A todos os nossos companheiros, amigos, familiares e visitantes, desejamos uma Páscoa Feliz, com votos de boa saúde para todos.
34º almoço em 2025 - Figueira da Foz - Quinta da Salmanha.
domingo, 31 de março de 2013
Votos de Páscoa Feliz
A todos os nossos companheiros, amigos, familiares e visitantes, desejamos uma Páscoa Feliz, com votos de boa saúde para todos.
sábado, 30 de março de 2013
O Raul Soares foi mais uma vez à Guiné!
"Boa tarde Leandro
Agradeço e retribuo os votos de BOA PÁSCOA.
Regressei ontem da Guiné. Fui a Fulacunda, Jabadá beafada, Nova Sintra, Tite, Brandão, Brandãozinho, Jabadá porto, Gã Pedro etc.etc.
O quartel está bastante degradado e a nossa messe está ao abandono, mas telhada, fiz muitas fotos.
Um abraço
Raul Soares"
________________________
Já solicitamos ao Raul o envio dum relato desta sua viagem e também das fotos que entretanto tirou. Logo que nos cheguem à mão, serão publicadas.
Obrigado Raul.
LG.
Mudança da hora!
Não esquece, não?
Adiantar uma hora, pela madugada. Vamos entrar na hora de verão, para ver se o sol nos alegra a vida mais um bocadinho.!
Abraços para todos.
Parabens Amador!
Ao nosso companheiro Amador, que hoje faz anos, os nossos votos de Parabens e que tenha muita saúde bem como os seus familiares
terça-feira, 26 de março de 2013
Ainda a ida à Campa do Rato
Recebemos do nosso companheiro, as seguintes fotos, umas do cemitério...
... eoutras do almoço que se seguiu.
... eoutras do almoço que se seguiu.
sábado, 23 de março de 2013
Fomos hoje à Campa do furriel Graciano de Sousa Rato.
A Ida à Campa do Rato
Cap. Paraiso Pinto, Victor Barros, Carlos Ramos e Esposa, Domingos Monteiro, José da Costa, Gentil Félix Lourenço, Henriques, Arrabaça e Guedes.

E foi-nos então contada um pouco
da história da vida da família Rato, que nos levou a perceber a razão pela qual
o nosso companheiro foi sepultado no cemitério da Marinha Grande, quando todos
nós pensávamos que estaria em Viseu:
Segundo aqueles Senhores, os pais do nosso amigo Graciano Rato, eram naturais da Moita, perto da Marinha Grande, mas como tinham a profissão de Resineiros, deslocavam-se para os locais onde havia trabalho nesta área específica. E foi assim que, em dada altura, foram viver para Viseu onde nasceram os seus dois filhos – O nosso companheiro e o seu irmão.
Segundo aqueles Senhores, os pais do nosso amigo Graciano Rato, eram naturais da Moita, perto da Marinha Grande, mas como tinham a profissão de Resineiros, deslocavam-se para os locais onde havia trabalho nesta área específica. E foi assim que, em dada altura, foram viver para Viseu onde nasceram os seus dois filhos – O nosso companheiro e o seu irmão.
No entanto, uns anos mais tarde,
a família regressou à Marinha Grande, e, em 1956, quando faleceu o seu irmão
(Rui), foi o casal Ascenso que ofereceu à família Rato, uma campa (de sua
propriedade) para sepultarem o filho.
Mais tarde, quando veio a falecer
o nosso companheiro Graciano Rato, uma vez mais o casal Ascenso disponibilizou
a campa àquela família tão sacrificada pela vida, para sepultarem o seu então
“único” e último filho
E quando faleceram os
Pais do nosso companheiro Rato, estes foram igualmente sepultados na mesma
campa, junto aos seus dois filhos.
Entretanto colocámos a Placa
comemorativa desta nossa visita, mandada fazer pelo Pica Sinos, a qual ficará definivamente dentro
da pequena capela existente na sepultura.
Foi um momento de grande emoção
para todos… Revivemos as circunstancias trágicas em que se verificou a morte
deste nosso amigo foram revistos vários
episódios da nossa passagem por Tite, não tendo sido esquecidos todos os outros
companheiros falecidos ou desaparecidos.
Como é costume passámos em
revista as várias fases vividas em Tite durante a nossa permanência, todas elas associadas a diferentes corpos de Comando, estando sempre presente o desastre Bissassema, tema aliás nunca esquecido nestes
encontros.
Será neste pequeno jazigo em
forma de Capela, que irá ficar a Placa que levámos para homenagear o nosso companheiro Graciano de Sousa Rato.
Por fim fomos almoçar a um simpático restaurante conhecido do Victor Barros, após o qual, cada um regressou a casa, com a certeza do DEVER CUMPRIDO!...
quinta-feira, 21 de março de 2013
Chegou a Primavera!
Tem hoje inicio a Primavera.
Esperemos que com a sua chegada, os nossos companheiros que estão doentes, melhorem, bem como os familiares de alguns que também se encontram doentes.
Para todos os nossos votos de rápidas melhoras, a tempo de estarem presentes no nosso almoço anual em Maio.
Um abraço.
quarta-feira, 20 de março de 2013
Noticias da CCAÇ 2314
No seguimento das nossas mensagens e para conhecimento do
veterano Victor Manuel Alves Mendes, da CCac2314 que pretende encontrar os seus
camaradas-de-armas e com o auxílio de um colaborador do portal UTW, informamos:
A CCac2314 - "Os Brutos" -, subunidade orgânica do
BCac2834, foi mobilizada pelo RI15-Tomar e embarcou no cais fluvial da Rocha
Conde d'Óbidos (em Alcântara), com o seu batalhão e respectivas subunidades, na
4ªfeira 10Jan68 rumo à Guiné.Sob comando do capitão de infantaria Joaquim de Jesus das Neves, em 15Jan68 desembarcou ao largo de Bissau, para uma LDG que a transportou até à ponte-cais no canal do Enxudé, dali seguindo para Tite, em cujo sector fez a IAO sob orientação do BArt1914, mantendo-se seguidamente em reforço à quadrícula operacional daquele batalhão, e do sucessor BCav2867 (com sede em Tite).
Em 06Ago68 foi transferida para Fulacunda.
Em 30Jun69, por troca com a CCav2482, regressou a Tite.
Em 20Out69 foi substituída pela CCav2484 e iniciou o deslocamento, em escalões, para Bissau, onde se manteve até à torna-viagem, iniciada em 23Nov69 no "NTT Uíge".
