sábado, 4 de abril de 2009

Como se o tempo não tivesse passado...

Não sei quem, mas estou certo que, um de “nós” foi o autor da expressão: “Amigos na Guerra Amigos para Sempre”. Não sabendo a razão ao que levou tal proclamação, hoje, arrisco dizer que quem a escreveu ou a pronunciou, tinha decerto os seus motivos, na ideia, bem enraizados. Digo-o, porque partilho, convicto, da justeza desta afirmação.

Digo-o, porque não me passava pelo pensamento de quanta alegria sentida e da reciprocidade manifestada desse contentamento, no momento de abraçar um companheiro, um camarada, um amigo de guerra, sobretudo aqueles que há 4 décadas não os via! Têm sido momentos inesquecíveis. Só quem comigo partilhou esses encontros, saberão avaliar e testemunhar essa satisfação de amizade e de confraternização, de tal forma ricas que procuro continuar e partilhar com os demais, para o papel, até ao dia onde sei que deixei e encontro o lápis. Hoje, sei mais dos “meninos de ontem”! Hoje, quando reencontro um camarada e, por momentos partilhamos retratos da nossa vida, “de lá e de cá”, é com a mesma humildade, confiança e respeito mútuo, como no tempo de “menino” naquela terra distante. Falamos com a mesma humildade, confiança e respeito mútuo, como se o tempo não tivesse passado por nós. Falamos dos percursos das vidas, dos filhos, alguns, dos netos, das maleitas e das preocupações.

Partilho alegrias e desabafos com o amigo de guerra, amigo do peito, com a mesma humildade, confiança e respeito mútuo, como se o tempo não tivesse passado. Como foi possível “desviarem-nos a memória” de conhecer quem ao nosso lado lutava por causas, essas, muitos já sabiam, perdidas? Hoje, nos breves momentos do encontro, permite conhecer mais o “menino” nos tempos da sua infância e adolescência do que no período de 2 anos em território de terra vermelha e do pôr-do-sol inigualável. Como é bom e gratificante vê-los com os olhos ainda brilhantes e, a deixar cair uma ou outra lágrima que teima fugir, alegres e vaidosos, pois claro, satisfeitos do encontro e por contarem histórias passadas naquele chão distante que nos encontrou a todos, ainda, “meninos”.

Oh Pica; Lembras-te daquele momento no dia em que…? E naquela partida que pregamos ao…? E a fúria do major hortelão quando via que não tinha alfaces na horta…? E aquele petisco na arrecadação…? E a bebedeira do outro que ficou em coma alcoólico…? E o que sofremos porque…. Lembras-te Pica? Se me lembro camarada! É por tudo isto e, por muito mais que não consigo explicar, que continuo a procurar os meus “amigos de guerra, os meus amigos para sempre”! Pica Sinos

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