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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”


(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).

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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"

(José Justo)

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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”

"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"

António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente

referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar

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Eles,
Fizeram guerra sem saber a quem, morreram nela sem saber por quê..., então, por prémio ao menos se lhes dê, justa memória a projectar no além...

Jaime Umbelino, 2002 – in Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, em Torres Vedras
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”

Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.

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Sem fanfarra e sem lenços a acenar, soa a sirene do navio para o regresso à Metrópole. Os que partem não são os mesmos homens de outrora, a guerra tornou-os diferentes…

Pica Sinos, no 30º almoço anual, no Entroncamento, em 2019
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."

Francisco Silva e Floriano Rodrigues - CCAÇ 2314


Não voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.

Ponte de Lima, Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar


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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Companheiros, vamos aos fados? Está na hora!


com a devida vénia, video RTP, enviado pelo Cavaleiro

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vêm-me aporrinhando os viperinos do costume...

Vêm-me aporrinhando os viperinos do costume . . .
E não há duas, sem três . . .

Há um mês, o “capo”  dos “dótôres da mula russa” e “calões”, à última potência, (a primeira expressão, da autoria do mesmo capitão, a segunda, conclusão, minha),  azucrinou-me a moleirinha, até dizer, chega  . . . “bombeirito de meia tijela”, “protegido do blog”,  “inveterado saltimbanco por tudo que é sítio comestível”, etc., etc.
Há uma semana, “o maestro” dos ditos cujos, só faltou escrever que o, no wc, surgido, eram “ideias de merda” (desculparão, se não vai escrita conforme o novo acordo ortográfico).
Ontem, ao tentar convencer o Mestre, de que estava, eu, a providenciar, no sentido de obter, para o pessoal das transmissões, uma bêncão papal que os redimisse e encaminhasse, de novo, para o bem, tipo “arrocho”, pespega-me ele:
- Pede, mas é para ti, que bem precisas, meu arrota-pescadas . . .
Tentei, ingloriamente, convencê-lo de que, límpido, puro, sincero e sem mácula, como, à evidência, sempre fui e sou, não precisaria dessa benesse.
 -Tu ?! . . . Nã vareies !  . . . Nã sabes, tampouco, quando nascesti !!!  . . .

Cheirou-me, logo, a sacarrolhice do “maestro da charanga”, junto do seu dileto assessor, para obter informação, não conseguida de motu proprio, quiçá, para insondáveis desígnios.
É desconsideração e afronta, de sobra, para um homem só . . .
Vilipendiado, apodado de queixinhas, doravante, escreverei só melengas, tipo todo do nosso senhor, e estou safo.

Ademais . . .
Na agro, como na higiene,  não leram, está na cara, a cartilha de higiene militar, documento altamente instrutivo e que, em tempos, apareceu no blog, não dão uma pr’á caixa . . .

Pois, meus meninos, fiquem sabendo . . .
Serve, aqui, a tesoura, para aparar o grelo (da batata), evitando, no rego (qual carreiro, qual cabaça ?!), uma exagerada florestação, como, ora, é moda, higiénica, segundo alguns,  e, onde (rego) se “sameiam”, ou “repousam”, consoante as individuais potencialidades, pois claro, as batatas.
Confesso ignorar (não se pode ser bom a tudo),  se, no nabal (cultura mais arreigada em Gondomar), outrora frondoso e viçoso, vem sendo aplicado o mesmo processo.

Essa, a das abluções matinais em zonas íntimas, via repuxo ou similar, após evacuação, como vi, acrescido (mas extra preço de cartaz) de massagem com leitinho de colónia, no tal poiso, que reservei, já, no século passado, entraram, neste reino, em completo desuso, simplesmente, por susceptíveis de potenciar, no of  . . ., tumefacções, género calo no “c . . . com’ó macaco”, como mais para sul, de águas muito ferruginosas, ainda, hoje, como confessado, poderá muito bem acontecer ao mais pintado dos daí e periferias.

Presumivelmente, desse uso e abuso, advirá a fama e proveito, como consta e é consensual, de que, os do sul, não levantam o rabo, por nadinha deste mundo . . .

Hipólito
(aspirante a quê ?!!!)

Poema aos homens constipados


(Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

António Lobo Antunes
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Amigo,

Um pouco de cultura fica sempre bem no Blog.
Poderá acontecer até, que “alguém” se reveja neste poema do António Lobo Antunes, não achas?!!

Um abraço,
Cavaleiro
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Tens toda a razão companheiro.
ESte poema está divinal.
Pena é que as Lurdes dos nossos amigos não venham aqui contar as vezes que já sentiram os maridos "quase morrerem" por causa dum pingo no nariz ou duma réstia de febre, ou até duma simples dor de cabeça...
Seria muito interessante.
Abraços.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

pelo Hipólito...

"Há tantos burros mandando em homens com inteligencia, que às vezes penso que a burrice é uma ciencia."
Antonio Aleixo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ainda o aniversário do Marinho.

Embora com atrazo, aqui se publica um mimo do Justo para o Marinho.
Abraços

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

7 vezes 13 são 28 ???

Não acreditam? Então vejam.

Ser feliz ou ter razão...

Assunto: Ser feliz ou ter razão?
O TEXTO É BEM PEQUENININHO E INTERESSANTE P/PENSAR A RESPEITO
SER FELIZ OU TER RAZÃO?

Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem.
Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.
Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber: - Se tinhas tanta
certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais... E ela diz: - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz.
Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

MORAL DA HISTÓRIA   
Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais freqüência: 'Quero ser feliz ou ter razão?
Outro pensamento parecido, diz o seguinte: "Nunca se justifique; os amigos não precisam e os inimigos não acreditam".
Com isto vamos ver se o mundo melhora.
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enviado por mão amiga.
Obrigado

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Faleceu o João Leite - CCAÇ 2314

Caros companheiros.
Ainda há dias me referi ao João Leite.
Volto agora para comunicar o seu falecimento em 16 deste mês, vítima de doença prolongada, na sua terra natal - São Miguel, Açores.
Joaquim Caldeira
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Hipólito disse...

Descanse em paz.
Mais um guerreiro condecorado nos deixa, com muita saudade nossa.
E, com ele, se vai um pouco da nossa memória coletiva, enquanto habitantes forçados de Tite.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

OS ESCLARECIMENTOS QUE FALTAVAM POR OCASIÃO DA VIAGEM A MACEDO DE CAVALEIROS E AINDA A PROPÓSITO DA SEMENTEIRA DAS BATATAS NO QUINTAL DO HIPÓLITO

Não sei se vos passou o mesmo pela cabeça …
No meu caso, se não conhecesse a capacidade de organização do pessoal das transmissões, era motivo para enquadrar, face às confusões do Hipólito, levar a tenda de campismo para Macedo de Cavaleiros, mas fiquem descansados que tal não é necessário!


Diz o Hipólito para enquadrar o resumo da sua viagem a Macedo de Cavaleiros, ou melhor, escreve o nosso aspirante de eclesiástico jubilado, embora de forma encapotada, que as ideias só lhe surgem quando em função na sanita, ficando irritado e “co’a” a mosca quando não encontra o “acessório higiénico” após funções e prós “ finalmentes”. Mais fulo ainda porque a sua viagem a Macedo de Cavaleiros lhe foi “ordenada” por um “criptólogo” e benfiquista, nascido na freguesia e simpatizante do clube lampião, porque lhe estragou, embora não o denunciasse, a “plantação” das batatas no seu quintal marcada para o mesmo dia.

