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terça-feira, 13 de outubro de 2009
Circuncisão Feminina na Guiné-Bissau
Relatório do governo apresentado à Cedaw revela que 44% de mulheres e raparigas são vítimas de mutilação genital feminina no país; documento indica também que vários tabus culturais contribuem para a discriminação das mulheres. Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O governo da Guiné-Bissau disse que quer reduzir para metade, até 2015, os casos de mutilação genital feminina no país.Um relatório apresentado na segunda-feira, 3 de Agosto, à Comissão da ONU para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres, Cedaw, indica que 44% de mulheres e raparigas na Guiné-Bissau são vítimas de circuncisão feminina.
Violência Doméstica
Além da mutilação genital, o relatório nota o aumento assustador de outras formas de violência contra mulheres, incluindo a escravatura e violação sexual e a violência doméstica.
Segundo o governo guineense, a cultura e tradição são factores que continuam a afectar o pleno exercício dos direitos fundamentais das mulheres.
Elas limitam o acesso das raparigas à educação, discriminam as mulheres em questões de divórcio e herança e têm um impacto negativo na sua saúde.
Vida Política
A presidente do Instituto da Guiné-Bissau para a Mulher e Criança, Iracema do Rosário, que apresentou o relatório do governo, disse à Rádio ONU que a discriminação das mulheres na área da educação impede a sua participação efectiva na vida política do país.
"Sabemos que existem tabus que dizem que as mulheres devem ficar em casa para fazerem os trabalhos domésticos.
Esses tabus ajudam o processo de discriminação impedindo as mulheres de alcançarem postos de decisão.
Outros tabus culturais que impedem o avanço da mulher guineense são a mutilação genital feminina e o casamento precoce e forçado" afirmou. Lei Tradicional
A ONG guineense, Liga dos Direitos Humanos, participou também na reunião da Cedaw. O presidente do órgão, Luís Vaz Martins, disse à Rádio ONU que a discriminação das raparigas começa na própria casa.
"É no lar familiar que começa a discriminação.
Os rapazes são autorizados a frequentar a escola enquanto as raparigas ficam em casa.
Existem outras tarefas domésticas que acabam por ser impostas às raparigas, afectando o seu rendimento escolar.
O próprio relatório do governo reconhece uma alta taxa de desistência das raparigas da escola" disse.
Iracema do Rosário realçou que a luta contra a discriminação passa por uma mudança de mentalidades no país.
"Sabemos que na Guiné-Bissau há quadros femininos capazes de ocupar postos de decisão. Mas factores culturais atrasam o seu avanço.
É necessário haver uma equidade.
Havendo uma equidade sabemos que a mulher pauta pela paz, pela estabilidade e pelo desenvolvimento.
Acho que a Guiné-Bissau vai ter esse previlégio de ter mulheres nos postos de decisão" afirmou.
Luís Vaz Martins disse à Rádio ONU que as mulheres continuam também a ser vítimas da lei tradicional, particularmente nas regiões rurais.
"Na Guiné-Bissau, as mulheres na sua grande maioria, salvo situações de mulheres urbanas, não têm o direito de herdar os bens dos maridos no caso de morte.
A mulher ou aceita uma nova relação, um novo casamento, com um dos familiares do falecido marido ou é expulsa do lar familiar" indicou.
In: Rádio das Nações Unidas
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Zé Justo
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