A CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO EM MONTE FIALHO
Como o prometido é devido, no passado dia 23/07/09, fui “à” do Mestre, no intuito de ministrar “formação” informática. O Mestre é um ex-camarada d’armas que comigo esteve, em Tite, na Guiné-bissau, não se cansando de convidar, para o seu Monte, os demais que com ele partilharam, na guerra colonial, as circunstâncias, que todos os que passaram por lá, são conhecidas.
O Mestre sabe da existência do Blog do Batalhão na NET, manifestando há muito vontades de saber o que se escreve por lá. Querendo também conviver, com os antigos companheiros, por esta moderna via.
Respondendo a estas vontades e a compromissos assumidos, apanhei o Fernando Botas pelas 06,30 horas, junto às Piscinas Municipais, no Barreiro e, metemo-nos ao caminho. Cansados de tanto alcatrão, abaixo de Grândola, deixamos a A2, optando pela estrada nacional, na direcção de Aljustrel rumo a Castro Verde.
Por aquele Alentejo, a caminho do Monte Fialho, ao contrário do que verifiquei na vez anterior que fui visitar, com o Guedes, o nosso ex-Operador Radiotelefonista, o vasto território, não tinha o encante do verde que então o cobria, do matizado das papoilas, do despontar das flores, e dos voos da passarinhada como no tempo da primavera. Vejo-me desconsolado, pareceu-me triste o terreno, a maior parte abandonado do cultivo, a predominar a cor ocre pró queimado.
Não encontrei coelhos a saltitar, nem rolas, perdizes ou perdigões que outrora vi levantar. Aqui, ali, alguns cilindros de feno, escasso gado a pastarem no montado ou deitado aproveitando a sombra de um chaparro ou azinheira ali isolado. Trigo nem vê-lo, alguns girassóis, aceiros destinados a impedir acesso do fogo já não se justificam (?), tal a pobreza do cultivo.
O encanto das vilas por onde passei (Rosário, Neves, Semblena, Viúvas, Dosgrandes, entre outras) onde a maioria das casas ostentam a brancura da cal, embelezadas por ombreiras e roda pés pintadas de cor azul ou amarelo cor do trigo, as ruas limpas, o silêncio, vieram quebrar a tristeza do ambiente atrás percorrido. A nova arquitectura, não ofende o antigo traço, bem pelo contrário, o enriquecem e o embelezam de forma acrescida.
Monte Fialho fica aproximadamente a 230 quilómetros do local da partida. Somos os primeiros camaradas a abraçar o Mestre e, a cumprimentar a família – D. Conceição sua mulher, a Graça sua filha e marido e, o neto João de 5 anos - minutos mais tarde chegam de Moura - o Francisco Ramos e a sua mulher, com passagem por Montes Altos/Mértola para trazerem o Pedro – o tio Zé -, como por lá é conhecido. Do Algarve, mais propriamente da Fuzeta, em férias, é a vez de chegar o Hipólito Sousa e a sua mulher, acompanhados do seu mimado neto Gaspar de 2 anitos.
A mesa estava composta de um beberete, numa das extremidades, já ligados, o computador portátil e a impressora que, entre uns tintos, fatias de pão, de presunto e de queijo, procurei iniciar e transmitir os saberes a que me propus, aqui, ali interrompidos pela D. Conceição, que, na cozinha, reclamava constantemente a presença do formando, mais preocupada no apurar do almoço aos convidados, do que as lições da ciência da computação que se transmitiam ao seu homem.
…Mestre, o computador abre assim. Aqui é o botão da ligação. Aqui é o lugar onde se enfia a pene, este o do rato. Agora tens que colocar a senha, espera - porra – …
…Agora vais ver o blog do Bart, demora um bocado porque a antena aqui é fraca. Vamos fechar esta página e abrir o sítio chamado Google. Este é o teu endereço electrónico, antonio.c.mestre@gmail.com , vamos ter que colocar a senha. Ora ai tens as mensagens de parabéns que a malta enviou…
Se alguém pensa que o Mestre se “engasgou” na lide, está muito enganado! A sua vontade de aprender apresentou-se muito forte e irrepreensível, só travada perante a chegada do tachão com a feijoada de carne de porco preto, que esgotado, outro chegou com galinha do campo gizada, obrigando que as lições da arte de bem computar ficassem para o cair da tarde.
E assim foi, com o Botas em falta, a dormir, por via do medronho que muito apreciou, os homens foram visitar a adega, as cabras, a porca preta - que desviava o focinho para não ser fotografada - e, os carros com que trabalha o Mestre, voltamos às lições da computorização, agradecendo, o Mestre, sem a necessidade do formador, a todos aqueles que em surpresa lhe enviaram mensagens.
O sol preparava-se para partir, e nós convidados também. A D. Conceição brinda-nos com uma sopa de beldroegas, com feijão verde, abóbora e curgete (planta parecida com o pepino, mas da família da abóbora) que, quem não a queria comer, por ainda farto do almoço, não hesitou em repetir, um coelhinho frito para “aconchegar”, e obviamente “regado” como convém.
Agora sim, carregados de “mimos” da produção caseira do nosso anfitrião e, de uma garrafa de vinho tinto/2007, da Adega Cooperativa de Granja, que o Ramos nos ofertou, rumámos aos diferentes destinos, certos que em breve as “lições de informática” se repetirão.
Pica Sinos
E O HIPÓLITO DISSE:
Com licença . . . Ao bem conseguido e perspicaz relato supra, excelentemente elaborado pelo Pica, aliás, na esteira do que já nos vem habituando, não ouso sequer, com receio de o adulterar, acrescentar sequer uma vírgula.
Apetece-me, apenas, como disse alguém, frisar que “atesto por trás o que ele atestou pela frente”.
Nunca será demais realçar a excelência do acolhimento caloroso e gastronómico que nos fez a família Mestre e que culminou na qualidade da “charrisca” de medronho que nos serviu. Alguns de nós, de tão aviados desta preciosidade, bem tentámos visitar a estação do Metro do Monte Fialho, mas, nem vimos o metro, nem sequer encontrámos a porta da estação.
Por último, uma informação que consegui obter, via satélite: Se, porventura, o Mestre demorar a responder às vossas mensagens, tal não se ficará a dever à lendária lentidão alentejana ou sequer à sua menor propensão para a informática. Antes, ao facto de ele teimar, para que se não detectem colunas de fumo e com receio de alguma virose, em meter, após cada sessão, o dito computador na máquina de lavar.
Um abraço do tamanho do coração do Mestre. Hipólito
E O GUEDES DISSE:
Olá amigos.Acho que o Mestre se devia candidatar a um computador Magalhães.Ou talvez não, pois a velocidade do bicho poderia baralhar a cabeça do homem... Deve ter sido um dia inesquecível que eu espero se repita por algumas vezes mais - não muitas senão a despensa do Mestre vai à falência.
- Ao Pica e a todos os que se dispuseram a ir até "à do Mestre", um grande abraço.
E ao Ramos um bem haja, por se ter lembrado de levar o Pedro a assistir a tão memorável dia.
- À Esposa e Filha do Mestre, senhoras muito simpáticas, também um agradecimento reconhecido, pela boa vontade para aceitarem na sua casa, esta tropa fandanga, dando-lhes de comer e beber do bom e do melhor, como é seu timbre.
Um grande abraço para todos.