Guedes,
Sem querer assumir compromissos, é minha intenção de começar a fazer alguns relatos das viagens que já fiz.
Não entro em pormenores. Darei a conhecer duma forma pessoal aspectos da vida das pessoas, paisagens, paladares, sabores, culturas, monumentos, arquitectura, de tudo um pouco ao correr da pena.
Comecei com Cuba. Espero que gostes. Se achares que é assunto de interesse para ser publicado no nosso blog, seria interessante desafiares os nossos camaradas “viajantes” – e eu conheço alguns muito viajados – a escreverem as memórias das suas viagens, inclusivamente se quiserem discordar, complementar, contar peripécias também por eles vividas em Cuba no caso presente e nos que virão a seguir. Desafia-os também a escreverem sobre as suas viagens, não só no estrangeiro, mas também pelo nosso Portugal. Era giro dar a conhecer o nosso País. E aí todos poderão colaborar. Arranja lá um cantinho para este “desafio” se……….estiveres de acordo. Estou somente a dar uma ideia para pôr a malta a “trabalhar” e dar vida ao nosso blog.
Se achares que os textos devem ser acompanhados por algumas fotos, deverás à partida definir o nº. máximo,
Diz qualquer coisa.
Recebe um forte abraço,
O Guedes pediu-me para escrever. Escrever qualquer coisa passada em Tite.
Sobre Tite não! É evidente que tenho presente momentos que davam belíssimas historietas. Mas não gosto. Não me dá gozo. Passa-se o mesmo com o meu percurso profissional. Entendo que tanto numa como na outra foi uma passagem. Fui responsável, solidário e muito compreensivo. Tive chefes, fui chefe. Exerci sempre as minhas “missões” na base do respeito e da responsabilização – também fui sempre um fervoroso adepto “da máxima liberdade aliada â máxima responsabilidade”, Cumpri, numa delas obrigado e sem qualquer jeito para exercê-la, a outra porque gostava daquilo que fazia e pagavam-me. Ambas chegaram ao fim, missão cumprida. Viro a página e não tenho o hábito de voltar atrás. Como se depreende…….não gosto muito de escrever sobre as minhas memórias, entenda-se aquelas que não me interessam “escrever”. Não sou louco ao ponto de esquecê-las. Sei bem que o presente é vivido na base do nosso passado, da nossa história, das nossas memórias.
Já entenderam que não vou escrever sobre Tite. As minhas memórias hoje levam-me a Cuba.
Foi por mera casualidade que encontrei, nos meus arquivos (não tenho baú!), uma brincadeira escrita por uma cubana emigrante nos EUA e que retrata o lado acomodado com que os cubanos vivem a sua realidade.
Ouvi-a pela primeira vez , muito bem lida, ao micro de um autocarro, pelo dono da Agência de Viagens que me levou. Estamos em presença de uma pessoa muito viajada, muito culta. E na circunstância, na presença de um bom “diseur”. É que para ler e transmitir o conteúdo da carta é necessário sentir, dar a devida entoação, fazer de…..sobrinha com coração desfeito…….Ele foi fantástico. Um verdadeiro actor. Conhecedor da realidade cubana, achei um piadão. Também espero que apreciem. Saibam ler, entoar e dar o respectivo sentimento.
Visitei Cuba em Maio/Junho de 2006 com um grupo de amigos.
Viagem inesquecível. Porquê? Vou tentar mostrar-vos a “fotografia” daquela gente encantadora e resignada ao comodismo de viver pobre, não na miséria.
Cuba parou no tempo. Congelou. Mantém-se igual ao que era nos anos 50. Prédios, carros, (o gozo que tivemos, a festa que fizemos quando transportados numa daquelas máquinas, o motorista também colaborou na farra); tudo isto faz de Cuba, mas principalmente de Havana um museu com antiguidades espalhadas por todo o lado.
Mais do que turismo que fizemos pela majestosa Havana, pela obrigatória passagem por Santa Clara em memória dos que combateram e acreditaram na revolução socialista, Visitamos Cienfuegos, Trinidad, Varadero. Varedero nada tem a ver com a cultura cubana. Trata-se de um local de interesse turístico, bem explorado e que serve unicamente os amantes da praia, da boa mesa e de boas bebidas. É um local de TI. É fartar vilanagem!!! Mas dizia eu, que mais do que o turismo que fizemos pela majestosa Havana, interessava-me conversar com os cubanos, saber como viviam e o que pensavam sobre a Revolução. Tive a sorte de ir a casa de uma família, a uma festa de anos, fui a restaurantes e hotéis. O que pude ver foi um povo pobre, mas distanciado da miséria. Grato por não morrer de fome. Orgulhoso pelo acesso gratuito ao serviço público de saúde, orgulhoso por poder estudar e viver num país em que a violência nas ruas não existe. Pudera(!), é bom que se saiba que em cuba é muito vulgar a condenação a prisão perpétua em consequência de prática de crime.
