O nosso capitão Paraiso Pinto, pediu para partilhar a
excelente relação que sempre teve com o então Capitão Neves, comandante da CCAÇ 2314,. Com
ele passou serões muito agradaveis de conversa interessante e bem disposta. Era
uma pessoa leal e que estava sempre presente quando era necessário naquela
terra de conflito. O capitão Paraiso Pinto ficou emocionado com o falecimento
do seu amigo Coronel Neves e endereça à familia os seus mais sentidos pêsames.
34º almoço em 2025 - Figueira da Foz - Quinta da Salmanha.
sábado, 29 de agosto de 2020
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Homenageando o Senhor Coronel Joaquim Jesus das Neves
CCaç 2314 - Age Quod Agis
4 h ·
A família da CCaç 2314 ficou, hoje, mais pobre, o seu
Comandante e Amigo deixou de estar entre nós. Fica-nos a sua recordação de
durante quase dois anos, 1968/1969, na Província da Guiné, termos constituído
uma família que teve continuidade até hoje e que certamente continuará com
gratas recordações de uma forte amizade...
Até um dia bom Amigo!
João Trabulo, Coronel
Faleceu o Senhor Coronel Joaquim Jesus das Neves
Boa tarde, companheiros.
É com muito pesar que comunico o falecimento do nosso
comandante e amigo, senhor Coronel Joaquim Jesus das Neves.
Ainda não se sabe quando nem onde terá lugar o seu funeral.
Qualquer informação adicional será transmitida.
Saudações.
Joaquim Caldeira
28/08/2020
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À familia enlutada endereçamos as nossas sentidas condolências.
BART 1914.
terça-feira, 25 de agosto de 2020
"Pobres Tolos, carregam em si flores"
''Pobres Tolos, carregam em si flores''
-
Meio perdidos por aqui, encontrei na tábua de trabalho uns
versos, inacabados. Falam seriamente de gente pacífica e de bem, que por aí
topo, nas vagabundagens! Porventura com a Lua em vai-vém naquelas cabeças
endoidadas, usam cobrir-se de flores - como fadas - os coitados! Têm pouco
juízo, pensamos! Isto é, às vezes, o que se nos aparenta. Assim será 'aquela'
(deles) realidade?
-
Abraços estreitados, a todos vós, Camaradas e Amigos, que me
estimais, bem quereis.
Vamos lá, então, à leitura, aos vossos comentários:
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''Pobres Tolos, carregam em si flores''
-
‘’Os pobres tolos,
Que em todas as aldeias existem –
Teixeira de Pascoaes no-lo escreve
Não recordo onde –
Vestem-se de flores!’’
-
E por môr do quê me sugerem
Senão à razão e causa de dores?
-
Não lo é só em aldeias, que as vestem…
O trato, agora em fala, tem-me convencido
Por dessas fotos-imagens ter algures vistas,
E num qualquer pedinte aparecido.
-
Em cidades de hoje, seja, ou nas vilas,
Vindos se calhar daqui – ora, ora! -,
Ou possivelmente de fora.
-
Maltratados, sujos
Pés feridos, desnudos,
Por gélidas carreiras, em vadiagem
De ambulante, lenta rota,
As nuas plantas, ramos, arbustos
E profusão de flores
De que mal tomei nota,
Oh, como são belas!,
De fino recorte nas pétalas
De pé, dobrado ou singelo,
O que importa é que é belo,
Seja por mania ou adereço
Delas se cobrem a gosto,
Sobre trapos de roupagem, aposto!
-
Vêm com que alegria branda
A inventar mitos, cores, em franja…
Disfarçam-se de loucos canteiros
Verdes-em-riste, rubro-amarelados-velhos…
-
Dos pés à cabeça atapetados
Ou o inverso, como sói em ditados,
Enrolam-se em rosas perfumadas,
Cravos aos pulos, violetas danadas,
Crisântemos fúnebres, dálias agastadas…
Ah, que trajes perfeitos para ruas de férias,
Ou florais sentidos em calendários e lérias,
Subindo e descendo compungidos risos e falas
Grossas, lentas, de per si ensimesmadas…
-
Quantos deles no esquisitóide traje
Reproduzem um infindável, único, seu mundo
Lacustre, de lodo e de ultraje,
Íntimo, disparatado, distante,
Querido outrora, quiçá manifesto de amor,
Ou a olvidar que dias, de fúria ou terror!
