Sim era aqui, num dos lanços da Calçada do Duque que colocava o cavalete, o banco, e retratava o que a vista “abraçasse”.
Se eu fosse pintor,
Sim era aqui, pelo o acordar da cidade, que pintava o chapar do sol a “cair” pelos telhados das casas que se avistam, do Rossio até à Encosta do Castelo.
Se eu fosse pintor,
Pintava aquela soberba escadaria que viu o meu amigo brincar. No meu imaginário, ainda pintava, uma varina de canastra à cabeça, perseguida por um desassossegado gato na esperança, depois da escama, de lhe ser “oferecida” alguma guelra de peixe.
Esta calçada, com o cognome de Escadinhas, ”banhada” pelas ruas da Condessa, da Oliveira ao Carmo e do Duque, esta com um “afluente”, o Beco da Ricarda, rica em história, viu o meu amigo crescer e brincar com muitas outras criança da sua idade.
Se eu fosse pintor,
Construía um quadro bem colorido, com o teu Largo do Carmo, a fachada da tua Escola primária nº 73, os pardais que viste bicar na água que jorrava do chafariz, no meu imaginário, ainda pintava, um jogo do “bilas” qualquer, com os “putos” que davam pelo nome de Jordão e Carrola, e de alcunha o Pinga e o Sapo, entre outros.
Mas tu sabes que não sou pintor! Sinto muita pena de não poder oferecer, ao amigo, um destes quadros, que no meu imaginário, figuras como protagonista quando menino e moço.
Sim estou a falar de ti, José Manuel Jordão Justo!
Estou a “falar” do Homem que nasceu a 28 de Setembro de 1945, e comigo partilhou, vinte anos depois, durante dois anos, em terra hostil, parte das suas alegrias, dos seus medos, choros e esperanças.
Sim estou a falar de ti. Estou a falar do Homem que não abraço há muitos anos, e dizer quanto te admiro pelos teus quadros a óleo pela tua arte em exposição permanente.
Meu bom amigo…Aquele abraço
Raul Pica Sinos
.34º almoço em 2025 - Figueira da Foz - Quinta da Salmanha.
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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
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sábado, 25 de outubro de 2008
Falando do Zé Justo... pelo Pica Sinos
Sim era aqui, num dos lanços da Calçada do Duque que colocava o cavalete, o banco, e retratava o que a vista “abraçasse”.
Se eu fosse pintor,
Sim era aqui, pelo o acordar da cidade, que pintava o chapar do sol a “cair” pelos telhados das casas que se avistam, do Rossio até à Encosta do Castelo.
Se eu fosse pintor,
Pintava aquela soberba escadaria que viu o meu amigo brincar. No meu imaginário, ainda pintava, uma varina de canastra à cabeça, perseguida por um desassossegado gato na esperança, depois da escama, de lhe ser “oferecida” alguma guelra de peixe.
Esta calçada, com o cognome de Escadinhas, ”banhada” pelas ruas da Condessa, da Oliveira ao Carmo e do Duque, esta com um “afluente”, o Beco da Ricarda, rica em história, viu o meu amigo crescer e brincar com muitas outras criança da sua idade.
Se eu fosse pintor,
Construía um quadro bem colorido, com o teu Largo do Carmo, a fachada da tua Escola primária nº 73, os pardais que viste bicar na água que jorrava do chafariz, no meu imaginário, ainda pintava, um jogo do “bilas” qualquer, com os “putos” que davam pelo nome de Jordão e Carrola, e de alcunha o Pinga e o Sapo, entre outros.
Mas tu sabes que não sou pintor! Sinto muita pena de não poder oferecer, ao amigo, um destes quadros, que no meu imaginário, figuras como protagonista quando menino e moço.
Sim estou a falar de ti, José Manuel Jordão Justo!
Estou a “falar” do Homem que nasceu a 28 de Setembro de 1945, e comigo partilhou, vinte anos depois, durante dois anos, em terra hostil, parte das suas alegrias, dos seus medos, choros e esperanças.
Sim estou a falar de ti. Estou a falar do Homem que não abraço há muitos anos, e dizer quanto te admiro pelos teus quadros a óleo pela tua arte em exposição permanente.
Meu bom amigo…Aquele abraço
Raul Pica Sinos
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1 comentário:
Raul
Então, isto não era para publicar!! que ideia rapaz.
Renovo tudo o que te disse no meu mail.
Quando as palavras não saltam da boca, guardam-se no coração.
Um abração amigo
Zé
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