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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”


(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).

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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"

(José Justo)

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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”

"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"

António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente

referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar

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Eles,
Fizeram guerra sem saber a quem, morreram nela sem saber por quê..., então, por prémio ao menos se lhes dê, justa memória a projectar no além...

Jaime Umbelino, 2002 – in Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, em Torres Vedras
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”

Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.

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Sem fanfarra e sem lenços a acenar, soa a sirene do navio para o regresso à Metrópole. Os que partem não são os mesmos homens de outrora, a guerra tornou-os diferentes…

Pica Sinos, no 30º almoço anual, no Entroncamento, em 2019
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."

Francisco Silva e Floriano Rodrigues - CCAÇ 2314


Não voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.

Ponte de Lima, Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar


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sábado, 25 de julho de 2009

O Mestre e a arte de bem computar

A CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO EM MONTE FIALHO

Como o prometido é devido, no passado dia 23/07/09, fui “à” do Mestre, no intuito de ministrar “formação” informática. O Mestre é um ex-camarada d’armas que comigo esteve, em Tite, na Guiné-bissau, não se cansando de convidar, para o seu Monte, os demais que com ele partilharam, na guerra colonial, as circunstâncias, que todos os que passaram por lá, são conhecidas.

O Mestre sabe da existência do Blog do Batalhão na NET, manifestando há muito vontades de saber o que se escreve por lá. Querendo também conviver, com os antigos companheiros, por esta moderna via.

Respondendo a estas vontades e a compromissos assumidos, apanhei o Fernando Botas pelas 06,30 horas, junto às Piscinas Municipais, no Barreiro e, metemo-nos ao caminho. Cansados de tanto alcatrão, abaixo de Grândola, deixamos a A2, optando pela estrada nacional, na direcção de Aljustrel rumo a Castro Verde.

Por aquele Alentejo, a caminho do Monte Fialho, ao contrário do que verifiquei na vez anterior que fui visitar, com o Guedes, o nosso ex-Operador Radiotelefonista, o vasto território, não tinha o encante do verde que então o cobria, do matizado das papoilas, do despontar das flores, e dos voos da passarinhada como no tempo da primavera. Vejo-me desconsolado, pareceu-me triste o terreno, a maior parte abandonado do cultivo, a predominar a cor ocre pró queimado.

Não encontrei coelhos a saltitar, nem rolas, perdizes ou perdigões que outrora vi levantar. Aqui, ali, alguns cilindros de feno, escasso gado a pastarem no montado ou deitado aproveitando a sombra de um chaparro ou azinheira ali isolado. Trigo nem vê-lo, alguns girassóis, aceiros destinados a impedir acesso do fogo já não se justificam (?), tal a pobreza do cultivo.

O encanto das vilas por onde passei (Rosário, Neves, Semblena, Viúvas, Dosgrandes, entre outras) onde a maioria das casas ostentam a brancura da cal, embelezadas por ombreiras e roda pés pintadas de cor azul ou amarelo cor do trigo, as ruas limpas, o silêncio, vieram quebrar a tristeza do ambiente atrás percorrido. A nova arquitectura, não ofende o antigo traço, bem pelo contrário, o enriquecem e o embelezam de forma acrescida.

Monte Fialho fica aproximadamente a 230 quilómetros do local da partida. Somos os primeiros camaradas a abraçar o Mestre e, a cumprimentar a família – D. Conceição sua mulher, a Graça sua filha e marido e, o neto João de 5 anos - minutos mais tarde chegam de Moura - o Francisco Ramos e a sua mulher, com passagem por Montes Altos/Mértola para trazerem o Pedro – o tio Zé -, como por lá é conhecido. Do Algarve, mais propriamente da Fuzeta, em férias, é a vez de chegar o Hipólito Sousa e a sua mulher, acompanhados do seu mimado neto Gaspar de 2 anitos.

A mesa estava composta de um beberete, numa das extremidades, já ligados, o computador portátil e a impressora que, entre uns tintos, fatias de pão, de presunto e de queijo, procurei iniciar e transmitir os saberes a que me propus, aqui, ali interrompidos pela D. Conceição, que, na cozinha, reclamava constantemente a presença do formando, mais preocupada no apurar do almoço aos convidados, do que as lições da ciência da computação que se transmitiam ao seu homem.