Pois é. Já tinha notado! Ah minha pessoa também é pela manhã que vêm as ideias à cabeça, mas sinceramente só depois de todas as funções pró fisiológicas e com acabamentos higiénicos tipo século XXI. “Cá na casa” há anos que só se usa o jornal para leitura. Ao contrário do Hipólito, sinto-me aliviado e contente por ter “nascido”.



Adiante! Colocando tudo isto de parte, o nosso amigo Hipólito, a custo, (olha as batatas) lá partiu de Baltar para Macedo de Cavaleiros, ao encontro de mais um “Dr. das Transmissões”, (“Dr.” cognome escolhido e praticado em Tite por um conhecido capitão), levando no pensamento aquela “boa” disposição por ir ao descubro de mais um “pilha-galinhas” das transmissões, o Alberto Camelo, ex-1º Cabo de Transmissões e, da 1ª liga do ti-ri-ti-ti na Guiné, no período de 67/69. E como resultado desse encontro declara:
Fiquei com a certeza de que está em boas mãos a organização do dito cujo (Assembleia Geral do Bart 1914 em 14 de Maio), tal o entusiasmo e empenho, dele, da esposa, filho e nora, demonstrados…


Mas a confusão foi estabelecida, quando o meu pedido de ser encontrado um local, acessível à minha bolsa, com vistas a pernoitar no dia anterior ao evento. Que, ao parece tal não visitou, mas sim terá lido um prospecto de propaganda do Convento de Balsamão, anunciando que o preço das pernoitas eram bastante acessíveis, dado dispor de aquecimento central os 37 quartos. Provido de sala de convívio e TV, bar e restaurante. Acrescentando, que para tal, ou então não percebi, tinha que ser contactado um polaco de nome Casimiro WiszynsKi, sendo também condição para os hospedes aqui albergados, rezar o tercinho, antes da deita, caso contrário não eram aceites! Será (?).

Também não percebi porque o nosso amigo Guedes, troca o nome de Balsamão por Balsemão. Será que este último também tem um convento com condições dormitarias lá nas redondezas apresentando-se mais barato? Façam o favor de esclarecer tá bem?

Por último dizer ao nosso “baltarnenseque pessoalmente estou na disposição de pagar o preço que pagou pelo tempo gasto a quem disse para “plantar” as batatas no seu quintal.

Sei das queixinhas que fez ao Mestre sobre a minha pessoa.

Sei que este nosso amigo alentejano, também das transmissões, lhe disse que, ele, Hipólito, não é homem a quem se dê a incumbência, com esta idade, semear (não plantar) as batatas. Explicando ao “baltarnense” que é necessário lavrar a terra para que ela fique mole e fazer, nela, carreiros. Só depois, nos carreiros, são colocadas e afastadas umas das outras, as batatas de semente junto com o adubo e, por fim os carreiros com as batatas tapados.

E ainda ao queixinhas disse o Mestre:

Oh Hipólito, tu não podes! Olha as tuas costas!
Isso é uma canseira para ti que nunca foste habituado a trabalhar.
Não é só isto Hipólito!
Olha as tuas costas e não só!
Sabes que mais tarde, logo que a batateira venha à luz do sol, é necessário sachar, tirar as ervas daninhas, manter a terra húmida e se necessário sulfatar.

O Pica foi teu amigo na oportunidade que te deu de te “pirares” para Macedo de Cavaleiros ao encontro do Camelo. Não tenhas pena amigo, se quiseres semear batatas, podes vir ao Monte Fialho que tens tudo o que é necessário para colmatar a insatisfação. Ah, ainda outra coisa, a tesoura não tem aplicação nas sementeiras das batatas.

Pica Sinos  

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Destacamento de S.João - Bolama

Meus queridos amigos.
É a primeira vez que entro a comentar por esta via, embora sempre, o mais possível,atento a tudo o que nos diz respeito. Nestas e noutras matérias. Além de querer enviar apertado abraço a todos e a cada um dos que naqueles tempos andámos por aquelas bandas, permitam que lembre que da área territorial do BART 1914, além do que mencionaram, fazia também parte o Destacamento de S.João, da Companhia de Jabadá. Como se lembrarão, S. João ficava praticamente em frente de Bolama. Era um destacamento ao nível de pelotão, como o Enxudé. Nunca estive em S.João. Comheci muito melhor Enxudé. Mas a Cart 1743 esteve uns dias em Bolama a aguardar ordem para partir para a Ponta Gã Eugénia e dali para Gubia, a fim de fazer segurança à construção de um aquartelamento naquele local. Ao fim de uns dias, chegou a ordem, mas para regressar a Tite.
Por Nuno Martins

Guiné Bissau à procura de reforçar a sua importancia regional

Com a devida vénia publicamos este artigo do Jornal O SOL, do jornalista Francisco Kalemfa.
Clicar na noticia para ver em ponto grande.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Manuel de Arriaga (1840-1917)

Gente de outros tempos!
Era oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos.
O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o. 
Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso.
Formou-se em Direito.
Foi advogado, professor, escritor, político e deputado.
Foi também vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Foi reitor da Universidade de Coimbra.
Foi Procurador-Geral da República.
Passou cinquenta anos da sua vida a defender uma sociedade mais justa.
Com 71 anos foi eleito o 1º. Presidente da República, após a implantação da mesma.
Disse na tomada de posse: "Estou aqui para servir o país. Seria incapaz de alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo escolhido uma modesta casa anexa a este.
Pagou a renda da residência oficial e todo mobiliário do seu bolso.
Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado.
Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez questão de o pagar também do seu bolso.
Este SENHOR era Manuel de Arriaga e foi Presidente da República Portuguesa.

 (Na presença de exemplos destes, como foi possível regredirmos !??)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Marinho faz hoje anos


fazendo parte da equipa de futebol da 1ª. liga de Tite


a luz dos seus olhos e da sua Maria
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O Marinho faz hoje anos.
Convém aqui lembrar que o Marinho só foi reencontrado graças a este blog e aos esforços do Pica Sinos,  ao fim de 40 anos de termos regressado da Guiné.
Nunca antes tinha sido visto.
E desde aí comparece sempre que lhe é possivel, nos vários convivios que têm sido organizados.
Para o Marinho as maiores felicidades, votos de boa saúde e um abraço de parabens, dos seus companheiros.
LG.
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A propósito do reencontro com o Marinho, junto publicamos a noticia que então foi escrita pelo Pica Sinos para o blog:

"NO ENXUDÉ, “GASELA” ESTUFADA COM TODOS
Para saber a certeza da morada, que me foi facultada, de um indivíduo que dá pelo nome de Carlos Alberto Teixeira Marinho, que comigo permaneceu durante 2 anos na Guiné, que hà 4 décadas ninguém, que eu saiba, partilhou com ele qualquer momento, desloco-me a Oeiras, correndo o risco de “bater com o nariz” na porta, ou ficar desiludido pelo malogro do propósito. É pelas 10 horas que chego à entrada do “mundo” que é aquela cidade, sem GPS para me orientar, páro e atrevo-me a perguntar, aos cantoneiros de limpeza que na ocasião por ali passavam, onde fica a Avª Brasília, sorte a minha por serem trabalhadores brasileiros, de pronto me elucidaram o melhor caminho, bem perto e de fácil acesso. Já no prédio com o nº 9, dois grandes cães barravam-me a entrada. Devagar, devagarinho estendo o braço para as campainhas e carrego na do r/c frente, ao mesmo tempo, oiço uma velhinha dizer…os cães são mansos. Mais descansado entro no prédio, na frente da porta de entrada do r/c indicado, mais uma vez toco à campainha, não obtenho resposta. Quando, já desiludido, oiço uma voz sumida…quem é?...Oh Carlos é para ti! Na minha frente o Marinho, não tenho a menor dúvida. Ele sim….és o Palma? Não sou o Pica Sinos! Pois és, dá cá um abraço! Sentamo-nos a conversar na sala de jantar, disse o objectivo da minha visita, a necessidade que muitos de nós tem em saber da tua saúde. Contente, este homem que a sua meninice foi passada na ilha da Madeira, natural de Lisboa, durante anos funcionário na antiga Companhia do Gás e Electricidade (EDP). Hoje, trabalha como Auxiliar de Acção Educativa na especialidade do Áudio Visual. Passou um ano em São Tomé e Príncipe, ao serviço da empresa Camilo Alves, obrigado a regressar por motivo de doença hepática. Felizmente já curado. …Oh Pica dá-me os números de telefone do pessoal, prometo que os vou contactar! Quero o endereço do Blog! A conversa desenvolve-se, no período e nos tempos idos: …Uma vez o Capitão Vicente, militarista em excesso como sabes, no gabinete onde eu também trabalhava, como 1º Cabo Escriturário, na área do reabastecimento, ouvimos a algazarra que ia no campo de futebol, ocasionando na minha pessoa fervilhar de inveja que não passou despercebida ao oficial. De pronto me disse se eu também queria jogar? Claro que sim meu Capitão, então vai lá, quando em simultâneo chega a informação que no Enxudé tinha chegado transporte com abastecimentos e que estava a ser preparado um petisco muito especial… …Certo e sabido que já não fui jogar à bola, o destino foi Enxudé, com mesa posta, petisco muito bem ornamentado, tendo como ementa gazela estufada, caçada para os lados de Foia, disseram, regado com vinho tinto engarrafado, que tivemos o cuidado de transportar, demos ao dente até fartar…Quando e depois de enaltecermos tal pitéu, foi-nos mostradas as “ossadas” da dita “gazela” que, não era mais nem menos um crocodilo e o pedaço de carne que lhe faltava foi a que comemos…a cauda! …Olha lá Pica, sabes o que é que vão servir de almoço em Ovar?
Sei, é cozido à portuguesa!
Então vou a Ovar não tenhas a menor dúvida! Os contactos com o Marinho são: Av. Brasília, 9 r/c Frente – 2780-001 Oeiras Tels – 214413843 - 963412317
Pica Sinos"
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E os respectivos comentários:

Leandro Guedes disse...

Amigos
Tal como aconteceu quando foram encontrados o Carlos Reguila, o Mestre, o Pedro, e tantos outros, também ao saber do paradeiro do Marinho, senti imensa alegria.
Procurei-o logo no primeiro almoço há 20 anos e não o encontrei. Ao longo dos anos uns diziam que tinha ido para Africa, outros que tinha ido para o Algarve e afinal estava aqui bem perto.
Um abraço para ti Marinho e se não for antes, vamo-nos também ver em Ovar.
Um abraço também para o Pico pelo seu incansavel trabalho.


Hipólito disse...




Bem aparecido, Marinho.
És testemunha "ocular de vista" de que, com aquela minha carinha de fome na fotografia do Enxudé, não me tocou nada do tal petisco.
Um gande abraço e até Ovar.
Hipólito


Leandro Guedes disse...




Falei com o Marinho há pouco pelo telefone.
Foi uma alegria. Revivemos cenas engraçadas da nossa passagem por Tite. Lembramos com saudade aquelas "taras militaristas" que o cap. Vicente tinha, quando alguém lhe dirigia a palavra e colocava as mãos em cima da sua mesa - O Cavaleiro e o Abreu foram alguns dos protagonistas destas cenas.
Coisas que iremos concerteza reviver no nosso almoço em Ovar, que está para breve.
Um abraço Marinho.


José Costa disse...




Oh Marinho!!
Merecias uma grande carolada no caracuto da tua cabeça!
Será que numca te deu pra digitares no GOOGLE,o Bart 1914?
Ficas perdoado se apareceres em Ovar no de 23 de Maio pf
Felicitações ao Pica e ao Guedes,são os que mais esforço têm demosntrado na procura da "rapaziada"

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS QUE NÃO SABIAM?


DE SACOLA DE PANO Á TIRICOLO PARA APRENDER JUNTAR AS PRIMEIRAS LETRAS

Eu morava na Rua dos Plátanos. Rua situada ao fundo, do lado este, do meu Bairro das Furnas. A minha escola primária era fronteira à da escola das raparigas, por detrás da capela.

Esta igrejinha estava situada no ponto mais elevado deste meu Bairro. O seu acesso passava por subir uma longa escadaria feita com pedras de calçada de cor branca. Ladeada por vários ciprestes de delicado trato pelo jardineiro.

Um outro acesso à escola era subir por um carreiro junto às hortas que começava no terreno que chamávamos de “campo de futebol”. Era um espaço existente do lado esquerdo, por detrás e um pouco além do Salão de Festas. É hoje ocupado por prédios um pouco antes do chamado Bairro dos Sargentos.

No ano de 1952, no meu primeiro ano de aulas, recordo que a escola dos rapazes tinha 4 filas de carteiras, comportando as turmas da 1ª, 2ª, 3ª e da 4ª classe.

Recordo ainda que a secretária da mestra estava colocada num estrado que me parecia muito alto. Na parede, por detrás desta secretária, uma ardósia também enorme, não chegando, quando chamado a prestar exercícios, os meus pequeninos braços, mesmo em bico de pés, ao meio desse quadro.

Como a recordo a jovem e bonita professora, sobretudo quando a sua face se apresentava rosada não só por irritada com os seus alunos.

A DISCIPLINA E ESTUDO NA ESCOLA DO MEU BAIRRO

Em tempos idos, era habitual dizer-se quando uma criança revelava uma atitude

de rebeldia e se a pretendia rectificar com uns açoites, estes eram justificados pela frase “de pequenino é que se torce o pepino”. Na maior parte das vezes resultava.

Corria o ano de 1954. A primavera chegara. No final das aulas, os alunos das turmas da 1ª, 2ª e 3ª classes, sequencialmente e de forma ordeira, lá iam saindo. A professora, como de costume, assistia de pé, posicionada e vigilante na frente da sua secretária.

O… “até amanhã senhora professora”… era acompanhado, de quando em quando, com um aceno de cabeça da mestra, em jeito de concórdia.

O interesse dos rapazes com a passarada nesta época do ano, não raras as vezes equipados com as fisgas, visco e na procura dos ninhos, deu razões à professora para que os alunos da turma da 4ª classe ficassem mais um pouco na aula e sentados.

A mestra pretendia anunciar que, no dia seguinte seriam feitas perguntas sobre a importância e o comportamento das aves, procedimentos insertos num dado texto do livro de leitura para esta classe.

Recomendara bastante o seu estudo, uma vez que iriam reler este importante texto e seriam feitas perguntas às quais a turma tinha que prontamente responder.

Todos os rapazes saíram satisfeitos. A lição escolhida pareceu-lhes fácil. De pássaros e dos seus comportamentos não havia ninguém quem melhor os conhecessem. Consequentemente, o estudo da lição e as recomendações da senhora professora foram colocados como algo desnecessário por certezas mais que evidentes.

No dia seguinte, a mestra, no tempo do questionário verbal sobre a lição recomendada no dia anterior, apenas teve tempo para fazer a primeira pergunta, o resto do tempo foi destinado e ocupado por uma série de 3 reguadas em cada mão dos alunos da 4ª classe. Castigo infligido, pelo raciocínio ora confirmado, de que ninguém tinha estudado a lição como ela recomendara.

