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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”


(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).

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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"

(José Justo)

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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”

"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"

António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente

referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar

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Eles,
Fizeram guerra sem saber a quem, morreram nela sem saber por quê..., então, por prémio ao menos se lhes dê, justa memória a projectar no além...

Jaime Umbelino, 2002 – in Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, em Torres Vedras
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”

Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.

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Sem fanfarra e sem lenços a acenar, soa a sirene do navio para o regresso à Metrópole. Os que partem não são os mesmos homens de outrora, a guerra tornou-os diferentes…

Pica Sinos, no 30º almoço anual, no Entroncamento, em 2019
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."

Francisco Silva e Floriano Rodrigues - CCAÇ 2314


Não voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.

Ponte de Lima, Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar


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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Parabens Carlos Pires

Enviamos um grande abraço se parabéns ao nosso companheiro Carlos Pires, pela passagem de mais um aniversário. Votos de boa saúde. 
Leandro Guedes.





sábado, 25 de janeiro de 2020

Comemorando o aniversário do Blog - 12 anos!

Caros amigos
Em 25 de Janeiro de 2008, teve inicio o nosso blog, que se veio a mostrar numa ferramenta fundamental para o nosso reencontro. Muitas foram as alegrias vividas com momentos verdadeiramente emocionantes num abraço dos amigos que há muito não se viam, e que viveram dias e noites de tormenta na Guiné, durante 23 meses.
AMIGOS NA GUERRA, AMIGOS PARA SEMPRE!
Publicamos a seguir alguns dos momentos vividos, após terem conhecimento deste Blog.
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31/12/2008
Amigos Encontrei mais dois das transmissões O Mestre - Telefonista que está em Mertola - telefone 286453164 e o Flores - Telefonista - que está por perto de Vila Franca de Xira! O Mestre convidou a malta a uma patuscada no monte lá mais para a frente depois do tempo melhorar. Também vai entrar em contacto com o Ramos que está em Beja. O Flores quer almoçar um dia destes!!!! Vamos ter mais histórias e Brevemente a do Amador que vou almoçar com ele para a semana próxima. O Flores vai escrever-vos pois "mexe" na NET. Não conhecia o nosso Sitio e agora que já conhece as vossas moradas vai entrar em contacto brevemente é uma surpresa.
Um grande Abraço para vocês Pica.
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Boa noite!!!
- do José Costa para o blog:
Meus Deus!! Quis o destino que precisamente hoje, 41 anos depois, e de tanto procurar os meus companheiros da CCS Bart 1914, nos jornais, nas revistas e anúncios vários, nunca encontrei ninguém! E hoje por um acaso encontro este blog!!!Então eu sou o Costa Op.Msgs!! Alguém se lembra de mim? Dêem-me notícias vossas... porra.
Foi com uma grande alegria que "descobri" o site k o amigo me deu a conhecer! Fui encontrar uma foto minha que até desconhecia, precisamente estou por detrás do Brig. Hélio Felgas. Do Pica Sinos do Justo, se me lembro deles meu Deus! Trabalhamos juntos desde o primeiro dia do desembarque. Eles op. Criptos e eu op.de msgs. Agora que os "descobri" quero me encontrar com essa "malta" toda. Parece que vai haver um almoço em 17 de Maio, vou estar presente.Já agora, o amigo Leandro, quem é? Não me lembro desse nome na CCS BART 1914. Vou enviar umas fotos minhas desse tempo a ver se alguém se lembra de mim?Um abraço e mto obrigado pela sua ajuda
Eh pá!! finalmente dou com vocês!!
Que grande alegria que o amigo Leandro Guedes me deu há dias, quando encontrou um anúncio meu colocado na net há muito tempo que já nem me lembro. Sempre tentei procurar em tudo o que eram anúncios de convívios, inclusivé sou sócio da Liga do núclio do Porto e na revista nunca lá encontrei nada. Mas pronto esse dia para vos dar um abraço e "por" as memórias em dia vaí chegar agora em Maio no almoço.
José Costa
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Do Justo para o Costa

