" Recordando…
FEIRA DAS VINDIMAS – 19 e 20 DE OUTUBRO
Mais uma vez se cumpre a tradição e decorre a “feira anual
das vindimas” na cidade de Mêda.
Eram e são duas as feiras anuais na Mêda, uma em Março no
dia 19, dia de São José e a outra, a das Vindimas a 19 e 20 de Outubro.
Decorriam no largo do mercado e estendia-se na avenida
quando os tendeiros eram muitos. Tinham dois núcleos de vendas, o geral no
mercados e o dos animais na lameira da Devesa, aqui se vendiam ou compravam o
burro ou o cavalo, os bovinos ou caprinos ou o suíno para alimentar e, mais
tarde, fazer a matança.
A feira das vindimas até deu azo a ser criado um rancho com
essa designação, em 1958, tendo terminado a sua atividade em 1981, para dar
lugar ao Rancho Folclórico da Mêda.
A vila saía do seu ambiente normal de vida. Vinha gente, a
pé, de cavalo, em carros de bois e carroças de todo o concelho e arredores. As
camionetas da Viúva Carneiro ou da União do Satão faziam o transporte das
pessoas de mais longe do concelho.
Eram tendas de lona, ferros espetados no chão e atados com
cordas. Bancas de madeira, tábuas planas sobre dois cavaletes, era o aspeto da
época do estendal. Também haviam bancas de pedra, em duas ou três fiadas no
mercado, reservadas à venda de carne.
Ali se compravam as botas de pneu na feira de outubro para o
inverno ou na de Março, os sapatos para a Páscoa.
Era um adiantamento da colheita das uvas nas vindimas
entregues na Adega Cooperativa que dava para suportar as compras.
Armavam-se as tendas na feira por setores e os funcionários
da Câmara indicavam o local e cobravam as taxas. Os aferidores verificavam as
medidas, pesos e balanças para não haver o engano do comprador.
A Polícia Municipal e depois a GNR, patrulhavam a feira,
regulavam o trânsito e guardavam as pessoas e bens.
Eram dois dias de feira e de tudo havia um pouco. Era um sem
número de artigos, nada faltava.
Não faltavam as louças de barro cozidas nos fornos
artesanais de olaria da Barreira, as peças de latoaria, de carpintaria, as
cangas dos bois, os arados ou os pipos para o vinho e os cestos de vime para as
vindimas confecionados em Cavadoude, com madeira do Soito do Bispo.
Os produtos de ourivesaria eram bem guardados e expostos
longe do povo.
Não faltavam as tendas dos petiscos e das fêveras assadas na
brasa, acompanhadas do pão centeio e do copito do vinho, por vezes aguado.
Retratistas com cavalinhos de madeira, com seu "kodac", tiravam fotografias para a
posteridade.
O amolador tocava gaita de beiços e afiava tesouras, facas,
navalhas de ponta e mola, mais as da poda.
Vinha o ceguinho e sua acompanhante, tocava viola e cantavam
os dois os dramas da serra e do douro, à espera da esmola ou da compra da
estampilha de Nossa Senhora, do borda d’agua ou da cautela.
Eram os carrinhos de choque, as cadeirinhas do carrocel ou o
poço da morte que animavam os mais novos. Até havia o joguito de futebol do
Sporting Clube de Mêda.
Aqui vos deixamos algumas fotos de ALP, publicas por Carlos
Pedro que nos reportam até tempos antigos e recordar como eram em meados do
séc. XX.
Mêda, Feira das Vindimas, 19 de outubro de 2023.
JT"
Artigo do Senhor Coronel João Trabulo, a quem agradecemos.
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