Infância
(Ary dos Santos)
Não minha mãe. Não era ali que estava.
Talvez noutra gaveta. Noutro quarto.
Talvez dentro de mim que me apertava.
contra as paredes do teu sexo-parto.
A porta que entretanto atravessava
Talhada no teu ventre de alabastro
Abria-se fechava dilatava.
Agora sei: dali nunca mais parto.
Não minha mãe. Também não era a sala
Nem nenhum dos retratos de família
Nem a brisa que a vida já não tem.
Talvez a tua voz que ainda me fala….
….. o meu berço enfeitado a buganvília….
Tenho tantas saudades, minha mãe!
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Amigo
Fiquei deslumbrado com a tua narrativa.
Parabéns.
Deixa-me partilhar o que te vai na alma, acrescentando umas palavras, para melhor realçar o lado “guerreiro” da tua, das nossas mães.
“Quanta força e energia buscavam ELAS, para superar a fragilidade dos seus corpos.
Quanto sufoco e trabalho duro, árduo e suado para nos darem estudo, educação e o pão de cada dia.
Quantas lágrimas derramaram longe do nosso olhar,
E nós,
ingénuos,
julgando que nossas MÃES não sabiam chorar.
Quanto orgulho temos nas nossas MÃES”.
Aproveitando a onda de saudade, recordo em anexo, um dos últimos sonetos escritos pelo Ary dos Santos e que Ele (que também tanta falta nos faz), intitulou “Infância”.
Espero que gostes.
Recebe um forte e apertado abraço,
Cavaleiro
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