Agora vamos lá conhecer um pouco da majestosa capital.
Havana
Havana impressiona pela sua aparência de um passado opulento e reluzente, marcado pela imponência dos seus edifícios de pedra, tectos altos e grandes pátios e arcadas. a fazer lembrar uma vida de ostentação, vida de tempos faustos em que Havana era, por assim dizer, o casino dos EUA. Hoje, muitos desses edifícios encontram-se em péssimo estado de conservação. Fiquei com a ideia de que as pessoas já não têm a noção do perigo que esses edifícios podem causar. As pessoas, apesar das dificuldades transpiram alegria por todos os poros. Desde que haja música o povo esquece os riscos e as dificuldades. Havana é simplesmente fascinante. Para nós, turistas, Havana é especialmente apelativa no seu casco histórico. Não foi por acaso, mas sim por um grande amor que Ernest Hemingway, o escritor norte-americano adoptou a capital cubana como sua morada. Não poderei deixar de referir o bar-restaurante El Floridita, com o imponente busto do seu mais reputado cliente, instituição que , a par do hotel Ambos Mundos (maravilhoso e que apenas apreciei a sua fachada exterior o hall de entrada, o salão e as casas de banho, que por sinal utilizei), é ponto de paragem obrigatório para os turistas estrangeiros que visitam a cidade.
Caminhar é quase sempre a melhor forma de conhecer a cidade. Chegados à Plaza de Armas no centro histórico, é aí que o turista se encontra no coração da área mais atractiva de Havana. É bom referir que em Havana não faltam belas praças.
Havana é daqueles lugares onde sabe bem andar a pé. Nós andamos com guia, mas julgo que sós e mesmo sem mapa, não nos perderíamos nas muitas ruas do centro histórico. Há sempre algo interessante para ver, um edifício curioso para conhecer, uma pessoa simpática com quem falar, um som melodioso a escutar. Em muitas ruas encontramos alguém a cantar e a tocar trompete e violão. Havana é uma cidade “triste”, alegre e viva, esperando sempre que a descubram.
TRINIDAD
Outra das cidades que visitamos foi aquela que eu considero a mais bela das cidades do circuito. Trinidad está classificada Património Mundial pela UNESCO. Aqui uma pessoa fica com a sensação que o tempo parou. Tem um centro histórico muito bem conservado. As suas fachadas recordam o verdadeiro estilo colonial, com ruas empedradas, muitas igrejas. É uma cidade que transmite um certo bem estar, ambiente alegre e descontraído. Apreciei a beleza arquitectónica da cidade, ficou-me a imagem de casas térreas, com telhados vermelhos e paredes coloridas, em tons de amarelo, verde e azul. As janelas são rasgadas quase até ao chão, cobertas por grades de ferro decorativas, ornamentadas com flores. Foi aqui que comprei algumas pinturas. Muitos artistas. Pinturas baratas. Foi muito agradável apreciar a arquitectura do centro histórico, ouvir música e conversar com os habitantes locais.
O povo cubano adora dançar, adora a música, adora dançar a salsa e regga. Estão sempre a sorrir.
É um povo que quando confiam nos interlocutores, fazem duras críticas ao modo como vivem. Sonham com liberdade e oportunidades. Impressiona a quantidade de gente que não faz nada o dia todo. E com um sorriso de resignação vão dizendo que ainda acreditam e que o amanhã será melhor!
Não há trabalho — ou ele não vale a pena. A indústria está obsoleta. Cuba não tem nada para vender, nem com que pagar o que compra, as suas indústrias são muito atrasadas em tecnologia, improdutivas e sem competitividade, dirigidas por líderes políticos e personagens fiéis à revolução. Um pouco como cá. Não interessa ser competente, trabalhador e honesto. O importante é estar filiado no partido, ter concorrido e perdido uma “Câmara e…….vai logo para o conselho de administração de uma empresa”. O “sistema” lá como cá estão bem cobertos por uma constituição que apenas privilegia os personagens fieis ao partido do poder. Não é bem assim! Às vezes culpamos a nossa constituição e a “desgraça” está nas desastrosas Leis que a canalha política põe cá fora para zelar os interesses da “clubite” (leia-se partidos).
Sinceramente não gosto daquela revolução e daquele comunismo que não soube acompanhar a evolução do tempo, como também não gosto da nossa democracia. São regimes clubísticos. Pagam-se quotas tem de se ir a todos os jogos e dizer que o nosso clube é o maior. E tem de se bater palmas. Coitados daqueles que como eu não têm jeito para bater palmas.
Mas, dizia eu que a economia Cubana está a bater no fundo. E é curioso, porque me foi dado saber que, pese embora exista o embargo Americano, ou o suposto bloqueio do imperialismo internacional, o certo é que Cuba mantém relações comerciais com cerca de 120 países. Não sendo especialista desta área, custa-me a entender a estagnação em que vive.