Zé Costa, já estás na lista negra...mais um companheiro para alegrar o Blog.Gostei de ver estas fotos de antanho, e tanto pessoal das tms de quem não tinha fotos, mas que agora recordo as caras. O Silva que está contigo no cent. msgs era um pinta, lembra-me que ele era mesmo bom com a G3.Cheguei a dar uns tirassos com ele na carreira de tiro ao fundo da pista de aviação.Acreditem que por momentos me sinto como se ainda estivesse a viver aquele tempo, e ao ir vendo as fotos ainda maior é essa sensação, até parece que vou beber uma bazzoka ao "branco" !!...e já lá vão 41 anos !!!
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do Cavaleiro para o Costa:

Costa,

Tenho acompanhado a troca de e-mail’s entre o Costa o Pica o Justo e Guedes.

Estou muito contente por todo este desenrolar de acontecimentos. O Pica Sinos e o Justo são terríveis! Lembram-se de tudo, descobrem tudo! Continuam “os mesmos bons rapazes”. Aquelas transmissões era uma grande equipa!
Naturalmente que o Costa foi um daqueles “rapazes” que não esquecem, pela sua educação, pela sua postura, pela colaboração e amizade, razão pela qual tenho perguntado por ti junto do Pica e do Justo.
Aos poucos lá vamos “juntando” a malta das transmissões. Seria bom um dia podermo-nos encontrar todos.
Tens visto o furriel Luis? Ele se não estou errado era desses lados, não era?

Pois já estou ao corrente da tua vida. Ficaste viúvo, voltaste a casar, divorciaste-te, pescaste uma brasileira mais nova do que tu 20 anos e aí……..meu caro Costa estou mesmo a ver que falhaste redondamente! O que é que querias?!!!! E ainda por cima brasileira!
Tens uma filha e uma neta. Continuas a gerir os teus negócios…..(É mesmo em Ovar? E tu vives também em Ovar?)

Pois bem, quanto a mim, continuo casado, também tenho um filho e uma neta.
Já estou reformado. Levo uma vida bastante pacata. Vivo numa aldeia a 5 kms da cidade. Já me apercebi que gostas de viajar. Eu também. Considero um belo investimento! Mas olha que ainda não fui ao Dubai! Mas não faltarão oportunidades. Teremos tempo para falar dessas coisas!
A partir de agora vai ser mais fácil.
Se vieres a Viana não te esqueças de dar uma apitadela.
António Cavaleiro
E a partir de agora……..estás na minha lista de contactos!!
Recebe um forte e apertado abraço,

Cavaleiro
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terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A guerra da Guiné