Mas que pergunta foi feita que os seus alunos da 4ª classe não souberam responder, ou melhor, que eles responderam rápido… mas erradamente? Simplesmente…de como se chamava…a fêmea do pardal…! A que todos “sabiamente” responderam…”pardala”…! Quando na verdade deviam ter respondido…pardaleja ou pardaloca...

“Pardala” não constava da lição nem sequer existia (existe) no dicionário da língua portuguesa.

DO ÓDIO AO OLEO FIGADO DE BACALHAU…

Quem não se lembra daquela mistela castanha a que davam o nome de óleo fígado de bacalhau. O óleo fígado de bacalhau, era servido numa colher da sopa na cantina escolar antes das refeições dos alunos e, era tido e considerado como complemento alimentar.

Ao contrário de muitos outros alunos da minha escola, felizmente eu não passava fome! Os meus pais, muito pobres, procuraram sempre que o seu menino tivesse, em termos de alimentação, o melhor que a vida lhes permitia dar, mas longe de dispensarem as refeições que a escola oferecia aos seus alunos.

Se era um facto que a sopa ingerida na escola era na grande parte das vezes bem-vinda, já não o era o óleo fígado de bacalhau.

Como eu recordo o sacrifício de tal ingestão. Quantas tentativas falhadas para fintar a contínua “carrasco” por tais obrigações. O processo alternativo era rapidamente comer de seguida 3 ou 4 colheradas da sopa servida, caso contrário os vómitos acompanhados de um ou dois estalos não se faziam esperar.

…AO ENCANTO PELOS JOGOS DO FUTEBOL

Marcante também foi a “festa da rija” por derrotados em duas frentes!

Como já acima se disse, o nosso “campo de futebol”, estava situado em paralelo com a Rua das Furnas, logo abaixo da colina onde a escola se situava, por detrás do Salão de Festas.

A nossa equipa era constituída por alunos da 4ª classe e estava a perder com os eternos rivais alunos do Pedro Santarém.

O empenho era tanto que mal ouvíamos a contínua Palmira

…meninos venham para cima…! …meninos venham para cima…!

Pois há muito que o horário, marcado para as aulas no período da tarde, tinha sido ultrapassado.

Ao lado da contínua Palmira a mestra já com as faces ruborizadas, com o cabelo enrolado em jeito de carrapito, de bata branca com mãos atrás das costas, assistia incrédula à indisciplina dos seus alunos da 4ª classe que, muito tristes, a pouco e pouco, desistiam de jogar desmotivados, por um lado, pela impossibilidade de recuperar os golos sofridos e, por um outro lado, pelas consequências disciplinares que se adivinhavam, às quais já não podiam fugir.

Nesse dia, a maior parte de nós sujos e suados, nem sequer tivemos a oportunidade de nos sentarmos nas carteiras. E para exemplo dos prevaricadores e sob o olhar atento dos alunos das restantes turmas as reguadas mais uma vez foram postas em prática.

RETRATOS DA VIDA DE UMA PROFESSORA QUE ADORO E QUE JAMAIS A ESQUEÇO

Mas quem era, quem é esta professora que eu adoro e que já mais esqueço?

A professora Maria Helena, em recentemente encontro no Centro Comercial das Amoreiras, em Lisboa, onde esteve presente um outro seu antigo aluno – o José Fernando - também ele professor jubilado e licenciado em Pintura, deu para saber que esta amorosa personagem, já considerada por mim morta, é natural de Lisboa da Freguesia de S. Cristóvão. Se bem que tenha crescido e vivido, durante praticamente toda a sua vida, na freguesia de Santa Isabel, lá para os lados de Campo de Ourique.

Esta Mulher que me ensinou a juntar e a interpretar as letras, que eu adoro, não devo nem a quero esquecer. Por grato e motivado pelas boas recordações da escola do meu Bairro das Furnas.

A professora Maria Helena que já me deu a possibilidade de a recordar em outros escritos, nasceu em Julho no ano de 1927. Seus pais, para que a sua única filha pudesse concluir o magistério primário, tiveram que a emancipar aos 18 anos de idade. Em Outubro do ano de 1946, já professora, com 19 anos de idade, foi colocada por concurso, na escola primária do Bairro das Furnas. Local onde dedicou toda a sua vida a ensinar a ler e a escrever os rapazes deste “seu” bairro.

Hoje, com 84 anos de idade, não perdeu a vivacidade e firmeza que lhe conheci enquanto jovem. Já alguns traços de rugas na face bem vincados são certos, com aquele cabelo branco que outrora não estava ali. Aos meus olhos, vejo-a irradiar saúde e felicidade. A sua memória, ao relembrar os rapazes das suas aulas, fez inveja a este seu antigo aluno e certamente ao companheiro também presente na conversa, o José Fernando.

Pica Sinos

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mais uma acção judicial contra o Estado Português e a União Europeia, do ex-Alf. Moreira da CART 1690

clica em cima desta imagem para a veres em ponto grande.

Com a devida vénia, publicamos aqui um artigo do Jornal Badaladas, da autoria do jornalista Fernando Miguel: Desta vez por causa do abandono dos campos e das pescas em Portugal.
Importa lembrar que a anterior acção judicial movida pelo ex-alf. Moreira, sobre "os escandalosos vencimentos e prémios dos gestores públicos", entregue na Assembleia da Republica em meados de 2010, está à espera de que algum deputado se lembre de a levar a Plenário...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A PROPÓSITO DO TEXTO MÃE D. GEORGINA, LEMBRA E ESCREVE O CAVALEIRO

Infância

(Ary dos Santos)

Não minha mãe. Não era ali que estava.
Talvez noutra gaveta. Noutro quarto.
Talvez dentro de mim que me apertava.
contra as paredes do teu sexo-parto.
A porta que entretanto atravessava
Talhada no teu ventre de alabastro
Abria-se fechava dilatava.
Agora sei: dali nunca mais parto.
Não minha mãe. Também não era a sala
Nem nenhum dos retratos de família
Nem a brisa que a vida já não tem.
Talvez a tua voz que ainda me fala….
….. o meu berço enfeitado a buganvília….
Tenho tantas saudades, minha mãe!

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Amigo
Fiquei deslumbrado com a tua narrativa.
Parabéns.
Deixa-me partilhar o que te vai na alma, acrescentando umas palavras, para melhor realçar o lado “guerreiro” da tua, das nossas mães.

“Quanta força e energia buscavam ELAS, para superar a fragilidade dos seus corpos.
Quanto sufoco e trabalho duro, árduo e suado para nos darem estudo, educação e o pão de cada dia.
Quantas lágrimas derramaram longe do nosso olhar,
E nós,
ingénuos,
julgando que nossas MÃES não sabiam chorar.
Quanto orgulho temos nas nossas MÃES”.

Aproveitando a onda de saudade, recordo em anexo, um dos últimos sonetos escritos pelo Ary dos Santos e que Ele (que também tanta falta nos faz), intitulou “Infância”.


Espero que gostes.
Recebe um forte e apertado abraço,
Cavaleiro

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Rectificação à Passadeira dos Famosos

Por indicação do Joaquim Caldeira, rectificamos o nome do companheiro João Gualberto Amaral Leite, ex-furriel miliciano da CCAÇ 2314, que era comandante do pelotão "Os Brutos" e a quem foi atribuida uma Cruz de Guerra.
O nome que estava indicado era o de Manuel Moreira Fazendeiro, erradamente.
Já agora, pela ordem, da esquerda para a direita, são: Fernando Almeida, Narciso Durão, João Leite e Anselmo Adrião, ex-furrieis da C Caç. 2314.

