O nosso amigo Fernand Santos, completa hoje mais um aniversário.
Que constes muitos mais companheiro, com saúde, na companhia
de teus familiares e amigos.
MUITOS PARABÉNS.
Leandro Guedes.
33⁰ Almoço anual do BART 1914, em 15 de junho de 2024, no restaurante Vianinha Catering, em Santa Marta de Portuzelo. Organizador Daniel Pinto e seu filho Rui Pinto.
“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”
(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).
-
"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"
(José Justo)
-
“Ninguém desce vivo duma cruz!...”
"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"
António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente
referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar
-
“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”
Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.
---
"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."
Não
voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui
estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.
Ponte de Lima, Monumento aos Heróis
da Guerra do Ultramar
O nosso amigo Fernand Santos, completa hoje mais um aniversário.
Que constes muitos mais companheiro, com saúde, na companhia
de teus familiares e amigos.
MUITOS PARABÉNS.
Leandro Guedes.
Bombeiros Voluntários de Baltar
𝟗𝟕º 𝐀𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬á𝐫𝐢𝐨
Encerramos com chave de ouro as comemorações do 97º
aniversário.
Este dia fica marcado pela condecoração de 77 elementos do
corpo ativo com Medalhas de Assiduidade pelos anos de serviço, pela benção de 5
novas viaturas, pela atribuição de 10 Crachás de Ouro e pela receção, no
Estandarte da Associação, de uma condecoração por parte da Liga dos Bombeiros.
Estes momentos enchem a nossa casa de muita festa e
esperança para os anos que se seguem!
Em breve iremos disponibilizar todas as fotografias deste
dia, pela lente de Filipe Babo!
Bombeiros Voluntários de Baltar
Se precisar de nós, estamos cá.
Hipólito Almeida e Sousa
O nosso amigo "Cabito", BERNARDINO VIEIRA DE ALMEIDA, completa hoje mais um aniversário.
Muitos PARABÉNS companheiro, que contes muitos com saúde e
boa disposição.
Um forte abraço.
Leandro Guedes.
Caros Amigos
É com muito gosto
que vos informamos que o 34º almoço anual, em 2025, do BART 1914, já está em
marcha.
O almoço foi
adjudicado aos mandantes Raul Soares e
Carlos Ramos e o repasto terá lugar no nosso já conhecido espaço QUINTA DA
SALMANHA, Rua da Salmanha 18, Figueira da Foz, no dia 10 de Maio próximo.
Entretanto
serão dados mais pormenores.
Oportunamente
serão enviados emails para aqueles que têm mails e os restantes receberão
convocatória via postal.
Dado que o
tempo vai passando, vamos tentar reunir o maior número possível de
companheiros, amigos e familiares. Passem a palavra.
Abraços
guerreiros para todos.
Leandro
Guedes.
Assinalaram-se hoje os 80 anos da libertação de
Assinalaram-se hoje os 80 anos da libertação de Auschwitz. Os sobreviventes do
campo de concentração nazi disseram que é preciso estar vigilante contra o
ódio.
Inicio da guerra colonial em Tite, enviado pelo amigo e
companheiro José Costa., há quatro anos atrás, a quem muito agradecemos.
Apesar de parte ser narrado em crioulo, dá para perceber que
há coisas que não condizem com um relato inicial que temos publicado no blog do
bart1914, e que fazem parte dum trabalho do Jornal Expresso. Se ouvirem com
atenção verificam que uma boa parte das legendas em português não estão bem
traduzidas do crioulo. Por outro lado quando no inicio do video se fala do
primeiro ataque a Tite, mostram como fundo uma grande operação militar. Ora
sabe-se por relatos da época que os atacantes tinham uma espingardada por cada
dez elementos e os restantes tinham apenas catanas e varapaus.
Publicamos aqui esse trabalho agradecendo novamente ao
Jornal Expresso e seus Jornalistas e Foto-Jornalistas.
O nosso muito obrigado.
Leandro Guedes.
Bart Tite – Guiné
23 DE JANEIRO DE 1963, QUARTEL DE TITE
INICIO DA GUERRA COLONIAL NA GUINE-BISSAU.
