Lançamento do livro "História(s) da Guiné-Bissau",
por Mário Beja Santos, auditório do Museu da Farmácia, 6 de Dezembro, pelas 18h
Meus estimados amigos e companheiros da guerra e paz, Dos
cerca de 40 livros que escrevi, este foi o mais doloroso. Como na tragédia
grega, eu já conhecia o final, anda um autor dois anos a vasculhar papel e a
organizar 40 anos da vida de um novo Estado onde, pela extrema combatividade da
guerrilha e da natureza genial do seu líder, Amílcar Cabral, procura superar
assassinatos, execuções, genuínos e falsos golpes de Estado, e tem que
questioar- se amargamente que futuro está destinado a este belo e paupérrimo
país. O que venho pedir-vos é a vossa companhia neste lançamento, a
apresentação fica a cargo de dois renomados investigadores, Eduardo Costa Dias
e António Duarte Silva, cabe-lhes falar sobre este empreendimento que é um
pontapé de saída para que um dia se escreva a História da Guiné-Bissau. Não é
preciso que adquiram o livro, visitem primeiro o Museu da Farmácia e oiçam depois
um recital de Korá por um dos griots guineenses mais afamados, mestre Braima
Galissá. Antecipadamente grato pela vossa presença. O Museu da Farmácia fica na
Rua Marechal Saldanha, junto ao miradouro de Santa Catarina, metro
Baixa-Chiado, elevador da Bica, elétrico 28. A visita gratuita ao museu é entre
as 17 e as 18h. Junto o texto da contracapa do meu livro.
Guiné-Bissau, povo mais esperançado e afável não há
Aqui se contam histórias que excedem meio século. Um
engenheiro especializado em erosão de solos pôs em movimento uma luta pela
independência, juntou numa só pessoa o construtor de uma nacionalidade, um
hábil diplomata, um exímio cabo-de-guerra, um ideólogo de pensamento singular,
tudo somado deu um líder revolucionário que surpreendeu Che Guevara e que
Nelson Mandela admirava profundamente. São também histórias de uma República
que devorou muitos filhos da revolução, uma nação que continua a ter extrema
dificuldade em reconhecer-se no Estado. A nação é surpreendente, aquele
mesclado de etnias revê-se na bandeira e no solo pátrio, expulsou invasores e
nunca abandona a esperança de que depois das últimas eleições os políticos
escolhidos vão alevantar o Estado. Um povo sedento de justiça aguarda dias
melhores. São estas algumas dessas histórias que aqui se contam por alguém que
nunca quebrou o feitiço guineense. Porque nunca o preço do amor pela Guiné é ou
será excessivo.
Mário Beja Santos.
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