As noites eram frias mas depois do jantar lá começava o pai com as engenhocas das luzes … e tu a quereres de pequenino dar o teu parecer…a tua sugestão….eram lâmpadas embrulhadas, imagine-se em papel dito celofane de todas as cores….e como ficava linda aquela árvore – como se não bastasse querias que as luzes piscassem e até isso o pai acabava por arranjar – e ainda havia uns castiçais em latão que se colocavam no pinheiro presos com um género de mola e na noite de Natal punham-se velas nestes castiçais e acendiam-se aquelas lâmpadas …era uma alegria….os pais,nos e a avó…perto da meia noite la íamos colocar o sapatinho no fogão….e passado um bocadinho houvia-se um, barulho, apagavam a luz , mais um barulho e nos de olhos arregalados…então a mãe dizia: acho que o Menino Jesus já chegou,,, e havia luz e la íamos todos à cozinha – era a camisola, o cachecol, a boneca, o comboio de latao,os sapatos, ou botas, ou ate chinelos,os lápis ou cadernos …e ficavamos ainda mais contentes…um ano tive um tanque …que felicidade…aquele pião às cores com “nagalho” também colorido…ninguém tinha…e rodopiava rodopiava sem fim…ganhavas sempre…e aquele boneco também de lata em que dávamos com os dedos e ele abria tipo guarda chuva e fazia desenhos??? Eu sem grande força e tu com força a + e lá ia o boneco… e a galinha plástica em que se carregava e punha ovos??? E quando a avó estava cheia de ouvir cair os ovos e de os ir apanhar, dizia que ia fazer um bolo ou a manteiga…e lá iam os ovos…34º almoço em 2025 - Figueira da Foz - Quinta da Salmanha.
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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
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sábado, 18 de dezembro de 2010
o Nosso Natal de há 60 anos atrás...
As noites eram frias mas depois do jantar lá começava o pai com as engenhocas das luzes … e tu a quereres de pequenino dar o teu parecer…a tua sugestão….eram lâmpadas embrulhadas, imagine-se em papel dito celofane de todas as cores….e como ficava linda aquela árvore – como se não bastasse querias que as luzes piscassem e até isso o pai acabava por arranjar – e ainda havia uns castiçais em latão que se colocavam no pinheiro presos com um género de mola e na noite de Natal punham-se velas nestes castiçais e acendiam-se aquelas lâmpadas …era uma alegria….os pais,nos e a avó…perto da meia noite la íamos colocar o sapatinho no fogão….e passado um bocadinho houvia-se um, barulho, apagavam a luz , mais um barulho e nos de olhos arregalados…então a mãe dizia: acho que o Menino Jesus já chegou,,, e havia luz e la íamos todos à cozinha – era a camisola, o cachecol, a boneca, o comboio de latao,os sapatos, ou botas, ou ate chinelos,os lápis ou cadernos …e ficavamos ainda mais contentes…um ano tive um tanque …que felicidade…aquele pião às cores com “nagalho” também colorido…ninguém tinha…e rodopiava rodopiava sem fim…ganhavas sempre…e aquele boneco também de lata em que dávamos com os dedos e ele abria tipo guarda chuva e fazia desenhos??? Eu sem grande força e tu com força a + e lá ia o boneco… e a galinha plástica em que se carregava e punha ovos??? E quando a avó estava cheia de ouvir cair os ovos e de os ir apanhar, dizia que ia fazer um bolo ou a manteiga…e lá iam os ovos…
5 comentários:
Olá Natércia
Gostei deste teu texto, que me fez lembrar tanta coisa vivida há sessenta anos atrás.
Obrigado.
Beijinhos
Não há duvida ..que aqui há Memória....
Talvez os meus Natais não fossem tão
vividos, pois a memória é curta..
Continuemos no presente a viver os Natais
possíveis, no seu espírito.
Bom Natal...
Abraço
Lembro-me de todos os pormenores descritos neste texto e, sem dúvida, que estas recordações nos remetem à época da nossa infância.
Mas, no que se refere ao alarido que se fazia à meia noite do dia 31de Dezembro com as tampas dos tachos e das panelas, esse era o máximo. Eu também vivi essa experiência e achava delicioso aquele ruído ensurcedor com o objectivo de dar as boas vindas ao Ano Novo.
Mas na minha terra não nos ficávamos pelas batidas das tampas dos tachos e das panelas....,íamos mais longe: partíamos tudo o que era louça já usada.
E era ver os pratos a girar no ar como se fossem discos e logo a seguir transformados em mil bocados. Era assim naquela época....
por ter conseguido transmitir imagens já tao distantes mas tao presentes, já valeu a pena ter aceite o convite do meu irmao...ao reler o texto, alem das imagens que vi perfeitamente, a cores e a mexer, ouvi as vozes dos nossos pais e avó, e mais...cheirou-me a fritos de Natal ...ora tentem!!!!
É verdade, quando recordamos esses tempos, já de certa forma longínquos, é como se voltássemos atraz no tempo e estívessemos de novo a viver cada momento e aí, sem qualquer esforço, sentimos o cheiro das filhoses, das rabanadas e de tantas outras coisas deliciosas que naquela época "obrigatoriamente" se faziam para comemorar o Natal....
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