É difícil explicar a geografia da Guiné a quem nunca lá
foi. Afinal “aquilo tem o tamanho do Alentejo”. Mas é um engano. Todo o
litoral é uma planície pantanosa que se abre à foz de vários rios. O que
quer dizer que para descer o equivalente a 30 quilómetros em linha reta,
teremos que utilizar um barco ou dar voltas por terra horas sem fim a contornar
a boca de várias entradas de rios. E há o terreno de lama. A vegetação. O
clima tropical. As chuvas. Os mosquitos. No início dos anos 60, a Guiné não
era como as jóias da Coroa: Angola e Moçambique. Para o meio milhão de
autóctones de dezenas de etnias, havia uns meros dois mil portugueses da
Metrópole. Alguns deles militares, espalhados por quartéis nos principais
pontos do país. A zona sul, que faz fronteira com Conacri, terrível em termos
de geografia, e que seria comandada por Nino Vieira, iria ser o ponto de
partida da guerra na Guiné. Tite, um quartel da tropa portuguesa, foi
escolhido para a primeira investida noturna do PAIGC. É conhecido por ser o
local do primeiro tiro. E ainda se comemora como tal. É uma data.
O quartel português de Tite ainda lá está. Mas em
escombros. Restam as paredes e como sempre o mato vem reclamar o que lhe
pertence. Ainda foi ocupado pela tropa guineense, mas abandonado em 1994. A
poucos metros, impassível, está um poilão, uma magnífica árvore sagrada
com dezenas de metros de altura. À sua sombra, os velhos. E, com eles, a
memória. Logo ali dois que lutaram no exército português. Pedro Ussumani, 66
anos; e Brema Jasse, 73. Foram tropa feijão-verde. Brema, aliás, passou de soldado
‘tuga’ a coordenador do PAIGC, e fala desses tempos com cumplicidades e
risadas. “Querem um terrorista? Vamos a casa do grande bazuqueiro”, e lá
caminhamos umas dezenas de metros até à casa de Braine Sane, 63 anos, o tal
artista da bazuca. Tudo amigo. “Fomos soldados, não há rancores”, diz.
Ussumani vai adiantando “que depois das descolonizações
há sempre uns exageros”. Mas a questão não era entre guineenses, era da
política de Salazar. Gostava de acabar nesta frase. Não posso. Da mesma
maneira que entre os jovens não há grande ligação com o poder colonial, há
um saudosismo verbalizado sem medo na geração mais velha. Até em combatentes
da libertação. Um cansaço da instabilidade. Da destruição. Da pobreza.
Mais do que do resto. O que confunde. E ouve-se isto. “Se era para ficar assim,
sem nada, com este braço sem força devido aos estilhaços, não tinha ido
combater”, diz o bazuqueiro do PAIGC.
E o tal primeiro tiro, como foi? O homem que o deu morreu
há poucos meses. E eis que chega à sombra do poilão Pape Dabo, 89 anos, um
homem pequenino. Não sabe de ouvir dizer. Esteve presente no ataque de 23 de
janeiro de 1963 e participou nas reuniões que decidiram a operação no
quartel de Tite. Tiro? Não foi tiro. “Só tínhamos dez armas e a sentinela
estava a dormir e, quando avançámos pela porta do quartel, matámos o homem
com um canhaco.” Canhaco? É uma lança que se põe num arco. Mas foi com a
mão. Perfurou-lhe o pescoço.
Ussumani vai adiantando “que depois das descolonizações
há sempre uns exageros”. Mas a questão não era entre guineenses, era da
política de Salazar. Gostava de acabar nesta frase. Não posso. Da mesma
maneira que entre os jovens não há grande ligação com o poder colonial, há
um saudosismo verbalizado sem medo na geração mais velha. Até em combatentes
da libertação. Um cansaço da instabilidade. Da destruição. Da pobreza.
Mais do que do resto. O que confunde. E ouve-se isto. “Se era para ficar assim,
sem nada, com este braço sem força devido aos estilhaços, não tinha ido
combater”, diz o bazuqueiro do PAIGC.
Mas voltemos um pouco atrás. Pape Dabo conta a história do
ataque como já a terá repetido centenas de vezes. Não permite
interrupções. Ele é o narrador e o dono da versão. Começa com ele e o
irmão no quartel, a trabalharem como padeiros dos portugueses, e termina
depois do ataque com ele a voltar a ser reconhecido pelos militares portugueses
como um “dos bons” e, assim, a poder espiar. Pelo meio, o ataque: divididos em
quatro grupos, só o primeiro entra no quartel; os portugueses acordam; os tiros;
as mortes do lado dos ‘tugas’ terroristas (“terroristas eram vocês do PAIGC”,
diz Pedro); depois, teve que voltar no outro dia, foi obrigado a ver os
cadáver dos companheiros mortos e ter de fingir que não os conhecia. E
recorda ainda quando o comandante alinhou a população na praça em frente ao
quartel e disse:
“A guerra começou.”
