terça-feira, 6 de outubro de 2009

Presença Portuguesa na Guiné/Bissau - pelo Pica Sinos.

O pós independência Amilcar Cabral, o fundador do PAIGC não viu o sonho de uma Guiné independente tornar-se realidade, tendo sido assassinado em circunstâncias ainda não esclarecidas na Guiné-Conacri. É o seu irmão Luis Cabral quem ascende à presidência do país. Uma onda de perseguições alastra pela Guiné. Comandos Africanos que serviram o exército Português e alguns régulos e chefias tradicionais que durante a luta de guerrilha não tinham apoiado o PAIGC são perseguidos e executados. Em Tite num só dia 40 antigos comandos e régulos são fuzilados e enterrados em vala comum. Um número avultado de pessoas procura o exílio nos países vizinhos, o Senegal e a Guiné-Conacri. O regime multipartidário e as primeiras eleições Com o fim da guerra fria, acabava também o sistema de mono partidarismo em África, dando-se inicio em 1991 ao processo de democratização com a alteração da constituição que passava a permitir o pluralismo politico. Em 1994 têm lugar as primeiras eleições legislativas e presidenciais livres. Nino Vieira pelo PAIGC confirma a presidência com 52% na 2ª volta que disputa com Kumba Yalá (48%) do PRS. O parlamento é partilhado com outras forças politicas : PAIGC (62 deputados), RGB (19), UM (12), PRS (6) e FLING (1). Nos quatro anos que se seguiram não se registou grande evolução na resolução dos maiores problemas do país. O descontentamento dos veteranos de guerra e a crise económica agravavam-se dia para dia. Nino Vieira experimenta uma aproximação à Francofonia aderindo à zona do franco CFA em Maio de 1997 e assinando um acordo de defesa e segurança com o Senegal que obrigava a Guiné a apoiar Dakar na luta contra a guerrilha do MFDC de Casamansa. Neste quadro demite em Janeiro de 1998 o Chefe de Estado-Maior, o Brigadeiro Assumane Mané, acusado de ser responsável do tráfico de armas para Casamansa e de permitir a existência das bases da sua guerrilha em território nacional. 3 Assumane Mané a 07 de Junho de 1998 tenta evitar o seu julgamento encabeçando uma revolta e tentando neutralizar Nino no aeroporto de Bissalanca quando estava de partida para uma reunião da OUA. Grande parte da população adere à junta militar, ao que Nino dizendo tratar-se de um golpe de estado pede a intervenção do Senegal ao abrigo do acordo de defesa e segurança. Nino serve-se também das boas relações com Lasana Conté, presidente da Guiné-Conacri para que o seu vizinho do sul intervenha no conflito. Durante o conflito que opôs a junta militar e as forças governamentais, registaramse importantes confrontos na região. Unidades da Guiné-Conacri e do Senegal desembarcam em S.João (Bolama/Bijagós) e avançam pelos sectores de Tite e Fulacunda. Perante o avanço das forças estrangeiras que invadiam a região, as forças da junta militar são reforçadas por antigos combatentes do PAIGC e por antigos comandos africanos do exército português. Os primeiros combates entre as duas forças registaram-se na região fronteira entre Tombali e Quinara na estrada que liga Buba a Mampata onde se confrontaram as unidades da junta militar vindas de Quebo e as unidades governamentais que estavam estacionadas em Fulacunda. Nessa altura a junta militar transferiu o governo da região que se encontrava instalado em Fulacunda para Buba, onde a partir de então se instalaram também os diversos serviços do estado. Mantendo o estatuto de capital oficial, Fulacunda pretende recuperar esses serviços e o governo da região. A 25 de Agosto é assinado um acordo de cessar fogo na cidade da Praia mediado pela CPLP que é quebrado em Outubro com a conquista pela Junta Militar das cidades de Bafatá e Gabú ocupadas pela Guiné-Conacri. A 01 de Novembro tendo como mediador a CEDEAO é assinado em Abuja novo acordo de paz. Nino Vieira não desarma o batalhão presidencial de 600 jovens Bijagós “os aguentas”. A junta militar a 7 de Maio de 1999 lança uma operação militar em Bissau obrigando à rendição das forças leais a Nino Vieira que se refugia na embaixada portuguesa donde parte para o exílio, permanecendo em Portugal até às eleições de 2005. A 28 de Novembro de 1999 têm lugar as eleições Presidenciais e Legislativas, obtendo o PRS o maior resultado com 37,25% dos votos expressos contra 28,43% do PAIGC a nível nacional. Na região de Quinara é o PAIGC quem regista maior número de votos (5277) seguido de muito perto pelo PRS com 5204 votos. O círculo Buba-Empada elege 2 deputados do PAIGC e o PRS apenas 1, enquanto no círculo Fulacunda-Tite acontece o inverso (2 deputados PRS, 1 PAIGC). Os resultados das eleições presidenciais obrigam a uma 2ª volta a 16 de Janeiro de 2000, obtendo Kumba Yalá (PRS) 72% e Malam Bacai Sanhá (PAIGC) 28% a nível nacional. Na região de Quinara Kumba obtém 51,7% dos votos contra 48,3% para Malam Bacai Sanhá. Nas eleições Presidenciais de 2005 à 2ª volta (vide gráfico pág. ), Malam Bacai Sanhá (PAIGC), natural de Cam uma tabanca do sector de Empada, consegue 61,2% dos votos contra 38,8% para Nino Vieira (candidato independente). A nível nacional o resultado teve o sentido inverso tendo saído eleito Nino Vieira com 52,35% contra 47,65% para Malam. Nestas eleições registaram-se alguns casos de 4 pressão e intimidação especialmente junto da Rádio Comunitária Papagaio para que a campanha de Nino não tivesse acesso aos Media da Região. A 12 de Março de 2007 entre os principais partidos PAIGC, PRS e PUSD é assinado o Pacto Nacional de Estabilidade. Para o Governo da região é nomeado o governador membro do PUSD, assim como para o Sector de Fulacunda. O PRS assegura a administração dos sectores de Tite e Empada, e o PAIGC o sector de Buba. A 05 de Agosto de 2008, após ter sido demitido o governo de Martinho N’Dafa Cabi, sendo nomeado primeiro ministro Carlos Correia, são também nomeados novos administradores de sector e governador da região de Quinara, passando todas as funções a ser tituladas por membros do PAIGC. “A Missão de Observação Eleitoral Internacional 1999/2000. A participação Portuguesa”, Guilherme Zeverino / Luis Branco “A luta pelo poder na Guiné-Bissau”, Álvaro Nóbrega “História da Guiné – Portugueses e Africanos na Senegâmbia”, René Pelissier

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