A citada subunidade, tem um blogue > ccac2314.blogspot.pt
A respectiva HU encontra-se no acervo do AHM, sob a cota "Caixa 76, 2ª Divisão/4ªSecção)
Contacto de veterano da CCac2314 – Joaquim Caldeira:
- Joaquim Caldeira (ex-furriel milº, residente no Porto): mailbox <joaquimcaldeira@netcabo.pt>; tlm 933 538 890
Contacto de veterano da CCac2314 – Joaquim Caldeira:
- Joaquim Caldeira (ex-furriel milº, residente no Porto): mailbox <joaquimcaldeira@netcabo.pt>; tlm 933 538 890
Esta mensagem vai para conhecimento de vários veteranos,
alguns da CCac2314, e na eventualidade de quererem contactar o veterano Victor
Manuel Alves Mendes, da CCac2314 para o convidarem para o próximo Encontro
Convívio daquela subunidade, o seu contacto é TM: 910208624
Saudações
A equipa do UTW______________________
No seguimento do pedido do veterano Victor Manuel Alves
Mendes, da CCac2314.
Contactos de veteranos da Companhia de Caçadores 2314:
Manuel Mortágua, reside na região de Albergaria-a-Velha,
contactos: 234543167 – 934567888 – 961012131,
João de Passos Salgueiro Simões – E-mail: jsjoaosimoes6@gmail.com
– no sítio http://ultramar.terraweb.biz/00Procura/JoaodePassosSalgueiroSimoes_2010_04_26.htm
No sítio: http://ultramar.terraweb.biz/Imagens/Cacia/ListaexcombatentesCacia_19Abr2010.pdf,
na posição 24, está o nome do veterano António Catarino Duarte residente em
Vilar, e faz parte do Grupo de ex- Combatentes de Cacia – Contacte o veterano
Mário Silva, responsável pelo Arquivo Histórico dos Antigos Combatentes
Residentes ou Naturais de Vila Cacia – E-mail marfersilva50@gmail.com
Telefone: 234087960, na intenção de obter o contacto do veterano António
Catarino Duarte.
Por outro lado, a CCac2314 está online no sítio http://ccac2314.blogspot.pt/ sendo o
responsável por aquele blogue o ex- Furriel Mil.º Joaquim Caldeira, vive em Louriçal
do Campo, Manteigas e Guarda, e pode também contactar através da rede social
“Google Plus”, no sítio https://plus.google.com/b/116597507737058466793/108318237806223694216/posts–
respondendo a um comentário das várias mensagens ali expostas – desconhecemos o
seu emdereço de e-mail.
Outra forma de contactar o veterano Joaquim Caldeira é
responder em comentário no sítio http://bart1914.blogspot.pt/2012/09/o-almoco-anual-da-ccac-2314.html
ou então contactar os responsáveis pelo blogue do BART1914, onde está a notícia
do Almoço Anual da CCac2314, talvez eles o possam auxiliar na procura dos seus
camaradas-de-armas da Ccacc2314.
Saudações
A equipa do UTW
Qual a ex- Província Ultramarina em que esteve como militar
(*): guineQual a sua Unidade Militar naquela ex- Província Ultramarina (*): c.cac 2314
Qual o período de tempo (ano/ano) na referida ex-Província Ultramarina (*): 1968/1969
Indique o seu e-mail, telefone ou ambos que devem figurar no anúncio online (*):
910208624 anajesus-mendes@hotmail.com
Texto do anúncio a publicar (*): procuro colegas da c.cav 2314 que prestaram servi�o militar na guine (tite / fulacunda)entre 1968/1969
terça-feira, 19 de março de 2013
Dia do Pai!
José Justo
_________________________
Do Victor Barros recebemos também este video, que encaixa muito bem na celebração do dia do Pai:
segunda-feira, 18 de março de 2013
Ida à Campa da Rato.
Caros companheiros
Vimos confirmar a ida à Campa do Rato, no próximo Sábado dia 23, no cemitério da Marinha Grande.
ENCONTRO JUNTO AO ESTÁDIO MUNICIPAL DA MARINHA QUE FICA PERTO DA SAIDA DA AUTOESTRADA A8 E EM FRENTE AO CONTINENTE. Por voltas das 10,30 / 11 horas.
- O almoço será num restaurante perto da Marinha Grande.
- O Pica está a preparar um pequena lápide, para ficar na campa
- Os interessados devem avisar da sua vinda por telefone ou email, para que o Victor Barros possa marcar mesa no restaurante.
Victor Barros:
tlf. 244 041 569
telemovel 916 955 080
email- vitorbarros17@gmail.com
Até Sábado, para os que poderem ir.
Um abraço.
Acerca do artigo do Pica Sinos, sobre a sua primeira noite fora de casa...
Nesta composição elaborada pelo Justo, aparecem os famosos Citroen 15 cv "arrastadeiras". E aparece também um monumento de Torres Vedras, o Chafariz dos Canos", cuja foto actual está publicada no fim deste artigo.
Sobre o artigo do Pica Sinos...
Amigo, começaste a meter o pé na argola mais cedinho que eu, rapaz!!
Lembro-me bem dos “bailaricos”...Alunos Ápolo, Casa do Minho, Casa do Alentejo e outras, por onde um grupo do pessoal do Café Nacional gostava de cirandar aos fins de semana (agora é sem hífens).
Eu com a dança agarradinho, sempre tive o mesmo problema que com o futebol...os dois pés esquerdos!!...e daí tropeçar muito e passar a noite a pedir desculpa às damas pelas pisadelas!!
Safou-me a mim e muitos trengos como eu, o aparecimento do Twist...Uáu!! agora é comigo, chegou a minha hora, e que horas!!...foi a desforra!!
Aproveitei os anos de paralisia inábil dançante para congeminar uma vingança, que resultou num nunca mais parar nas tardes e noites de bailarico da casa do Alentejo casadoalentejo, pois era a casa que mais gostava, e que durante décadas frequentei.
Adorava passear-me por aquelas recantos e contemplar aquele primoroso estilo árabe puro Hispânico.
Cada vez que revia uma sala, sempre achava pormenores novos. Click no endereço que vale a pena.
Bons jantares de paparocas Alentejanas, e outras, sempre bem regadas e conversadas com os amigos, por vezes noite fora, embora pró escondidinho, mas isso não se pode contar.
Como parece que sempre acontece onde se come bem, nos últimos anos em que frequentei aquele belo espaço, a coisa ficou mais fraquinha.
Mais um rastilho para inflamar mais uma recordação...
A tua aventura com o velho “Anglia Prefecta”.
Teria os meus 15 anos, e trabalhava comigo na firma dos Oulman, também com a patente de “office boy”...à época, e na linguagem tuga: “paquete”.
O colega e amigo de juventude R. era uns anitos mais velho, e os pais tinham algumas disponibilidades, pois eram donos de uma alfaiataria, o que lhe proporcionou a compra de um carrito em segunda ou terceira mão.
Era o seu sonho bastante antigo, dizia que havia de ter um automóvel antes dos vinte anos, e passava a vida a falar de carros. Estou certo que devia saber a marca e as performances de tudo o que tivesse quatro rodas.
Certa noite, e na base “Café Nacional” estava-mos nos entretenimentos do costume, quando aparece o R. eufórico.
