sexta-feira, 18 de março de 2022

Poesia - pelo Luis Manuel Dias

HA UM ANO...

escrevi o poema que segue, sem de leve prefigurar a TRAGÉDIA que, nos maus tempos do momento, se abate violenta sobre a Ucraniana Gente, obra destemperada da maquiavélica, fria, calculista mente de seu executor: PUTIN!!!

E os laivos históricos, que aqui traduzi, assentam quase na perfeição ao que, lá além - mas tão perto de nós - decorre...

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Lêde, uma, duas vezes, - se preciso - para re-entenderdes o que tento comunicar-vos, Amigos Queridos.

Abraço-vos, Camaradas, com o coração em dor!

(LMD, 15.03.22)

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COMO O PROMETEU?

Por anelos de justiça fui sempre assaltado

Não fôra de experiência por ver postergado

Quanto ou não da vida resultasse: por razões,

Motivos, antecedentes, sei lá encarnações,

Mesmo se inúteis, desprezíveis, criminosos…

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Um desejo, em tudo, de equidade a rodos

Que, pela volta inicial, prática e primeira

De obra profunda me chegou, sem canseira.

Certo que anseios tais, de generosa aspiração,

Verdades continham, sem raiz dolosa, negação.

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De ternura pleno, meu eu albergava, também,

A veracidade crua e nua, mui do real e do bem.

Em mim se fez criado, por um sentir partilhado

E por ansiada, literária talvez, mas crítica acção

E sem peias, livre, de ser completo, incomodado.

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Porventura nisto verão disfarce, máscara que uso,

Face ao intolerável neutro, mesquinho, difuso?

E mesmo morrendo, o ser em si continua vivo,

Creio. Permito-me indiscutível, dado adquirido.

Jamais viveremos vida inteira onde estamos,

Seja, onde habitamos, apresados em nós, ramos

De imenso Ser, diverso do engano de Prometeu!

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Quiçá falte a orientação prévia, ou libreto dado,

À existência nos presenteada, algo de revelado!

No caso do inditoso, por castigo sumo agrilhoado

Se viu, ao ousar roubar fogo para a vida facultar!

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Anátema divino, sagrado! Em cadeias preso viveu

No Cáucaso, onde abutre amaldiçoado, sem fadiga

Devorava o fígado, que de imediato lhe renascia

Num, como era o seu, terrível, impensável penar!

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Ainda bem, havia amigos dentre a humana gente,

Que o mal tentou atalhar, convencendo o parente

Hércules que, ao matar a ave, o libertou do suplício.

Urge a força da união, para estes tempos traduzido!

LMD, 15.03.21

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