A guerra colonial na Guiné, começou em Tite há sessenta e dois anosanos.
Nesta foto tirada há
poucos anos, estão alguns guerrilheiros que fizeram parte do primeiro ataque a
Tite e que marca o inicio da Guerra colonial na Guiné - 23 de Janeiro de 1963.
"N o dia 23 de Janeiro de 1963, teve início a luta
armada na Guiné. Neste dia o PAIGC - Partido Africano para a Independência da
Guiné e Cabo Verde, fundado por Amílcar Cabral, através de um grupo de
combatentes sob o comando de Arafam Mané (N'Djamba), atacou o quartel de Tite.
A Guerra do Ultramar, começava na Guiné.
As várias equipas preparadas para atacar o quartel partiram
de uma aldeia próxima de Nova Sintra. Reuniram-se numa mata próxima de Tite
muito cedo, de manhã, à espera da hora para atacar. Havia apenas uma arma por
cada dez homens, estando os outros combatentes armados com catanas e paus. O
ataque iniciou-se apenas à uma hora da madrugada.
No rescaldo do ataque os combatentes do PAIGC tiveram dois
mortos e dois feridos.
O nosso amigo António Vilão, completou hoje dia 16 de Janeiro, mais um aniversário.
Desejo que estejas bem companheiro.
Que contes muitos mais anos companheiro, com saúde, junto
dos teus familiares e amigos.
MUITOS PARABÉNS
Abraço.
Leandro Guedes.
O nosso companheiro Joaquim Agostinho Fernandes , do pelotão de Morteiros, completa hoje mais um aniversário.
Muitos parabéns amigo, que contes muitos com saúde e bem
estar junto dos teus familiares e amigos.
Um forte abraço.
Leandro Guedes.
De João Caldeira Heitor:
“O Natal é um período em que algum dos valores mais nobres
da essência humana são recordados e relançados para o íntimo de cada pessoa.
O convívio das famílias (livres de dogmas e repletas de
imperfeições terrenas) consubstancia a relação mais pura e próxima que, ano
após ano, mesmo entre distâncias e proximidades geográficas, se valorizam os
momentos que a vida lhes proporciona.
Vivemos um período em que a guerra na Ucrânia ou no Médio
Oriente leva a que milhões chorem a dor da perda e do sofrimento. Ao mesmo
tempo que outros (que têm a sorte de viver num país com paz, segurança) trocam
prendas e participam em festas.
O tempo de valorizar o melhor que temos e podemos dar,
sempre foi, é e continuará a ser uma atitude inteligente só ao alcance de
homens e mulheres livres, de bons costumes.
Que a luz e a clarividência nos permitam ver sempre mais
além, no tempo e no espaço, em cada ação que tomanos em mãos
A acompanhar esta reflexão deixo uma fotografia de um amor
perfeito: que tem tanto de perfeito, como de imperfeito e mesmo assim não deixa
de ser uma flor tão sensível... tal como o Homem...”
De João Caldeira Heitor.
O nosso amigo de Peniche, o Joaquim Henriques, completa hoje mais um aniversário.
Muitos Parabéns amigo, que contes muitos com saúde, junto
dos teus familiares.
Um grande abraço.
Leandro Guedes.
O nosso amigo José Alberto Gonçalves completa hoje mais um
aniversário.
O Zé Alberto é meu amigo desde a escola primária, esteve na
Guiné como furriel, ao mesmo tempo que nós.
Tivemos hoje uma animada cavacada por telefone., recordando
velhos tempos, velhos nomes e velhas brincadeiras. .
Mais um companheiro a festejar hoje o seu aniversário - o Alberto Sousa, furriel do CA., do Cartaxo
Muitos parabéns amigo, muita saúde para ti e familiares e
ganha forças para estares presente no próximo almoço.
Forte abraço.
Leandro Guedes.
O nosso amigo Pica Sinos, completa hoje mais um aniversário.
Que contes muitos companheiro, com saúde e bem estar, junto
dos teus familiares e amigos.
Um grande abraço.
Leandro Guedes.
Camerata Vocal de Torres Vedras
Hoje é um dia muito triste.
A Camerata perdeu, na noite passada, a sua pedra basilar.
Partiu o nosso querido Zé António, que esteve na origem da criação e preparação
da nossa Associação e que assumiu o cargo de primeiro presidente da Direção, no
início dos anos 80.
