sábado, 5 de novembro de 2011

Poema aos homens com gripe...

(Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)
Este poema (já anteriormente publicado neste blog) foi-nos enviado há algum tempo pelo Cavaleiro, e como eu passei por "estes momentos de aflição" recentemente, achei oportuno publicá-lo...

"Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

António Lobo Antunes"

1 comentário:

  1. Não há dúvida que este poema é "um retrato fiel" da forma como muitos homens reagem a uma simples constipaçãozinha.....
    Mas pronto..., cada um é como é..., o que é que se vai fazer???

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