Aqui fica a rectificação e os agradecimentos ao Joaquim Caldeira.
Breve serão publicdas fotos actuais.

Carta do Maritimo Olhanense à sua namorada...

Companheiros
Do blog do nosso colega Leal e com a devida vénia, transcrevemos aqui uma interessante:

CARTA DO MARÍTIMO OLHANENSE À SUA NAMORADA

Nota: esta carta foi uma brincadeira escrita em segredo, salvo-erro num Carnaval, por uma rapariga (Etelvina dos Reis Nascimento) amiga de uma tal Francisca, de quem um jovem marítimo com pouca instrução se tinha apaixonado. Celebrizou-se em Olhão através dum teatro encenado por Joaquim da Silva Vaz (o "Vázinho").


"Farcisca
 À díase, do mar dâse Berlêngase, a sete bráçase e mêa d' água, embararem-se-m' âze grósêrase, cande vê de lá o mariola do tê pai e me dezeu assim :
- Ó hôm!!! tu ése um montanhêre, hôm! Tu fázez um grande salcrafice em virese ó mar !!!...
- Má o que é que você me dize, hôm?!
- Digue-te iste e nã casase ca 'nha filha !

Alha-me-ze Farcizeca ! ê cá ântese cria cu tê pai me dèsse doi ó trê estragaços da cara, q'êl me dessesse aquil que tá ali à vizete de gente!

Viémese pá terra e a companha do barque nã falava doutra coisa.
Nísete, vê de lá o mane Zé Xaveca  e me dezeu assim:-Mó, ó móce! Na te zánguese, ná t' arráleze, móce! Taze-te arralar?- Atão nã m´ êde arralar?
- Nã te ralese rapá, se nã casáreze c'a filha dele casaze cá c'a minha hôm!


É p'a que vêisase,
Farcizeca, quê cá  inda tenhe pretendêntase. Tu pensase cú tê pai é o Prencêse D.Carlos? A tua mãi a Rainha D. Imélia e os tês ermãos os Enlefantesinhos ?
Alhamese ! ele é mai brute cá mãi dos penhêrese do mane João Luice.

Dêxa lá cuma viage quê face ó mar de Larache , ganhe o denhêre às braçadase. Compre um chapé de côque, uma vengala, botas de rengedêra com tapadôiraze, passe a barlavante da tu porta e arraste os peses cóm' um gal. Tu vêse-me e falase-me, mai ê cá veje-te e nã te fale.

Mai, sê cá sentir alguma coisa do mê côrpe, ai 'nha mãe!!! Digue logue que  forem vocêiaze que me fizerem mal! Qu'ê cá nã quér que vócêiaze andem a falar mal de mim p'êssese tânquese e rebêrese!

Ê bem sê que tu tenz' uma  linda máineca de quez'tura, mai ê cá na sei s'èze tan prefêta de mãoze come dizeze.

Na m'arrale! Cá só quer que tu t'allêmbreze dos mês doze brenhoisinhes (ponha lá iste da carta,mano Manel, qu'ela já m'entende).

Digue tiste e nã memporta com o pôrque do tê pai.
Perdoi a arção.

 Embróise  "
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nota - ficamos à espera que os nossos amigos Zé Pedro ou Diogo Sotero, dos Montes Altos, nos ajudem a traduzir esta reliquia. Ou até mesmo o Hipólito já que tantas vacanças faz lá pela Fuzeta! 
_____________________
Hipólito disse...

Mó, ó môce !
Nã t'arrálese, rapá . . .
Ê cá traduse, hôm . . .
Perdoi a arção . . .
___________________
Môce ó mane Embróise!..atão mó?? tá o mar fêto dum cão mó...
          trai o bote pa terra....

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Lago dos Cisnes

Meus amigos
Enviado pelo Joaquim Caldeira, deleitem-se com este tema.
Abraços

O HIPÓLITO FOI AH DO CAMELO A MACEDO DE CAVALEIROS VER DOS PREPAROS DA ASSEMBLEIA GERAL (ALMOÇO) DO BART 1914

Fico pôdre . . .

Não sei se vos acontece o mesmo . . .
Finda a função, na sanita, no respectivo pinchavelho, papel higiénico, de grilo . . .
Calças e cuecas, a meia-haste, seguras, com periclitante equilíbrio, com os joelhos, à cantiflas ou charlot, toca de ir à busca do dito acessório . . ., aqui, pró caso, essencial.
Fico co’a mosca, como os portistas, quando ganha o benfica e vice-versa . . .
Situação incómoda e irritante, com amplitude agravada, imagino, no rigor do frio, para os “cotas” de ceroulas . . .
Mesmo sorumbático, passo ao que aqui me trouxe:

Atrevi-me, com muito sacrifício, em prospecção e apoio, a subir ao nordeste transmontano, mais precisamente a Macedo de Cavaleiros, para transmitir ao organizador do n/próximo convívio, Alberto Camelo, a experiência do último, em Penafiel.

Fiquei com a certeza de que está em boas mãos a organização do dito cujo, tal o entusiasmo e empenho, dele, da esposa, filho e nora, demonstrados.


Tem já, para o efeito, gizados o plano e estratégia que me pareceram os adequados, não fosse ele também um dos afamados “pilha-galinhas” das transmissões.


Mandatado pelo Pica, reservei, para ele, estadia condigna no convento de Balsamão, situado, isoladamente, nos contrafortes da serra de Bornes e gerido, como estalagem, por uns frades, creio que polacos.

(Santuário de Nossa Senhora de Balsemão

Turismo Religioso

Santuário antigo, tendo como origem um convento fundado pelo polaco Frei Casimiro Wiszynski, na primeira metade do século XVIII. No interior, destacam-se os altares em talha dourada, os belos tectos com imagens religiosos e uma escultura da Virgem. Com a extinção das ordens religiosas, o convento foi abandonado, mas continua a receber uma romaria todos os anos no dia 25 de Março.)


Mas, admito, devo ter metido o pé na poça . . .


É que, já em casa, ao ler o respectivo prospecto publicitário, verifico que todos os hóspedes ali albergados, devem rezar as laudes, as vésperas e o tercinho, antes da deita, o que não fará mal a ninguém.


Imagine quem quiser, um “doctor honoris causa em criptologia” a ranger os dentes, encrespando as sisudas sobrancelhas, afinando os suspensórios e atiçando-me os cães (dois pastores alemães) que guardam o mosteiro . . .


O que me irá valer, é ser campeão nos 100 metros . . . a fugir.
E pum-catrapum, pum . . . pum . . .
E entra o clarim:
Ena . . . c’um . . . (os de bom ouvido, sabem a música e letra).


Um xi-coração para todos
Hipólito

PS: Cavaleiro, não esquecer de anotar mais esta minha missão em prole da humanidade e ir pedindo uma medalhita cá pr’ó rapaz.
Garanto, não ter abusado, nem na posta, nem nas alheiras e outras minudências . . .

NOTICIAS DA GUINÉ-BISSAU

Mutilação genital feminina não está no Corão, lembra imã de Bissau



O imã Nfali Cote, da mesquita de Bissau, afirmou hoje, domingo, no Parlamento da Guiné-Bissau que a mutilação genital feminina não está prevista no Corão e, por isso, é errado associar o fenómeno à religião islâmica.


O imã Coté falou na sessão solene das comemorações do Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina (MGF) que na Guiné-Bissau atinge cerca de 49%.


"É falso que o Corão tenha previsto que se faça o 'fanado' às mulheres. Eu não vi isso em parte alguma", disse o imã Nfali Coté, falando em nome dos líderes religiosos convidados por um grupo de organizações não-governamentais que lutam contra a excisão na Guiné-Bissau.


