Memórias do
Pelotão Daimler nº 1131
Ataque do PAIGC ao aquartelamento de TITE em 1/ Março/1967
Alf. Arnaldo Carvalho |
Tinhamos chegado á Guiné no princípio de Agosto de 1966, para
render o Pelotão Daimler estacionado em Tite e integrado no Batalhão de Caçadores
1860, batalhão esse, que já tinha mais de 1 ano de comissão de serviço.
Dispondo de várias companhias de intervenção, algumas delas
já com relevantes serviços prestados á Pátria, das quais me permito destacar
pelo enorme êxito obtido a Companhia de Caçadores 797, comandada na altura pelo
então Capitão Carlos Fabião, que lhe valeram no final da comissão a promoção a
Major por distinção, (viria a ser mais tarde figura importante no 25 de abril
de 1974, então com o posto de General), aquele Batalhão conseguiu por em
sentido as forças inimigas, naquela
região da Guiné.
Tite, era pois uma região, que gozava de uma certa
tranquilidade, pois o IN tinha muitas dificuldades em aproximar-se do aquartelamento.
Assim vivemos alguns meses sem dar um tiro, mais precisamente
7 meses, até que no dia 1 de Março de 1967 o nosso descanso foi interrompido
abruptamente.
Já a noite tinha começado a algumas horas, de repente surgem
no céu escuro balas tracejentes, a que se seguiram inúmeros rebentamentos de
granadas de morteiro, bazucas e roquetes, que enervaram e desorientaram muitos
de nós.
Era o nosso baptismo de fogo real perante o IN, coisa a que
não estavamos habituados. Tiros e rebentamentos, só os tinhamos ouvido á
distância e bem longe. Cada um de nós procurou, com pôde tomar as suas posições
defensivas, mas a confusão foi enorme, á que dizê-lo.
Jorge Gouveia |
Aconteceu então, que ao correrem para as auto-metrelhadoras
Daimler, foram atingidos por vários estilhaços de granada 3 elementos deste
pelotão, que passo a mencionar e a quem presto, mais uma vez, a minha
homenagem:
- 1º cabo José Féliz Lopes, que acabou por falecer
- Soldado Jorge Alexandre Gouveia, que ficou ferido,
felizmente sem gravidade
- Soldado Manuel joaquim Moura Teixeira, também ferido,
felizmente sem gravidade
Para além destes o BC 1680 registou mais 8 feridos, de entre
eles 2 Alferes, Casimiro da Costa Ferreira e Arnaldo Francisco Martins de
Carvalho. O Alferes Arnaldo Carvalho era o comandante do Pelotão de Morteiros
1039. O IN retirou-se ao fim de quase uma hora de fogo, segundo constou também
com algumas baixas.
O dia seguinte foi utilizado, para fazer o rescaldo dos
estragos causados e que foram de alguma monta.
Para nós, os das daimleres, foi um baptismo terrível, pois
sofremos neste ataque as únicas baixas que tivemos durante a nossa comissão de
serviço.
Por isso e para que conste, em memória de todos, um sincero
agradecimento do comandante do Pelotão Daimler 1131.
Augusto Antunes
Alferes Miliciano
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