O que é, o que não é??!!...- Bem, vamos dar uma volta no meu carro!! – O quê?????
- Embora, já disse. Está mesmo aqui à porta. E lá vai o pessoal em correria ver a bomba nova do nosso amigo.
Ficou tudo de boca aberta!!...mesmo ali frente aos nossos olhos um “bruto” Citroën 15 CV preto reluzente, com os estofos castanho escuro...um espanto. E como era comprido o raio do carro!!
-Vamos a Torres Vedras, embora malta.
Quem vai, quem não vai?...acabamos por nos enfiar seis dentro da “arrastadeira” como era designada a peça andante.
Claro que a viagem foi uma “tourada”. Chegados a Torres Vedras, parou-se o “bólide” numa zona que penso seria para os lados do terminal das camionetas, e a ideia era procurar uma tasquinha para petiscar, pois o pessoal nos tenros anos, estava sempre esfomeado!!
Terminado o repasto, já a noite tinha entrado na madrugada, deu-nos para as cantigas e vai de coro roufenho, até aparecer o guarda-noturno com ar de poucos amigos para terminar a chinfrineira. Toca a voltar a Lisboa. Tudo dentro do carro, recomeço do coro com “A loja do mestre André, mas numa versão para adultos!!”, chave na ignição...um abanão no Citroën 15 CV...e nada??!! Nova tentativa de ignição e nem um sinal de marcha??!!
Tudo calado...- Então, não dás com o buraco? – É pá isto não dá nada, não tenho motor de arranque!!! Toca tudo a sair do “bólide”, vai de abrir o capô duplo, isqueiros acesos, e tentativa de ver a origem do problema. O R. até tinha noções de mecânica, tal o gosto pelos carros. – Não se vê nada, vamos tentar levar o carro para perto daquele candeeiro.
Carro destravado, e o 15 cavalos, passou por breves minutos a ser 6 cavalos!!...
- É pá, foi o motor de arranque que colou quando dei a “mise-en-marche”, estamos lixados, e agora??
- Tudo a opinar, tudo a fazer força para desengatar o motor de arranque, várias e esforçadas tentativas, mas o raio do motor não descolava...nem se movia um milímetro.
- Se houvesse um pé de cabra, talvez se conseguisse desengatar este gajo!! – Alto!!...está ali uma obra, é capaz de se arranjar um bocado de varão de ferro daqueles grossos. Pesquisa na obra, mas ferro nem cheiro. – Olha este barrote, deve entrar no espaço entre o motor de arranque e o bloco.
Em resumo e conclusão; todos os repetidos esforços foram infrutíferos até que o barrote acabou por partir. Desespero total. Já perto das três da manhã e o pessoal alí. Naquela idade todos vivíamos em casa dos pais, e adivinha-se o que nos estaria a passar pelas cabecinhas. Pela minha parte já estava a sentir a “compreensão paterna nos dois lados da cara”.
Uns dentro do carro, outros na rua, a congeminar forma de resolver o assunto, e todos excluía-mos a ideia de esperar pela manhã em busca de um mecânico.
A boa disposição tinha-se desvanecido e nem se ouvia um pio. O R. ao volante, de vez em quando numa vâ esperança, lá dava a voltinha na chave, mas nada...a maldita “arrastadeira” continuada muda e queda.
De repente, sai do carro, volta a abrir o capô, curva-se sobre o motor. Todos o acompanhamos, espantados com o seu pulo e saída rápida do carro. Tudo a olhar, ele com as mãos todas pretas a mexer na parte de baixo junto á correia da ventoinha, e de repente TRÁZ...um grande estalido??!!...o motor de arranque tinha-se separado!!
O meu amigo e colega subiu mais vinte pontos na minha admiração!!...que carola...
O que ele fez foi exercer pressão para cima e para baixo na correia até conseguir rodá-la pouco a pouco, o suficiente para soltar o motor e voltar ao lugar.
Tudo aos berros e abraços, toca para dentro da “arrastadeira” e desta vez com os 15 CV e a ignição a funcionar, ruma-mos a Lisboa.
Cheguei a casa já o sol raiava, com o pai e mãe á minha espera...bonita comissão de boas vindas...
Precisei de um certo apoio psicológico depois da “galheta” com a pesada mão do Justo pai!!...e o resto conto noutra ocasião.
Pica, olha, seria um comentário e deu nisto!!
Um abraço
Justo
Amigo, começaste a meter o pé na argola mais cedinho que eu, rapaz!!
Lembro-me bem dos “bailaricos”...Alunos Ápolo, Casa do Minho, Casa do Alentejo e outras, por onde um grupo do pessoal do Café Nacional gostava de cirandar aos fins de semana (agora é sem hífens).
Eu com a dança agarradinho, sempre tive o mesmo problema que com o futebol...os dois pés esquerdos!!...e daí tropeçar muito e passar a noite a pedir desculpa às damas pelas pisadelas!!
Safou-me a mim e muitos trengos como eu, o aparecimento do Twist...Uáu!! agora é comigo, chegou a minha hora, e que horas!!...foi a desforra!!
Aproveitei os anos de paralisia inábil dançante para congeminar uma vingança, que resultou num nunca mais parar nas tardes e noites de bailarico da casa do Alentejo casadoalentejo, pois era a casa que mais gostava, e que durante décadas frequentei.
Adorava passear-me por aquelas recantos e contemplar aquele primoroso estilo árabe puro Hispânico.
Cada vez que revia uma sala, sempre achava pormenores novos. Click no endereço que vale a pena.
Bons jantares de paparocas Alentejanas, e outras, sempre bem regadas e conversadas com os amigos, por vezes noite fora, embora pró escondidinho, mas isso não se pode contar.
Como parece que sempre acontece onde se come bem, nos últimos anos em que frequentei aquele belo espaço, a coisa ficou mais fraquinha.
Mais um rastilho para inflamar mais uma recordação...
A tua aventura com o velho “Anglia Prefecta”.
Teria os meus 15 anos, e trabalhava comigo na firma dos Oulman, também com a patente de “office boy”...à época, e na linguagem tuga: “paquete”.
O colega e amigo de juventude R. era uns anitos mais velho, e os pais tinham algumas disponibilidades, pois eram donos de uma alfaiataria, o que lhe proporcionou a compra de um carrito em segunda ou terceira mão.
Era o seu sonho bastante antigo, dizia que havia de ter um automóvel antes dos vinte anos, e passava a vida a falar de carros. Estou certo que devia saber a marca e as performances de tudo o que tivesse quatro rodas.
Certa noite, e na base “Café Nacional” estava-mos nos entretenimentos do costume, quando aparece o R. eufórico.
O que é, o que não é??!!...- Bem, vamos dar uma volta no meu carro!! – O quê?????
- Embora, já disse. Está mesmo aqui à porta. E lá vai o pessoal em correria ver a bomba nova do nosso amigo.