Portanto para os cubanos não se justifica sujar as mãos. Nas casas de Havana, que antes deveriam ser lindas, com traças esplendorosas mas quase todas hoje em ruínas, as pessoas passam o dia matando o tempo, sentadas nas varandas, nos pátios, jogando não sei o quê ou em mesinhas nas calçadas. As crianças e também alguns adultos pedem um pouco de tudo: artigos de higiene pessoal, pasta de dentes, sabão, esferográficas, rebuçados, roupa interior feminina, etc., etc.. Dinheiro não. É perigoso, pode dar cadeia. Nas ditaduras não se pode andar descalço, não se pode pedir. O turista não pode ver essas coisas!!!
Quando falam sobre sua situação, olham em volta para ver se não estão sendo vigiados. Há naquele povo qualquer coisa de estranho. Receio da “bufaria”, julgo eu.
Outra das desigualdades, que choca o comum dos mortais é a existência de duas moedas. A moeda convertível, que me escapa o nome, que alguns cubanos recebem dos turistas e que são trocadas em centros especializados pelo desvalorizado peso, a única moeda que podem usar. A diferença no tratamento recebido entre cubanos e estrangeiros é visível em gelatarias, restaurantes, cafés, etc.
A consequência falta de empregos, leva os cubanos ao negócio, à avidez por moeda convertível. Chocado fiquei também com a desigualdade de tratamento das pessoas na aquisição de bens e serviços. As filas de espera, as restrições, o racionamento.
Apercebi-me também que a prostituição, que me pareceu praticamente legalizada, funcionava também como forma de sobrevivência, como forma de obter moeda convertível.
Acerca do racionamento foi-me dito, na altura, se bem me recordo, que em Cuba não se conseguia obter, porque não constavam do talão de racionamento, nem papel higiénico, nem sabonete, nem toalhas sanitárias, nem leite para adultos, entre outros bens de primeira necessidade. Outros produtos eram mencionados no talão mas para pura fantasia e que ainda outros apareciam e desapareciam conforme as colheitas. Foi-me dito também e achei mesmo “revolucionária” a forma como se faz ou fazia o “cabaz” do talão de racionamento. Era calculado para um determinado número de calorias por pessoa. Desconheço se mantêm ainda esta prática.
De Fidel e muito menos de Che Guevara, ninguém fala mal: são ícones, incontestáveis. A sensação era de que com Fidel, o líder carismático não conseguiriam a abertura desejada, mas……um dia virá um líder que cumprirá a abertura prometida. Puro engano. Hoje pelo que me é dado ler e ouvir essa tal abertura tão prometida, transformou-se em mais repressão, menos oportunidades.
Raul Castro, seu irmão não possui o carisma nem é a figura paternal representativa do povo cubano. Fidel e Che são idolatrados. Fidel é insubstituível, melhor, era insubstituível.
E porque a minha mensagem se prende com a emigração é bom que se saiba que actualmente os EUA recebem anualmente 22 mil bolseiros cubanos, esta a denominada emigração legal. Interessados em emigrar constam mais de 700 mil. São conhecidas as catástrofes, as notícias de naufrágios que nos chegam, os riscos a que se expõem quando se lançam ao mar, em pequenas embarcações, munidos de uma bússola e de esperança de atracarem a um qualquer porto de abrigo, que lhes traga a felicidade.
Resumindo: Adorei a viagem a Cuba. Gostaria de lá voltar e viver durante o tempo suficiente para compreender melhor a passividade daquele povo tão bom, tão educado, tão conformado, tão inteligente, tão triste e tão alegre, que privado de tudo, exceptuando a saúde e a educação, tem sempre uma palavra de resignação e de esperança numa Cuba onde possam um dia viver livres, viver com dignidade.
Ir a cuba e não falar do rum e dos charutos é não experimentar os dois produtos mais famosos do país. Rum bebi e bastante. Turista que se preze jamais deixaria de beber e trazer o famoso Havana Club (ainda tenho uma ou duas garrafas). Produzido com o melaço da cana, o rum possui variações como o claro e o escuro e deu origem a bebidas com muitos nomes, que já me esqueci. Eu só conhecia a cuba livre e foi nela que me vinguei.
Quanto a charutos, mais conhecidos por “puros” não. Não experimentei. Não sou apreciador.
