33⁰ Almoço anual do BART 1914, em 15 de junho de 2024, no restaurante Vianinha Catering, em Santa Marta de Portuzelo. Organizador Daniel Pinto e seu filho Rui Pinto.
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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
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sábado, 31 de julho de 2021
sexta-feira, 30 de julho de 2021
O Costa e a Madrinha de Guerra - entrevista rtp 1
quarta-feira, 28 de julho de 2021
terça-feira, 27 de julho de 2021
Parabéns ao nosso Coronel João Trabulo
Foto do jovem alferes João Trabulo, junto à Porta de Armas do quartel em Tite, Guiné em 1968.
segunda-feira, 26 de julho de 2021
A homenagem da Mariana ao seu avô Eduardo "Pintassilgo"
"Parabéns Avô!
Continua a ser essa estrela brilhante que me guia para
sempre. O meu Anjo da Guarda em todos os momentos 🤍
Adoro-te muito, Eternamente 🤍⭐
Mariana Pinto"
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Encantadora homenagem, Mariana.
Descansa em Paz companheiro!
sábado, 24 de julho de 2021
Dia da Arma de Cavalaria e as Rabanadas
21 de JULHO - DIA
da ARMA de CAVALARIA e as
RABANADAS têm algo em comum?. Aparentemente não, mas será conveniente ler o
texto que se segue.
Prestei serviço militar na Guiné de 01/03/1969 a 22/12/1970
integrado numa companhia de Cavalaria, a 2483 denominada por CAVALEIROS DE NOVA
SINTRA, que pertencia ao BCAV 2867 sediado em Tite.
O dia 21/07/70 foi passado no mato, em Nova Sintra e esteve
efectivamente ligado às rabanadas. Isto porque no reabastecimento mensal de
géneros frescos, que só davam para três dias, sobraram algumas dúzias de ovos,
poucas, que não davam sequer para meio ovo por militar, numa refeição. Para que
os ovos fossem repartidos igualmente por todos (uma companhia tem mais ou menos
160 homens), resolvi mandar fazer rabanadas e desta forma comemorar a data
festiva do Dia da Cavalaria, tanto mais que eu fazia nesse dia 24 anos.
O padeiro, o José Manuel Bicho, teve um trabalho extra ao
fazer o pão, tipo cacete e os homens da cozinha, o Gonçalves e o Gonzaga,
auxiliados pelos seus ajudantes, deram início à "Operação Rabanada".
As fatias de pão estiveram de molho no vinho tinto, como convém e depois
embebidas no ovo batido.
Na cozinha ao ar livre iniciou-se então à fritura das ditas. Deviam ser uma três da tarde, mas o pessoal juntou-se e não arredou pé, à volta das fritadeiras, lambendo os lábios só com o cheiro da iguaria.
Mas de repente tudo mudou. Os rapazes do PAIGC vieram
participar na festa, dando início a uma flagelação (ataque) ao quartel, a uma
hora não muito habitual, porque era no final do dia que costumavam atacar.
Ouvidos os primeiros tiros da célebre arma automática e por todos conhecida
como "costureirinha", pois tinha um matraquear parecido com uma
máquina de costura, bem como o som caractristíco da saída das granadas do
morteiro 81 e do canhão sem recuo, disparadas longe do arame farpado, os
esfomeados bateram em retirada, procurando refúgio nos abrigos e nas valas onde,
por vezes, resultava numas equimoses na cabeça e uns arranhões nos braços.
Na ânsia da fuga, bateram com as pernas nas pegas compridas
das fritadeiras, tombando-as, originando
que o petisco caísse no pó do chão de terra da cozinha. Durante a flagelação ouviam-se
as granadas das armas pesadas do PAIGC a silvar o céu, cruzando todo o
aquartelamento, indo rebentar com estrondo na bolanha, fora do arame farpado.
Contrariamente a outras flagelações, desta vez não acertaram no alvo. Foi um
susto que durou perto de dez minutos, não tendo havido feridos ou danos
materiais.
Passada a tempestade veio a bonança, com a malta a regressar
ao local do crime (junto das fritadeiras). Só que rabanadas limpas e
comestíveis havia muito poucas, porque a grande maioria ficou polvilhada de pó
da terra, parecendo canela e até esmagadas devido à debandada. Mas ainda assim
os mais gulosos e corajosos, pegaram nas rabanadas e com todo o cuidado tiraram
a terra envolvente e com meia dúzia de sopradelas, passaram a ter um petisco
delicioso, sempre acompanhado por uma ou mais garrafas de cerveja de 0,66.