Ficou tudo de boca aberta!!...mesmo ali frente aos nossos olhos um “bruto” Citroën 15 CV preto reluzente, com os estofos castanho escuro...um espanto. E como era comprido o raio do carro!!
-Vamos a Torres Vedras, embora malta.
Quem vai, quem não vai?...acabamos por nos enfiar seis dentro da “arrastadeira” como era designada a peça andante.
Claro que a viagem foi uma “tourada”. Chegados a Torres Vedras, parou-se o “bólide” numa zona que penso seria para os lados do terminal das camionetas, e a ideia era procurar uma tasquinha para petiscar, pois o pessoal nos tenros anos, estava sempre esfomeado!!
Terminado o repasto, já a noite tinha entrado na madrugada, deu-nos para as cantigas e vai de coro roufenho, até aparecer o guarda-noturno com ar de poucos amigos para terminar a chinfrineira. Toca a voltar a Lisboa. Tudo dentro do carro, recomeço do coro com “A loja do mestre André, mas numa versão para adultos!!”, chave na ignição...um abanão no Citroën 15 CV...e nada??!! Nova tentativa de ignição e nem um sinal de marcha??!!
Tudo calado...- Então, não dás com o buraco? – É pá isto não dá nada, não tenho motor de arranque!!! Toca tudo a sair do “bólide”, vai de abrir o capô duplo, isqueiros acesos, e tentativa de ver a origem do problema. O R. até tinha noções de mecânica, tal o gosto pelos carros. – Não se vê nada, vamos tentar levar o carro para perto daquele candeeiro.
Carro destravado, e o 15 cavalos, passou por breves minutos a ser 6 cavalos!!...
- É pá, foi o motor de arranque que colou quando dei a “mise-en-marche”, estamos lixados, e agora??
- Tudo a opinar, tudo a fazer força para desengatar o motor de arranque, várias e esforçadas tentativas, mas o raio do motor não descolava...nem se movia um milímetro.
- Se houvesse um pé de cabra, talvez se conseguisse desengatar este gajo!! – Alto!!...está ali uma obra, é capaz de se arranjar um bocado de varão de ferro daqueles grossos. Pesquisa na obra, mas ferro nem cheiro. – Olha este barrote, deve entrar no espaço entre o motor de arranque e o bloco.
Em resumo e conclusão; todos os repetidos esforços foram infrutíferos até que o barrote acabou por partir. Desespero total. Já perto das três da manhã e o pessoal alí. Naquela idade todos vivíamos em casa dos pais, e adivinha-se o que nos estaria a passar pelas cabecinhas. Pela minha parte já estava a sentir a “compreensão paterna nos dois lados da cara”.
Uns dentro do carro, outros na rua, a congeminar forma de resolver o assunto, e todos excluía-mos a ideia de esperar pela manhã em busca de um mecânico.
A boa disposição tinha-se desvanecido e nem se ouvia um pio. O R. ao volante, de vez em quando numa vâ esperança, lá dava a voltinha na chave, mas nada...a maldita “arrastadeira” continuada muda e queda.
De repente, sai do carro, volta a abrir o capô, curva-se sobre o motor. Todos o acompanhamos, espantados com o seu pulo e saída rápida do carro. Tudo a olhar, ele com as mãos todas pretas a mexer na parte de baixo junto á correia da ventoinha, e de repente TRÁZ...um grande estalido??!!...o motor de arranque tinha-se separado!!
O meu amigo e colega subiu mais vinte pontos na minha admiração!!...que carola...
O que ele fez foi exercer pressão para cima e para baixo na correia até conseguir rodá-la pouco a pouco, o suficiente para soltar o motor e voltar ao lugar.
Tudo aos berros e abraços, toca para dentro da “arrastadeira” e desta vez com os 15 CV e a ignição a funcionar, ruma-mos a Lisboa.
Cheguei a casa já o sol raiava, com o pai e mãe á minha espera...bonita comissão de boas vindas...
Precisei de um certo apoio psicológico depois da “galheta” com a pesada mão do Justo pai!!...e o resto conto noutra ocasião.
Pica, olha, seria um comentário e deu nisto!!
Chafariz dos Canos, em Torres Vedras, após obras de beneficiação que foram ao encontro, com alguma modernidade, daquilo que era no passado.
Um abraço
Justo
domingo, 17 de março de 2013
Requiem para um saudoso Amigo - pelo Justo
Requiem para um Saudoso Amigo
Com nostalgia revi várias vezes as fotos do Cavaleiro onde está o saudoso furriel Rato. Há pessoas com o quase divino dom de criar empatias logo aos primeiros contactos.
O Rato era um homem com quem facilmente se sentia simpatia e com quem apetecia conversar.
Era a antítese de alguns, poucos, mas ilustres desconhecidos, que se viam com umas divisas e a dar ordens, e logo lhes provocava um tremendo inchaço no pequenino ego!
Anteriormente neste Blog, já contei uma história sobre um desses cromos, numa cena com o Pica Sinos, que reflecte bem a mentalidade atávica, de alguns indivíduos da classe de sargentos. Eles aperceberam-se “que elas não trazem nome” frase corrente no quartel.
Grande verdade, e que passado pouco tempo de Guiné, sentiriam na pele com o primeiro e forte ataque que sofremos.
Das muitas coisas que me fizeram odiar a “tropa” e as regras militaristas, era sem dúvida: o avaliar a pessoa pelo primeiro olhar directo aos ombros...a outra; o ser tratado por “tu” por marmanjos que nunca tinha visto na vida...nem conhecia de lado nenhum.
Como isso mexia comigo !! Já findo o tormento da farda, curiosamente, mesmo colegas com quem trabalhei durante anos, não logo tratava e mesmo detestava que me tratassem por “tu”, até, claro, que a admiração e amizade, a isso levassem. Provavelmente reflexo dos tristes anos de tratamento cavalar e suplício militar.
Meu irmão era da Força Aérea e este hábito do “tu” e “meu este, meu aquele” não se praticava. Esses termos caricatos “avis rara” não existiam, e ao que penso, só eram utilizados no exército.
O furriel Rato era moderado, mas alegre, de fino trato e um camaradão nas pequenas farras que durante os dias que estivemos no quartel da Parede fazia-mos antes de embarcarmos para a Guiné.
Já em Tite, eram longas as conversas de grupo, onde facilmente ele se incluía. acompanhou connosco num pequeno grupo que naturalmente se criou, sem sabermos bem como.
Eu o Pica Sinos, o furriel Bagulho e furriel Rato e mais uns poucos que infelizmente não recordo, sempre que podia-mos dar uma escapadela, lá rumávamos a um café na baixa da Parede, para umas conversas e claro uns petiscos bem regados, para fazer esquecer o que breve nos esperava.
Lembro que num desses dias, as conversas estavam um pouco tristonhas, talvez pela proximidade do embarque, e das saudades que já começavam a doer.