Num sentimento de enorme choque e tristeza, a inquietação
vai-se aveludando pela onda de amor que surge das calorosas e profundas
palavras que nos chegam de todo o lado, coralistas, amigos, família.
“A Camerata acaba de perder, de longe, a sua figura mais
importante de sempre.”
“… uma das primeiras figuras que surgem no imaginário de
cada um de nós, quando pensamos na Camerata.”
“…um poço de vitalidade, jovialidade, amizade e sabedoria,
de que vou sentir muita falta.”
“Muitos anos de cumplicidade entre sons e silêncios.”
“Além de meu professor, no seminário de Penafirme, foi um
guia em toda a minha participação na vida da Camerata.”
“Foram milhares de ensaios e centenas de concertos vividos
lado a lado…”
“O seu sorriso e energia positiva eram contagiantes.”
“Com um tacto inigualável que o fazia ter sempre a palavra
certa.”
“Uma figura verdadeiramente ímpar com um humor muito
singular e muito solidário para com o grupo.”
“…o pilar e a alma da Camerata.”
Nos últimos tempos, a falta de saúde fê-lo perder a energia
a que sempre nos habituou, mas, apesar disso, continuou a frequentar todos os
ensaios, com a sua pontualidade religiosa, cantando com a sua inconfundível voz
grave e proferindo — fruto do seu enorme sentido de humor — as frases jocosas,
meio em surdina, que tanto nos faziam rir.
É impossível imaginarmos a Camerata sem o Zé António, mas
estamos certos de que as vivências e memórias com que nos presenteou ao longo
dos anos — exemplo de vida associativa e dedicação — serão mais do que
suficientes para que ele esteja sempre presente em cada ensaio, em cada
concerto, em cada viagem e em cada um de nós.
Zé António, obrigada por ser uma inspiração para todos.
“Bravo, Bravíssimo!”
Ao Eugénio, à Margarida e à querida Francisca, que sempre
acompanhou a sua alma-gémea a todos os concertos e viagens, um abraço muito
apertado da família Camerata.
Hoje é, mesmo, um dia muito triste. 💫
O Blog Luis Graça, publicou hoje um artigo sobre mais um livro do camarada Jorge Martins Barbosa que era militar no Batalhão que nos foi render em Tite.. Entre outras localidades é referida Nova Sintra e é mostrada uma foto do nosso saudoso Alferes Vaz Alves.
Fui alertado para este artigo pelo Hipólito, a quem agradeço
e vamos publicá-lo com a devida vénia ao blog Luis Graça, que não se cansa de
trazer à memória de todo um povo, o que se passou na Guerra Colonial.
Bem hajas!
“Guiné 61/74 - P26226: Notas de leitura (1751): A Guiné Que
Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV 2867 (2) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil
Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data
de 16 de Agosto de 2023:
Queridos amigos,
Quero, antes de mais, manifestar a minha profunda admiração
pelo trabalho do coordenador deste livro recheado de testemunhos, relatos
militares, alguns deles comparados com documentação do PAIGC depositada na
Fundação Mário Soares, para além do acervo fotográfico, de uma abundância
raramente vista. Se o primeiro episódio foi dedicado aos "Falcões", a
CCS do BCAV 2867, passámos para Nova Sintra, seguimos em direção a Jabadá e
voltamos aos "Boinas Negras" que andaram por Tite, Nova Lamego e
Fulacunda. Esta unidade combateu na Guiné nos anos de 1969 e 1970, goste-se ou
não são um exemplo acabado que mesmo na nossa idade avançada é sempre possível
cumprir o dever de memória e deixar um belo testemunho para as gerações que nos
sucederem e mesmo para os investigadores que seguramente quererão saber mais
sobre aquele território e aquela guerra que mudou Portugal e trouxe a África a
novos países.
Um abraço do
Mário Beja Santos
A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre unidades do BCAV
2867 (2)
Mário Beja Santos
O livro Histórias dos “Boinas Negras”, referente à comissão
da CCAV 2482 foi o rastilho de pólvora para que as restantes unidades do BCAV
2867 se pusessem em movimento. Conforme refere o coordenador, Jorge Martins
Barbosa, antigos combatentes dos “Falcões” da CCS, dos “Cavaleiros de Nova
Sintra” da CCAV 2483 e dos “Dragões de Jabadá”, da CCAV 2484 aderiram com os
seus testemunhos, assim surgiu este extenso documento que é um misto de
história e de literatura memorial.
