33⁰ Almoço anual do BART 1914, em 15 de junho de 2024, no restaurante Vianinha Catering, em Santa Marta de Portuzelo. Organizador Daniel Pinto e seu filho Rui Pinto.
.
“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
-
"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
-
“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
-
“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
---
"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
.
domingo, 6 de novembro de 2011
Vamos dar corda ao blog? - pelo Cavaleiro (há uns tempos atrás...)
Companheiro,
Vamos dar “corda” ao nosso BLOG?!
Se estiveres de acordo, eu continuo com Fernando Pessoa.
Mesmo em tempo de crise é possível presentear os meus Amigos com uma PRECIOSIDADE, que no meu entender, considero uma maravilha ...
O Menino Jesus, nas palavras de Alberto Caeiro, pela voz única, grave e ternamente sentida de Maria Bethânia.
Espero que gostem………………………………………..de POESIA e de Maria Bethânia!!
Um abraço,
Cavaleiro
________________________________
Alberto Caeiro - Poema do Menino Jesus
Num meio-dia de fim de primavera
Eu tive um sonho como uma fotografia
Eu vi Jesus Cristo voltar à terra.
Veio pela encosta de um monte.
E era a eterna criança, o Deus que faltava.
Tornando-se outra vez menino,
A correr e a rolar pela relva
E a arrancar flores para deitar fora.
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir de segunda pessoa da Trindade.
Um dia, que Deus estava dormindo
e que o Espírito Santo andava a voar
Ele foi até a caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro, ele fez com que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo, ele criou-se eternamente humano e menino.
E com o terceiro ele criou um Cristo
e o deixou pregado numa cruz que serve de modelo às outras.
Depois ele fugiu para o sol
e desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje ele vive comigo na minha aldeia
e mora na minha casa em meio ao outeiro.
É uma criança bonita, de riso e natural.
Atira pedra aos burros.
Rouba a fruta dos pomares.
E foge a chorar e a gritar com os cães.
Nem sequer o deixaram ter pai e mãe
como as outras crianças.
Seu pai eram duas pessoas: um velho carpinteiro
e uma pomba estúpida, a única pomba feia do mundo.
E sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher, era uma mala
em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que justamente ele pregasse o amor e a justiça.
Ele é apenas humano,
limpa o nariz com o braço direito,
chapina as possas d'água;
colhe as flores, gosta delas,
esquece-as.
E porque sabe que elas não gostam
e que toda a gente acha graça,
ele corre atrás das raparigas
que carregam as bilhas na cabeça e levanta-lhes as saias.
A mim, ele me ensinou tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as belezas que há nas flores.
E mostra-me como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem nas mãos e olha devagar para elas.
Ensinou-me a gostar dos reis e dos que não são reis.
E tem pena de ouvir falar das guerras e dos comércios.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente.
Sempre a escarrar no chão e a dizer indecências.
E que a Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meias.
E o Espírito Santo coça-se com o bico;
empoleira nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é tão estúpido como nas Igrejas.
Diz-me que Deus não percebe nada das coisas
que criou - do que duvido.
"Ele diz por exemplo que os seres cantam sua glória.
Mas os seres não cantam nada
se cantassem, seriam cantores.
Eles apenas existem e por isso são seres..."
Ele é o humano que é o natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E é por isso que eu sei com toda certeza que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E depois, cansado de dizer mal de Deus
ele adormece nos meus braços.
E eu o levo ao colo para minha casa.
Damo-nos tão bem na companhia de tudo
que nunca pensamos um no outro.
Mas vivemos juntos os dois
com um acordo íntimo,
como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer, nós brincamos nas cinco pedrinhas do degrau da porta de casa.
Graves, como convêm a um deus e a um poeta.
É como se cada pedra fosse um universo
e fosse por isso um grande perigo deixá-la cair no chão.
Depois ele adormece.
E eu o deito na minha cama despindo-o lentamente
seguindo um ritual muito limpo, humano e materno até ele ficar nu.
E ele dorme dentro da minha alma.
Às vezes ele acorda de noite e brinca com os meus sonhos.
Vira uns de perna para o ar.
Põe uns encima dos outros.
E bate palmas sozinho sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho, seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo.
E leva-me para dentro da tua casa.
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde, para eu tornar a adormecer.
E dá-me os sonhos teus para eu brincar...
(Alberto Caeiro)
______________________
Cavaleiro:
A corda partiu-se???!!!
Estamos à espera de mais textos teus.
Abraços
LG.
1 comentário:
Maria Bethânia !!!....
Uma voz única, que chega a qualquer ouvido como uma mensagem de paz, de tranquilidade, de conforto, quer seja a cantar ou a declamar...
Muito bonito este poema.
Enviar um comentário