Bart 1914, Tite Guiné Bissau
ESTRADA E AQUARTELAMENTO DE NOVA SINTRA
Tempos difíceis para todos aqueles
que intervieram nesta operação tão massacrante e penalizante para as nossas
tropas e do IN. Após todos estes anos as recordações permanecem vivas no
espírito de todos nós. No nosso blog (bart1914.blogspot.com) estão contadas
várias histórias sobre tão triste e trágico episódio da nossa permanência em
Tite na Guiné.Todas as Unidades militares que fizeram parte desta operação de
desmatação e abertura da estrada para Nova Sintra e construção do respectivo
aquartelamento, têm no seu curriculo um role imenso de mortos, feridos,
amputados, deprimidos em alto grau, originados pelas situações mais dramáticas
e inimagináveis, vividas naquele local, "ONDE O DIABO AMASSOU O
PÃO..." Ainda hoje há mães que continuam a chorar os seus filhos, jovens
mulheres que tiveram as suas vidas rasgadas pela dor e outras que ainda hoje
continuam a amparar e a amar os seus maridos embora com deficiencias várias, e
filhos que não conheceram os seus pais. Os cemitérios de todos os cantos do
País estão valorizados, dignificados e engrandecidos com as campas dos
valorosos guerreiros que à Pátria deram a vida.Outros não tiveram a mesma sorte
e continuam esquecidos em campas sem dignidade, cobertas de mato, espalhadas
pela Guiné, como é sabido."Se todos eles serviram a Pátria que lhes foi
ingrata, eles fizeram o que deviam e ela, o que costuma”
"o diabo amassou o pão" ..., disse.
ResponderEliminarE quem viveu essas tormentosas situações, comeu esse pão por ele amassado...
Enfim..., tempos difíceis para todos...
AG
É verdade, bem dificeis para quem os viveu...
ResponderEliminarObrigado.
LG.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA 2ª CART do Bart 6520 esteve em Nova Sintra 1972/74, uma zona militarmente muito ativa com o PAIGC a fazer-nos várias flagelações (foram 16...) e muitas emboscadas.
ResponderEliminarNuma delas, abertura da "estrada" Nova Sintra-Fulacunda, à tardinha sofremos uma contra-emboscada mas, já estamos a prever e a adivinhar pelo silêncio existente na mata que algo poderia acontecer...
Para regressar a N. S. , sob sugestão do furriel Barros e outros colegas graduados, regressamos não pelo mesma picada de Nova Sintra já pela noite ( na escuridão eles dominavam...) regressamos sim, pelo estradão /trilho de Tite e foi a nossa salvação porque o PAIGC estava emboscado à nossa espera no trilho que dava para Nova Sintra.
Quando entregamos o destacamento ao PAIGC em 1974, o comandante desse grupo de guerrilheiros A. Napoca confidenciou-me:
Branco, "manga de esperto " porque regressou pelo caminho mais seguro que era o trilho de Tite...- Arrepiei-me e sorri...um sorriso amarelo mas foi um sorriso!
Da Guiné apenas trouxe, como positivo, a amizade entre nós, ex-combatentes e não é por acaso que já vamos no 45º encontro/convivio. "Os Mais de Nova Sintra" uma familia sempre unida.
Um dos momentos mais marcantes, em termos históricos, na Guiné (Bart 6520...2ª CART) foi precisamente , a entrega do aquartelamento de Nova Sintra ao PAIGC. Foi um dia histórico , o DIA 17 DE JULHO de 1974 e findava a saga militar de todos nós.
ResponderEliminarOs guerrilheiros do PAIGC entraram em Nova Sintra, acompanhados de população que controlava, almoçaram connosco e ficaram para o dia seguinte, dia da nossa retirada nas viaturas, em direção a TITE, daqui para o cais do Enxodé, rumo a Bissau ond permnecemos alguns dias até à partida de regresso a Lisboa.
Em Nova Sintra perdemos alguns militares (soldados, alferes, milicias ...) grandes amigos que não tiveram a sorte dos que regressaram. Com quase 15 dias, em Bolama , Carreira de Tiro, faleceu o meu grande amigo Alferes Carlos Figueiredo e um cabo de uma companhia Independente, num acidente com um dilagrama depois, as tragédias sucederam...O 25 de abril veio terminar com os horrores da Guerra Colonial. Os pais/familiares deixaram de chorar porque os seus filhos deixaram de ir para o "cemitério colonial"...Fiquemos por aqui, porque a noite está longa...Abraço aos meus ex-companheiros e amigos da Guiné.