Terminada a festa, foi tempo de tomar banho e aguardar as cinco da tarde para o
jantar. Findo este, o pessoal ficava na conversa à porta dos abrigos, prontos
para o que desse e viesse, por vezes sob o magnífico luar africano, contando
anedotas ou discutindo os jogos de futebol e obviamente escrevendo à família,
aos amigos, às namoradas e às madrinhas de guerra. Como curiosidade refiro que
o Dia da Cavalaria a nível do Batalhão, foi celebrado em Jabadá, onde se
encontravam os amigos da Ccavª. 2484, os Dragões de Jabadá.
"Os Cavaleiros de Nova Sintra"
segunda-feira, 19 de julho de 2021
Amigos de Tite
De Fernando de Almeida
Bart Tite - Guiné O Bafode Fati e eu conhecemo-nos no
facebook por causa de um site denominado "AMIGOS DE TITE" . Hoje, e,
ja' la' vão uns anos, somos amigos. Por via desse mesmo site travei
conhecimento com o Dr. Camais Blinque Nafanda, um menino nascido em Foia, por
motivo da Mãe ter fugido de Bissessema, devido ao que ai' se iria passar
primeiro com a 1743 e depois com a 2314. Hoje o menino é um ilustre cirurgião
radicado em Inglaterra. O facebook permite encontrar e travar amizade com gente
interessante. Para o Fati, para o Camais e para os camaradas do Bart um grande
abraço
Fernando de Almeida
Também através doFacebook e/ou do blog, fomos travando conhecimento com o falecido Senhor Embaixador Malan Djassi, pessoa de bom trato e sempre preocupado com as noticias daqueles que como nós passamos por Tite. Teve a sua atividade em Londres e Bruxelas. Durante o periodo covid faleceu e deixou grande saudade entre aqueles que com ele se correspondiam, que era omeu caso.
Através do Senhor Embaixador Malan Djassi conhecemos D. Jabu Mané, natural de Tite e funcionária da ONG, chamada AMD-QUINARA, em Bruxelas. Foi através desta Senhora que soubemos que o falecido Chefe de Tabanca de Tite Abdulai Seidi, se encontra sepultado em Tite, após doença prolongada em Lisboa onde faleceu.
Gente brilhante que leva bem longe e bem alto, o nome de Tite e da Guiné.
Bem hajam!
Leandro Guedes.
quarta-feira, 14 de julho de 2021
Viagens a Tite
de Bafo de Fati
Meu caro Manuel Rodrigues sim há transporte que faz ligações
entre Bissau e Enxude de Barco de segunda feira à quinta-feira depois de
sexta-feira à domingo de peroga quanto alojamentos há no missão católica tem
bom alojamento com todas condições possiveis depois temos carros de transporte
de Tite para Enxude diária mente obrigado si queria outro informações pode mi
pidir vou ti dar tudo sobre Tite nesse momento um abraço amigo.
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de Jabu Mane
Boa noite senhor Manuel, o nosso ONG que se Chama
A.M.D_Quinara ,organiza uma vez por ano viagem dos Amigos de Tite. Proximo
viagem è no mes de Janeiro 2022.
De Lisboa Guine è 4h de viagem, mas de Bruxellas Lisboa
Bissau para nos è 7h de viagem. Os amigos de Tite Belgas Sao 7 Pessoas, 4
medicos, 2 professeur e 1 cabeleireira .e queremos contar com a vosa participation
se è possivel e Podemos organizer melhor ainda
terça-feira, 13 de julho de 2021
Transportes de Bissau para Tite - alojamento e restauração
"de manuel rodrigues
há 12 horas
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Tambem estive em Tite- 1961-63, fomos os primeiros a chegar
ai. Estive um mes no Enxudé, quando estavam a montar as fundaçoes para um cais
novo. Alguem me sabe dizer das condiçoes de transporte desde o Enxude ate Tite
e ai, havera alojamentos e restauraçao ? Quem souber que diga, por favor.
Manuel Rodrigues."
Leandro Guedes.
domingo, 11 de julho de 2021
A entrevisata do Carlos Leite, ao Correio da Manhã - As Memórias do BART 1914
Agradecemos reconhecidos ao Correio da Manhã e sua Jornaluista D. Manuela Guerreiro e colegas foto-jornalistas, pela oportunidade que nos foi dada.
sexta-feira, 9 de julho de 2021
Parabéns ao Hipólito
O nosso companheiro Hipolito, "comandante e comendador", além de SPM e assistente eclisiástico, passa hoje mais um aniversário. Para ti amigo o nosso abraço de parabéns com votos de boa saúde.
Leandro Guedes.
quinta-feira, 8 de julho de 2021
Mapa de Portugal de antigamente
Quem se lembra destes mapas da ⁴@
classe? Era preciso saber tudo, rios afluentes e foz, linhas de comboio e
respetivas estaçoes, serras e montes, distritos, concelhos, etc etc
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Maria Albertina Granja:
Tinha um em casa ...e na escola
também, é claro...
