"Roubado" pelo Caldeira a:
José D'Abranches Leitão
-
Jorge Condorcet
Ontem, ao ver este grande amigo na Vila das Aves, lembrei-me
como seria interessante contar uma das milhares de peripécias que com ele
muitas e muitas gerações de estudantes e antigos estudantes , passaram com esta
figura incontornável da Academia de Coimbra.
Senhor de uma cultura vastíssima, possuí três licenciaturas
- Farmácia, Biologia, Letras. e frequentou o 4º ano de Medicina- e passou toda
a sua vida a dar aulas de matemática no "seu" Colégio no Avelar.
O Jorge, vai factualmente a todo o lado ver a Académica.
Vi-o já este ano, em Loulé, nas Aves, e sei que tem ido aos outros sítios, só
que não fica nos lugares por onde estou.
Mas vamos aos factos.
Corria os anos dourados de 60, e o Orfeão Académico, fez uma
digressão de quase seis meses aos EUA. Sei, porque mo disseram, que alguns
elementos do orfeão, tiveram que vender algumas relíquias para poderem
sustentar os viciozinhos inerentes a uma viagem destas, principalmente com este
tempo de estadia.
Ora, e para quem conhece o Condorcet, este tem uma relação
de ódio com o Inglês (Lingua). Aliás a qualquer País que vá - eu sou testemunha
disso, já que o acompanhei por duas vezes à África do Sul, a Macau, França,
Bélgica, Holanda, Luxemburgo, etc. etc. etc. só fala mesmo em Português. Diz
ele, e muito bem, que nenhum estrangeiro que vem a Portugal, começa magicamente
a falar Português.
Pois bem, nessa digressão aos EUA, os orfeonistas tinham que
comer sempre no mesmo restaurante, que tinha um contrato com a organização.
O Condorcet, e porque não falava Inglês, aprendeu por
"osmose" a dizer " Stack with Chip's".
O "desgraçado", andou a comer durante um mês bife
com batatas fritas.
Até que um dia, farto da mesma comida, e com uma boa dose de
colestrol no corpo, encheu-se de coragem e foi sozinho ao tal restaurante.
Claro que os Orfeonistas, desconfiando da "cena"
foram espiá-lo, sem que ele os visse.
Depararam-se com o Jorge a ter esta conversa com a empregada
de balcão:
- Ó menina (Tudo em Português!!!), hoje quero uma sopinha de
feijão.
Obviamente a menina não percebeu uma única palavra...
- I don't understand.
- Tá bem. Mas veja lá se me arranja uma sopinha, mas bem
quente!!!
A rapariga estava a entrar em "parafuso", quando o
Condorcet num laivo de genialidade, se lembrou de uma frase feita em Inglês.
- Do you speak English?
A menina disse aliviada:
- Yes. Of course I do!!!
- Então, por favor, continuou o Jorge em Português, dê-me
uma sopinha de feijão.
Mais "estórias" haverá concerteza para contar
deste ícone da nossa Coimbra e da nossa Académica.
Abração Jorge Condorcet, e
Viva a Académica!!!
In " Os Pardalitos do Choupal"
Joaquim Caldeira
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