O Rato fixou-se num fado da fadista, então muito em voga, a Ada de Castro, que tocava na velha Jukebox.
Com nostalgia revi várias vezes as fotos do Cavaleiro onde está o saudoso furriel Rato. Há pessoas com o quase divino dom de criar empatias logo aos primeiros contactos.
O Rato era um homem com quem facilmente se sentia simpatia e com quem apetecia conversar.
Era a antítese de alguns, poucos, mas ilustres desconhecidos, que se viam com umas divisas e a dar ordens, e logo lhes provocava um tremendo inchaço no pequenino ego!
Anteriormente neste Blog, já contei uma história sobre um desses cromos, numa cena com o Pica Sinos, que reflecte bem a mentalidade atávica, de alguns indivíduos da classe de sargentos. Eles aperceberam-se “que elas não trazem nome” frase corrente no quartel.
Grande verdade, e que passado pouco tempo de Guiné, sentiriam na pele com o primeiro e forte ataque que sofremos.
Das muitas coisas que me fizeram odiar a “tropa” e as regras militaristas, era sem dúvida: o avaliar a pessoa pelo primeiro olhar directo aos ombros...a outra; o ser tratado por “tu” por marmanjos que nunca tinha visto na vida...nem conhecia de lado nenhum.
Como isso mexia comigo !! Já findo o tormento da farda, curiosamente, mesmo colegas com quem trabalhei durante anos, não logo tratava e mesmo detestava que me tratassem por “tu”, até, claro, que a admiração e amizade, a isso levassem. Provavelmente reflexo dos tristes anos de tratamento cavalar e suplício militar.
Meu irmão era da Força Aérea e este hábito do “tu” e “meu este, meu aquele” não se praticava. Esses termos caricatos “avis rara” não existiam, e ao que penso, só eram utilizados no exército.
O furriel Rato era moderado, mas alegre, de fino trato e um camaradão nas pequenas farras que durante os dias que estivemos no quartel da Parede fazia-mos antes de embarcarmos para a Guiné.
Já em Tite, eram longas as conversas de grupo, onde facilmente ele se incluía. acompanhou connosco num pequeno grupo que naturalmente se criou, sem sabermos bem como.
Eu o Pica Sinos, o furriel Bagulho e furriel Rato e mais uns poucos que infelizmente não recordo, sempre que podia-mos dar uma escapadela, lá rumávamos a um café na baixa da Parede, para umas conversas e claro uns petiscos bem regados, para fazer esquecer o que breve nos esperava.
Lembro que num desses dias, as conversas estavam um pouco tristonhas, talvez pela proximidade do embarque, e das saudades que já começavam a doer.
O Rato fixou-se num fado da fadista, então muito em voga, a Ada de Castro, que tocava na velha Jukebox.
Recordo exactamente, não o nome nem toda a letra do dito fado, mas sei que falava em saudade e partidas sem retorno, dentro do género de tocar ao sentimento. À época detestava fado, mas sem saber porquê, naquela altura senti como que um calafrio, e quase automaticamente fixei um verso que durante dias vinha trauteando mentalmente.
Qual presságio..., muito calado, ouvia o fado super concentrado, findo o disco, levantou-se e meteu nova moeda e de novo ouvimos o fado. Repetiu-se esta cena várias vezes, e por estranho que pareça, e quase contra natura, ninguém comentou, pois quase todos éramos de Lisboa, e para nós, fado era coisa que não entrava !!
Ninguém se insurgiu e todos ouvimos as vezes que se repetiram os versos tristes daquela “despedida”, sem um comentário. O furriel Rato tinha os olhos lacrimejantes, e continuava muito calado e pensativo.
Parece que algo no seu íntimo fazia adivinhar o seu prematuro e infeliz desaparecimento na Guiné. Faleceu poucos dias depois de ter regressado de um mês de férias na Metrópole.
Recordo ainda hoje aquele fado da Ada de Castro...e a tal premunição que o Rato parecia sentir!!
Todas as mortes dos nossos amigos foram dolorosas, mas para mim, a deste companheiro de armas, fez-me doer muito, e deixou-me muitas saudades.
A sua simpatia natural e simplicidade ficaram na memória de muitos de nós.
Estarei em pensamento com os camaradas que NO PRÓXIMO SÁBADO DIA 23 DE MARÇO, irão deslocar-se á sua campa no cemitério da MARINHA GRANDE e colocar uma placa, símbolo das recordações ainda vivas que deixou. (os interessados devem contactar o Victor Barros).
Dos vários livros sobre a Guerra do Ultramar, numas páginas com fundo negro, onde constam os nomes dos milhares de mortos da guerra, lá encontrei o do nosso amigo.
De pouco consolo servirá para os familiares e amigos que o recordam, mas pelo menos, o seu nome está perpetuado no Monumento aos Mortos da Guerra em Belém.
José Justo
Março 2013
sábado, 16 de março de 2013
Parabens ao Serafim!
Passa hoje mais um aniversário, o nosso companheiro Victor Serafim.
Para ele um grande abraço de Parabens, com votos de boa saúde.
Para ele um grande abraço de Parabens, com votos de boa saúde.
Graciano de Sousa Rato
O seu Corpo está sepultado no cemitério da Marinha Grande e é para lá que um pequeno grupo de ex-companheiros, se vai dirigir no próximo Sábado dia 23 de Março, a fim de lhe prestarem uma singela homenagem, da qual daremos noticias oportunamente.
Um abraço.
Um abraço.
sexta-feira, 15 de março de 2013
Ainda o Dia da Mulher - do Justo
Embora com algum atrazo, transcrevemos com a devida vénia este belo poema do blog do Justo, assinalando o Dia da Mulher.
Obrigado amigo.
"MULHER
Um aroma suave
exalou das mãos do Criador,
quando seus olhos contemplaram
a solidão do homem no Jardim!
Um aroma suave
exalou das mãos do Criador,
quando seus olhos contemplaram
a solidão do homem no Jardim!
Foi assim:
o Senhor desenhou
o ser gracioso, meigo e forte,
que Sua imaginação perfeita produziu.
o Senhor desenhou
o ser gracioso, meigo e forte,
que Sua imaginação perfeita produziu.
Um novo milagre:
fez-se carne,
fez-se bela,
fez-se amor,
fez-se na verdade como Ele quer!
fez-se carne,
fez-se bela,
fez-se amor,
fez-se na verdade como Ele quer!
O homem colheu a flor,
beijou-a, com ternura,
chamando-a, simplesmente,
Mulher!"
Dia Internacional da Mulher 8 Março beijou-a, com ternura,
chamando-a, simplesmente,
Mulher!"
Ivone Boechat
quarta-feira, 13 de março de 2013
Relembrando o encontro com o Pedro, em Março de há quatro anos atrás
Em Março de 2009, faz este mês quatro anos, eu e o Pica fomos ao encontro do Pedro, o Zé Pedro, que não víamos desde o regresso da Guiné. Este encontro foi forjado pelo Ramos e pelo Mestre, com a ajuda do Sr. Diogo Sotero, director dos Centro Social dos Montes Altos.