…Mestre, o computador abre assim. Aqui é o botão da ligação. Aqui é o lugar onde se enfia a pene, este o do rato. Agora tens que colocar a senha, espera - porra – …

…Agora vais ver o blog do Bart, demora um bocado porque a antena aqui é fraca. Vamos fechar esta página e abrir o sítio chamado Google. Este é o teu endereço electrónico, antonio.c.mestre@gmail.com , vamos ter que colocar a senha. Ora ai tens as mensagens de parabéns que a malta enviou…

Se alguém pensa que o Mestre se “engasgou” na lide, está muito enganado! A sua vontade de aprender apresentou-se muito forte e irrepreensível, só travada perante a chegada do tachão com a feijoada de carne de porco preto, que esgotado, outro chegou com galinha do campo gizada, obrigando que as lições da arte de bem computar ficassem para o cair da tarde.

E assim foi, com o Botas em falta, a dormir, por via do medronho que muito apreciou, os homens foram visitar a adega, as cabras, a porca preta - que desviava o focinho para não ser fotografada - e, os carros com que trabalha o Mestre, voltamos às lições da computorização, agradecendo, o Mestre, sem a necessidade do formador, a todos aqueles que em surpresa lhe enviaram mensagens.

O sol preparava-se para partir, e nós convidados também. A D. Conceição brinda-nos com uma sopa de beldroegas, com feijão verde, abóbora e curgete (planta parecida com o pepino, mas da família da abóbora) que, quem não a queria comer, por ainda farto do almoço, não hesitou em repetir, um coelhinho frito para “aconchegar”, e obviamente “regado” como convém.

Agora sim, carregados de “mimos” da produção caseira do nosso anfitrião e, de uma garrafa de vinho tinto/2007, da Adega Cooperativa de Granja, que o Ramos nos ofertou, rumámos aos diferentes destinos, certos que em breve as “lições de informática” se repetirão.

Pica Sinos

E O HIPÓLITO DISSE:

Com licença . . . Ao bem conseguido e perspicaz relato supra, excelentemente elaborado pelo Pica, aliás, na esteira do que já nos vem habituando, não ouso sequer, com receio de o adulterar, acrescentar sequer uma vírgula.

Apetece-me, apenas, como disse alguém, frisar que “atesto por trás o que ele atestou pela frente”.

Nunca será demais realçar a excelência do acolhimento caloroso e gastronómico que nos fez a família Mestre e que culminou na qualidade da “charrisca” de medronho que nos serviu. Alguns de nós, de tão aviados desta preciosidade, bem tentámos visitar a estação do Metro do Monte Fialho, mas, nem vimos o metro, nem sequer encontrámos a porta da estação.

Por último, uma informação que consegui obter, via satélite: Se, porventura, o Mestre demorar a responder às vossas mensagens, tal não se ficará a dever à lendária lentidão alentejana ou sequer à sua menor propensão para a informática. Antes, ao facto de ele teimar, para que se não detectem colunas de fumo e com receio de alguma virose, em meter, após cada sessão, o dito computador na máquina de lavar.

Um abraço do tamanho do coração do Mestre. Hipólito

E O GUEDES DISSE:

Olá amigos.

Acho que o Mestre se devia candidatar a um computador Magalhães.Ou talvez não, pois a velocidade do bicho poderia baralhar a cabeça do homem... Deve ter sido um dia inesquecível que eu espero se repita por algumas vezes mais - não muitas senão a despensa do Mestre vai à falência.

Ao Pica e a todos os que se dispuseram a ir até "à do Mestre", um grande abraço.

E ao Ramos um bem haja, por se ter lembrado de levar o Pedro a assistir a tão memorável dia.

À Esposa e Filha do Mestre, senhoras muito simpáticas, também um agradecimento reconhecido, pela boa vontade para aceitarem na sua casa, esta tropa fandanga, dando-lhes de comer e beber do bom e do melhor, como é seu timbre.

Um grande abraço para todos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O Mestre vai ficar mestre...em computadores