A GUERRA DA GUINÉ"
Por António Trabulo
António Trabulo, nasceu em 1 de julho de 1943, em Almendra, Vila Nova de Foz Coa e formou-se em Medicina em Coimbra para onde veio depois de viver desde a sua infância em Sá da Bandeira, Angola, com a sua família.
Especializou-se em Neurocirurgia. A sua carreira médica decorreu nos hospitais de S. José e dos Capuchos, mas manteve uma forte ligação à cidade de Setúbal, onde reside há mais de 40 anos, através da clínica privada. Reformou-se, como chefe de serviço, no início de 2009. Cumpriu o serviço militar obrigatório como médico a bordo do navio hospital Gil Eanes, nos mares da Terra Nova.
Escreveu o livro sobre "A GUERRA DA GUINÉ" que foi lançado em Outubro de 2014.
Sabe-se que procurou fundamentar-se ao pormenor sobre a guerra naquele território português de modo a analisá-la com imparcialidade e veracidade e que, inclusivamente, se apoiou em pessoas que viveram aquela guerra, inclusivamene na família de Amilcar Cabral.
No livro, diz-nos:
"Portugal reconheceu a independência da República da Guiné-Bissau em 10 de setembro de 1974. Para trás, ficavam mais de onze anos de combates. Ao contrário de Angola e de Moçambique, a Guiné era pequena e pobre. Era também insalubre. Quando a CUF se viu forçada a suspender a sua atividade, a colónia deixou de ter qualquer valor económico. No entanto, os responsáveis políticos portugueses acreditavam que uma independência abriria as portas às restantes. Era a teoria do dominó. Para manter a Guiné sob a sua bandeira, o estado português obrigou-se a um esforço militar claramente desproporcionado ao tamanho e à importância do território. Apesar disso, por altura do 25 de Abril, a guerra da Guiné era a única que o nosso país estava em vias de perder. O desgaste produzido por um conflito prolongado e sem fim à vista lançou o descontentamento no seio das forças armadas portuguesas. O regime ditatorial acabou por ser derrubado por não ter sabido negociar a questão colonial.
Este livro tem múltiplos protagonistas. Do lado português, e falando apenas do Exército, lutaram na Guiné mais de 100 mil soldados metropolitanos, em comissões de serviço de dois anos. Tombaram 1600. Entre os comandantes, a figura do general António de Spínola é incontornável. Do lado oposto, sobressai o vulto de Amílcar Cabral.”
Diz-nos também que: “Amílcar Cabral não confinava a sua estratégia aos ataques a quartéis, a fazer emboscadas, a pôr minas e armadilhas nas picadas, foi um incansável diplomata, em 1972, o ano que precedeu a sua morte viajou 31 vezes, as Nações Unidas eram o seu objetivo maior, mas não descurava os fornecedores de armamento, alimentos e medicamentos, promovia todos os contactos necessários para arranjar bolsas de estudos para os futuros quadros. Do mesmo modo, o autor lhe dedica um texto de referência sobre o pensamento político. E assim chegamos à frustração de Spínola quando percebe que o Marcello Caetano lhe nega a abertura de negociações para uma solução política da guerra. Esta obra constitui uma aproximação à vida e à obra do pensador e revolucionário africano e comporta muitos traços de biografia. Escolhi falar primeiro na sua morte. Não será a primeira vez que se começa uma história pelo fim."
O autor também não esconde o seu desalento: “A Guiné-Bissau não voltou a atingir o nível de cuidados primários de saúde e educação assegurados no tempo da guerra pelos militares portugueses. Os camponeses continuam a predominar no conjunto da população e a sustentar o país, mas pouco ou nenhuma influência tem na gestão da república, em que, apesar das realizações periódicas de eleições, mandam os antigos comandantes militares”.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Memórias de uma Guerra ... Tite!


 Memórias de uma guerra... Tite!
Tite é uma localidade e um dos quatro setores da Região de Quinara da Guiné-Bissau com uma área de 699,5 km2 ². A região de Quinara está subdividida nos sectores de Tite, Buba, Empada e Fulacunda
Aqui em 23 de janeiro de 1963 o PAIGC iniciou a luta armada com um ataque ao quartel de Tite, com a vinda de elementos a partir de bases na Guiné - Conakry.
O terreno no Sector de TITE apresentava-se, na sua generalidade, com um aspecto descontínuo em consequência das numerosas penínsulas que o constituem. A separar estas penínsulas existem cursos de água mais ou menos caudalosos, de acordo com as marés que fazem subir o nível das águas. Estes cursos de água, tal como as bolanhas e lalas, dificultam a passagem de umas penínsulas para as outras. Na época das chuvas, os cursos de água, em especial, o rio LOUVADO e o rio FENINGUÊ, constituem verdadeiros obstáculos e para cuja transposição são necessários meios. A passagem de umas penínsulas para as outras causava nas partes beligerantes, em especial na época das chuvas, um desgaste físico apreciável.
À epoca da guerra do Ultramar, os principais itinerários existentes no Sector eram: TITE – ENXUDÉ, TITE – NOVA SINTRA, TITE – IUSSE, TITE – NÃ BALANTA, NOVA SINTRA – GÃ MITILIA, BIOGATE – BISSÁSSEMA.
O itinerário TITE – ENXUDÉ assumia importância especial em virtude de o ENXUDÉ ser o porto fluvial que serve TITE. Dado o grande movimento que tinha, esse itinerário necessitava de frequentes reparações, em maior escala após a época das chuvas que deixavam o piso em más condições, sendo o único itinerário do Sector que dava passagem a viaturas.
A população civil era na sua quase totalidade constituída por autóctones. Apenas se verificava a existência de dois civis europeus metropolitanos. Predominava a raça balanta, havendo pequenos núcleos de fulas, papeis e mancanhos.
Eram pouco numerosas as tabancas desse Sector que se encontravam habitadas. Entre elas, podiam considerar-se sob controlo das tropas portuguesas apenas a tabanca de TITE.
As tabancas de IUSSE, NÃ BALANTA, FOIA, PONTA NOVA, TITE MANCANHA, BRAMBANDA, FENINGUÊ davam também a sua colaboração, forçada ou não, ao PAIGC.
As tabancas de FLAQUE NHABAL, BUNAUSSA, FLAQUE INTELA, NHALA DE BAIXO, NHALA DE CIMA, BISSÁSSEMA DE CIMA, BISSÁSSEMA DE BAIXO e FLORA encontravam-se praticamente sob controlo do PAIGC que nelas vivia, procurava apoio e obtinha contributo no que lhe era necessário.
Tal como grande parte da Província, a área deste Sector era essencialmente rica em arroz, cultivado em extensas bolanhas, em especial nas regiões de BISSÁSSEMA, FENINGUÊ, FOIA, NÃ BALANTA e IUSSE.
A CCaç 2314 ali permaneceu durante dois períodos, de janeiro a agosto de 1968 e de junho a novembro de 1969, data em que regresou à Metrópole. Como registos de interesse, verificou-se a tragédia de Bissassema, em fevereiro de 1968, e a dematacação e abertura do itinerário entre Tite e Nova Sintra para a instalação do aquartelamento, em maio de 1968. A sua permanência foi como companhia de intervenção do BArt. 1914.
Historial da CCaç 2314.
Cor. Pais Trabulo
(Fotos da página Bart Tite Guine Bissau e do autor)João M. Trabulo