Transcrevemos a seguir o texto que então o Pica produziu a assinalar o facto, e mais alguns comentários.
É um marco importante na vida deste blog, a par de tantos outros amigos entretanto reencontrados, e por isso o trazemos aqui, para recordar. E é desta forma que celebramos o nosso regresso da Guiné, que ocorreu como se lembram, há 44 anos:
LG.
"Com o objectivo de encontrar e
abraçar bem forte o Tio Zé, eu e o Guedes encontrámo-nos com o António
Mestre, responsável por esta iniciativa, em Vila Rosário, Baixo Alentejo, local
previamente combinado para acertar as “agulhas” rumo ao Centro Social em Montes
Altos.
Aqui, em Vila Rosário, tivemos
uma visita guiada a uma padaria de um dos seus sobrinhos, bem moderna,
mecanizada e com parâmetros de grande qualidade, de superiores e higiénicas
condições para o fabrico das mais variadas formas do pão, empregando cerca de
15 trabalhadores. Pouco passava das 10 horas, no caminho em direcção à
terra do António Mestre, Monte Fialho, o calor já se fazia sentir. Atravessávamos,
bem contentes, todo aquele deslumbrante e vasto território conversando, ao
mesmo tempo embevecidos pelo verde e pelo despontar das flores, em sinal e no
adivinhar da primavera já muito próxima.
Almejando por nos abraçar, o
Francisco Ramos, alentejano de Moura, que também faz parte da equipa, está à
nossa espera, nas Minas de S. Domingos, desde as 9, 30 horas, dando para
perceber a resposta que teve da conversa, pelo telefone, que fez com o Mestre:
…Não estamos nada atrasados, eu disse-te que só devias sair de casa quando eu
saísse da minha….bebe uns copos que nós não demoramos…
Pelas 11 horas, depois de o
Guedes arrumar, na rua, não que impedisse, convenientemente as “ventas” do seu
carro, à nossa espera a D. Maria da Conceição, mulher do Mestre e, a sua filha
Graça, gente que elegantemente e há boa e nobre maneira alentejana nos recebeu,
começando por ser difícil levantar os traseiros da “malta” de tão prazenteira
mesa, composta com presunto, queijo, chouriço, pão e vinho tinto, tudo de
produção familiar. Bem dizia eu para o Mestre; …o Ramos está à nossa espera…Ele
que espere que é pescador…retorquiu. No caminho, finalmente ao encontro do
Francisco Ramos, perante e para surpresa do Guedes, as cantigas alentejanas não
se fizeram esperar: …è tão grande o Alentejo/Tanta terra abandonada…à calma, à
calma ceifando o trigo… entre outras… não sem antes o Mestre me repreender por
eu chamar ao perdigão… perdiz, quando tal imponente e vaidoso bicharoco, com as
suas belas penas multicolor e de pescoço alto bem esticado, pela nossa frente
se atravessou na estrada em correria.
…Escuta Pica, fica sabendo que
aquele bicho não gosta que lhe troquem o “nome” e, eu também não! Um perdigão é
macho, a perdiz é fêmea, compreendes? …É tão grande o Alentejo/Tanta terra
abandonada……A Terra é que dá o pão/Para bem desta Nação…Devia ser cultivada.
Já pelo meio-dia e pouco,
alegres e sorridentes abraçamos o Ramos que, durante 4 décadas as
oportunidades, a minha e a do Guedes, não nos surgiram.
De pronto e já com a equipa
completa, lá fomos no caminho de Montes Altos no encontro do Tio Zé (como aqui
o chamam) que, sabia ter uma surpresa sem saber qual, previamente combinada com
o Director do Centro Social de Montes Altos, Sr. António Diogo Sotero. Como
todos nós sabemos o Pedro, de 1967/1969, esteve na guerra colonial em Tite, na
Guiné-Bissau. Era militar como todos nós, com a responsabilidade no
aquartelamento de guardar e de tratar as vacas, para além dos afazeres na horta
e no refeitório.
É-me difícil descrever toda a
alegria sentida no abraçar deste homem que, por informação errada, julgava
já falecido. Alegria, não só de nós, antigos camaradas de armas, mas também por
todos aqueles que na oportunidade nos viram a abraçá-lo. O Tio Zé,
reconheceu e abraçou de imediato o Guedes, ex-furriel que foi indigitado pelo
Comandante do Batalhão em “olhar” pelo Pedro naquela zona de guerra. Observamos
que está bem! Está rodeado de gente amiga que zela por ele. Ao contrário de
“ontem” o Pedro tem família que o estima e que o ama! Partimos os cinco
para o almoço na Aldeia de São Domingos, terra mineira no período de 1863 a
1966. Já sentados no restaurante, satisfeitos, comemos feijões guisados com
arroz branco e carne de porco até fartar. O vinho era tinto da região.
Felizes brindámos ao Pedro,
que vinha vestido com um belo e bonito fato com colête, de cor azul, camisa a
ajanotar e de barbeado escanhoado, começando por contar a história (ver no fim)
da sua vinda para o Centro Social dos Montes Altos: …Eu vim de Castro Verde
para a apanha da azeitona… quando a campanha acabou preparava o meu regresso
para o “papel”…Foi o Sr. Mário Santos (um jovem com um pouco mais de um terço
da idade da do Pedro) que pediu ao Sr. António para eu ficar empregado no
Centro…Hoje tenho família, tratam-me muito bem, eu gosto muito deles…Diz a
chorar de alegria!