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24/07/2009 Meu Amigos
Como é do vosso conhecimento o Mestre já mexe
e bem na NET.
Só vos peço uma coisa; não mandem anexos muito
grandes porque o programa não consegue abrir dado
que é banda larga canguru, com pouca rede lá no monte.
As outras redes népia.
Um dia destes conto como foi as lições ao Mestre
Pica Sinos
---------------------------------------------------------------------------------------------| Amigos Na próxima 5ª feira, dia 23, vamos a casa do Mestre ministrar formação de computadores ao anfitrião. A equipa tem confirmada as presenças: do Hipólito, do Botas e Pica Sinos, aguardamos a confirmação do Zé Manel e do Contige e, de outros que queiram assistir. Conforme vêem no anexo - se tiverem dificuldades a abrir guardem 1º no ambiente de trabalho e só depois o abrem - o Mestre tem a sua foto e a da mais querida das cabras - a menina - no ambiente de trabalho, podendo o pessoal fazer-lhe uma outra surpresa que por exemplo pode ser: Enviar um e-mail de parabéns ao Mestre por poder ter acesso ao Blog Bart1914 e e corresponder-se com os seus camaradas via e-mail. Prometo que será ele, o Mestre, a abri-los no respectivo dia. As mensagens de parabéns podem ser enviadas desde já - apenas uma ou duas para não saturar a caixa de correio - e nada de mandar e-mails tipo "Costa", a família estará a assistir à inauguração e há uma criança de 5 anos - o João - que consertesa estará também presente. Resta informar os amigos da morada electrónica do Mestre que é: antonio.c.mestre@gmail.com Tenham um bom domingo Pica Sinos ----------------------------------- O Pica propos-se uma árdua tarefa - a de informatizar o Mestre. Todo o mundo está preocupado com o acontecimento e movem-se céus e terras em prol do sucesso de tal tarefa. Aqui vão os testemunhos: ----------------------------------- Já estou a preparar tudo Só falta o endereço electrónico que terá que ser o Mestre a escolher. Tenho ideia que não será necessário chamar os bombeiros por isso, o gajo tem uma pinga que afoga tudo e todos. Vai ser um fartote de rir, mas não pensem que o gajo não tem jeitinho, eu bem vi como ele toca nas tetas das cabras Pica ------------------------------------------ A ajuda do Hipólito...... Aviso à navegação Pedi, para ser difundido junto da Protecção Civil de Beja, Ourique, Monchique e Loulé, o seguinte aviso: Se, porventura, nos próximos tempos, for avistada qualquer coluna de fumo, a sair de uma casa no Monte Fialho - Mértola, é, necessariamente, alarme falso. Será, tão-só, o resultado dos exercícios que o Mestre estará a fazer com o computador e a internet que o Pica lhe vai pôr em casa. O fumo será o resultado das "pancadas" que o referido Mestre irá dar no teclado do dito cujo computador. A ver vamos, se não será necessário mobilizar a aviação-submarina.Um abraço Hipólito ------------------------------------------------------- o Cavaleiro também está preocupado... Tenho bastante influencia nos Corpos de Bombeiros (Voluntários e Municipais) de Viana do Castelo. Se necessário...................digam !!!!!!!!! Um abraço Cavaleiro ------------------------------------------------------- O Justo também dá a sua achega: Caro Mestre parte 2 Parabéns pelo novo brinquedo adquirido. Agora já podes mandar e receber xxx corações para e de todo o pessoal. Entretem um bocado e é bom para as insónias, em vez de contar-mos carneirinhos, contamos e-mailinhos. Amigo já estás na minha lista dos "malditos", e de futuro vais receber bonecos cá do rapaz, mas tudo pró sério claro. Olha amigo, deu-me na bolha e fiz uns bonecos em tua homenagem que estão no fundo em anexo. Para ver as fotos, clica no quadrado azul, é simples. Diverte-te com a máquina e recebe um grande abração de amizade. Cumprimentos à familia. Justo ------------------------------------------------------- e o Costa também: Amigos! Bem hajam aos grandes filantropos!!! Olha só os que vcs estão a preparar para o Mestre na arte de “navegar”!!! Ides ser os responsáveis pelo camião do rapaz ficar debaixo da azinheira a apodrecer!! Por mim, prometo só enviar emails sociais e com paisagens pastorícias... rrsssss!!!! Um abraço a todos Costa

O Costa esteve em maus lençóis...

Companheiros

Olhem só do que se livram aqueles que não vivem em zonas arvorisadas !!

Ontem sexta-feira pelas 16h30, pegou um incêndio na mata a mais de 2 klms de minha casa e devido ao forte vento, em menos de 5/10 minutos eu tinha o fogo a passar á minha porta. Um valente susto, uma intoxicação leve mesmo assim a pontos de ter que o 112 intervir com oxigénio cá pró rapaz por ter ficado pra trás a tirar fotos ao meu vizinho!

Por onde andas n/CMDT – Bombeiros de Baltar! (Hipólito) Aqui á porta estavam Corporações de Aveiro, Arouca, Esmoriz, Feira, Vagos, Espinho etc entre outros… mas o n/CMDT estava a banhos lá pró sul e a comer chouriço em Mértola!

O problema, foi que depois do fogo passar, a casa fica cheia de cheiro a fumo e muita cinza que entra não sei por onde. O certo é hoje fiz uma alvorada pra limpar paredes exteriores e o r/c da casa!

Ainda falam em férias….!!!!

BFSemana!!

Costa

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Amigo Costa,

As imagens valem mais do que mil palavras!

