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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”


(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).

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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"

(José Justo)

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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”

"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"

António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente

referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar

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Eles,
Fizeram guerra sem saber a quem, morreram nela sem saber por quê..., então, por prémio ao menos se lhes dê, justa memória a projectar no além...

Jaime Umbelino, 2002 – in Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, em Torres Vedras
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”

Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.

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Sem fanfarra e sem lenços a acenar, soa a sirene do navio para o regresso à Metrópole. Os que partem não são os mesmos homens de outrora, a guerra tornou-os diferentes…

Pica Sinos, no 30º almoço anual, no Entroncamento, em 2019
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."

Francisco Silva e Floriano Rodrigues - CCAÇ 2314


Não voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.

Ponte de Lima, Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar


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sábado, 28 de novembro de 2020

O Pedro e o seu fato novo

 "Uma história veridica... já várias vezes contada!

O nosso brigadeiro Helio Felgas, homem culto, era na altura o comandante de Batalhão. O Pedro, soldado básico, oriundo do Algarve, homem simples. Mas o nosso comandante tinha pelo Pedro uma agradavel simpatia... E o Pedro, tinha um sonho: poder comprar um fato completo, camisa e gravata. Nunca na vida tinha tido tal património. E assim foi, logo que teve dinheiro comprou a indumentária completa, não me lembro já se foi no Djamil ou se foi em Bissau. Mas salvo erro foi o Serafim que ficou encarregue dessa compra nas suas deslocações a Bissau. O fato azul escuro, bom corte, veio e foi feita a prova. Assentava-lhe que nem uma luva e o Pedro era o homem mais feliz do mundo, de fato, camisa, gravata (e também sapatos novos, meias e cuecas novas...) e um rádio transistor que havia comprado há algum tempo.

Eis se não quando, dois ou três dias depois, o cap. Vicente me pede (?) que vá mandar vestir o Pedro a rigor, para ir ter com o nosso Comandante à messe de oficiais. O nosso Comandante soube que ele tinha um fato novo e queria vê-lo assim vestido. Fui à procura do Pedro e toca de o mandar para o chuveiro. O rapaz vestiu-se a rigor, fez a barba, penteou-se e até pôs fixador. Não me lembro se levou o seu rádio transistor, mas bem vestido no seu belo fato era um homem feliz e transparente. Só se ria, não tinha outra reacção, só se ria. Levei-o até à messe de Oficiais. O cap. Vicente fez as honras da casa. O nosso brigadeiro Helio Felgas, recebeu o Pedro com um sorriso aberto e franco, uma palmada afectuosa nas costas, conversou com ele, quis saber da sua familia, namoradas, e dispensou-lhe toda a simpatia. Fez-lhe um brinde com uma qualquer bebida, que não me lembro, a que corresponderam os oficiais presentes na messe naquela altura.

O Pedro foi um homem feliz... (alguém se lembra deste episódio ???)

 Leandro Guedes"


O nosso Comandante Brigadeiro Hélio Felgas e o Pedro


sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Pedro Soldado

Do Zé Justo (M.Alegre)

PEDRO SOLDADO.

Já lá vai Pedro Soldado

Num barco da nossa armada

E leva o nome bordado

Num saco cheio de nada.

Triste vai Pedro Soldado.

Branda rola não faz ninho

Nas agulhas do pinheiro

Não é Pedro marinheiro

Nem no mar é seu caminho.

Nem anda a branca gaivota

Pescando peixes em terra

Nem é de Pedro essa rota

Dos barcos que vão à guerra.

Nem anda Pedro pescando

Nem ao mar ditou a rede

No mar não anda lavrando

Soldado a mão se despede

Do campo que se faz verde

Onde não anda ceifando

Pedro no mar navegando.

Onde não anda ceifando

Já o campo de faz verde

E em cada hora se perde

cada hora que demora

Pedro no mar navegando.

E já Setembro é chegado

Já o Verão vai passando.

Não é Pedro pescador

Nem no mar vindimador

Nem soldado vindimando

Verde vinha vindimada.

Triste vai Pedro Soldado.

E leva o nome bordado

Num saco cheio de nada.

Soldado número tal

Só a morte é que foi dele.

Jaz morto.

Ponto final

O nome morreu com ele.

