segunda-feira, 11 de julho de 2011

O MISTÉRIO DA CAMISA RASGADA AO SR. SPM FOI DESVENDADO

Oh artista:

Aqui vai o texto que, sobre o SPM e não só, escrevi e está já no blog, publicado a 21 de Setembro de 2010.
Como vês, não precisas de te atirares para o chão que já vens de carrinho.
Um abraço e continuação de boas férias
Hip
………………….
Por imposição do Guedes, presumivelmente, a alvitre do “agulheiro” Pica, a quem (aleluia!) reputo, do que conheço, honra lhe seja feita, como homem recto, lutador indómito e de convicções fortes, nas causas que considera justas, seriíssimo e, acima de tudo, apesar dos seus engulhos particulares, que não são pequenos e fáceis, amigo do amigo e sempre preocupado com o semelhante, sobretudo com todos os que, com ele, conviveram na Guiné:

Mal chegados a Tite, um ou dois dias após, creio que o major, 2º comandante, dispara:
- Oh nosso cabo, foste indigitado para SPM.
- Meu major, mas eu não pesco um corno disso.
- Não sei. Desenrasca-te, retorquiu, voltando-me as costas . .

Bonita encomenda ! Manda quem pode, obedece quem deve .. . e logo, a mim, que nem sabia do que se tratava, nunca tinha tido (nem vim a ter) qualquer formação para o cargo e não fazia a menor ideia do assunto.

O SPM (serviço postal militar) tinha as funções de uma estação dos correios e, em Tite, tinha bastante movimento, na medida em que abrangia um grande número de militares (mais de 500 militantes escrevinhadores), quer da sede do batalhão, quer de outros destacamentos, como o Enxudé, Nova Sintra, Jabadá, Fulacunda e S. João.
    Aí vendia-se selos, processava-se o recebimento e expedição, via aérea ou marítima, de todo o tipo de correspondência, desde os célebres aerogramas, cartas simples e registadas, encomendas de todo o tipo e até valores declarados que eram, nem mais nem menos, um meio de os familiares dos militares enviarem “patacão” da metrópole, com segurança.
    Talqualmente, como hoje, um posto dos CTT da metrópole, menos a venda, para alcançar objectivos, de lotarias, bijuterias e quejandas .


Retenho, à distância de 42 anos, os dias da chegada do “correio”. Era um sufoco, um frenesim, que, só quem viveu esses momentos da chegada de notícias dos entes queridos, pode avaliar.
    Era ver os militares, de olhos esgazeados, a sair das órbitas, ansiosos e à espera de que, em voz alta, se pronunciasse o seu nome.
    A ponto de, ainda inexperiente, me terem, nas primeiras distribuições, rasgado a camisa, na ânsia de receberem , rapidamente, as missivas.


Estes momentos são retratados nas fotos acima (abaixo).


Uma guerra, dentro de outra. Um alvoroço que, por artes mágicas, repentinamente, desaparecia, logo que feita a distribuição. E, durante uma hora, no quartel de tanta viv’alma, não se ouvia sequer o restolho de uma folha. Um silêncio sepulcral, enquanto, cada um, isoladamente, no seu recanto, saboreava e devorava as últimas do seu mundo.
    E, depois, a descompressão e o bulício do quartel, regressavam à normalidade . . .


Dos, quase, dois anos que penei na tarefa, recordo, apenas, uma reclamação de um familiar, sobre um valor declarado, isto é, de uma quantia enviada a um militar e provinda, creio eu, de Paranhos-Porto.
    Estava no SPM, a tratar do expediente, quando me vieram intimar para, no gosse-gosse, ir ao gabinete do capitão Vicente, chefe da secção de reabastecimentos e que superintendia no SPM.

- Tenho aqui uma reclamação de um valor declarado que não chegou ao destino, disparou o capitão, desconfiado e militarão.
- Pode, por favor, meu capitão, fornecer-me o número desse valor declarado, gaguejou o SPM.
- Faça favor, nosso cabo.
- Um momento e se me der licença, irei ao SPM consultar o livro de registos que, à cautela e precavendo equinócios, mantinha assinado por todos os que recebiam aqueles valores.
- Aqui está, meu capitão, exibindo o livrinho à merceeiro. Recebido e assinado no dia x .
- Ora, deixe cá ver . . . mas, . . . a assinatura é aqui do fur.mil, que, a meu lado, trabalha !!!

