O nosso blog faz hoje 6 anos de vida activa.
Neste dia queremos lembrar os que regressaram com vida, mas também lembrar os que tombaram nas bolanhas, nas terras vermelhas, no fundo dos rios e do mar da Guiné. Destes alguns tiveram direito a regressar às suas terras para um funeral decente; outros por lá ficaram, em campas de "soldados desconhecidos", e nunca regressaram à Pátria. Muitos dos pais destes jovens soldados, ainda hoje vivem na ilusão do milagre do regresso.
Neste dia queremos lembrar os que regressaram com vida, mas também lembrar os que tombaram nas bolanhas, nas terras vermelhas, no fundo dos rios e do mar da Guiné. Destes alguns tiveram direito a regressar às suas terras para um funeral decente; outros por lá ficaram, em campas de "soldados desconhecidos", e nunca regressaram à Pátria. Muitos dos pais destes jovens soldados, ainda hoje vivem na ilusão do milagre do regresso.
Mas neste dia queremos lembrar principalmente, os cerca de 600 antigos combatentes, considerados sem abrigo, que vivem em condições inimagináveis DEBAIXO DAS PONTES E NOS EDIFÍCIOS E PRAÇAS, NOS VÃOS DE ESCADAS, das cidades de Lisboa e Porto e por todo o País.
Está actualmente a ser feito pela Misericórdia de Lisboa, um levantamento/recenseamento para se saber o mais exactamente possível, quantos são e onde se abrigam.
Está actualmente a ser feito pela Misericórdia de Lisboa, um levantamento/recenseamento para se saber o mais exactamente possível, quantos são e onde se abrigam.
Hoje são velhos, mas na sua juventude foram arrancados às suas famílias, aos seus ambientes familiares e sociais para defenderem algo em que os ensinaram a acreditar deste a escola primária. Alguns deles ainda hoje sabem os nomes das estações de caminho de ferro de Angola e Moçambique, bem como os seus distritos.
Depois, após o desembarque, abandonaram-nos e negaram-lhes, até hoje, uma vida decente. Muitos deles têm problemas psiquicos graves, stress de guerra pós-traumático.
Não os esquecemos e com eles oferecemos este ramo de flores, nas mãos dum velho sem-abrigo, a todos os nossos amigos e visitantes, que ao longo destes anos nos têm facultado as suas visitas, os seus comentários e a sua presença agradável.
A TODOS MUITO OBRIGADO.
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Reeditando um texto do Pica Sinos, de há 6 anos atrás... mas
infelizmente actual!
Ó noite, porque hás-de vir sempre molhada!
Porque não vens de olhos enxutos
E não despes as mãos
De mágoas e de lutos...
Ó noite eterna e velada
Senhora da tristeza, sê alegria!
Vem de outra maneira ou vai-te embora,
E deixa romper o dia
.
.
Eugénio de Andrade
A frase em titulo não é minha, (nem tão pouco sabia o nome do
seu autor), a quem rendo respeito e homenagem, mas vem a propósito de uma
notícia que li num jornal diário (JN) onde anunciava que:“Cerca de 200
ex-combatentes vivem na rua a travar todos os dias a sua derradeira batalha: a
da sobrevivência”.Não é demais referir que um sem-abrigo é visto em Portugal,
como uma pessoa que não possui moradia fixa, sendo a sua residência, na sua
maior parte, os locais públicos de uma qualquer cidade. Anuncia a Lusa (HN) que,
………estima-se que a população sem-abrigo em Lisboa é constituída
maioritariamente por homens alcoólicos, com idades entre os 35 e 44 anos,
aqueles que têm uma idade superior representam 21%.......... Mas AMI vai mais
longe, considera também população sem-abrigo as pessoas que vivem em
alojamentos de emergência, em habitação sem arrendamento e de ocupação ilegal,
em alojamento indigno dando como exemplo as barracas, etc. Desde 1999 já foram
atendidas mais de 5.000 pessoas em situação de sem-abrigo. Num estudo publicado
na NET, menciona que dos mais 700 novos casos em 2006 a quem deram assistência
32% dormiam na rua, em albergues 22% e em barracas 6% e a tendência era para
aumentar. Refere ainda que esta população, teve como recurso económico mais
frequente a mendicidade, seguindo-se os apoios/subsídios institucionais (22%),
de amigos e de familiares (13%), o Rendimento Social de Inserção abrange 10%.
Sendo: desempregada 89%, com formação profissional 28%, com familiares vivos
92%, mas apenas 37% se relaciona com eles, não têm médico de família 39%, 7%
tem HIV, 28% consome substâncias activas e 43% têm filhos. Quanto à evolução do
sexo feminino, o estudo verificou um aumento num espaço de 7 anos de 13% para
31%. As causas desta degradação humana decerto são muitas mais e variadas que
urge rectificar com acções que visem a solução deste problema de exclusão
social que passam, entre outros, do acesso a uma habitação digna, à inserção
profissional, à formação, a programas ocupacionais e à resolução dos problemas
de saúde. A Pátria não pode esquecer-se dos seus homens!
Raul Pica Sinos
Limito-me a dar os Parabéns ao Blog e faço votos para que conte muitos mais anos, continuando a dar a conhecer aos seus seguidores e visitantes terras, povos, modos de vida tão distantes e aquela época tão marcante na nossa História, que foi a Guerra Colonial...
ResponderEliminarQuanto àqueles que lutaram pela Pátria e que agora vivem em condições degradantes, só de pensar é arrepiante, mas é muito triste chegar à conclusão que os nossos governantes pura e simplesmente os ignoram...
Perguntem ao ministério da defesa, porque não são cumpridos os protocolos, que visam o apoio aos combatentes sem-abrigo.
EliminarPatrióticos Cumprimentos.
Guedes
ResponderEliminarTens escolhido fotos de antologia que falam por si.
Tanta injustiça, dói e faz-me odiar cada vez mais, mandantes e quejandos da nossa praça.
Pior que tudo, é a certeza que nada vai mudar para melhor!!
Repito os parabéns pelo aniversário do Blog, a que estoicamente vais dando oxigénio.
Abraços