Deixou um saco bordado

E era Pedro Soldado.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Faleceu o José Pedro

 Caros  amigos ,informo que ontem á noite faleceu o vosso camarada de armas José Pedro Conceição e Sousa.

Ao que sabemos foi ataque  cardiaco. Encontra-se em Beja para autopsia. O funeral realiza-se logo que o corpo nos for entregue. Tanto quanto sabemos não tem nada a ver com o Covid. O Centro social dos Montes Altos responsabiliza-se por todos os actos e despesas com o funeral. Abraço a todos vós em especial a todos vós que visitaram o Zé Pedro nos Montes Altos.

Diogo Sotero

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Foi com pesar que soubemos do falecimento do nosso amigo Pedro.

Falei há pouco com o Sr. Sotero, que com emoção me relatou o que se passou. O Pedro faleceu em poucos minutos após se ter sentido mal.

Vai ser autopsiado em Beja, será feito o  velório no Centro dos Montes Altos e de seguida será feito o funeral no cemitério da Mina, ali bem perto da sua familia. O Pedro era uma figura carismática, homem simples, sem maldade, de quem todos gostavam, sempre pronto a dar uma boa gargalhada.

Nesta fotografia da prova do rancho, ele que era ajudante de cozinheiro, embora não soubesse ler nem escrever, está com dois colegas junto do oficial de dia, Alf. Ventura Vaz, hoje coronel.


Paz à sua alma!

Leandro Guedes

Nesta outra foto ele está com o nosso comandante de Batalhão na altura, Brigº Hélio Felgas


Nesta foto o Pedro está numa roda de amigos, na tasca do Branco, em Tite.


Nesta foto comigo (Guedes), quando da nossa visita ao Centro dos Montes Altos.



Quando da nossa visita aos Montes Altos, o Pedro fala ao telemovel com o Cavaleiro. Foi uma alegria para o Pedro e sei que para o Cavaleiro também.


 

Esta foto foi tirada no dia da nossa visita.




Este é o Emblema do Centro onde vivia o Pedro, a sua verdadeira casa. Pessoas com valores, solidários, preocupados com o bem do Pedro. Muito obrigado Senhor Sotero, Senhor Mário e restantes elementos do Centro Social dos Montes Altos. O nosso abraço.

 


MEMORIAS DO BART 1914

 MEMORIAS DO BART 1914

Caros Amigos

Como sabem está em fase de conclusão o nosso Livro de Memórias.

Este Livro vai ser enviado a todos vós em formato PDF, sem qualquer custo. Podem ler no computador ou podem mandar imprimir por vossa conta.

No entanto, se quiserem o Livro feito, com argolas, num formato conforme se junta uma fotografia, nós podemos mandar fazer e enviá-lo por correio.

A impressão do Livro que tem algumas páginas a cores, num total de 123 páginas, custa:

- em Torres Vedras custa 19,50 €. Desistimos desta proposta.

Como achamos um pouco caro, o nosso Capitão foi saber preços em Lisboa:

- para 30 Livros o preço é de 15,50 € por Livro

- para 50 Livros o preço será 12,20 por Livro

Acrescem a isto os 2,60 € para envio postal.

Precisamos de saber, o mais breve possível,  se estás interessado no Livro já feito, para concluirmos este processo.

A resposta pode ser enviada para o meu email

lg.tvedras@gmail.com





 Um abraço.

Votos de boa saúde.

Leandro Guedes.

26/11/2020

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Furriel João Leite - CCAÇ 2314

 

“O furriel João Leite – CCAÇ 2314

                Estávamos nos finais de 1967 e, à entrada do quartel de Tomar, cruzei-me com o João que trazia um braço ao peito e vinha abatido. Mal nos conhecíamos e não nos víamos desde os tempos da recruta, muitos meses antes. Nem sabia o seu nome tal como ele não saberia o meu. Satisfez a minha curiosidade dizendo que se chamava João Leite e que tinha tido um acidente…

                Despedimo-nos nesse dia e só voltámos a rever-nos no seguinte, na caserna que nos foi destinada. Ficámos a saber que o nosso destino era comum. Íamos formar companhia para depois seguirmos para o ultramar, mas nem sabíamos ainda para onde.

                Não sabíamos que os dois anos seguintes iriam ser muito cheios de emoções fortes, perigos, mas também de solidariedade só possível de construir nos momentos mais difíceis e de grande perigo.

