segunda-feira, 2 de março de 2009

Nino Vieira e Tagme Na Waie

Tagme Na Waie, à esquerda na fotografia, e Nino Vieira em 2005, foto simpatia do Gooegle
com a devida vénia, do Público:
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""As chefias militares guineenses distribuíram hoje um comunicado de modo a esclarecer que não se encontra em curso nenhum golpe de Estado.
Os comandos militares fizeram questão de esclarecer que "irão respeitar os poderes constituídos e dialogar com o Governo" de Carlos Gomes Júnior, noticiou o correspondente da RDP África, Cipriano Cassamá.
No entanto, ainda nada foi dito sobre a concretização da via constitucional de resolver a presente situação: a ocupação interina da chefia do Estado, por um período de 60 dias, pelo actual presidente da Assembleia Naccional Popular, Raimundo Pereira, do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Por outro lado, "tudo está agora sossegado na cidade de Bissau, não havendo pânico", declarou ao PÚBLICO, num contacto telefónico, o professor catedrático Delfim Silva, que pertence à direcção daquele partido.
Acontece, porém, que bancos e casas comerciais estão encerrados, pouco trânsito se notando na capital guineense. Quase só se vêem carros militares e outras viaturas do Estado.
Quanto ao edifício do Estado-Maior General das Forças Armadas, ruiu por completo devido ao atentado bombista de ontem, no qual morreu o respectivo chefe, general Tagme Na Waie, tendo levado a que, como represália, fosse atacada de madrugada a residência do Presidente João Bernardo Vieira, Nino, onde este acabou por morrer.
O corpo de Nino Vieira encontra-se na morgue do Hospital Simão Mendes, mas ainda não existe conhecimento de quaisquer preparativos quanto ao seu funeral""
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com a devida vénia, do Correio da Manhã:
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""O general Tagme Na Waie estava certo quando dizia - e disse-o algumas vezes - que o seu destino e o do Presidente Nino Vieira estavam ligados e que se ele morresse Nino morreria também.
Depois de um passado turbulento de inimizades, os dois homens mais poderosos da Guiné-Bissau mantinham uma convivência artificial desde que o Presidente Nino Vieira regressou ao país em 2005 após um exílio de seis anos em Portugal.
Quando voltou e venceu as eleições presidenciais, Nino Vieira optou por um discurso de reconciliação. Estendeu a mão a militares, inimigos do passado. Um dos principais destinatários dessas suas mensagens de reconciliação foi justamente o general Tagme Na Waie.
O general fazia parte da Junta Militar do Brigadeiro Ansumane Mané que derrubou Nino Vieira no conflito de 1998-1999 e, na ausência de Nino do país, tornara-se entretanto Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA).
Além de terem sido inimigos nessa guerra, diz-se de Tagme Na Waie que, muitos antes disso, terá sofrido na pele a tortura do regime de Nino Vieira quando este travava uma luta contra a ascensão dos balantas, etnia maioritária de que Tagme Na Waie fazia parte.
Assim, quando em 2005 Nino voltou a Bissau e venceu as presidenciais, a grande questão que dominou conversas e alimentou receios foi a de saber como poderiam os dois homens conviver. Também se questionava como poderia Nino Vieira coabitar com o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, com quem entretanto se incompatibilizara mas que tinha vencido as legislativas de 2004.
Com efeito, assim que tomou posse, Nino Vieira demitiu Carlos Gomes Júnior e nomeou Aristides Gomes, da sua confiança. O mesmo não pode fazer com Tagme Na Waie, apoiado pelas chefias militares balantas, maioritárias nas Forças Armadas guineenses.
Com esses apoios, Tagme Na Wai teria porventura condições para recusar o regresso de Nino Vieira. Mas, segundo se disse na altura, sem confirmação oficial, Na Waie terá dado luz verde para o regresso do rival a Bissau, depois de intensas negociações, garantias e eventuais pagamentos, que envolveram governos regionais como o Senegal e a Guiné-Conacri, cujo Presidente Lansana Conte, entretanto falecido, era principal aliado de Nino Vieira.
Desde o regresso de Nino a Bissau, uma situação explosiva entre duas alas militares – uma afecta a Nino Vieira e a outra, com mais peso, balanta, e próxima da ex-Junta Militar que o derrubou há dez anos – era esperada.
E a estes conflitos do passado, acrescentou-se um dado novo: a Guiné-Bissau tornou-se um importante ponto de passagem da droga da América Latina para a Europa.
Os interesses à volta do tráfico podem ter exacerbado tensões ou, pelo contrário, servido para manter uma calma precária.
Até hoje.""
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com a devida vénia a euronews/google:
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""Depois do assassinato do Presidente guineense os militares comprometeram-se a respeitar a Constituição Nacional.
O homicídio de Nino Vieira é atribuído por fontes locais a militares descontentes, ligados a Ansumane Mané e Veríssimo Seabra, dois chefes de Estado Maior General das Forças Armadas, também eles assassinados em circunstâncias diferentes. A casa do Presidente guineense foi atacada na madrugada desta segunda-feira por militares das Forças Armadas, poucas horas após o Chefe de Estado-Maior, Tagmé Na Waié, ter morrido num atentado à bomba, em Bissau.
Sete dias de luto nacional foram decretados. Um porta voz do exército garante que a situação está sob controlo. No entanto, ainda nada foi dito sobre a concretização da via constitucional para resolver o vazio de poder instaurado. Segundo a Carta Magna a ocupação interina da chefia do Estado, por um período de 60 dias, deverá ser assegurada pelo actual presidente da Assembleia Naccional Popular, Raimundo Pereira. A Guiné-Bissau tornou-se um importante ponto de passagem da droga da América Latina para a Europa. Os interesses em torno do tráfico podem ter exacerbado tensões que certamente irão influenciar o futuro do país.""

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