O pós independência
Amilcar Cabral, o fundador do PAIGC não viu o sonho de uma Guiné independente
tornar-se realidade, tendo sido assassinado em circunstâncias ainda não
esclarecidas na Guiné-Conacri. É o seu irmão Luis Cabral quem ascende à
presidência do país.
Uma onda de perseguições alastra pela Guiné. Comandos Africanos que
serviram o exército Português e alguns régulos e chefias tradicionais que durante
a luta de guerrilha não tinham apoiado o PAIGC são perseguidos e executados. Em
Tite num só dia 40 antigos comandos e régulos são fuzilados e enterrados em vala
comum. Um número avultado de pessoas procura o exílio nos países vizinhos, o
Senegal e a Guiné-Conacri.
O regime multipartidário e as primeiras eleições
Com o fim da guerra fria, acabava também o sistema de mono partidarismo em
África, dando-se inicio em 1991 ao processo de democratização com a alteração
da constituição que passava a permitir o pluralismo politico.
Em 1994 têm lugar as primeiras eleições legislativas e presidenciais livres.
Nino Vieira pelo PAIGC confirma a presidência com 52% na 2ª volta que disputa
com Kumba Yalá (48%) do PRS. O parlamento é partilhado com outras forças
politicas : PAIGC (62 deputados), RGB (19), UM (12), PRS (6) e FLING (1).
Nos quatro anos que se seguiram não se registou grande evolução na resolução dos
maiores problemas do país. O descontentamento dos veteranos de guerra e a crise
económica agravavam-se dia para dia.
Nino Vieira experimenta uma aproximação à Francofonia aderindo à zona do franco
CFA em Maio de 1997 e assinando um acordo de defesa e segurança com o Senegal
que obrigava a Guiné a apoiar Dakar na luta contra a guerrilha do MFDC de
Casamansa.
Neste quadro demite em Janeiro de 1998 o Chefe de Estado-Maior, o Brigadeiro
Assumane Mané, acusado de ser responsável do tráfico de armas para Casamansa
e de permitir a existência das bases da sua guerrilha em território nacional.
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Assumane Mané a 07 de Junho de 1998 tenta evitar o seu julgamento
encabeçando uma revolta e tentando neutralizar Nino no aeroporto de Bissalanca
quando estava de partida para uma reunião da OUA.
Grande parte da população
adere à junta militar, ao que Nino dizendo tratar-se de um golpe de estado pede a
intervenção do Senegal ao abrigo do acordo de defesa e segurança. Nino serve-se
também das boas relações com Lasana Conté, presidente da Guiné-Conacri para
que o seu vizinho do sul intervenha no conflito.
Durante o conflito que opôs a junta militar e as forças governamentais, registaramse
importantes confrontos na região. Unidades da Guiné-Conacri e do Senegal
desembarcam em S.João (Bolama/Bijagós) e avançam pelos sectores de Tite e
Fulacunda.
Perante o avanço das forças estrangeiras que invadiam a região, as
forças da junta militar são reforçadas por antigos combatentes do PAIGC e por
antigos comandos africanos do exército português.
Os primeiros combates entre as
duas forças registaram-se na região fronteira entre Tombali e Quinara na estrada
que liga Buba a Mampata onde se confrontaram as unidades da junta militar vindas
de Quebo e as unidades governamentais que estavam estacionadas em
Fulacunda.
Nessa altura a junta militar transferiu o governo da região que se encontrava
instalado em Fulacunda para Buba, onde a partir de então se instalaram também
os diversos serviços do estado. Mantendo o estatuto de capital oficial, Fulacunda
pretende recuperar esses serviços e o governo da região.
A 25 de Agosto é assinado um acordo de cessar fogo na cidade da Praia mediado
pela CPLP que é quebrado em Outubro com a conquista pela Junta Militar das
cidades de Bafatá e Gabú ocupadas pela Guiné-Conacri.
A 01 de Novembro tendo como mediador a CEDEAO é assinado em Abuja novo
acordo de paz. Nino Vieira não desarma o batalhão presidencial de 600 jovens
Bijagós “os aguentas”. A junta militar a 7 de Maio de 1999 lança uma operação
militar em Bissau obrigando à rendição das forças leais a Nino Vieira que se refugia
na embaixada portuguesa donde parte para o exílio, permanecendo em Portugal até
às eleições de 2005.
A 28 de Novembro de 1999 têm lugar as eleições Presidenciais e
Legislativas, obtendo o PRS o maior resultado com 37,25% dos votos expressos
contra 28,43% do PAIGC a nível nacional. Na região de Quinara é o PAIGC quem
regista maior número de votos (5277) seguido de muito perto pelo PRS com 5204
votos. O círculo Buba-Empada elege 2 deputados do PAIGC e o PRS apenas 1,
enquanto no círculo Fulacunda-Tite acontece o inverso (2 deputados PRS, 1
PAIGC).
Os resultados das eleições presidenciais obrigam a uma 2ª volta a 16 de
Janeiro de 2000, obtendo Kumba Yalá (PRS) 72% e Malam Bacai Sanhá (PAIGC)
28% a nível nacional. Na região de Quinara Kumba obtém 51,7% dos votos contra
48,3% para Malam Bacai Sanhá.
Nas eleições Presidenciais de 2005 à 2ª volta (vide gráfico pág. ), Malam Bacai
Sanhá (PAIGC), natural de Cam uma tabanca do sector de Empada, consegue
61,2% dos votos contra 38,8% para Nino Vieira (candidato independente). A nível
nacional o resultado teve o sentido inverso tendo saído eleito Nino Vieira com
52,35% contra 47,65% para Malam. Nestas eleições registaram-se alguns casos de
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pressão e intimidação especialmente junto da Rádio Comunitária Papagaio para que
a campanha de Nino não tivesse acesso aos Media da Região.
A 12 de Março de 2007 entre os principais partidos PAIGC, PRS e PUSD é assinado o
Pacto Nacional de Estabilidade. Para o Governo da região é nomeado o governador
membro do PUSD, assim como para o Sector de Fulacunda. O PRS assegura a
administração dos sectores de Tite e Empada, e o PAIGC o sector de Buba.
A 05 de Agosto de 2008, após ter sido demitido o governo de Martinho N’Dafa Cabi,
sendo nomeado primeiro ministro Carlos Correia, são também nomeados novos
administradores de sector e governador da região de Quinara, passando todas as
funções a ser tituladas por membros do PAIGC.
“A Missão de Observação Eleitoral Internacional 1999/2000. A participação Portuguesa”, Guilherme
Zeverino / Luis Branco
“A luta pelo poder na Guiné-Bissau”, Álvaro Nóbrega
“História da Guiné – Portugueses e Africanos na Senegâmbia”, René Pelissier
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