AS MINAS E OS MINEIROS DE SÃO PEDRO DA COVA
As minas de carvão de São Pedro da Cova, no concelho de Gondomar
(terra do nosso amigo Beselga), iniciaram a sua atividade nos finais do sec. dezoito, 1795, tendo finalizado a sua atividade em 1972.
O carvão extraído desta mina alimentava as mais diversas
atividades, fosse para a industria ou para o caminho de ferro e produção de eletricidade, incluindo o
consumo caseiro.
A mina fechou e ficaram as recordações que aqui se relatam,
num pequeno folheto que é distribuído na mina.
A Casa da Malta é uma espécie de Casa do Povo por onde andam atualmente os mineiros reformados, muitos deles doentes dos pulmões, vitimas duma doença crónica laboral incurável, a silicose e consequente tuberculose, devido ao pó da mina.
A Casa da Malta dava-lhes apoio durante a laboração e agora dá apoio na reforma, aos trabalhadores e seus familiares.
É comum informarem os visitantes sobre o funcionamento da Mina.
Vale a pena a visita.!
Vagonetas que transportavam o carvão extraído da Mina
No site indicado abaixo, do BLOG HISTORIAS DE BOLSO, relata a história da Mina muito mais completa. Vale a pena visitar este site, para quem se interessa pelo assunto:
www.https://historiasdebolso.home.blog/2019/01/09/as-minas-de-carvao-da-maior-exploracao-do-pais-quando-em-atividade/
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E a seguinte crónica no Jornal Público:
https://www.publico.pt/2015/03/29/local/noticia/a-historia-da-vila-que-guarda-uma-mina-dentro-1690395
Desta crónica transcrevemos com a devida vénia ao Publico e seus Jornalistas aqui indicados, a seguinte parte dum excelente texto.:
A história da vila que guarda uma mina dentro
Enquanto descia às profundezas da terra, gasómetro na cabeça
e saco de farnel na mão, os 16 anos de vida de Manuel Reis não puderam
amparar-lhe a tremeliqueira das pernas. De repente, o rosto cândido e pálido
enegreceu-se até à cor do carvão. Até à cor do medo. Lá no fundo, onde a luz
não chega, passaram-lhe para a mão uma pá e pronunciaram meia dúzia de
palavras. E ele começou a acartar carvão. Foi a primeira vez de um vaivém de
duas décadas nas profundezas das minas de São Pedro da Cova. Manuel regressa agora
ao complexo mineiro, 45 anos depois do dia que ninguém apaga da memória: 25 de
Março de 1970, a data de encerramento das minas. As pernas já não tremem, mas
os olhos humedecem quando recorda a “vida de escravidão”. Durante os quase dois
séculos em que funcionaram, as minas de carvão foram o principal sustento de
famílias inteiras nesta freguesia de Gondomar. Mas foram também sinónimo de
miséria e de fome, de doença e de morte. E mudaram para sempre São Pedro da
Cova.
Nesta terra mineira a 20 quilómetros do Porto, nunca quiseram enterrar as dores de outros tempos. A exploração a que milhares de trabalhadores foram sujeitos desde 1795, quando o carvão de pedra (antracite) foi descoberto na freguesia, escreve-se a letras garrafais. Recordar para não esquecer. Para Serafim Gesta, investigador local que adoptou o pseudónimo de Mazola e é autor de vários livros sobre São Pedro da Cova, as minas não são apenas um objecto de estudo. Estão-lhe gravadas no ADN há gerações, desde os “pioneiros do carvão”. “Tenho das minas as memórias mais tristes que pode haver. Memórias de morte. Estou a ver o meu avô morrer, com uma medalha ao peito, mas pobre, cansado, miserável, tuberculoso. O meu pai tísico, depois de muitos anos de mina. E a minha mãe a perder a vida à minha frente, a sujar os lençóis de sangue. Silicose: 100% de pó.”
Jornalistas Mariana Correia Pinto (texto) e Manuel Roberto
(fotografia)
https://www.publico.pt/2015/03/29/local/noticia/a-historia-da-vila-que-guarda-uma-mina-dentro-1690395
Vale a pena ler.
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