Companheiros
Do blog do nosso colega Leal e com a devida vénia, transcrevemos aqui uma interessante:
CARTA DO MARÍTIMO OLHANENSE À SUA NAMORADA
Nota: esta carta foi uma brincadeira escrita em segredo, salvo-erro num Carnaval, por uma rapariga (Etelvina dos Reis Nascimento) amiga de uma tal Francisca, de quem um jovem marítimo com pouca instrução se tinha apaixonado. Celebrizou-se em Olhão através dum teatro encenado por Joaquim da Silva Vaz (o "Vázinho").
"Farcisca
À díase, do mar dâse Berlêngase, a sete bráçase e mêa d' água, embararem-se-m' âze grósêrase, cande vê de lá o mariola do tê pai e me dezeu assim :
- Ó hôm!!! tu ése um montanhêre, hôm! Tu fázez um grande salcrafice em virese ó mar !!!...
- Má o que é que você me dize, hôm?!
- Digue-te iste e nã casase ca 'nha filha !
Alha-me-ze Farcizeca ! ê cá ântese cria cu tê pai me dèsse doi ó trê estragaços da cara, q'êl me dessesse aquil que tá ali à vizete de gente!
Viémese pá terra e a companha do barque nã falava doutra coisa.
Nísete, vê de lá o mane Zé Xaveca e me dezeu assim:-Mó, ó móce! Na te zánguese, ná t' arráleze, móce! Taze-te arralar?- Atão nã m´ êde arralar?
- Nã te ralese rapá, se nã casáreze c'a filha dele casaze cá c'a minha hôm!
É p'a que vêisase, Farcizeca, quê cá inda tenhe pretendêntase. Tu pensase cú tê pai é o Prencêse D.Carlos? A tua mãi a Rainha D. Imélia e os tês ermãos os Enlefantesinhos ?
Alhamese ! ele é mai brute cá mãi dos penhêrese do mane João Luice.
Dêxa lá cuma viage quê face ó mar de Larache , ganhe o denhêre às braçadase. Compre um chapé de côque, uma vengala, botas de rengedêra com tapadôiraze, passe a barlavante da tu porta e arraste os peses cóm' um gal. Tu vêse-me e falase-me, mai ê cá veje-te e nã te fale.
Mai, sê cá sentir alguma coisa do mê côrpe, ai 'nha mãe!!! Digue logue que forem vocêiaze que me fizerem mal! Qu'ê cá nã quér que vócêiaze andem a falar mal de mim p'êssese tânquese e rebêrese!
Ê bem sê que tu tenz' uma linda máineca de quez'tura, mai ê cá na sei s'èze tan prefêta de mãoze come dizeze.
Na m'arrale! Cá só quer que tu t'allêmbreze dos mês doze brenhoisinhes (ponha lá iste da carta,mano Manel, qu'ela já m'entende).
Digue tiste e nã memporta com o pôrque do tê pai.
Perdoi a arção.
Embróise "
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nota - ficamos à espera que os nossos amigos Zé Pedro ou Diogo Sotero, dos Montes Altos, nos ajudem a traduzir esta reliquia. Ou até mesmo o Hipólito já que tantas vacanças faz lá pela Fuzeta!
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Hipólito disse...
Mó, ó môce !
Nã t'arrálese, rapá . . .
Ê cá traduse, hôm . . .
Perdoi a arção . . . ___________________Môce ó mane Embróise!..atão mó?? tá o mar fêto dum cão mó...
trai o bote pa terra....
2 comentários:
Mó, ó môce !
Nã t'arrálese, rapá . . .
Ê cá traduse, hôm . . .
Perdoi a arção . . .
Môce ó mane Embróise!..atão mó?? tá o mar fêto dum cão mó...
trai o bote pa terra....
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