                E vim a conhecer melhor o Leite e toda a equipa com quem fizemos grandes amizades.

                Passarei a designá-lo por Leite, pois era o nome que usávamos por lá e mais tarde, já no fim da guerra, quando nos encontrávamos por ocasião dos convívios.

                Afinal, era um homem diferente do que conheci à entrada do quartel, em Tomar. Era folgazão, brincalhão, sempre de boa disposição e muito bem humorado.

                Cedo demos conta de que se tratava de homem determinado, sabia o que queria, como queria e quando queria.

                Quis o destino que tivéssemos de viver o desastre de Bissássema onde ele, mesmo na linha da frente por onde o IN pretendia repetir o assalto, tal como fizera uns dias antes e se apoderara de armamento, equipamento e prisioneiros, soube infligir a maior derrota sofrida pelo IN durante toda a guerra que travou com o Exército português. Esta batalha nem consta da história de guerra do PAIGC.

                Outros desastres aconteceram nas nossas vidas e, em todos, o Leite teve participação com vantagens para o nosso lado.

                Desgostoso com o conformismo que reinava na companhia, decidiu formar o seu próprio grupo indo buscar os melhores de entre os melhores. E assim nasceu o grupo “OS BRUTOS”.

                E fizeram história deixando um rasto de medo nos grupos do IN. Estavam sempre na linha da frente. Tive o privilégio de os comandar nas ausências do Leite. Eram o escol da companhia. E ajudaram o seu comandante, o Leite, na conquista de uma condecoração justa e merecida, só atribuída aos bons. Uma “CRUZ DE GUERRA”.



                Mas nem sempre foi fácil a vida do grupo. Tiveram as suas horas más. Entre outras, talvez a pior, o acidente do Viriato Lopes.

                E assim se passaram dois anos de uma convivência fraterna, só possível em teatros de guerra.  Fizemos amizades para a vida. Ficaram as saudades dos amigos e de algumas, muitas vivências.

                Só voltei a ver o Leite passados alguns anos, por ocasião dos convívios a que ele não queria faltar, mesmo vindo de tão longe.

                Por fim, soube da sua doença. Fui dar-lhe o meu abraço numa das suas vindas a Lisboa para tratamentos. A doença venceu o homem. Mas não venceu o marido, o pai, o profissional bem realizado, o amigo e o camarada de quem todos sentimos saudades.

                O Leite ainda vive em nós. Até sempre, companheiro.

Joaquim Caldeira”

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Imposição da Medalha



Há precisamente quatro anos atrás, desloquei-me ao Quartel de Mafra, após convite para ir receber a Medalha das Campanhas e Comissões Especiais das Forças Armadas Portuguesas. A cerimonia decorreu na Sala Elíptica e cobriu-se de grande dignidade com a presença de vários Oficiais, Sargentos e Praças daquela Unidade Militar. Eramos 12 medalhados e respetivos familiares e amigos, sendo eu o único da Guiné. Estava também presente o amigo Augusto Pereira, de Vila Facaia, que prestou serviço em Moçambique. A imposição da Medalha foi feita a todos os presentes, pelo Senhor General João Manuel de Sousa Meneses Ormonde Mendes, comandante do Quartel de Mafra, que teve para com todos palavras de agradecimento em nome do País e do Exército Português.

Leandro Guedes


domingo, 22 de novembro de 2020

Lista de e-mails.

 MEMÓRIAS DO BART 1914. Estamos na fase final da elaboração dum livro de Memórias do BART 1914, que pretendemos enviar por correio eletronico. Depois quem quiser lê no computador ou então manda imprimir. Ou ainda, se quiserem ficar com o livro,  eu posso mandar imprimir e enviar por via postal tendo ainda de saber quanto custa a impressão e o envio por correio.

