FAUNA
As reservas naturais têm uma rica variedade de fauna
protegida e o país é um dos centros mais importantes de birdwatching
(observação de aves) a nível mundial, principalmente na zona de Cacheu, onde
foram identificadas 248 variedades de aves em 2014 e nas Lagoas de Cufada. o
arquipélago dos Bijagós também é muito rico em aves e espécies marinhas raras.
os tarrafes, como zona estuária e de reprodução, apresentam uma grande
biodiversidade. há cerca de 374 espécies de aves na Guiné-Bissau, destacando-se
as andorinhas-do-mar (Sterna máxima e Sterna cospia), o papagaio cinzento
(Psittacus erithacus), os flamingos, os pelicanos, o colhereiro africano
(Platalea alba), as gaivinas-negras (Chlidonias niger), os gansos (Auritus De
Nettapus e Plectropterus Gambens), as calas de crista amarela (Cacatua galerita),
a cotovia-pardal-de-dorso-castanho (Eremopterix leucotis), a
andorinhaestriada-pequena (Cecropis abyssinica) e o chasco (Oenanthe heuglini).
Na Guiné-Bissau existem ainda cerca de 230 espécies de
peixes, crustáceos e moluscos, 10 espécies de morcegos e cerca de 85 répteis
distintos, nomeadamente o crocodilo (Crocodylus niloticus), o crocodilo anão (Osteolaemus
tetraspis), 46 tipos de serpentes e várias tartarugas marinhas: a
tartaruga-verde (Chelonia mydas), a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata),
a tartaruga olivácea (Lepidochelys olivacea), a tartaruga comum (Caretta
caretta) ou a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea).
Estão identificados vários roedores neste país, nomeadamente
o esquilo voador (Finiusciurus becrofyi) e diversas espécies carnívoras como a
hiena manchada (Crocuta crocuta). entre
os mamíferos marinhos de referir os golfinhos (Sousa teuzil e Tursiops
truncatus), as lontras (Aonyx capensis) e os ameaçados manatins (Trichechus
senegalensis). Já no que diz respeito a animais de casco, destacamos o
hipopótamo (Hippopotamus amphibius) e várias espécies de gazelas e antílopes.
A Guiné-Bissau tem
ainda duas espécies de pangolins e diversos primatas, como o chimpanzé (Pan
Troglodytes), o Macacoverde (Chlorocebus sabaeus) o Macaco Colobus (Colobus
polykomos), o Macaco Fidalgo (Colobus polykomos polykomos) e o Macaco Bijagó ou
nariz Branco (Cercopithecus nictitans), estes dois últimos considerados
raros.
FLORA
A diversidade da flora tem correspondência com a
caracterização geográfica e do solo. as florestas constituem uma verdadeira
barreira contra o fenómeno da desertificação, da degradação dos solos e do
assoreamento das bacias hidrográficas, suportam a agricultura e produzem
madeira, lenha, carvão, caça e produtos florestais não lenhosos tais como o
mel, frutos, raí- zes, tubérculos, plantas medicinais, vinho e óleo de palma e
tantos outros bens que, na Guiné-Bissau, são essenciais. Porém, a pressão
demográfica, as alterações climáticas, a intervenção humana por queimadas, a extração
massiva de madeiras consideradas nobres, a monocultura de mancarra (amendoim),
de arroz e de caju, têm alterado a flora (e a fauna) da Guiné-Bissau. não
obstante, podemos observar vários tipos de paisagem bem distintos.
Em toda a extensão dos rios observam-se os mangais que podem
ir até ao 10 metros (os mangais altos ou Rhizophora) e outros que chegam aos 5
metros (o mangal baixo ou Avicennia).
Existem ainda as zonas de arrozais, de tannes, de floresta sub-húmida, de floresta
de transição, a floresta secundária ou degradada, as florestas secas e as
savanas. nas zonas de “tannes”, áreas
lodo-arenosas que antecedem o mangal ou tarrafe, o solo é praticamente estéril
por serem secas e estarem saturadas de sal. apenas algumas plantas e gramíneas
tolerantes ao sódio conseguem resistir nestas condições.
Na zona sul do país, devido à maior humidade, predominam as
bolanhas (arrozais alagados). aqui, principalmente nas regiões de tombali e de Quinara e nalgumas
ilhas do arquipélago dos Bijagós encontramos a floresta sub-húmida, com
vegetação variada: árvores de grande porte, de 30 e 40 metros de altura -
sobretudo “Pó de miséria” (Anisophylla lamina), “Polon” (Ceiba pentandra) e “Pó
de bitcho amarelo” (Chlorophora regia) -, árvores entre os 20 e os 30 metros,
arbustos e ainda lianas.
As florestas de transição, como o nome indica, fazem a
fronteira entre a floresta sub-húmida e as florestas secas e semi- -secas,
principalmente na região de Gabú e no litoral, onde predominam os “poilões”
(Ceiba pentandra).
As florestas secas e semi-secas nas zonas centro-norte e
centro-sul do país, apresentam arbustos, lianas e arvoredo entre os 20 e os 30
metros. as espécies que aqui predominam são o “Pó de conta” (Afzelia africana),
Palmeira de óleo (Elaeis guineensis), “Manconde” (Erytrhopheleum guineensis),
“Bissilon” (Khaya senegalensis), “Pó de sangue” (Pterocarpus erinaceus) e “Pó
de carvão” (Prosopis africana).
As florestas secundárias ou degradadas são produto da ação
do homem, sofrendo queimadas, pousios e plantação de árvores de frutos, como no
caso das grandes monoculturas de cajueiros, predominantes nas regiões de
Biombo, Cacheu e oio. a paisagem destas regiões também é influenciada pela
produção de arroz em sequeiro, o arroz “m’pampam”. a noroeste encontramos muitas
Palmeiras (Elaeïs guineensis) e “cibe” (Borasus aethiopum), um tronco de uma
palmeira cujo tronco é muito apetecido para a construção de casas.
A zona de savana situada no litoral é pouco densa, com
arbustos até aos 2 metros e ainda “Karite” (Butyrospermum parkii), “Pó de
incenso” (Danielle Oliveri) ou a palmeira de óleo (Elaeïs guineensis). existe ainda a zona de
savana herbácea húmida, no interior do país, que se caracteriza pela quase
inexistência de árvores, à exceção de algumas palmeiras e “cibe” (Borasus
aethiopum). são utilizadas principalmente para o pastoreio e cultiva-se o arroz
em “bolanhas de lala”.
As plantas na Guiné-Bissau, como todos os seus elementos
naturais, têm uma importância extrema não só como matéria-prima e meio de
subsistência, mas ainda nas próprias demonstrações culturais e na medicina
tradicional. a literatura científica aponta para quase 900 plantas diferentes
na Guiné-Bissau, das quais cerca de 128 são utilizadas em mezinhas
tradicionais, 76 são consumidas pelo homem e 86 são utilizadas para pasto e na
produção de artesanato
(IN GUIA TURISTICO À
DESCOBERTA DA GUINÉ-BISSAU, de Joana Benzinho e Marta Rosa, com a devida vénia)
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