Eram outros tempos....!!!
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Raúl Soares:
Quem não se lembra. Tempos em que
tínhamos que saber, os rios, afluentes margem direita e esqª., mais os das
ex-colónias. Tempos idos em que se podia brincar na rua sem
horários....................
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A proposito coloco aqui uma foto
da minha antiga escola primaria da Azenha.
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Natercia Leite:
Fantástica memória....da tua e não
só, da minha, da nossa....
.sabes q tive um colega na Ranito
q era neto do autor do mapa e tinha o mesmo nome ,Augusto Ladeiro.bj
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Ricarda Casanova:
Eu também estudei num desses e era
obrigatório saber onde nasciam os rios onde desagua am abwr o nome das serras
tínhamos que ter isso tudo na ponte da língua ou então a cana da Índia matava
os os piolhos
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Antonio Jose Eusebio Rodrigues:
Bons tempos. Tínhamos que ter tudo
na ponta da língua: Rios e afluentes, serras, até as linhas de caminhos de
ferro.
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Martinho Matos:
Também estudei nesses mapas tinha
caminhos de ferro, rios, serras povincias 11, destritos 18, concelhos 252 se
não estou errado. Isto em 1950
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Fátima Esquível:
No meu tempo tínhamos que saber
,serras,rios,afluentes,estações de comboio,apiadeiros,etc.por isso é que com o
exame da quarta classe sabíamos mais.
Revista DOMINGO do Correio da Manhã
Na Revista DOMINGO, do Correio da Manhã, no próximo domingo
dia 11 de Julho, será publicada uma entrevista do nosso companheiro sapador
Carlos Leite "O Reguila", do Lourel, sobre a nossa passagem por Tite,
entre Abril de 1967 e Março de 1969.
Os nossos agradecimentos ao Carlos, pela sua
disponibilidade.
Leandro Guedes.
domingo, 4 de julho de 2021
Parabéns Julio Garcia
O Julio Garcia passa hoje mais um aniversário.
Muitos parabéns companheiro. Que passes um excelente dia e
que tenhas muita saúde.
Um forte abraço.
Leandro Guedes.
sábado, 3 de julho de 2021
Visões do Império
“A pergunta confronta e exige resposta: “A bandeira é a roupa de um país?” A interrogação é do escritor moçambicano Mia Couto e faz parte do texto que acompanha uma imagem de autor não identificado, que retrata uma bandeira portuguesa dobrada entre mais material capturado pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde) ao exército Português.
A pergunta questiona o visitante da exposição “Visões do
Império”, patente até 30 de dezembro no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. As
pistas para a resposta estão todas lá: no título no plural, na primeira
fotografia da exposição — um negro por trás de uma máquina fotográfica, do
fotógrafo moçambicano Sebastião Langa —, no livreto que ajuda a perceber o
percurso, com imagens contrastantes de vários pontos de vista, e nos textos de
vários autores com diferentes perspetivas do império português.
“A fotografia foi um elemento fundamental da história do
moderno colonialismo português.
Sem ela, a idealização e o conhecimento sobre os territórios
coloniais, seus recursos e populações, teriam sido diferentes. As imagens
fotográficas foram encenadas e comercializadas,
com diferentes propósitos”, pode ler-se no texto de abertura.
Um aviso a partir do qual fica claro ao visitante que o que
vai ver não pode ser o resultado de um passeio despreocupado, mas vai exigir
esforço de observação e interpretação para que seja possível apreender o que lá
está plasmado e o muito que fica de fora.
São imagens de “sonhos e memórias individuais e coletivos”
que “alimentaram a dominação colonial”, escrevem os curadores, Miguel Jerónimo,
historiador, e a realizadora Joana Pontes. Sublinhando o papel instrumental da
fotografia, explicam que foi através da construção do imaginário do Outro, no
espaço colonial, que se sustentaram “leis e práticas de discriminação política,
social, económica e cultural, desenhadas ao longo de linhas raciais”. Ou seja,
a exposição que não pretende ser um manifesto, o é claramente. E, num momento
em que vários países se confrontam com o passado de colonizador ou de
colonizado, a exposição inaugurada a 15 de julho mantém uma tal riqueza de
imagens que se torna quase obrigatório passar pelo Padrão dos Descobrimentos.
Mas de tal forma está construída, respeitando a lógica do
contraditório, que sempre outras
fotografias estão expostas de forma a servir para “denunciar
a iniquidade e a violência da colonização, acalentando aspirações de um futuro mais
humano e igualitário”. “Visões do Império” é uma exposição que funciona como um
espelho e o seu avesso e, mais do que apenas as imagens fixadas, o que
realmente interessa são “os contextos de produção e de uso da fotografia”, resultando
quase num manual de interpretação.
