sábado, 18 de outubro de 2008

O quartel de Guilége Todos os que estivemos na Guiné, e passamos o que passamos, sempre recordaremos os que por maior infelicidade ainda, foram mais sacrificados que nós. Recordo os terríficos nomes de Guilége, Madina do Boé, Gadamael, ilha do Como e muitos outros que com pena, já não recordo. Tite não fugia á regra, e sempre que havia ataque ao nosso quartel, em Bissau, vinham para junto do porto ver e ouvir os clarões e estrondos dos rebentamentos das granadas de morteiro e canhão sem recuo. Eu próprio assisti a esse macabro ritual quando estive a estagiar no QG de Bissau, e tenho que admitir que, mau grado as nefastas e dolorosas consequências, era "espectacular", principalmente quando o vento estava a favor. É muito difícil arranjar uma bitola para o sofrimento. Cada um tem os seus próprios sentimentos, sensibilidades e maneira própria de sentir a dor, mas na realidade em toda a Guiné estes nomes e as tropas que neles tinham servido, eram merecedoras do muito respeito de todos. Zé Justo ............................................................................................................................................................... (...) A queda de Guilege a 22/05/1973, na sequência da operação "Amilcar Cabral" é um acontecimento importante, porque Guilege não era um quartel qualquer, era ai que estava instalado o comando operacional da zona, o COP5, era um quartel bem fortificado, e estava preparado para responder ao fogo de artilharia pesada do inimigo. Estes aquartelamentos junto à fronteira, tinham como objectivo ser a primeira linha de contenção das infiltrações do inimigo, e serviam de apoio ao lançamento de operações, muitas vezes realizadas por tropas especiais. O crescente poderio do PAIGC nas zonas de fronteira, acabou por fazer com que algumas guarnições limitassem as suas acções ficando praticamente confinadas aos aquartelamentos, e fossem alvos de frequentes flagelações O facto de ter sido abatido um avião Fiat G-91 em 25/03/1973 com um míssil Strella, criou grandes limitações no que se refere ao apoio aéreo, pois para além de não se poder contar com os Fiats nos momentos críticos, o mais grave era não se poder contar com os hélis para fazerem as evacuações, isto significava ver um camarada ferido morrer, sem se poder fazer nada para o salvar, o que era altamente desmoralizador. (...) Texto de Carlos Fortunato http://destaques.com.sapo.pt/GuineGuilege.html Google JJ edição fotos

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