Memórias de uma guerra... Tite!
Tite é uma localidade e um dos quatro setores da Região de
Quinara da Guiné-Bissau com uma área de 699,5 km2 ². A região de Quinara está
subdividida nos sectores de Tite, Buba, Empada e Fulacunda
Aqui em 23 de janeiro de 1963 o PAIGC iniciou a luta armada
com um ataque ao quartel de Tite, com a vinda de elementos a partir de bases na
Guiné - Conakry.
O terreno no Sector de TITE apresentava-se, na sua generalidade,
com um aspecto descontínuo em consequência das numerosas penínsulas que o
constituem. A separar estas penínsulas existem cursos de água mais ou menos
caudalosos, de acordo com as marés que fazem subir o nível das águas. Estes
cursos de água, tal como as bolanhas e lalas, dificultam a passagem de umas
penínsulas para as outras. Na época das chuvas, os cursos de água, em especial,
o rio LOUVADO e o rio FENINGUÊ, constituem verdadeiros obstáculos e para cuja
transposição são necessários meios. A passagem de umas penínsulas para as
outras causava nas partes beligerantes, em especial na época das chuvas, um
desgaste físico apreciável.
À epoca da guerra do Ultramar, os principais itinerários
existentes no Sector eram: TITE – ENXUDÉ, TITE – NOVA SINTRA, TITE – IUSSE,
TITE – NÃ BALANTA, NOVA SINTRA – GÃ MITILIA, BIOGATE – BISSÁSSEMA.
O itinerário TITE – ENXUDÉ assumia importância especial em
virtude de o ENXUDÉ ser o porto fluvial que serve TITE. Dado o grande movimento
que tinha, esse itinerário necessitava de frequentes reparações, em maior
escala após a época das chuvas que deixavam o piso em más condições, sendo o
único itinerário do Sector que dava passagem a viaturas.
A população civil era na sua quase totalidade constituída
por autóctones. Apenas se verificava a existência de dois civis europeus
metropolitanos. Predominava a raça balanta, havendo pequenos núcleos de fulas,
papeis e mancanhos.
Eram pouco numerosas as tabancas desse Sector que se
encontravam habitadas. Entre elas, podiam considerar-se sob controlo das tropas
portuguesas apenas a tabanca de TITE.
As tabancas de IUSSE, NÃ BALANTA, FOIA, PONTA NOVA, TITE
MANCANHA, BRAMBANDA, FENINGUÊ davam também a sua colaboração, forçada ou não,
ao PAIGC.
As tabancas de FLAQUE NHABAL, BUNAUSSA, FLAQUE INTELA, NHALA
DE BAIXO, NHALA DE CIMA, BISSÁSSEMA DE CIMA, BISSÁSSEMA DE BAIXO e FLORA
encontravam-se praticamente sob controlo do PAIGC que nelas vivia, procurava
apoio e obtinha contributo no que lhe era necessário.
Tal como grande parte da Província, a área deste Sector era
essencialmente rica em arroz, cultivado em extensas bolanhas, em especial nas
regiões de BISSÁSSEMA, FENINGUÊ, FOIA, NÃ BALANTA e IUSSE.
A CCaç 2314 ali permaneceu durante dois períodos, de janeiro
a agosto de 1968 e de junho a novembro de 1969, data em que regresou à
Metrópole. Como registos de interesse, verificou-se a tragédia de Bissassema,
em fevereiro de 1968, e a dematacação e abertura do itinerário entre Tite e
Nova Sintra para a instalação do aquartelamento, em maio de 1968. A sua
permanência foi como companhia de intervenção do BArt. 1914.
Historial da CCaç 2314.
Cor. Pais Trabulo
(Fotos da página Bart Tite Guine Bissau e do autor)João M.
Trabulo
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