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Memórias duma Guerra

"Memórias de uma guerra...
HÁ 52 ANOS…
DESEMBARQUE DA CCAÇ 2314 NA GUINÉ – 15 JANEIRO 1968
Depois de cinco dias de viagem, navegando no Oceano Atlântico, após a saída de Lisboa, a 15 de janeiro de 1968, o navio TT “UIGE” chega a Bissau, na Província Ultramarina da Guiné, transportando um contingente de tropas, onde estavam incluídos os militares da CCAÇ 2314 que teria como destino o aquartelamento de Tite, na região de Quinara, a sul do rio Geba.
O dia estava quente e as águas do rio Geba muito negras.
Ancorados no meio do rio entre o Ilhéu do Rei e a cidade de Bissau à vista, o desembarque não se efectuou para terra, mas directamente para duas LDM que os transportariam até ao Enxudé.
Do Enxudé para Tite o transporte seria efectuado em viaturas e onde chegaram cerca das 20 horas.
A ânsia de saber como seria para onde iam, fazia esquecer, em parte, a situação de “guerra” que se vivia, não fora os tiros esporádicos dados pelos camaradas mais velhos que ali se encontravam para manter a segurança e à medida da passagem das viaturas pela povoação de Fóia. Desde o Enxudé até Tite, o percurso foi feito sem qualquer incidente.
Naquela zona iria ter lugar o treino operacional e, após este, o seu destino seria o aquartelamento de Jabadá, mas por forças das circunstâncias, a tragédia de Bissassema, que viriam a ocorrer, isso não se chegou a concretizar. Contudo, os elementos do PAIGC não demoraram a dar as “boas vindas” aos novos militares que, como era habitual, eram apelidados de “maçaricos”.
Assim, no dia seguinte, 16 de janeiro, por volta das 21 horas e 20 minutos, um Grupo IN, não estimado, flagelou com várias armas ligeiras e pesadas, durante 10 minutos, o aquartelamento de Tite, sem consequências, não só para as “boas vindas”, mas para dizerem que eles estariam por ali. Mal eles sabiam que teriam ali na CCAÇ 2314, um “osso duro de roer …”
Refira-se que foi em Tite, em 23 de janeiro de 1963, que o PAIGC iniciou a luta armada com um ataque ao quartel de Tite, vindo das bases na Guiné - Conakry.
João M. Trabulo"



sábado, 11 de janeiro de 2020

Parabens Domingos Monteiro

O nosso amigo Domingos Monteiro passa hoje mais um aniversário.
Os costumados parabéns de todos nós com os votos de boa saúde e bem estar..
Leandro Guedes.



