jardins do cerco e na vasta horta da tapada quando Junot na sua
marcha invasora sobre a capital assentou arraiais em Mafra e arredores na
primeira invasão francesa.
Estas versões são as mais relatadas nos anais da História e
as que mais são faladas nos dias de hoje, mas existe uma outra versão dos
factos relatada de forma muito diferente por José Acúrcio das Neves e na qual
eu acredito como mais realista de como tudo se terá passado, há factos nas
versões anteriores que para mim estão desajustados, se não vejamos como podia
Jacinto Correia ter sido estudante em jovem no Convento como diz Júlio Ivo, ou
ter instrução e conhecer os Lusíadas como diz Pinheiro Chagas se ele não sabia
ler? No seu registo de casamento na freguesia de Atouguia da Baleia ele não
assina por não saber assinar, nos registos paroquiais ele regista 7 dos seus 8
filhos em Atouguia da Baleia e um na Lourinhã, não tem em 1808 apenas 2 filhos
de tenra idade e vive em Mafra, para mim ele nunca viveu em Mafra mas sim
sempre na freguesia de Atouguia da Baleia onde executou trabalhos difíceis nas azenhas do Penteado e
na de Baixo ou ainda como lavrador no Casalinho perto de Ribafria onde penso
que ele vivia à data dos acontecimentos e nunca terá sido estudante, inclino-me
mais para que fosse analfabeto, talvez sim um lavrador ou trabalhador rural com
dotes de liderança e um patriota em quem os seus vizinhos confiavam fazendo
dele um líder, terá sido preso em Peniche
por Taunier comandante das forças invasoras em Peniche e levado de
seguida para Mafra por ser onde estava sediado o quartel-general de Junot para
aí ser julgado, aí foi condenado e executado para servir de exemplo a outros
que lhe quisessem seguir os passos.
José Acúrcio das Neves descreve-nos doutra maneira para mim
mais realista como as coisas se terão passado, Jacinto Correia era um honesto
lavrador de Atouguia da Baleia que teria sido roubado pelas primeiras tropas
francesas da primeira invasão que passaram para a praça de Peniche e querendo
defender-se dos seus inimigos que julgava também serem os inimigos da Pátria
inflamado pelas queixas dos seus vizinhos que tinham também sido roubados como
ele, foi imediatamente à vila de Óbidos pedir auxílio às tropas do regimento do
Coronel Freire de Andrade que ali se achava estacionado dizendo-lhe que a sua
intenção era dar a morte a todos os franceses que continuassem a passar na sua
terra. Ninguém ousara dizer a este pobre rústico que está a cometer um erro de entendimento, mas o seu erro
nascia de um verdadeiro patriotismo e o que é bem digno de lamentar-se foi
julgado por um grande crime pelo juízo dos mesmos portugueses, porque o próprio
Coronel Freire de Andrade nessa altura já está ao serviço dos franceses partindo
depois para França com a sua Legião Portuguesa e em vez de o instruir como ignorante, foi delatá-lo
como rebelde aos franceses e por isso caindo o infeliz Jacinto Correia nas
garras do brigadeiro Taunier comandante da Praça de Peniche, poucos dias depois
foi morrer arcabuzado em Mafra por sentença duma comissão militar francesa.
Esta para mim a narração verdadeira dos factos, Jacinto Correia terá vivido
sempre na freguesia de Atouguia da Baleia na altura destes acontecimentos,
penso que viveria junto ao lugar de Ribafria dessa freguesia, há documentos que
indicam que ele aí viveu e foi aí que continuou a viver a sua viúva até voltar
a casar de novo perto dum ano depois da sua morte. Uma coisa é certa e todos os
historiadores confirmam o seu acto de patriotismo, sabendo que a sua resposta
poderia condená-lo à morte continuou firme como um grande português e respondeu
ao célebre general Loison (se todos os portugueses fossem como eu não restaria
um só invasor em Portugal).
enviado por Jacinto Borges, a quem agradecemos.
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