A Guerra colonial
Os ventos de mudança pós segunda guerra mundial que levariam às
descolonizações em África também se fizeram sentir na Guiné. Depois do governo
português ter recusado qualquer possibilidade de negociar a transferência política
do território, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde) iniciou a luta armada no território.
Encravado entre o Senegal e a Guiné-Conacri pode o PAIGC beneficiar do constante
apoio destes países. A densidade das matas no sul do país e o relativo isolamento a
que esta região era obrigada pela existência de inúmeros rios que sulcavam o
território permitiram ao PAIGC consolidar uma luta de guerrilha mais efectiva que
no norte do país onde os amplos espaços abertos não ofereciam as mesmas
condições para este tipo de luta. A proximidade da fronteira da Guiné-Conacri
constituiu sempre uma retaguarda segura que abastecia a guerilha.
Os Balantas que durante o séc XIX tinham migrado para as zonas húmidas do sul
em busca de terrenos férteis, pelo seu carácter combativo, constituem a base do
movimento de guerrilha. Muitos dos seus primos do norte rumam às zonas sob
controle do PAIGC para se juntarem à luta de libertação.
A tomada de Guileje pelo PAIGC na estrada que ligava os sectores de Cacine e
Bedanda em Tombali junto á fronteira da Guiné-Conacri permitiu à guerrilha criar o
espaço para o estabelecimento das suas bases em território nacional que alargaram
aos sectores vizinhos e à região de Quinara, formando assim a primeira grande
zona libertada do país.
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No limite norte da região, os sectores de Tite e Fulacunda, separados apenas pelo
rio Geba, distam apenas alguns quilómetros de Bissau. A sua importância
estratégica esteve na origem de violentos combates entre as forças portuguesas e o
exército de libertação com frequentes bombardeamentos para a tomada destas
posições. Passados 35 anos ainda se podem observar inúmeros efeitos indesejados
desses combates. A presença de inúmeros projecteis não deflagrados (uxos)
constituem uma ameaça às populações.
As forças portuguesas vão perdendo o controle do território ficando sitiadas na ilha
fronteira de Bissau e em aquartelamentos e povoações dispersos pelo interior.
Buba resiste a intensos bombardeamentos das forças do PAIGC refugiando-se a sua
população civil na margem oposta do rio durante longos períodos escondida nas
suas matas.
A 24 de Setembro de 1973, com a maior parte do território nacional sob controle
das suas forças, em Madina do Boé, zona libertada junto à fronteira da Guiné-
Conacri, o PAIGC declara unilateralmente a independência, reconhecida
imediatamente por 80 países.
“A Missão de Observação Eleitoral Internacional 1999/2000. A participação Portuguesa”, GuilhermeZeverino / Luis Branco
“A luta pelo poder na Guiné-Bissau”, Álvaro Nóbrega
“História da Guiné – Portugueses e Africanos na Senegâmbia”, René Pelissier
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(próximo capítulo - "O PÓS INDEPENDENCIA")
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