José Justo comentou o trabalho de Mariana Leal com o Pintassilgo.


"Bom trabalho da Mariana Leal.
É de admirar e louvar o interesse de jovens, mais propriamente de uma jovem, por um pedaço triste da nossa história, que durante pelo menos trinta anos esteve esquecido. Os treze anos da guerra, e o pós revolução, com o grande drama acrescido que foi a inevitável descolonização (o filme refere os países ex-colonialistas em África).
Nunca consegui compreender o porquê de um país tão pequeno – p. ex. 14 vezes menor que Angola – que teimava obstinadamente em não arranjar solução política para o conflito, mesmo com abalizadas opiniões nacionais e internacionais no contrário.
Este doloroso drama do nosso ultramar, bem escondido (não havia guerra, as NT limitavam-se a fazer policiamento) foi alimentando pequenos (ou grandes) ódios: Os portugueses das colónias não suportavam com agrado os militares, por vezes com razões para isso, e os militares não suportavam

comportamentos e situações graves de certos apoios logísticos reais e escondidos, de fazendeiros do interior, às forças dos movimentos nacionalistas de guerrilha.
Os civis viam de certa maneira, nos militares intrusos destabilizadores da antiga ordem estabelecida, e era corrente que as filhas dos colonos brancos, serem instruídas, para que só deveriam “ter olhos” para os militares oficiais??!!
Verdade seja dita, que o isolamento, as privações, os medos, as saudades...tudo isto levava por vezes a refúgios no alcool que não raras vezes levavam as tristes episódios.
Não era por acaso que no quartel muitas vezes faltam frescos (legumes) e outros alimentos, mas não me lembro de falta de tabaco e cerveja!!...
Já dizia alguém: Se na guerra faltasse bebida e droga a guerra seria outra...
No entanto estes ódios renasceram e tudo se agravou, aquando do regresso a Portugal de milhares de pessoas. Muitas injustiças aconteceram de parte a parte!!
É fácil calcular como se sentiriam aquelas famílias, despojadas de tudo para que tinham trabalhado uma vida inteira. Basta imaginar e tentar mentalmente inverter a situação.
Numa retrospeção, poderemos perguntar: que ficou de todo este drama??
A resposta é evidente e igual a todos os outros dramas idênticos, passados e dos nossos dias...muita dor e sofrimento e milhares de mortos e estropiados que pela lei natural das coisas vão desaparecendo, até mais ninguém, a não ser os historiadores, se lembrar.
Gostei, passados 40 anos voltar a ouvir as vozes de dois camaradas de quem lembro muito bem: o “pintassilgo” que em parceria com o Contige, lá nos arranjavam “umas côdeas” para os petiscos.
O camarada Leal, do grande Pelotão Daimler. Bastante admirava este pelotão, sempre os primeiros a sair, estrada fora, no começo dos ataques, e que está ligado a um episódio comigo, numa noite de mais um ataque ao quartel, em que saímos porta de armas fora, eu como atirador de “desenrascanço” agarrado á velha metralhadora Dreyse, o condutor a mandar-me disparar, eu numa atrapalhação total, sem conseguir encaixar o carregador na arma, e finalmente os invólucros dos disparos em brasa a caírem na cabeça do condutor (que pena já não lembrar o nome) ele aos gritos, pois não tinha posto o capacete de aço...
Episódio que ficará para sempre na minha memória e que já tive oportunidade de “postar” num dos meus escritos no Blog do BART.
Renovo os meus parabéns à jovem Mariana Leal, por este documento.
Muito sucesso profissional e familiar para si.
Tudo de bom para todos.
José Justo"

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Contador de visitas ou visualizações está avariado.

Caros Amigos
Inexplicavelmente o contador de visitas do Blog, deixou de funcionar, apesar de estar exposta a informação de que está activo.
Um abraço.
Leandro Guedes.

Há 54 anos atrás, assentamos praça

Domingos Monteiro
Há 54 anos  atrás, muitos de nós "assentaram praça".
Uns em Tavira, outros nas Caldas da Rainha.