Com eles alegrias, risotas, activas funções
São outras distopias, abalos, separações,
Por abandono, repúdio, morte fruste, mil aflições…
-
Ah, quantas lágrimas escondidas
Detrás das flores, nas recriações!
-
LMD, 24.08.20.
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Anulado almoço anual da CCAÇ 2314
Boa tarde, amigos e companheiros.
O nosso convívio anual, previsto para SÁBADO, 19.09.2020,
em PENAFIEL, não poderá ter lugar devido ao perigo de
contágio do CORONAVÍRUS e pela proibição destes eventos.
Se entretanto houver alguma modificação das condições que
permita a sua realização, mesmo em data diferente, entrarei em contacto para marcação de nova data.
Estou disponível para todas as sugestões que entenderem
transmitir.
Por favor, divulguem esta informação sempre que contactarem
com um dos nossos.
Aceitem o meu abraço e votos de boa saúde.
Joaquim Caldeira
13.08.2019
domingo, 23 de agosto de 2020
Em Memória do Madureira
Relembrando o MADUREIRA... Pelo Pica Sinos.
Fevereiro de 2009
Texto atualizado Agosto 2020
SEGUNDO UM VELHO DE ALFAMA O MADUREIRA
JÁ NÃO ESTÁ ENTRE NÓS
Era dia véspera de Carnaval, a tarde estava bonita,
soalheira, sem vento, adivinha-se a primavera, os foliões esfregam as mãos de
contentes, mas não sou muito feito a carnavais. Não que não goste, fazem-me rir
os trapalhões, mas não estou para aí virado.
A minha preferência nesta tarde foi dar um passeio na baixa
Lisboeta minha terra natal, há muito que não andava de barco. O rio Tejo
fascina-me!
Sentado, embalado pelo rasgar das ondas, avisto o estuário.
Ao longe alguns poucos barcos, o Barreiro, os fornos da Quimigal. Nas vistas de
Lisboa enxergo a abóbada da Igreja de Stª Engrácia/Panteão Nacional, a velha Sé
que foi mandada construir por D. Afonso Henriques. No cimo o majestoso Castelo
de São Jorge e todo a casario que o acompanha na colina. A Praça do Comércio
está perto do meu olhar.
O velho barco atraca no cais da Praça do Duque da Terceira
(Cais do Sodré), e o momento convida há toma de uma “bica” fazendo-me recordar
o casual encontro com o Madureira numa tasca da Rua dos Bacalhoeiros, aquele
que foi 1º Cabo Rádio Montador em Tite.
Não hesito, vou procurar o camarada no Campo das Cebolas, lá
para os lados da parte baixa de Alfama onde exerce a profissão de estivador.
Vou a pé pela rua do Arsenal, sem antes mirar a Rua Nova do
Carvalho recordando com saudade tempos idos onde que por lá trabalhei. Miro a
montra da mercearia do Rei do Bacalhau, a Casa Testa/Casa das Moedas, a
Mercearia Pérola do Arsenal, são estabelecimentos que não “envelheceram” ainda
resistem.
Direito à Rua dos Bacalhoeiros atravesso as arcadas da Praça
do Comércio, não posso deixar de tomar mais um café, desta vez no Martinho da
Arcada. Passo pela frente Casa das Vassouras e das Rolhas, hoje estabelecimento
muito pró fino.
Já no Campo das Cebolas paro e entro na tasca onde encontrei
o Madureira. À senhora que estava por detrás do balcão perguntei: Diga-me por
favor… conhece um “rapaz” da minha idade que dá pelo nome de Madureira? Era
estivador nos frigoríficos da carne ali no porto. Perante a sua incerteza
disse-lhe que tinha umas orelhas bem desenvolvidas. …
Ah esse retorquiu, é arrumador de carros ali na frente!