Feitas as referências aos “Falcões” (CCS do BCAV 2867)
caminhamos agora para Nova Sintra, vão testemunhar alguns dos “cavaleiros”. O
1.º comandante da CCAV 2483, Joaquim Manuel Correia Bernardo, gravemente ferido
por uma mina antipessoal, faz o relato da viagem de Bissau para Bolama, daqui
para S. João e depois o porto de Lala, em LDM. “Nova Sintra era um aglomerado
de abrigos enterrados dispersos em círculo e limitados por duas fiadas de arame
farpado, no meio de uma mata ameaçadoramente densa. Fora do arame farpado
estava uma pequena pista de aterragem e um campo de futebol. O povoado que dera
nome ao aquartelamento distava cerca de 2 km e estava completamente destruído e
invadido pelo matagal. O aquartelamento estava num estado lastimável. Limpámos,
campinámos, abrimos as estradas para S. João e Tite, levantámos algumas
edificações à superfície para nos ajudar a respirar melhor, melhorámos as
captações da água e a pista de aterragem.” Refere a aziaga operação na região
de Buduco em que se acidentou, manteve laços de amizade com estes cavaleiros e
passado todos estes anos confessa que teve o privilégio de ter vivido com estes
jovens e orgulho em ter feito parte dos “Cavaleiros de Nova Sintra”.
Há um outro relato de Aníbal Soares da Silva, furriel.
Renova a observação do testemunho anterior sobre o estado do quartel que foram
encontrar, conta umas boas peripécias, era vagomestre e não deixa de sublinhar
as dificuldades no abastecimento: Bolama comprava todos os galináceos em S.
João, as colunas do abastecimento conheceram minas anticarro e esmiúça os
aspetos da alimentação: “Durante um mês, em 27 dias eram fornecidas refeições à
base de enlatados: chouriço, sardinha, atum de conserva, dobrada liofilizada,
que era intragável. Uma vez por mês eram recebidos géneros frescos (sardinha ou
carapau, frango, ovos e alguns legumes), que tinham de ser consumidos em três
dias, dada a precariedade das arcas congeladoras. Durante esses três dias e à
noite, dois homens faziam vigilância ao bom funcionamento das arcas. Um frango
(por homem) podia dar para duas refeições, mas tinha de ser consumido quase de
imediato, porque senão estragava-se. O grão-de-bico, o feijão frade e branco, o
arroz e o esparguete, eram a base diária das refeições. Depois, era só juntar o
chouriço. Saía-se da monotonia quando se apanhavam javalis ou gazelas.” Dá-nos
conta do que eram os entretenimentos e os dias de festa, mas foca a sua atenção
nas tensões vividas nas colunas de reabastecimento. Mais adiante observa que
terminada a permanência em Nova Sintra rumaram para Tite para completar os 22
meses de comissão.
Entram agora em cena os “Dragões de Jabadá”, que chegaram à
sua base em 7 de março. O autor faz a apresentação do aquartelamento: “Jabadá
estava situado, desde 1965, junto à margem sul do rio Geba, em Jabadá Porto,
com cais acostável tanto para embarcações civis como para lanchas da Marinha.
Junto, estava uma grande tabanca da população das etnias Balanta, Biafada e
Papel, num total superior a mil almas – a mais numerosa de todo o setor. A
maior parte das populações, obrigadas ou não, estava sob o controlo do IN, a
quem tinham de dar apoio em alimentação e alojamento.”
Contribui com o seu testemunho o ex-soldado Carlos Alberto
dos Santos Serra. Espertalhaço, tudo fez para se mostrar doente e incapaz para
o serviço militar, os médicos não se compadeceram. Descreve assim Jabadá: “A
aldeia estava concentrada num círculo e para a proteger estavam colocados
abrigos 200 em 200 metros, pouco mais ou menos, e era nesses abrigos que nós
vivíamos e nos defendíamos do inimigo. O povo normalmente jogava com um pau de
dois bicos: davam-nos informações quase nunca precisas, mas a quem ajudavam era
sempre o inimigo e, por esse motivo, de vez em quando, lá tínhamos nós de ir
mandar uma dessas aldeias pelo ar, salvaguardando sempre a população, que, no
caso de não ter tempo de fugir, nós acabávamos por trazer sem animosidades ou
maus-tratos. Os soldados portugueses eram exemplares, mantendo sempre um
comportamento calmo e pacífico, tanto com os inimigos capturados como com a
população, na maioria das vezes trazida para Jabadá, onde eram alimentados e
mais tarde distribuídos pelas casas de familiares e amigos, onde com o tempo se
acabavam por integrar. Deste modo, íamos conquistando a população para o nosso
lado, que com o tempo fez aumentar Jabadá quase para o dobro.” O Carlos Santos
Serra tem uma escrita estimulante, é bom observador, gosta da galhofa e sabe
curvar-se respeitosamente por quem sofre ou morre. Não esqueceu os dois meses
passados em Tite, detalha a fuga do Cochicho para território da guerrilha, ele
apareceu a falar na rádio Voz da Liberdade e voltou a Portugal depois do 25 de
Abril. Relato extremoso, há sempre um sorriso nos lábios e uma impressionante
lembrança de nomes e situações.
