CCaç 2314 - Age Quod Agis
Memórias de uma guerra…
FULACUNDA – 07AGO68/30JUN69
A CCAÇ 2314 chegava a
Fulacunda, ida de Tite a 7 de Agosto de 1968, onde permaneceu até 30JUN1969
para regressar novamente a Tite, tendo sido rendida pela CCAC 2482.
Após os trágicos acontecimentos de Bissássema e a instalação
do aquartelamento de Nova Sintra precedida pela abertura e desmatação do
itinerário que a ligava a Tite, à CCAÇ
2314 foi determinada a sua ida para Fulacunda a fim de substituir a companhia
que ali se encontrava e que terminava a sua comissão.
Assim, os militares da companhia embarcaram em duas LDM's e,
depois de uma breve passagem por Bolama, chegavam a Fulacunda, via marítima, a
7 de Agosto de 1968 para render a CCAÇ 1624.
Durante este período, é enviado em 06NOV68, o 4°. Pelotão de
reforço à CCAÇ 6, em Bedanda, que ali
permaneceu até 31 de Dezembro de 1968, para regressar a Fulacunda o que não
viria a acontecer. Pois estando em Bissau, foi desviado para a região do
Saltinho para organizar tabancas em autodefesa. A este pelotão juntou-se o 3°.
para reforçarem o BCAÇ 2852 até 20MAI69, data em que estes dois pelotões
regressam a Fulacunda.
O PAICG, tendo conhecimento que os efetivos estavam
reduzidos em Fulacunda, exerceram um esforço em ataques ao aquartelamento,
sendo de destaque o ocorrido na noite de 24 de Dezembro de 1968.
A este fato, refere-o a história da Unidade:
"Em 241900DEZ68, um grupo IN, estimado em 100
elementos, flagelou o aquartelamento de Fulacunda durante 1 hora e 10 minutos,
fazendo uso de 7 can. s/r, mort. 82, 5 LGF e armas automáticas das direções N,
NE, E e SE. As NT sofreram 7 feridos
ligeiros e 3 mortos africanos e o PAIGC sofreu vários feridos e mortos, segundo informações
posteriores, tendo este ataque ter sido comandado pelo chefe da frente sul,
'Nino', João Bernardo Vieira."
A Companhia regressou a Tite em 30JUN69, a pé, integrada
numa operação, tendo sido rendida pela CCAC 2482.
Subunidades que estiveram em Fulacunda (1961/74):
CCAÇ 153 - 27Mai61/06Fev63
CCAÇ 274 – 06Fev63/18Dez63
Cart 565 – 18Dez63/10Ago65
CCAÇ 1420 – 10Ago65/08Jan66
CCAÇ 1487 – 08Jan66/15Jan67
CCAÇ 1624 – 15Jan67/07Ago68
CCAÇ 2314 - 07AGO68/30JUN69
CCAC 2482 – 30Jun69/14Dez70
Cart 2772 –
23Dez70/24Set73
3ª C/BART 6520/72 – 24Set73/08Set74
Fulacunda era uma Vila e Circunscrição, na região de
Quinara, sede de uma Administração e de um Regulado. Situada a uma altitude de
28 metros, num cruzamento de estradas que fazia ligação para norte a Garsene e
a Ganjauara, junto ao rio Geba, para este, a Buba e para oeste ao Enxudé, Tite
e São João, através do cruzamento de Nova Sintra.
Existiam forte indícios de ter sido uma importante
localidade colonial, não só pelas habitações desse tipo, algumas ainda em bom
estado de habitabilidade e casa de comércio, mas também pelos arruamentos, uma
ampla e eletrificada avenida que servia de ligação à pista de aviação. Era
composta pelas instalações militares, vedadas por arame farpado, uma tabanca,
habitações coloniais e um campo desportivo. Tinha uma capela dentro do
aquartelamento e abastecimento de água através de um furo.
O aquartelamento era eletrificado, cuja energia era
produzida por um gerador.
Em Fulacunda praticamente não existia atividade agrícola,
cultivava-se apenas junto ao arame farpado que rodeava a tabanca, alguma
mancarra, milho painço, pescava-se muito pouco, apanhavam-se cestos de ostras
rnum dos braços do rio e, de vez enquando, lá ia um nativo à caca de uma gazela
com munições fornecida pela “tropa”. O abastecimento logístico era feito por
via marítima através do rio Fulacunda que distava cerca de 5 kms. Semanalmente,
uma avioneta civil 'visitava' a localidade, transportando, especialmente, o
correio.
Havia um monumento com mastro para a bandeira nacional, onde
apenas se conseguia ver uma Cruz de Cristo, com a inscrição, em cima,
“Descoberta” e por baixo: “Ocupação”.
19 de Dezembro de 2021.
JT
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