Mas deixem-me desabafar e dizer o que me vai na alma: Breve, e mais breve do que aquilo que nós imaginamos, virá o tempo em que Cuba será invadida pelas centenas de milhar de cubanos emigrados em Miami e noutras cidades dos EUA. Não há hipóteses de sustentar um país que vai vivendo do turismo e das ajudas (esmolas) dos Hugos Chaves que ainda existem neste mundo e que vão partilhando dos mesmos ideais. Mas um dia acaba e a abertura é inevitável. Cuba vai transfigurar-se, a sociedade de consumo depressa abafará a ideologia comunista, o capitalismo depressa substituirá as pedras pelos blocos de cimento. Antes que tal aconteça, aproveitem, há viagens “a saldo”, não esperem muito, porque a viragem poderá acontecer já amanhã. E depois já nada será igual. Vou então transcrever, de seguida a tal historiazinha do “Enterro em Cuba”, responsável por todos os considerandos a que me dispus partilhar.
Não se esqueçam de ler a história em voz alta, dar-lhe a necessária entoação, fazer de sobrinha com coração desfeito……., com sentimento!
ENTERRO EM CUBA
Toda a família em Cuba se surpreendeu quando chegou de Miami um ataúde com o cadáver de uma tia muito querida.
O corpo estava tão apertado no caixão que o rosto estava colado no visor de cristal....
Quando abriram o caixão encontraram uma carta, presa na roupa com um alfinete, que dizia assim:
Queridos Papai e Mamãe.
Estou lhes enviando os restos de tia Josefa para que façam seu funeral aí em Cuba, como ela queria.
Desculpem por não poder acompanhá-la, mas vocês compreenderão que tive muitos gastos com todas as coisas que, aproveitando as circunstâncias, lhes envio.
Vocês encontrarão, dentro do caixão, sob o corpo, o seguinte:
12 latas de atum Bumble Bee,
12 frascos de condicionador,
12 de xampu Paul Mitchell,
12 frascos de Vaselina Intensive Care (muito boa para a pele. Não serve para cozinhar!),
12 tubos de pasta de dente Crest,
12 escovas de dente,
12 latas de Spam das boas (são espanholas),
4 latas de chouriço El Miño.
Repartam com a família, sem brigas!
Nos pés de titia estão um par de tênis Reebok novos, tamanho 39, para o Joseíto (é para ele, pois com o cadáver de titio não se mandou nada para ele, e ele ficou amuado).
Sob a cabeça há 4 pares de "popis" novos para os filhos de Antônio, são de cores diferentes (por favor, repito não briguem!).
A tia está vestida com 15 pulôveres Ralph Lauren, um é para o Robertinho e os demais para seus filhos e netos.
Ela também usa uma dezena de sutians Wonder Bra (meu favorito), dividam entre as mulheres;
Também os 20 esmaltes de unhas Revlon que estão nos cantos do caixão. As três dezenas de calcinhas Victoria's Secret devem ser repartidas entre minhas sobrinhas e primas.
A titia também está vestida com nove calças Docker's e 3 jeans Lee. Papai, fique com 3 e as outras são para os meninos.
O relógio suíço que papai me pediu está no pulso esquerdo da titia.
Ela também está usando o que mamãe pediu (pulseiras, anéis, etc).
A gargantilha que titia está usando é para a prima Rebeca, e também os anéis que ela tem nos pés.
E os oito pares de meias Chanel que ela veste são para repartir entre as conhecidas e amigas, ou, se quiserem, as vendam (por favor, não briguem por causa destas coisas, não briguem).
A dentadura que pusemos na titia é para o vovô, que ainda que não tenha muito o que mastigar, com ela se dará melhor (que ele a use, custou caro).
Os óculos bifocais, são para o Alfredito, pois são do mesmo grau que ele usa, e também o chapéu que a tia usa.
Os aparelhos para surdez que ela tem nos ouvidos são para a Carola. Eles não são exatamente os que ela necessita, mas que os use mesmo assim, porque são caríssimos.
Os olhos da titia não são dela, são de vidro. Tirem-nos e nas órbitas vão encontrar a corrente de ouro para o Gustavo e o anel de brilhantes para o casamento da Katiuska.
A peruca platinada, com reflexos dourados, que a titia usa também é para a Katiuska, que vai brilhar, linda, em seu casamento.
Com amor, sua filha
Carmencita.
PS-1: Por favor, arrumem uma roupa para vestir a tia para o enterro e mandem rezar uma missa pelo descanso de sua alma, pois realmente ela ajudou até depois de morta.
Como vocês repararam o caixão é de madeira boa (não dá cupim);
podem desmontá-lo e fazer os pés da cama de mamãe e outros consertos em casa.
O vidro do caixão serve para fazer um porta-retrato da fotografia da vovó, que está, há anos precisando de um novo. Com o forro do caixão, que é de cetim branco (US$ 20,99 o metro) Katiuska pode fazer o seu vestido de noiva.
Na alegria destes presentes, não esqueçam de vestir a titia para o enterro!!!
Com amor,
Carmencita. PS-2: Com a morte de tia Josefa, tia Blanca caiu doente.
Se quiserem antecipar algum pedido…………….