E vamos agora de novo falar nos “Boinas Negras”, sediados em Tite, novo preâmbulo para referir o inicio das hostilidades dos movimentos independentistas, depois vem a descrição da população de Tite, como um dos pelotões desta companhia foi transferido para Nova Lamego, lembra Cabuca e Canjadude, é referido um nosso confrade, o José Marcelino Martins. Soube-se em Nova Lamego que estava a ser planeado pelo PAIGC a operação Tenaz B que tinha como objetivos criar condições para atacar Gabu, Piche, Buruntuma, Canclifá e quartéis da área de Pirada, plano minucioso assinado por Amílcar Cabral em finais de março de 1969. Não são esquecidos os melhoramentos em Tite no aquartelamento e na tabanca. Mas ainda falta falar em Fulacunda, será matéria para o último texto desta apreciação de a Guiné que conhecemos, não é possível esconder admiração pelo desvelo do coordenador da obra, Jorge Martins Barbosa, que com muita paciência recolheu testemunhos e incorpora na obra um número admirável de imagens, comparando os relatórios das operações com a documentação do PAIGC coeva, depositada na Fundação Mário Soares.
A importância estratégica de Nova Sintra
Imagem proveniente do blogue BART 1914, pelo Alferes Vaz
Alves, com a devida vénia
Aquartelamento de Jabadá, na margem esquerda do Rio Geba,
imagem retirada do nosso blogue
(continua)
_____________
Notas do editor
Vd. post de 25 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 -
P26191: Notas de leitura (1749): A Guiné Que Conhecemos: as histórias sobre
unidades do BCAV 2867 (1) (Mário Beja Santos)
Post anterior da série de 29 de novembro de 2024 > Guiné
61/74 - P26213: Notas de leitura (1750): O Arquivo Histórico Ultramarino em
contraponto ao Boletim Official, até ao virar do século (4) (Mário Beja Santos)”
Carlos Alberto Martins Costa
Era en Tite, condutor do jeep do Capitao Paraiso Pinto, Comandante da CCS do Bart 1914
Mora em Pedrulha, Coimbra.
De Hipólito de Almeida e Sousa:
Estive, hoje, nas exéquias fúnebres do n/José Narciso Costa.
Do que me apercebi, marcaram presença:
O Daniel Pinto, acompanhado do filho, o Ilidio Matos, o Manuel Oliveira Barbosa, do Pel. Mort. e o Carlos Dias Martins (este, segundo informação dos dois primeiros, já que, in loco, não o identifiquei).
E é tudo.
Nota - O Carlos Dias Martins, mora em Sequeira, Braga e em Tite era carpinteiro.
Muito obrigado a todos os amigos que acompanharam o nosso companheiro Narciso até à última morada e que levaram uma coroa de flores.
Bom dia, mais um heroico Guerreiro nos abandonou, sou filho do José Narciso Costa, as cerimónias fúnebres serão em Sequeira Braga amanhã velório segunda feira funeral 11h
Cumpr Rui Costa
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A noticia caiu que nem uma bomba:
FALECEU O NOSSO AMIGO NARCISO COSTA.
O Narciso era um individuo muito querido por todos os
companheiros do BART 1914/CCS.
Apesar do seu sofrimento esteve sempre presente nos nossos
almoços, que para ele era o ponto mais alto da nossa amizade.
O Narciso falava da sua doença sempre com um sorriso na
cara, como que a dar alento a quem com ele dialogava.
O Narciso é um amigo que deixa saudades, muitas saudades.
Chegas ao Além por direito próprio amigo, eras um homem de
corpo inteiro!
Descansa em Paz Companheiro e Amigo..
Condolências muito sentidas à Esposa e Filhos.
Leandro Guedes.
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Faleceu José Narciso Costa.
Velório amanhã 24 de Novembro pelas 17 horas.
Funeral 2ª feira pelas 11 h da Igreja de Sequeira/Braga.