Texto de Nunes Forte, sobre o MONIZ Moniz Ribeiro, FALECIDO DI 8 DE OUTUBRO.. Obrigado pela partilha. "·
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"Faleceu
MONIZ RIBEIRO
8 de outubro de 2025
Faleceu hoje Moniz Ribeiro nascido em 28 de abril de 1944,
cenógrafo e artista plástico cuja obra atravessou décadas de criação teatral e
televisiva.
Estudou Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa,
formação que lhe deu as bases técnicas e sensíveis para uma carreira de
profundo rigor estético. Frequentou também a Escola de Artes Decorativas
António Arroio, onde deu os primeiros passos no universo artístico que viria a
marcar profundamente.
Figura discreta, mas incontornável dos bastidores, Moniz
Ribeiro tornou-se uma referência para quem, no teatro, reconhece o valor da
cenografia como parte essencial da linguagem cénica.
Trabalhou com, entre outros, Mário Alberto e Pinto de
Campos.
Com talento imaginativo e domínio técnico excecional, marcou
presença em inúmeras produções, sobretudo no Teatro Maria Vitória, onde o seu
nome se tornou sinónimo de rigor, criatividade e poesia visual.
Foi nesse palco histórico da revista à portuguesa que mais
se destacou, assinando maquetas, cenários e direções de montagem que encantaram
públicos e inspiraram colegas.
A sua ligação à casa foi tal que lhe foi atribuída por
Helder Freire Costa a distinção “Máscaras de Ouro”, e no interior do teatro
permanece, até hoje, uma poltrona com o seu nome, homenagem simbólica à sua
dedicação e legado.
Nos anos 1980 e 1990, Moniz Ribeiro esteve envolvido em
algumas das mais memoráveis revistas musicais portuguesas, integrando equipas
criativas de espetáculos como Isto é Maria Vitória! e Não Batam Mais no
Zezinho!.
Mais tarde, em 2000, o seu nome figurou entre os cenógrafos
da produção Tem a Palavra a Revista, ao lado de outros grandes nomes do meio
artístico nacional.
Embora não procurasse protagonismo, era amplamente
respeitado pelos profissionais com quem trabalhou, um verdadeiro “construtor de
mundos” que aliava técnica, sensibilidade estética e paixão pelo espetáculo.
A arte de Moniz Ribeiro ultrapassava os limites da
cenografia tradicional. Era uma extensão da narrativa, uma forma de pintar
emoções e atmosferas com telas, luzes e estruturas que davam corpo ao espírito
satírico, popular e lúdico da revista portuguesa.
Nos bastidores, era conhecido pelo perfeccionismo, pela
generosidade criativa e por uma imaginação que parecia inesgotável.
Na televisão, aplicou o mesmo rigor e visão, adaptando o seu
olhar artístico às exigências técnicas do ecrã. Trabalhou em vários formatos
onde o engenho visual era essencial, sempre fiel ao seu princípio de que a
cenografia deve servir a história sem nunca se sobrepor.
O falecimento de Moniz Ribeiro, ocorrido hoje de forma
inesperada, deixou um vazio no coração da comunidade artística.
Em nota de pesar, o Teatro Maria Vitória evocou a sua
“enorme imaginação” e o “talento artístico e profissional” que colocava ao
serviço das artes com generosidade e paixão.
A herança de Moniz Ribeiro vive na memória dos que com ele
partilharam os recantos dos teatros e estúdios onde trabalhou.
Vive nas cores que pintou, nas estruturas que ergueu, nos
risos e aplausos que ainda ecoam entre as cortinas.
A sua obra é a prova de que a verdadeira arte, feita com
devoção, nunca desaparece.
Que descanse em paz.
Nunes Forte"
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