Agradecemos o favor dos seguintes amigos enviarem os seus emails para o seguinte endereço: lg.tvedras@gmail.com


Agostinho Fernandes – Morteiros

Alberto Camelo – Macedo de Cavaleiros

Alberto Freitas Garcia (Cabo Artur) – Beato, Lisboa

Alberto Silva Lopes – França

Alberto Sousa – Cartaxo

Alexandre Leal – V.N.Gaia

Alfredo Alves

Alfredo Silva Vinhas – Braga

António Alves Pereira – Esmoriz

António Barbosa Silva – Vila do Conde

António Cabrita Correia – Portimão

António Garcia da Costa – Ponte das 3 entradas

António Mesquita – Porto

António Moreira Pinto – Castelo de Paiva

Armando Viana – família

Arménio Carvalho – Mercês

Artur Carreira Guimarães – São Jorge

Bernardino Vieira, Cabito – Penafiel

Candido Teixeira – Guimarães

Capitão Jesus Costa – Porto

Carlos Azevedo

Carlos Leite – Linhó

Carlos Martins – Braga

Carlos Martins – Coimbra

Carlos Pires – Cascais

Contino

Coronel Ventura Vaz

Costa e Silva – Braga

Daniel Silva Pinto – Ponte de Lima

Eduardo da Silva Pinto – familia do Pintassilgo

Ernesto Bento Rosa – Amora

Eusébio – Barcelos

Eusébio Lopes – Ponte de Lima

Fernando António Alves (alferes) – Oeiras

Fernando Clara – Vilar Formoso

Francisco Costa Ribeiro – Guimarães

Francisco Ramos - Mértola

Francisco Silva – França

Furriel Ramos – Figueira da Foz

Guilherme Figueiredo -Águeda

Hernani – Moreira da Maia

Ilidio Matos – Braga

João Carlos Aleixo Lopes – Odivelas

João da Costa Matos – Barcelos

João Maria Ribeiro da Silva – Porto

João Pintão Antunes – Coimbra

Joaquim António de Almeida – Pinhel

Joaquim Chaparro – Alentejo

Joaquim Correia – Linhó

Joaquim Henriques – Peniche

Joaquim Melo – Azeitão

Jorge Carvalho Silva – V.N.Gaia

Jorge Gouveia

José Batista da Mota – Sandim

José Esteves Luzio

José Florindo da Silva – Alvaiázere

José Luis Costa – Prior Velho

José Silva Maia – Penafiel

José Simões Sequeira – Coimbra

Luis Fernandes – Guarda

Manuel Abreu – Lisboa

Manuel António Pereira – Barcelos

Manuel Ferreira Araujo – Espinho

Manuel Jorge Correia – Famalicão

Manuel Mendes Flores – Forte da Casa

Manuel Moreira Fazendeiro -  Lavradio

Manuel Oliveira Barbosa, Morteiros - Braga

Manuel Sousa Duque – Almada

Mário Rodrigues

Mário Soeiro – Odivelas

Nelson Vieira Alves – Marinha Grande

Oliveiros Pinto

Prestes – Daimler 1131

Sopinha

Tony dos Morteiros – Castanheira de Pera

Victor escriturário

Vitor André Sacavém

Vitor Barros – Filha

Vitor Hugo Carvalho – Arruda dos Vinhos

 


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Parabéns Carlos Leite


O nosso amigo e Companheiro Carlos Leite, o Reguila, passa hoje o seu 76º. aniversário.

Para ti amigo Carlos os nossos votos de boa saúde e bem estar junto dos teus familiares.

MUITOS PARABÉNS!
Que contes muitos.

Leandro Guedes.






 

sábado, 14 de novembro de 2020

A MISÉRIA DOS DIAS...

 A MISÉRIA DOS DIAS

Este o tema proposto a vós, Camaradas e Amigos meus.

Sem mais preâmbulo, abraços saudosos dos reais - ''um dia...'', me dizem! -.

Parti, pois, à leitura das linhas versificadas com que vos presenteio, no dia de São Martinho!

Bora lá:


===

A MISÉRIA DOS DIAS

-

Não sei se tenho algum dia garantido ou não no Éden lugar

Pois que a mim mesmo o imprescindível é ir avante, futurar

O que seja o porvir que, a cada qual, cresça ou vem a dar.

-

Nestes termos e posto que avançando vamos e cremos

Nos dias que correm seja bom, real e prático ao menos

E nas condicionantes do ser e devir valha bem o labutar.

-

Será que é complexo, duro de ouvir, difícil de mastigar?

Será que os dias correntes têm um sentido, um lugar?

Que nos dêem e mal, alegria, paz, saúde, prazer salutar?