Olhe, lá está ele sentado na cadeira pela sombra…
Pé ligeiro, sorridente, lá vou ao encontro da personagem que
me foi apontada, mas quanto mais me aproximava, mais dúvidas me sobressaltavam,
até que na minha frente, vejo um homem alto, magro, mas de parecido com o
Madureira só nas orelhas por muito grandes.
Fui à conversa com o Sr. José Martins perguntando e
identificando o homem tendo em conta as parecenças físicas, ficando deveras
triste por me dizer que fisicamente o nosso grande amigo e camarada já não
estava entre nós.
Aliviando aos poucos o desconforto, pela forma de estar e de
comunicar deste velho arrumador de carros sou informado:
…Claro que conheci o Madureira. Muito bom rapaz e falador!
….Dei-lhe muito trabalho de estivador quando eu era
empregado na Casa das Sacas, agora há anos que está fechada
…Era muito bom rapaz um dia vamos encontrá-lo
Deste homem, natural do Bairro de Alfama, despedi-me com
amizade.
Pica Sinos
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
Em Memória do Vitor Barros, pelo Pica Sinos
DECLAMOU EM ALMOÇO FESTIVO O EX-OPERADOR DE TRANSMISSÕES DE INFANTARIA E OPERARIO VIDREIRO DE PROFISSÃO OLHAI PARA ESTAS MÃOS QUE AQUI VÊDES, JÁ FORAM PEQUENINAS E FORMOSAS, LEVES E MACIAS COMO LIRIOS, ROSADAS E FRESCAS COMO ROSAS.
MÃOS VIDREIRAS QUE O GÁS QUEIMOU.
Não posso deixar de recordar o Vítor Barros. Nosso camarada
d’armas na guerra colonial e operário vidreiro de profissão. Era um homem bom
ao contrário do frágil vidro que trabalhava. Era um homem forte, educado,
afável e gentil. Um amigo de pronto a dar o seu ombro para chorarmos nos
momentos menos bons, escutar e partilhar as vivências contemporâneas e
passadas.
Um dia, no final da tarde, sentados junto à porta do CC,
recordo este homem bom, mobilizado para a guerra na Guiné como primeiro-cabo de
transmissões de infantaria a lamentar-se pela falta de equipamento bélico
quando em patrulha no terreno.
Dizia-me ele:
Há aqui alguma coisa que falha. Sou operador de transmissões
de infantaria (radiotelefonista) e sou colocado numa companhia de artilharia.
Vou para o mato só com o radio às costas, G3 “cá tem”. Enquanto tu tens no teu
“escritório” duas armas no armeiro não utilizadas.
Já desmobilizados era comum nas conversas que tínhamos por
telefone, e não só, estar quase sempre presente as lutas dos operários
vidreiros por melhores condições de vida, surpreendendo-me uma vez:
Em minha casa, de volta de um frango assado, bem
acompanhados, frisou:
Não sou natural de Lisboa como tu, mas gosto de fado!
Pena tenho que não saber cantar mas declamar talvez.
Cá vai uma parte:
Olhai para estas mãos que aqui vedes
Já foram pequeninas e formosas
Leves e macias como lírios
Rosadas e frescas como rosas
Mãos vidreiras que o trabalho calejou
Mãos vidreiras que só fazem obras de arte
Mãos que sabem ser vidreiras
Honradas em toda a parte
Trabalhando o vidro em ebulição
Mãos que são a alma de um povo
Na sua dura vida e duro pão
Descansa em paz camarada
Raul Pica Sinos
Agosto de 2020
Notas:: Na estante museu da minha casa tenho uma garrafa em
cristal, com o meu apelido, que o Vítor Barros me ofertou. Esta garrafa, cheia
de ginja feita pela Dª. Maria de Jesus sua mulher, já também defunta, simboliza
os operários vidreiros. São ofertadas no museu do vidro na Marinha Grande a
gentes de cariz importante quando na visita à cidade. É também religiosamente
guardada a flor rosa em vidro que recentemente ofertou à Maria Emília, minha
mulher.
Obrigado Vítor,
Os versos são da autoria de Francisco Correia Moita