do Francisco Ramos que seguiu noutra direcção rumo a Moura, ofertando-nos uma garrafa de vinho do ano de 2006. …Este vinho é da adega onde trabalhei, bebam-no à minha saúde….Disse! O sol procura esconder-se e ainda estávamos nas terras do Mestre. Ele queria mostrar a sua casa o “buraco onde esconde as orelhas”, como ele diz. Queria mostrar o seu cultivo, o porco preto, as cabras, em especial a “menina”, as máquinas e o carro (na categoria de pesado) com que trabalha. Ele queria que nos sentássemos novamente à mesa para comermos o coelho frito que a sua mulher confeccionou propositadamente. Ele queria e nós não resistimos a comer mais queijo fresco, feito pela sua filha Graça, alternando com o presunto que, o Guedes “elogiava” por gulosa satisfação, acompanhado por pão e vinho tinto caseiro. Mestre já é noite…digo! …Tenham calma dizia ele…têm muito tempo… eu levo-os até ao “tapete de alcatrão” (IP2). …. Vão levar umas coisas (vinho, queijo fresco e seco, chourição e mel) para comerem e beberem mais tarde. Um perdigão para cada um, (Escuta Pica…tás a ver aqui o espigão, é perdigão não confundas, compreendes?) … Encantados despedimo-nos da família do Mestre e, como o prometido é devido, lá foi connosco por nenhures até à IP2, acompanhado do seu netinho com 5 anos que dá pelo nome de João. Pica Sinos ------------ “TIVE SEMPRE UMA VIDA DIFICIL” --Por gentileza da revista Noticias de Montes Altos— "José Pedro de Sousa, conhecido por todos nós com Tio Zé, protagoniza uma situação peculiar. Natural de São Bartolomeu, concelho de Castro Marim, iniciou a ligação ao Centro como trabalhador, passando depois a integrar a empresa de inserção de construção civil, sendo ao mesmo tempo abrangido pelo serviço de apoio domiciliário. Promiscuidade? Seguramente não. Complementaridade? Certamente. O Tio Zé, que apresenta notórias limitações pessoais e sociais, foi ao longo da vida um sem-abrigo, sem eira nem beira, a dormir onde calhava, enxotado de vários lados: “Comecei desde pequeno a trabalhar, para aí com 10 anos, a tratar de vacas. Depois de deixar os bichos era descarregador no mercado, da fruta. Apanhava cenoura também. Teve sempre uma vida difícil”. Porventura um comentário muito ligeiro, para quem viveu sempre abaixo do limiar da dignidade (referimo-nos a condições de vida e não a comportamentos).
Com pouco mais de 60 anos, sem casa, sem emprego, sem família, sem amigos, sem nada, incapaz de realizar algumas tarefas simples de higiene pessoal, como fazer a barba (incapaz devida ao facto de nunca ter aprendido), o Tio Zé encontra em Montes Altos mais do que um apoio. Tem tudo o que não tinha nem poderia ter nem sonhar, o que confirma a vocação do Centro Social de Montes Altos para ir muito mais além do que são estritamente as suas atribuições. Acerca de estar aqui, num sítio onde não tem raízes, o Tio Zé comenta “aqui estou protegido”. Mas protegido significa também sedentarismo, circunstancia menos fácil de aceitar para um nómada, uma pessoa para quem o viver e errar se confundiram. Talvez por isso, o tio Zé revele alguma impaciência e desejo de evasão."
................................................
Amigos
Começo a não estranhar as
surpresas dos redactores principais do nosso Blog.
Gostei de rever o Pedro, está
muito catita o rapaz...de telélé em punho e tudo...
Para o Mestre, de uma forma
muito especial, um abração e obrigado pelo simpático telefonema que me fez.
Para O Guedes e o Pica,
agradeço da maneira que sei...com bonecos e bonecas...
BRAÇÕES para todos
Zé Justo
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enviamos ao Sr. Director do
Centro Social dos Montes Altos, a seguinte mensagem:
Exmo. Sr.António Diogo Sotero
Exmo. Sr.Venho agradecer-lhe
pessoalmente, a simpatia que V.Exa teve para comigo e meus amigos, aquando da
visita ao nosso amigo Pedro (Tio Zé).
Foi para nós motivo de muita
alegria reencontrar o nosso amigo e saber que ele está bem, na companhia de
pessoas que o estimam e o tratam melhor, imcomparavelmente melhor, do que se
ele estivesse na anterior vida.
Muito obrigado por tudo e
principalmente pelo amor e carinho que dedicam ao nosso amigo.
Queria dizer-lhe ainda, que no
nosso blog http://bart1914.blogspot.com/ já
se encontra publicado um artigo referente a esta nossa visita, da autoria do
nosso amigo Pica Sinos, onde se inclui um video que está no vosso site,
aparecendo o Pedro numa dança.
Bem hajam e muitos parabens
pela obra realizada.
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do Sr. Director do Centro Social
dos Montes Altos, recebemos a seguinte mensagem:
"Acabo de receber e ler a
vossa mensagem de passagem pelo Alentejo e pelo Centro Social dos Montes Altos,
e quase deixo escapar uma lágrima de emoção pela forma humana que os homens que
foram obrigados a fazer a Guerra na Guiné(Colegas meus de transmissões)vieram
ver o Zé Pedro aos Montes Altos, o qual tive o privilégio de receber, como a
tantos outros, de forma diferente, evidentemente.
Agradeço as vossas palavras de
elogio, em meu nome e da Instituição que represento.Têm vocês aqui uma casa
vossa sempre que queiram voltar onde teremos o prazer de vos oferecer um farto
almoço, regado com a melhor música alentejana. Obrigado e voltarei a
contactar-vos através da vossa excelente e bem produzida página.
Um abraço.Diogo Sotero"
segunda-feira, 11 de março de 2013
Nunca se concretizou a prometida proibição de fumar na firma,...o que foi pena...muita pena mesmo!!...
Amigas e Amigos
Gosto de quando em vez fazer zapping pelos meus arquivos fotográficos.
Revejo sempre fotos que me lembram momentos ou situações passadas, que de uma ou outra forma me dão satisfação, me forçam um sorriso, e com ele...histórias!!...
É o caso desta foto, tirada na Sala de Desenho das primitivas instalações nas Picoas da firma onde trabalhei 31 anos, aí pelos anos 1990...
Embora ao tempo ainda não existisse a proibição de fumar em recintos fechados, muitas empresas já o proibiam dentro das instalações, tendo algumas, gabinetes próprios para esse fim.
Na firma o nosso administrador sr. F. era um fervoroso anti-tabaco.
Eu sempre fumei imenso. Nos meus trabalhos profissionais, o cigarrito era a mola real para os sucessos e insucessos!!!
Se a ideia saia bem e o trabalho estava a correr sobre rodas...cigarro com o entusiasmo! Se a coisa estava a dar para o torto...cigarro para acalmar...planar um pouco...e assentar ideias.
O escritório por várias vezes sofreu remodelações e regra geral, as paredes eram pintadas de cor um pouco diferente como revitalização ambiental.
Um ano, depois da tal pintura renovada a “branco pérola” o teto já apresentava uma linda mescla de tons amarelados...
Dava nas vistas porque a sala de desenho tinha as paredes totalmente revestidas de estantes, como a foto dá uma ideia, e o teto tão branquinho que estava, igual ao resto do escritório, passou a “mete nojo”!!
O boss, tendo ido à sala para tratar de assuntos da secção, explicou-me o que pretendia, e antes de sair começou a mirar em redor, e finalmente fixou-se uns segundos no teto...
Sem comentários saiu.
Passados poucos minutos, toca o telefone e o sr. F. manda-me ir ao seu gabinete.
Não estranhei, pois eram uso, praticamente diário, estas chamadas.
- Dá-me licença?...- Entre...- Olhe ó Justo, você sabe que eu tenho condescendido no que respeita a fumar no escritório; a si, ao A. e G. mas isso tem que mudar!!
Veja lá como vai resolver o problema. Não me faça ter que vos proibir das fumaradas!!