-

Pois então aí tendes, amigos meus, muito queridas meninas,

O que saiu desta mente em ebulição constante, em neblinas,

Sim, que as há, quando olho para esta pagela branca, virgem,

-

À espera de um como tantos que com tintas, letras, a tingem

De mil fantasmagorias negro-rubras e irisdicentes tonalidades,

Senão mesmo, com brandura de tons pastéis, em futilidades!

-

Mas, ao que vim, amigos meus, nesta compita, aqui proclamar?

Sim, foi isso. A desdita dos dias que vogam, em mansa deglutição,

De seres-entes determinados, costumeiros, algo desajeitados,

-

Frente ao universo das pré-estabelecidas loucuras, desventuras

E doutras mais que muitas ingratas tontices, vulgarmente aceites,

Mau grado querelas, desforços, guerras de manjerona e azeites! 

-

Aí está porque assim titulei versos pouco dados, de mansinho,

Concretos como punhos, se atentarmos o que corre de grunhos

Anafados e crentes: pudera não, para eles nada mal vai na mente!

-

A pandemia viaja, célere, convicta, em mui grande malandragem,

A par com outras conezias, vidas fáceis, sem horizonte, ou viagem

Conhecida ou tida como futuro, e dê azo a lúcido pensamento.

-

Queirais vós, no instante, travessura, alegria intensa, breve, fútil,

Sossegardes por minutos, sentardes, parardes de um caminhar útil,

E reflectindo, sem máguas, para dentro olhardes, neste intento?

LMD, 11.11.20.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Cozido à Portuguesa

 Com covid ou sem ele, é desta que bamos a Biana...ou a Baltar, comer o cozido prometido.! (Adivinhem quem escreveu isto, diz o Hipólito!)


A PROPÓSITO DO COZIDO À PORTUGUESA

Finda que está a reflexão psicológica prometida, aqui vai o resultado final desse estudo

receita: boa disposição

Que tal, em fado, 

mal fadado,

aqui, cá por cima

no Minho 

que não sendo terra de fado,

é de vira

é de festa.

É de concertina, 

é de sarrabulho, de cabrito, de bacalhau, 

de boas carnes.

Sim de boas carnes,

tão boas 

que fazem o prazer de muitos,

à mesa,

num farto e saboroso 

cozido à Portuguesa.

Também é terra de peixe.

Nesta altura 

do sável.

Da lampreia. 

A doçaria minhota.

O vinho,

O vinho, vinhão, 

verde, branco ou tinto.

Fresquinho!

Mas o prometido foi o cozido.

Eu sei.

Animados?

Vamos a isso?

Digam o que vos vai na alma.

Eu estarei cá 

para organizar, receber, provar, 

comer e conviver. 

Digam se tem pernas para andar!!

Mas……….

E o coronavírus?!!

Foi mau olhado!!

Logo, nesta altura

que tudo encaminhado estava

Para satisfação da gula 

daqueles que desconfiavam

que tal tarefa 

pôr em prática não conseguiria.

Foi estranho, muito estranho. 

Tentei adivinhar,

mas não consegui.

Consultei videntes e cartomantes,

magos e bruxos.

Consultei a Marlene e a Joana

a Maya e o Cardoso.

Nada.

Por instintos africanos

e já em desespero

consultei o

Mamadu Aliu Djalo

Ai este cabeço….. 

Imperdoável esquecimento! 

Logo à primeira!

Consegui!! Soube tudo!!

Em surdina vos digo:

Uma palavra bastou:

Baltar! 

Baltar! Baltar!

Foi o Hipólito!!

Só pode!

Esse sacrista

e os seus deuses

Ele que acredita na existência

do evangelho, mas também

no alcorão

em profetas como Abraão

mas também em Jesus

que acredita em Meca, Medina

mas também em Jerusalém

Foi Ele

Que de colaborador

responsável em quem eu confiava,

na logística,

na qualidade das carnes 

e nos legumes e nas verduras,

foi Ele quem encomendou 

aos seus deuses  

que tamanha peste viesse

que advertiu tudo e todos

que quarentena fizessem

por muito, por muito tempo

pelo tempo necessário

até que a penca murche,

até que a cenoura o nabo e a batata

apodreçam,

até que a carne, o presunto e os enchidos

fiquem rançosos!

E saindo bem consigo,

com falas mansas,

alerta a malta

(recordam-se?)

que razões estranhas 

impossibilitam o convívio

por terras do Minho!!