[O dito juvininho, cujo nome se me varreu, vendo gorada a expectativa, digo eu, de os familiares, face à demora propositada em acusar a recepção, remeterem 2ª dose monetária, assentia, enquanto assistia à cena, e lá ia abanando, afirmativamente, a cabeça, desconsoladíssimo].

- Muito bem ! Esclarecido. Pode retirar-se, despachou-me o chefe.

Prova superada. Por pouco, não ia recebendo mais uma medalha ! . . .
Sou, quem sabeis
Hipólito



8 comentários:

  1. Pois! . . . Assim, é que é falar, para quem não é gago . . .
    Tive, agora, uma nesga de lucidez, o que vem sendo, já, raro . . .
    Alembrei-me, agora e passados estes 42 anos, que o fur.mil, referido, tinha um nome, assim para o escarafunchoso, creio que Firmino, antecedido dum outro,nome esse, que não recordo, já.
    A camisa aludida era mesmo das que se usava na tropa, que não outra, das que, na altura, com 20 anos, "rasgavam" com muita facilidade.
    Um abraço do vosso
    Exmº e revº, além do mais, SPM.

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  2. Não percebi nada disto, deve ter sido numa altura em que eu estava de férias...
    Seria???...
    As coisas que vocês romanceiam só para encherem linhas ao blog.
    Estão perdoados, além de abençoados. Mas o destino correcto seria mesmo excomungados...

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  3. Meus Queridos
    Refiro-me ao Guedes e ao Hipólito.

    Tendo em conta a crise que me assola e ao país, as férias este ano são passadas cá dentro. Entenda-se dentro de casa. E como não há outras noticias na TV senão da crise, eu desligo o dito cujo aparelho e procuro contribuir pró blog conforme posso e sei.

    Dado os vossos comentários,que presumo que sejam de satisfação, um dia destes, vou escrever sobre uns companheiros, em Tite, de quem muito pouca gente, ou quase nenhuma, tem escrito tendo em conta as sua origens nos esbeltos corpos que então existiam para aquelas bandas.

    Refiro-me aos que davam pelo nome de; Pthirus pubis e Tunga penetraus e doa a quem doer.

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  4. Pica, vê lá,vê lá . . . no que te metes . . .
    Não descubras a careca a algum, hoje, careca respeitável e avô de netos . . .
    Por mim, estás à vontade, até e ainda tenho algum cabelo e, nessas artes, tenho, como sempre tive, as mãos, e o resto de corpo, impolutos e à prova de qualquer teste de ADN.
    Força, "xuta-lhes", não te doa a caneta, estão-se a pôr a jeito, os purinhos da silva !!! . . .
    De férias?!!!, o marmanjo . . .

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  5. a partir de hoje, entra em vigor o lápis azul...
    hi hi hi...

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  6. Então nada feito.
    Ficam os artigos dos Pthirus pubis e Tunga penetraus apenas por via dos e-mails.
    Lápis Azul? Cá para o rapaz pode ser a 100%.
    Isto de fazer esforços para "alimentar vivo" o blog tendo em conta o efeito para que foi criado, tem que se lhe diga.

    O meu anda paradinho é uma boa oportunidade de lhe começar a dar mais atenção.

    E aqui o lapis azul é meu. ihihihih

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  7. Está bem, pronto, já foi fora o lápis azul...
    Venha de lá a escrita!

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  8. Ainda voltando ao tema deste artigo surrelfa do nosso SPM, não percebi várias coisas, a saber:
    - o valor declarado era dinheiro ou salpicões, presuntos ou vinho Eclesis?
    - destinava-se ao dito "juvininho"?
    - ou era para ontrem? se sim, quem?
    - E a seguir a interpelação do nosso Cap. Vic. a que conclusão chegou o nosso cabo Hipó, no momento?
    É que o dito nunca recebeu ou assinou qualquer importancia vinda da Metrópole. Simplesmente porque nunca a requisitou nem nunca lha enviaram, efectivamente...
    Por isso eu dizer que não percebi nada, mesmo nada... Há aqui algo que não bate a bota com a perdigota!
    Esclareça quem de direito, para que conste e fique registado...

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