O "fanado" é o nome pelo qual a excisão é mais conhecida entre a população guineense.


Também expressando repúdio contra o acto, Nhima Corobó, uma ex-praticante do 'fanado', disse que "é chegada a hora" de as 'fanatecas' deixarem essa prática que "tantos males tem causado à vida das mulheres" guineenses.


"Há dez anos que deixei de praticar o 'fanado', mas muitas das 'fanatecas' ainda fazem essa prática. O Estado devia impor leis para proibir, de facto, essa prática", defendeu Nhima Corobó.


O Parlamento guineense foi hoje, domingo, palco de uma cerimónia oficial que marca a luta de várias organizações contra a excisão, com destaque para o Comité Nacional de Luta Contra as Práticas Nefastas, liderado por Fatumata Djau Baldé.


Segundo esta antiga ministra dos Negócios Estrangeiros, também ela submetida à excisão em criança, o trabalho que tem sido feito pelas organizações não governamentais (ONG), com o apoio de algumas entidades internacionais, vai no sentido de levar o Governo, através do Parlamento, a adoptar leis que punam a prática ainda este ano.


"Pensamos que temos dados nesse sentido, agora já estão reunidas as condições para que se adopte, finalmente, uma lei que puna essa prática", declarou Fatumata Baldé.


"O Governo está sensibilizado. O Governo tem a maioria no Parlamento e só por isso podemos acreditar que vai fazer aprovar uma lei ainda este ano", disse Djau Baldé.


JN, 07 Fevereiro 2011

Oh p´ra ele...

O Justo, com as suas qualidades gráficas já conhecidas, achou por bem fazer esta composição.
Para não o desgostar, aqui vai.
Abraços amigo
LG.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Para ouvir...


a publicação deste video nasceu duma experiencia feita na aula de blogs da nossa escola, entre o Leal, a Antónia e eu próprio. E já que é bom, vai cá ficar.
Abraços.
LG.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Da Senhora sua Mãe... - uma carta do Pica às suas Filhas e Netos/as

Nunca precisei da luz do luar para ver a estrela que havia em ti.  
Nunca precisei da luz do dia para ver a tua imagem pura da mulher que me gerou
Como me sinto feliz por conservar saudades da minha Mãe.

Era um encanto os olhos da Senhora minha mãe. Os olhos da vossa avó/bisavó a todos encantavam por onde passava, direi mesmo que eram a sua “marca d’àgua”. A vossa avó/ bisavó era uma mulher de personalidade muito forte, trabalhadora, mas sacrificada na vida. Adorava os filhos, procurando sempre ultrapassar as adversidades da vida que, foram muitas, para que nada lhes faltassem. Para os outros, com quem vivia de perto, havia sempre um dichote brejeiro. Era muito galhofeira, todos a adoravam naquele velho Bairro das Furnas.

Ainda não há muito tempo, quando dirigia palavra a uma sua vizinha no bairro dizia vaidosa a minha irmã vossa tia…Este é o filho da “Tia Georgina” … Ah pois é! Responde a sujeita depois de me reconhecer…Oh Raul que saudades eu tenho da tua mãe, parece que a estou a ver no carnaval, mascarada e divertida com todos…

A vossa avó/bisavó, era pequenina na estrutura física, mas a sua forma de estar na vida era de desenvoltura e de audácia no enfrentar dos problemas. Seus olhos eram azuis cor do céu! A sua neta mais velha – Madalena – foi a única que teve a benesse desta herança genética. Quanto eu mais a olhava, mais encantado ficava com o brilho que aqueles olhos azuis irradiavam. Quando comigo zangada, que muito acontecia, os seus olhos um nada entortavam, mas não perdiam a sua beleza. Esta mulher nascida e criada na chamada zona saloia, em redor de Lisboa, mais propriamente em Montachique. Era a mais nova dos 9 irmãos (4 rapazes e 5 raparigas). Morreu há 24 anos no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, com 82 anos de idade.

I – A VIDA NA ALDEIA DE MONTACHIQUE

Nasceu em 1905. Seus pais, Joaquim Lourenço e Damascena dos Santos, deram-lhe o nome de Georgina dos Santos. Baptizaram-na na Igreja Matriz de Fanhões, no Concelho de Loures. Não foi à escola. A família vivia muito pobre. Comiam do que o terreno baldio lhes dava. As moçoilas, suas irmãs, lavavam e “coravam ao sol” as roupas dos senhores da grande cidade.

A vida da vossa avó/bisavó é-lhe madrasta desde muito nova. Com 9 anos de idade, em 1914, estoira a 1ª Grande Guerra Mundial, a falta e o racionamento dos bens de primeira necessidade começa a ser uma evidência muito forte. Três anos mais tarde, incorporado no primeiro contingente de soldados portugueses, vê partir da sua terra natal, para a guerra na região da Flandres francesa, um dos seus irmãos. Os outros três são sucessivamente chamados para servir o regime militar obrigatório. Dois outros dos irmãos (um rapaz e uma rapariga) de forma dramática desistem de viver ainda muito jovens.

Ainda criança, já lavadeira como as demais raparigas na terra, lavava a roupa numa ribeira por perto. Ficava encantada quando chegava o dia de auxiliar o carrego das trouxas, com as suas irmãs, para as galeras que as levavam a um dos paradeiros da cidade, mais propriamente ao Poço do Borratém, junto à Praça da Figueira, onde pernoitavam, tendo por companhia, por perto, os animais que as transportavam.

II – O ABANDONO DA SUA TERRA NATAL E O ENCONTRO COM A CIDADE

A vossa avó/bisavó era das raparigas mais bonitas de Montachique. Era a única, com os olhos da cor do céu. Aos 22 anos apaixona-se. Dessa paixão, aos 23 anos, nasce o primeiro filho, o Fernando, hoje já falecido. Ao confrontar-se a ficar mãe solteira, dado que o seu enamorado negou perfilhar o rapaz e assumir as responsabilidades do matrimónio, desgostosa, resolve abandonar a sua aldeia com o intuito de conseguir, na cidade, melhores oportunidades de trabalho com vistas ao sustento do seu filho, entregando-o temporariamente aos cuidados e à responsabilidade dos seus pais. E com a bênção destes, parte para Lisboa nas galeras que transportavam as trouxas. Já na cidade, valeu-lhe uma outra moçoila de cor preta, serviçal de um capitão, a quem há muito recebia e entregava, no paradeiro, a roupa da casa deste oficial.

A Antónia, assim se chamava a sua amiga, ao ver a vossa avó/bisavó sofredora e chorosa, logo se prontificou a ajudá-la e a interceder junto do militar superior. Sendo que, nesse mesmo dia, a Dª. Georgina, ficou a ser colega desta sua grande amiga, na casa deste capitão, lá para os lados das Amoreiras.

Esta linda “criada de servir” de olhos azuis cor do céu, não passou despercebida a um rapaz moreno e bem-parecido que, dava pelo nome de Adriano Pica Sinos, vosso avó/bisavô, também morador na mesma freguesia de Stª Isabel. Daqui a levá-la para a barraca que construiu ou alugou no Casal do Louro nº 30, na Estrangeira de Cima, em Alcântara, foi um ápice. E, No ano de 1933, já com 28 anos de idade, para agregar ao seu companheiro e ao regressado, há muito, seu filho Fernando, já com 5 anos de idade, presenteia-os com o nascimento de uma outra criança, a minha irmã/vossa tia Helena.