“O que é preciso é que seja um debate informado”, alertam os
curadores.
Ao Expresso, Miguel Jerónimo explica que foram tantas as
imagens vistas para proceder à seleção que deu origem a “Visões do Império” que
é impossível contabilizá-las, mais um sinal de que vendo, fica sempre muito por
ver. Feita a escolha, Joana Pontes faz questão de sublinhar que “o objetivo da
mostra não era criticar o modelo colonialista adotado por Portugal”, até porque
ambos discordam da forma “polarizada e moral” como o debate tem sido travado. O
que é urgente é informar, dizem. “Esta exposição tenta mostrar que é possível
pensar para lá da acusação ou da colaboração. Não houve o filtro da crítica,
mas a intenção de mostrar a diversidade de pontos de vista das fotografias e os
usos que esta teve”, desenvolve a realizadora.
DO FILME À FOTOGRAFIA Tudo começou com um documentário de
Joana Pontes sobre a guerra colonial estreado no ano passado no Festival DocLisboa.
Tantas foram as imagens que lhe passaram pelas mãos que se tornou incontornável
desenvolver o projeto. “Há milhões
de fotografias do império espalhadas pelos locais mais
imprevisíveis, um mundo verdadeiramente gigantesco e que os portugueses ainda não
conhecem”, alerta. Desta constatação foi um passo até ao convite feito a Miguel
Jerónimo.
No fim, a certeza de que cada fotografia exposta permitiria
desenvolver uma história, mesmo
que muitas não tenham a autoria devidamente identificada.
Tudo foi minuciosamente pensado. “Quisemos reconhecer a
nossa incapacidade de mostrar como o outro documentou a colonização, por isso
escolhemos como primeira a imagem de um fotógrafo negro. O olhar do colonizador
sempre prevaleceu e tentámos equilibrar esta situação”, afirma Miguel Jerónimo.
Para Joana Pontes, outra surpresa que a exposição lhe trouxe são as imagens de
famílias de colonos portugueses pobres em África. “É a história
que nunca se contou dos portugueses pobres, dos brancos
pobres, que ficaram sempre pobres. É uma imagem que nos obriga a pensar na
enorme responsabilidade de se enviarem aquelas pessoas para o trabalho agrícola
num local que desconheciam completamente”, conclui.
Abrigadas no monumento criado para enaltecer os Descobrimentos
portugueses, as fotografias, cedidas por várias coleções públicas e privadas,
nacionais e estrangeiras, permanecerá patente até 30 de dezembro. Muitas foram
fruto da pesquisa em instituições
como o Arquivo Histórico Ultramarino, Arquivo Nacional da
Torre do Tombo, Biblioteca
Nacional, Arquivo da Universidade de Coimbra, da Liga dos
Combatentes, do Santuário de Fátima, ou do Centro de Documentação e Formação Fotográfica,
de Maputo, assim como da Fundação Mário Soares/Maria Barroso, Arquivo &
Museu da Resistência Timorense, Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe. Mas
há surpresas inéditas, como fotografias enviadas por soldados da Guerra
Colonial ou ainda de missionários protestantes.
Ao longo das salas, os contextos sucedem-se, refletindo os
múltiplos cenários e usos da fotografia: ciência, documentação antropológica, a
“civilização” que chega ao outro mundo e que diz ter a missão de o pacificar, o
trabalho forçado, a educação e a evangelização, sob o título “oficinas da
alma”, a povoação e o reordenamento destas fronteiras esticadas, a promoção do
desenvolvimento à imagem da metrópole, a religião e a arte exportadas. E “as
guerras”, em que mais uma vez a utilização do plural não é uma opção inocente dos
curadores.
No fim, surge uma instalação com imagens que emergiram do
chão (negativos encontrados entre os paralelepípedos da Feira da Ladra) dos
rostos de uma “não-Nação”, construída pelo artista ARQUIVO HISTÓRICO
ULTRAMARINO
A exposição tenta mostrar que é possível pensar para lá da
acusação ou da colaboração. Sem o filtro da crítica, mas com a intenção de
mostrar a diversidade de pontos de vista “Apoteose”. Viagem do Ministro das
Colónias à Guiné (1935), foto de Elmano Cunha e Costa
visual Romaric Tisserand, a que se juntaram textos da
ativista Myriam Taylor.
A partir de setembro estará disponível um catálogo da
exposição, com textos desenvolvidos, e,
até lá, o documentário que lhe deu origem será exibido no
Cinema Ideal, em Lisboa, a 15 de julho, três dias mais tarde no Trindade, no
Porto, e a 19 de julho volta a Lisboa, para o City Alvalade. Mas,antes de sair
do Padrão, mais uma frase de Mia Couto fica a soar: “O que por um instante é
fingimento, no minuto seguinte se converte na mais cruel realidade.”