quinta-feira, 31 de julho de 2008

Seres pensantes

Do blog do nosso Mestre http://cantodocarlos.blogspot.com
transcrevo a seguir um relato "eco-rodoviário", muito interessante.
Subtil como sempre e com uma mensagem.... Com a devida vénia ao blog e ao Mestre, pela crónica e pela foto. "A viagem d'hoje, sobremaneira me agradou. Nem sei a razão. Talvez por ter ido ontem e ansiasse o retorno.Começo a temer o dia em que, ao lá chegar, não tenha jeito de ficar e regresse no mesmo expresso, deixando por cumprir as obrigações absurdas duma vida finita.No percurso, olhando os campos prenhes do esforçado e humilde labor do homem, permito-me duvidar da sanidade do chefe de orquestra da natureza.Porventura, a criação do dito humano não seria problema se os limites fossem semelhantes aos concedidos a outros e tão maravilhosos seres que por aí habitam e com alguns dos quais até uso e abuso privar.Quis todavia ensaiar o insólito e concedeu a esta criatura a faculdade de pensar. E daqui não mais teve mão na harmonia. Nem batuta obedecida.Logo se apercebeu. Uns aproveitaram em demasia, outros não tanto e houve até alguns que, sabiamente talvez, rejeitaram o beneficio.Esses, não pensadores, integraram a escola geral, o instinto lhes basta, continuando a tocar o seu instrumento e, sem opinião, pouco entravam o processo harmónico.Os pensadores medianos, demasiado contestatários, arrogantes, dizem se pensam logo existem e daí causam perturbação quanta baste nos acordes, tocando cada um a seu belo prazer.Os demasiado pensadores, necessariamente pessimistas, logo desistem, tornando-se prejudiciais ao conjunto, pela falta de entrada a seus tempos.A balburdia é agravada pelo facto de não ser linear o preceito. Entre existentes e desistentes, como em tudo, são extensas as zonas cinza, nem branco nem negro, acolhendo os pensadores menos convictos da sua opção.O grande maestro, incapaz de regredir nos seus favores, estará de todo arrependido e receoso duma eventual paralisação da sua antes bela sinfonia. Para quando ? Resta saber!!!Tudo me foi contado pelas arvores enquanto ondulavam, acenando o seu adeus à passagem do autocarro.Aqui fica o relato, convicto de não estar a cometer indiscrição. Carlos Silva"

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