III – OPERÁRIA, A VIDA SOCIAL E FAMILIAR

Mais tarde faz-se operária na “Fábrica das Colheres”, no 200 da Rua da Junqueira, às Janelas Verdes. Um acidente, com a máquina de moldar o estanho, marca-a para toda a vida. “Esqueceu-se” de retirar da guilhotina o dedo indicador da mão direita. Sendo certo que esta deficiência não a coibiu, após sair da fábrica, ser servente, com a função de partir pedra para as calçadas e passeios de Lisboa, numa das pedreiras em Alcântara.

No ano de 1935, estoira a guerra civil de Espanha. Em consequência dificilmente os parcos escudos que os vossos avós/bisavós recebiam, mal chegavam para adquirir os alimentos necessários para o sustento da família. Com a manutenção do racionamento dos alimentos imposta pelo governo, a vida complica-se ainda mais. O seu filho – Fernando – contrai a doença do peito (tuberculose) e, é novamente entregue aos cuidados da avó materna, a Dª. Damascena dos Santos, em Montachique.
Em 1939, o desgosto mais uma vez se instala na família. O Manuel Custódio, um outro filho da vossa avó e o do avô Adriano, morre de uma pneumonia aos 5 meses de idade. A mágoa é enorme e, como as desgraças não fossem suficientes, ao vosso avô/bisavô, é-lhe diagnosticada a doença de esclerose múltipla.
IV - MUDAM-SE OS RUMOS, MUDAM-SE AS VONTADES

Dois anos mais tarde, por via da atribuição de uma casa de renda social ao vosso avô/bisavó, que era cabouqueiro e funcionário público da C.M.L., a D. Georgina, com o seu companheiro e com a menina filha do casal, deixa a barraca, em Alcântara, para passar a viver no Bairro da Quinta da Boa Vista, em Benfica. Aos 36 anos de idade, em 1 de Junho de 1941, contrai o matrimónio na igreja de Benfica. E, quando em 1942, consegue emprego na Comissão Reguladora do Laboratório dos Produtos Químicos e Farmacêuticos, ao Calhariz de Benfica, como servente e lavadeira, obviamente deixa a fábrica e o partir da pedra para outros.
Porém nem tudo é melhoria. A doença do seu companheiro, aliada à pobreza que afecta a todos os trabalhadores, sobretudo em Lisboa, constata, verifica, que o seu marido, vosso avô/bisavô, elege o vinho como “bom analgésico” para as dores que trás no corpo e, quiçá ”permitir-lhe o esquecimento” das amarguras do dia-a-dia. O constante “bambolear no andar” começa a ser preocupante. A D. Georgina sofre e muito.
De todo o modo a vida continua. Em 1945, a 13 de Dezembro de 1945, contrariamente ao que a vossa avó/bisavó pensara ser um mioma (tumor benigno no útero), por inchasso crescente na barriga, era uma nova gravidez, neste caso o vosso pai/avô, Raul Pica Sinos.

A família aumentava e as condições de habitabilidade dão-se por insuficientes. Então foram criadas as condições para junto da C.M.L. concorrer a uma nova casa social, com mais uma divisão (T3), num bairro de casas desmontáveis, recentemente construído, na Quinta das Furnas, bairro esse que ficava junto ao Jardim Zoológico – o que veio a acontecer em Outubro de 1948 –.

V - MELHORAM AS CONDIÇÕES DE HABITABILIDADE, MAS AS DA VIDA TARDAM

É muita a dureza do trabalho. Pela madrugada, às 05.30 horas, começava os seus afazeres com a limpeza no Laboratório ao Calhariz de Benfica. Acabadas as tarefas, quando chegava a casa, por volta do meio-dia, fazia o almoço para a família. Às 15.00 horas, no lavadouro social do bairro, começava a faina das lavagens, do estender e do apanhar, depois de seca, a roupa e os atoalhados que trazia do laboratório. Já noite tinha lugar o cozinhar. Depois do jantar, não raras as vezes, ficava silenciosa, sentada/debruçada na mesa pela noite dentro. Era visível o seu sofrimento pela má sorte na vida, quer por via da dureza profissional, quer por via dos afazeres domésticos.

Não obstante os dias passam! O vosso avô/bisavô começava, com o agravar da doença (esclerose multiplica), cada vez mais a encontrar na bebida “agasalho” para as tristezas do seu dia-a-dia. Situação que motivava grande desgosto à D. Georgina. Originando, com muita frequência, discussões e desavenças deveras complicadas.

Os pobres não tinham alternativas, procuravam esquecer os “amargos na boca” e as mágoas, conforme a vida lhes permitia. Contudo e com o crescimento da família, a pouco-e-pouco, a vossa avó/bisavó, procurando fugir ao entristecimento, organizava, a custo, a lida da casa com vistas a viverem o melhor que podiam.

Em 1949, casa com 16 anos de idade, a sua filha Helena. Em 1951, nasce a sua 1ª neta – Madalena. Quatro anos mais tarde, nasce uma 2ª neta – Gina. Ainda em 1955, por razões de melhores condições de habitabilidade, a sua filha Helena, deixa o bairro das Furnas. Em 1958, com 13 anos idade, o seu filho Raul passa a trabalhar na Robbialac Portuguesa. A casa da vossa avó/bisavó fica mais vazia e, desta oportunidade, reivindica e consegue um quarto só para si. Passa a dormir sozinha.

VI – COMO NAS MOEDAS, NA VIDA, TAMBÉM TEM DUAS FACES

A vossa avó/bisavô, para desanuviar as tristezas que a assolam, desafiada pelas suas grandes amigas e vizinhas da mesma rua do Bairro – a Ilda dos “Óculos”, a “tia” Carolina, a Rosa, a Esperança, a Mª do Carmo, entre outras, inscrevia-se, com o marido e o filho Raul, em passeios que, eram pagos em prestações pecuniárias ao longo do ano. Estas excursões eram sobretudo ao norte do país e tinham como duração de 5/8 dias de viagem. Eram no verão, nos poucos dias de férias que se conseguia. A maior parte das refeições eram confeccionadas junto das camionetas que as transportavam que eram da pertença da Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs – “Palhinhas”. As dormidas do pessoal, eram dentro ou fora das mesmas, enrolados em mantas.

Outros motivos de regular distracção da D. Georgina e amigas, sobretudo da Ilda dos “Óculos e da Esperança, também eram, nas noites de verão, algumas “saltadas” à Feira Popular, localizada à época, no Parque José Maria Eugénio, na Praça de Espanha. A barraca dos “espelhos” era visita obrigatória. Esta barraca provida de espelhos que deformavam o corpo, também estava equipada com altifalantes para o exterior, permitindo ouvir, a quem passava, o gargalhar no interior. As risadas destas “folionas” eram tantas que não raras as vezes, outras entravam para se juntarem à “festa”.

Também pelo Carnaval a vossa avó/bisavó não perdia um dia da folia. Sempre mascarada, por vezes com a farda do trabalho do marido, com a vassoura pelas costas. Enfiava na braguilha uma cenoura, fazendo rir a bom rir quem por ela passava. Como aquela gente a adorava. Sobretudo a juventude que a cumprimentava sempre com um beijo.

Mas nem tudo eram sorrisos. A doença do vosso avô/bisavô agrava o seu estado de saúde físico e mental. É dado como incapaz para o trabalho. No ano 1962, pela força, é internado no hospício do Telhal

VII – CHORAM-LHE OS OLHOS AO VER PARTIR O SEU “MENINO” PARA A GUERRA

Em Março do ano de 1966, já com 61 anos de idade, a sua coragem enfraquece quando vê o filho Raul ingressar nas fileiras do exército. Um ano mais tarde, mais propriamente em Abril de 1967, ao saber que o seu “menino” está mobilizado para a Guiné, corre ao encontro do Mário para que este interceda junto de alguém (?) com vistas a anular a guia de marcha para a guerra. Sem êxito.