Bem, fiquei como se calcula em brasa...eu sem a chucha??!!...não me estava a ver.
Fumador compulsivo desde muito novo, tinha perfeita noção dos malefícios do veneno e mesmo com bastantes tentativas, nunca tinha conseguido abstinência narcotínica mais que uns dias (eu dizia muitas vezes: deixar de fumar não é difícil!!...eu já deixei de fumar 76 vezes!!).
Com o avançar dos anos o catarro característico provocado pelo fumo, incomodava-me e no fundo pensava que conseguiria com um pouco de boa vontade ver a tal luz ao fundo do túnel e livrar-me do famigerado vício.
Na realidade, anos mais tarde vi a tal luz ao fundo do túnel...só que era um comboio em sentido contrário!!...
Depois de levar o responso sobre o tabaco...cheguei á sala de desenho e saltou-me logo à memória uma frase lida não sei onde e que tratei logo de postar na parede.
Vê-se no canto superior direito da foto e o texto transcrito está no vidro da janela.
Claro que durante uns dias, fugia para o WC e de janelas escancaradas lá dava umas cigarradas.
Passados dias o nosso sr. F. entra na sala, com mais um trabalhinho em mãos. Estava ao telefone com um cliente sobre catálogos pretendidos e dados técnicos de uma máquina, bem como material diverso de publicidade para uma campanha que ele iria realizar.
Pedi ao cliente um minuto, mas o boss fez-me sinal para continuar a falar. Assim fiz e reparei pelo canto do olho, que ele lá fazia a sua habitual vistoria visual, mas fixou-se no tal pequeno cartaz com a frase alusiva ao tabaco.
Terminei o telefonema, expliquei o fundamento da conversa, trocamos umas impressões sobre o cliente, um dos melhores da firma, e ele no final com um sorriso, pergunta-me:
- Foi o Justo que escreveu aquilo? – Fui, respondi. – Você é tramado!!...sem mais comentários, e com o mesmo sorriso, saiu da sala.
Nunca se concretizou a prometida proibição de fumar na firma,...o que foi pena...muita pena mesmo!!...
Justo
sábado, 9 de março de 2013
A minha primeira noite fora de casa - pelo Pica Sinos.
Amigos.
De vez em quando lá escrevo um retrato da vida.
Não sou saudosista, mas gosto de recordar.
Jamais, hoje, um puto de 12 anos anda sozinho por um descampado serrano.
Como são diferentes os dias de hoje.
Tenham um bom fim de semana.
Raul Pica Sinos
___________________________
A
NOITE FOI BOA, O DIA NEM TANTO!
Quis o
acaso que, naquele sábado, me encontrasse na rua de maior movimento pedonal. A
Rua das Tílias. Esta rua ficava na entrada do meu velho Bairro das Furnas. Dava
ligação a muitas outras - das Oliveiras, das Faias, das Nogueiras; dos Salgueiros
-. Tinha uma ligeira inclinação a partir do meio, onde, no seu primeiro
cruzamento, floresciam um número considerado de bonitas piteiras.
O alinhamento
das casas era do lado direito de quem a descia. À esquerda, acompanhava-a no
primeiro lanço uma sebe, sustentando um gradeamento que, separava todo um aparato
social; o Posto médico, o Jardim infantil e a Creche.
Na frente
da casa com o nº 2, a limpar, com a ajuda de um trapo, as mãos carregadas de
óleo, sorridente, dizia o meio oficial de mecânica auto;
…Está
pronto Raul, está pronto…Já faz fumo…
Não era
para menos, o carro, ora reparado, encontrava-se na frente da sua porta há
cerca de uma semana e, o cliente certamente já o tinha reclamado.
Retribuindo
o sorriso, dirigi-me ao Carlos Santana e, em jeito de interrogação questiono-o…e
agora?
Agora?
Agora, aparece a seguir ao jantar, vamos dar uma volta, retorquiu.
Mãe, vou
dar uma volta com o Santana, não me demoro, vamos experimentar um carro que ele
consertou.
Em traje
de fim-de-semana, lá me apresento à chamada. Junto ao “Anglia Prefecta” de cor
preta, já lá estava o Zé Manuel, o filho da Ti Julvira que, logo me afaga a
cabeça, contente, por me ter por companhia.
Era
o mais novo do trio, tinha 12 anos de idade. Os meus companheiros certamente
mais 3/4 anos de idade.
Aventurados,
já noite, o nosso condutor ainda “desencartado”, escolheu como trajecto, para
“pista de experiência automobilista”, a marginal de Lisboa/Cascais.
O velho carro
acompanhava um comboio. Provocado o maquinista com acenos, este respondeu ao
desafio. As marchas foram aceleradas, nervosamente trocaram-se apitos e buzinadelas.
Nem o
chapéu-de-chuva aberto dentro do carro, por via da chuva miudinha a entrar
pelos buracões no tejadilho, obstara, em largas centenas de metros, tão
divertida corrida.
Ao chegar
à vila de Carcavelos alguém disse:
Dito e
feito, arrumado o carro, lá fomos dar o nosso pezinho de dança por umas quantas
horas, mas um pouco antes de acabar a animação, não me recordo qual um dos meus
companheiros (ou os dois) fez a seguinte comunicação: “Eh pá Raul! Agora, vamos
entregar o carro, é longe e, ficamos por lá. É melhor regressares ao Bairro, tens
comboio daqui a pouco”.
Já só os
vi pelas costas. Fiquei na dúvida de tão misteriosa conversa. Quando saímos do
Bairro, nada me foi dito em conformidade. Pensei, talvez…raparigas? No entanto não
me moveu, o que, quer que fosse, para contrariar tal decisão.
Na
estação, vejo, por ser fim-de-semana, que os horários dos comboios eram mais
espaçados.
Esperei
cerca de uma hora para a bilheteira abrir. Observo o dinheiro no bolso, só dava
para permitir ter bilhete de passagem, até à estação de Belém. O horário do comboio
a parar nesta estação, só por volta das 07 horas. Nada a fazer, outras
alternativas não havia.
Quando
cheguei à estação de Belém, tirei o “azimute” do caminho para casa; Subir a
calçada da Ajuda, avançar na direcção aos 4 caminhos na serra do Monsanto, continuar
o trajecto até prisão, situada bem no alto. Chegado aqui, para o Bairro, foi só
descer a encosta. Já na entrada, o sol dava-me pelo joelho.
Foi a
minha primeira noite (das muitas) fora de casa!
Quando
abro a porta da entrada do “ninho”, vejo sentada, com os braços sobre a mesa, raladíssima
e encolerizada minha mãe, que, de pronto me perguntou:
… Por
onde tens andado? Até à polícia já fui…
A custo
lá expliquei.
Não
convencida, outro “baile” iniciou.
No
entanto direi, mesmo depois de todas a vicissitudes, foi muito bela a minha
primeira noite fora de casa.
Março
2013
Pica Sinos.