              


Iniciamos uma nova vida, totalmente desconhecida e que nos levaria até terras da Guiné.
Abraços para todos.
Leandro Guedes.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Lembrando o Pintassilgo... pelo Pica Sinos




 QUEM SE PODERÁ ESQUECER DO SEU ASSOBIO A PEDIDO E DO SILENCIO QUE PAIRAVA PARA O ESCUTAR AQUANDO NOS ALMOÇOS DE CONFRATERNIZAÇÃO ANUAIS

Naquele tempo, lá longe, ninguém o conhecia por Eduardo da Silva Pinto, mas se perguntassem por anda o “Pintassilgo”, a resposta não se fazia esperar… está na padaria.
O “Pintassilgo” era um rapaz pequeno e franzino, com os ombros atirados para a frente. O seu andar era miudinho, rápido na fala. Andava quase sempre “pintado” de branco.
Todos o estimavam. Era um homem divertido, alegre, amigo do seu amigo. Passava os dias a assobiar, (primorosamente diga-se), e a amassar o pão. Era um dos padeiros em Tite.
Este nosso amigo deixou-nos no passado dia 6 de Janeiro do ano de 2020, mas a sua memória perdoará por todos os seus camaradas que com ele partilharam a amargura da guerra colonial na Guiné Bissau.
Quem não se lembrará da graça que ele irradiava quando encostado na ombreira da porta da padaria o nosso “Pintassilgo” assobiava (entre outras) a melodia da Rosinha dos Limões?

"Quando ela passa, franzina e cheia de graça,
Há sempre um ar de chalaça, no seu olhar feiticeiro.
Lá vai catita, cada dia mais bonita,
E a sorrir, p'rá rua inteira, vai semeando ilusões."

O assobio que saía dos lábios quase fechados da boca do “Pintassilgo” era uma maravilha, Hoje em dia já não podemos ouvir, mas as recordações ficam:
Quem não se lembrará, nas madrugadas bem cedo, do cheiro que pairava no quartel a pãozinho cozido no forno manipulado pelo camarada “Pintassilgo” (e outros) que saía da pequena padaria?
Quando possível o nosso camarada era premiado a dar-nos um pãozinho escondido por troca de uma fatia de presunto ou duas ou três rodelas de chouriço. Parte de uma lata de sardinha ou de atum “exportadas” do continente por via dos familiares ou alguma madrinha de guerra que no tempo nos chegava.
Mas via-o triste quando me dizia …Oh Pica… isto hoje está difícil de te dar um pão. Hoje não dá para uma “palmadinha”, desculpa lá. Eu sabia que era complicado e podia haver problemas. Não era fácil, o pão era feito com conta e medida. Dar pão a todos os que pediam era missão quase impossível.
Quem se poderá esquecer de quanto contente se apresentava aos camaradas nos almoços de confraternização anuais. Quem se poderá esquecer do seu assobio a pedido e do silêncio que pairava para o escutar.
Descansa em paz camarada.
Raul Pica Sinos

Mariana Leal entrevistou o Eduardo Pintassilgo.

Entrevista da Maria Leal, ao nosso amigo Eduardo Pintassilgo, feito em Fevereiro de 2013. Mariana Leal é neta do nosso companheiro Alexandre Leal, do pelotão Daimler.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Faleceu o Eduardo Pintassilgo


Guedes mais uma noticia triste, hoje faleceu o nosso amigo 
PINTASSILGO.
O funeral é quarta feira dia 8 as 15,30 horas na igreja de Gulpilhares.
O Pintassilgo era um grande companheiro, sempre pronto a assobiar o cantar dos pássaros.
Homem simples mas muito amigo de todos.
Paz à sua Alma!
Jorge Gouveia.


sábado, 4 de janeiro de 2020

BOM DIA DE REIS PARA TODOS.



"O Dia de Reis comemora a visita dos três Reis Magos, e que ocorrera no dia 6 de janeiro. A noite do dia 5 de janeiro e madrugada do dia 6 é conhecida como "Noite de Reis.
BOM DIA DE REIS PARA TODOS.”
Leandro Guedes.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Parabéns Joaquim Agostinho Fernandes

O nosso amigo Agostinho, do Pel. de Morteiros, passa hoje mais um aniversario. 
Para ti companheiro um grande abraço e votos de boa saúde.
MUITOS PARABÉNS.
Leandro Guedes.