E eu?

Contra Baltar

Contra o Hipólito

Contra o coronavírus

Nada posso fazer.

Nem fármaco

Nem vacina 

Nem bagaço

que lhes resista!

Fico ansioso

Tenho medo!

Não volto ao Mamadu Djalo!

Fico em casa

Esperando que 

Allah esteja sempre connosco

e que

Deus nos abençoe e proteja.

Fiquem em casa.

Não faltarão dias para um

Bom cozido â portuguesa

Aqui no Minho

Prometo

Se o Hipólito colaborar!!!!

Março/2020

A propósito deixo-vos com um belíssimo poema que tem a ver com tudo e com……………………cozido à Portuguesa!!!!!

"UMA VIA À PORTUGUESA

(Fado chuchialista)

Eu cá

quero é

o socialismo à portuguesa,

de moreno rosto,

uma via nova,

ainda não trilhada, 

com a chispalhada,

com a feijoada,

com o entrecosto…

É nisso que acredito

e tenho fé.

Uma via original,

à portuguesa,

com o trabalho e o capital

sentados à mesma mesa,

no ministério do dito.

É nisso que eu acredito.

E não me venham falar

de revoluções impossíveis,

importadas do estrangeiro.

Não há nada neste mundo

como o suculento cheiro

do cozido à portuguesa. 

Para fazer um bom cozido

é preciso juntar tudo,

o toucinho

e a nabiça,

a batata,

o chouriço,

a hortaliça,

a couve branca,

a carniça…

Se não está lá dentro tudo,

já não é um cozido à portuguesa.

Eu quero é uma revolução

que seja proletária,

enfim, está bem,

mas que também

seja burguesa.

E tudo o resto são tretas,

tudo o resto é utopia,

eu quero o chouriço de sangue,

a carniça,

a democracia,

a orelha de porco,

a carne de vaca,

o chispe à vontade,

eu quero é toda aquela chicha boa,

e depois,

sair por aí,

correr por Lisboa,

a arrotar a liberdade!"

José Fanha, em "OLHO POR OLHO", 1977. 

Nota - Adivinhem quem escreveu isto???...


CCAÇ 2314

 Recordando...

Faz hoje 51 anos que a C. Caç 2314, no dia 8 de Novembro de 1969, desembarcava no Cais da Rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, depois de cinco dias de viagem entre Bissau e Lisboa, no navio Uíge. Terminava, assim, o desejo de regressar à sua terra natal e a ansiedade de poder abraçar os seus familiares e amigos. Para trás, ficavam as “Terras da Guiné”, as bolanhas de Tite, o terror de Bissassema, o sacrifício de Nova Sintra, a “comissão de serviço” em Fulacunda, a passagem rápida de alguns, por Bedanda, Bambandinca, Chumael, Xitole, Cansongo, Madina Mamadubuco e Afiá e as férias de poucos em Bissau.

Após formatura em parada, foi a desmobilização na sua Unidade Mobilizadora, o RI 15, em Tomar e o regresso a casa…

Do mesmo local e no mesmo navio, tinha embarcado no dia 10 de janeiro de 1968, pelas 12 horas, com destino à Província Ultramarina da Guiné para cumprir a sua “Missão para com a Pátria”.

Muitos já não estão entre nós..

8 de Novembro de 2020.

JTrabulo


Jorge Claro


 Parabéns Jorge Claro. Votos de boa saúde. Um dia de aniversário bem passado.

Um abraço.

Leandro Guedes.




domingo, 8 de novembro de 2020

José Manuel Amaro Santos.

O nosso amigo José Manuel Amaro Santos, mais conhecido por Alcântara, passa hoje  mais um aniversário.
Votos de boa saúde junto dos teus.
Um abraço.
Leandro Guedes






 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Embaixador Malan Djassi


Muitos Parabens, Sr. Embaixador Malan Djassi, neste dia do seu aniversário.

Votos de boa saúde e bem estar, para o Senhor e sua Esposa. Que tenha um dia muito bem passado.

Um abraço. Leandro Guedes.

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Estimado Leandro Guedes, muito obrigado pelas suas palavras, neste dia do meu aniversário. O seu blog tem sido, para mim, tem sido muito importante no resgatar de memórias da minha infância, em Tite. Os meus maiores agradecimentos.

Malan Djassi