O Mário era preto e bem constituído! Era funcionário público, desconhecendo o autor em que serviço estava colocado e o que fazia. Era filho da Dª Antónia, sua grande amiga e colega enquanto criada de servir. Foi esta sua amiga que valeu à Dª. Georgina por ocasião do abandono da sua terra natal quando moçoila. A Dª. Antónia, também já vivia no Bairro das Furnas, na Rua dos irmãos Nina e Lélé, mesmo ao lado do revisor da CP, o Sr. Caixinha.

O Mário, filho mais velho da Dª. Antónia, também chamava de “mãe” à vossa avó/bisavó. Ao que se julga saber, tal carinho advinha de acontecimentos em períodos passados quando ele, miúdo, a visitava na barraca em Alcântara. A vossa avó/bisavó possuía um “par” de galinhas e uma cabra da qual extraía o leite para a família. Quando o Mário dizia que tinha fome, deixava-o mamar nas tetas da cabra até se saciar. Gesto que nunca esqueceu por agradecido.

É no cais de Alcântara, que mais uma vez os seus lindos olhos azuis choram de tristeza. Este cais, outrora local de giro, em algumas tardes de domingo, com a sua filha Helena, é agora palco para ver muitos meninos partirem para a guerra. E o seu vai também. A dor mais uma vez se instala naquele corpo pequenino e já ligeiramente curvado da idade.

VIII – RUA DOS PLÁTANOS Nº 14, UMA CASA CHEIA DE SAUDADES

À D. Georgina, já há muito é uma mulher reformada. O seu marido está internado na Casa de Saúde do Telhal sem recuperação possível. O seu “menino” está lá muito longe na guerra colonial. Vale-lhe como companhia a sua amiga Dª. Esperança, as vizinhas da sua rua dos Plátanos e a gata – a Zaruca –.

Visita assídua da casa passa também a ser uma jovem de 20 anos, a Mª Emília, hoje vossa avó, e à época namorada do seu filho Raul e sua futura nora, trazendo-lhe, de quando em quando, as notícias em cartas que chegam da Guiné.

Em 1968, mais propriamente no mês de Dezembro, o corpo do marido passa a descansar em paz no cemitério de Benfica. E como de desgraças já bastassem, para sua distracção, começa a ser visita assídua do Jardim Zoológico. Distribuindo, aqui-e-ali, pedaços de pão, já duro, pelos animais, sendo-lhe atribuído pela Direcção do Zoo um cartão de benemérita, o que lhe permitia entrar no recinto, no horário das visitas, sem nada pagar.

Mas embora mais velha, a vida vai mudando felizmente para melhor. Em Março de 1969, o seu menino Raul regressa, são e salvo da Guiné. E os preparativos para o casamento do seu filho agora regressado, não se fizeram esperar. No dia 5 do mês de Maio desse mesmo ano acontece festa rija na aldeia do Pombalinho, lá para os lados da Golegã. A sua nora, a Mª Emilia, Uma das suas “filhas da terra” opta por casar na sua pequena capelinha. Ao contrário do que aconteceu no casamento da sua filha Helena, a presença da D. Georgina, foi bem notada em toda a cerimónia. Desta vez a confecção do bodo e do abrilhantar das mesas coube a outros.

IX – NETAS, BISNETOS E UMA NOVA CASA

A sua filha Helena já lhe tinha dado 2 netas, a Madalena e a Gina, que a amiúde a visitavam no seu velho Bairro das Furnas. O seu filho Fernando, a viver no Bairro de Stª Cruz em Benfica, também já tinha contribuído para o aumento da família ao dar-lhe 2 netos e 2 netas – o Amadeu, a Fernanda, o Fernando e a Cristina. Faltava agora o seu rapaz que, casado, saiu de sua casa para ir viver um pouco mais acima, no Calhariz de Benfica, na antiga casa dos seus compadres, dizendo a D. Georgina, não poucas as vezes…não quero morrer sem ver os filhos do meu Raul... Prece que foi atendida por muitos bons anos.

3 Anos mais tarde, no ano de 1972, nasce a primeira neta filha do seu Raul, a Ana Sofia, e hoje vossa mãe (do Luís e da Inês) e tia (da Lara). Neta que não a viu só nascer como a ajudou a criar, ficando inclusive à sua guarda durante e no horário em que os pais trabalhavam. Também a acompanhou durante 2 anos no trajecto da ida e no regresso à escola primária do velho Bairro das Furnas.

Há muito que se falava da construção de um novo Bairro das Furnas. O velho bairro, construído com paredes de lusalite cinzentas, foi inaugurado em 1946. Era tido como um “bairro provisório de casas desmontáveis”. Provisoriedade que só cerca de 30 anos mais tarde acabou, realojando-se por fases os moradores. Agora, no ano de 1976, os/as prédios/casas de construção em cimento e de tijolo, no primeiro grupo de moradores a ser realojado a sul do bairro, a D. Georgina estava incluída, ficando doravante aos cuidados da sua filha Helena, agora com ela novamente morar.

Corria o ano de 1978, quando a sua neta Madalena lhe dá a primeira bisneta, a Susana. Em 1979, cabe a vez da sua neta Gina de lhe dar mais um bisneto, o José Pedro, não parando, como natural, a família deixar de aumentar. Em 1980, do seu filho Raul, nasce mais uma menina, a Catarina (hoje mãe da Lara e tia do Luis e da Inês).


Quando alguém perguntar quem foi a vossa avó/ bisavó, digam que foi uma das raparigas mais bonitas da sua aldeia natal e a única com os olhos azuis cor do céu. Digam que foi uma mulher pobre, sacrificada mas honrada na vida. Foi uma mulher de personalidade muito forte e trabalhadora. Adorava os filhos, netos e bisnetos. Morreu a 19 de Março do ano de 1987, no “Dia do Pai”, que descanse em paz.
As fotos:

1º- A D. Georgina com 36 anos
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Albertina Granja - disse:
Linda história esta!!! Comovente mesmo. Eis uma mulher de grande coragem...Gostei...Dava um bom livro...
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Hipólito - disse:
Sublime lição de vida esta que nos relata o Pica!...Como, igualmente, sublimes os seus sentimentos afectuosos e de gratidão, em relação à sua mãe e familia directa. Fiquei uns minutos a saborear o descrito e a imaginar a dureza da vida dos nossos pais e avós. Parabéns e um forte abraço, Pica.
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O Guedes - disse:
Este texto do Pica é na verdade, um Hino à sua Mãe. Excelente, comovente. Já em tempos o Pica nos tinha brindado com um texto semelhante, também falando da sua Mãe. Talvez para uma Mãe o pior seja a ingratidão de um filho, seja qual for a situação. Mas tu, companheiro, realças aqui bem alto o valor e a gratidão que tens para com a tua Mãe. Senhora sacrificada na vida para conseguir educar os seus filhos. Parabens companheiro. Gostei imenso. Um abraço LG
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do Justo:
Amigo
Pela segunda vez me tocaste no fundo da alma...
Impressionante como escreves de tua mãe e como já também com satisfação li sobre teu pai.
Lindo como tanto os veneras, e como comparação hoje sabemos como muitos filhos super mimados tratam os pais e que nunca nada lhes falta.
Humildes, referes, mas repletos de virtudes e que ambos as transmitiram ao filho.
Que bem se sentiriam se podessem ler as tuas narrativas.
Bem Hajas por esse amor tão magistralmente descrito.
Um abraço e a minha admiração.

José Justo.