Calculo que tenhas passado por uma situação de verdadeiro pânico! Nunca senti na pele, mas já acompanhei situações de fogos verdadeiramente assustadores, com os bombeiros vencidos pelo cansaço, expressões de aflitiva dor. É triste ver desaparecer num ápice tudo aquilo que levou anos e anos a construir. Vivo relativamente perto do monte, por onde o fogo já tantas vezes passou! É uma aldeia. Noite, o sino a tocar, os gritos ao longe, vozes desesperadas pedindo ajuda, as ambulâncias a passar na fornalha da noite e nós a assistirmos, impotentes, à morte da vida, sejam pessoas, animais ou a natureza! Lamento que ainda exista gente que constrói casa de habitação no meio do monte! Lamento mais ainda quem autorize a construção.

Para todos aqueles homens e mulheres, desconhecidos, que abnegadamente combatem as chamas em cenários terríveis e verdadeiramente dantescos, sem qualquer moeda de troca, apenas a intenção de ajudar o próximo, para ELES vai toda a minha admiração e respeito. Naturalmente que falo dos bombeiros e dos populares colaborantes desde que devidamente enquadrados.

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Amigo Hipólito!

Tens razão! Tite era uma outra realidade que já quase esqueci! Que espero não voltar a viver. Foi uma página das nossas vidas muito mal vivida e por tal não merece que lhe demos, agora, a dimensão heróica, tenebrosa e de medo por que passamos. Já passou. Os fogos esses……..passaram, passam e passarão, muitas vezes às nossas portas e nós………..deixámo-lo passar, impotentes para combatê-lo e controlá-lo! Que interessa ter um arsenal de armas?!!! Se ainda dessem para combatê-lo!!!! Esta a minha opinião.

Para ti Costa um abraço solidário, esperando que já tenhas recuperado do valente susto. Dá-te por feliz por ter sido só isso!!

Um forte abraço e bom fim de semana.

Cavaleiro

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É só para dares valor ao que sofrem e arriscam os bombeiros.

Em Tite, mesmo nos "golpes de coxas", não te dava o abafa . . . Se não estivesse já na "retrait", quanto a bombeiros, entenda-se, possivelmente, estaria na coordenação dos helicópteros, como era habitual nesta época, uma vez que, aqui no quartel de Baltar, funciona um centro de meios aéreos. No entanto, se te vires à rasca, apita, porque posso trocar o presunto de Mértola por coisa equivalente aqui mais perto, em Ovar ou arredores, tanto faz. Dou-te os parabéns pelas fotos, estão de categoria, a comunicação social não faria melhor. Um abraço e bom fim de semana. Hipólito

Após a necessária censura, curta é certo, aqui se transcreve um hilariante artigo do Hipólito...

foto - simpatia de XALMER
Há um testículo (ia a escrever o calão próprio, mas não condiria com o meu perfil) de tempo que abro o blog e não saímos das “coincidências do tempo”. Arre! . . . está pior que malhar em ferro frio!E, como, desta vez, acordei estremunhado . . . “alembrei-me” (quiçá, por infuência do sms do Pica sobre “monasterios”) . . . Como todos concordarão, fui, sempre e justamente, considerado o “operacional dos operacionais”, porque ia a todas, salvo seja, actividades de índole operacional. Sempre que se saía para o mato, os que ficavam (no bem bom, segundo alguns) diziam ou pensavam “vão com Deus” . . .O n/capelão, primeiro representante, para o efeito, estava sempre inop. De maneiras que sobrava sempre para o mexilão, o moço da massa, como segundo representante, a ponto de, na comissão, ter rompido, salvo o erro, 36 pares de botas, clímax, apenas, superado, na actualidade, pelo Costa, segundo transpira dos “mentideros”.Não me hei-de esquecer, cem anos que viva, de entre muitas outras, especialmente, da operação que vou tentar retratar, o mais fielmente que sei, atento o melindre da situação.Calcorreávamos, já há dois dias, todos “rotinhos”, manga de bolanha e floresta cerrada, quando, inopinadamente, como que um oásis, vislumbrámos, ao longe, um vetusto edifício, totalmente isolado e privado de tudo o que era mundano.Com as devidas cautelas, não estivesse o dito conotado com o IN, fez-se a aproximação. Era um convento de freirinhas, de uma qualquer missão indígena, lindas como o sol e, efectivamente, privadinhas de todo o mal.Acoplando-se a fome com a vontade de comer, lá se afiambraram uns às outras e vice-versa . . . O melhor, será mesmo deixar ao critério da imaginação de cada um, o que é que se terá passado a seguir, o que, na verdade, não sei.O que sei é que ouvi, com estes ouvidos que a terra há-de comer, uma das irmãs dizer:À nossa superiora, não. Poupem-na, p.f. Esta, que não iria deixar passar a oportunidade, por nada deste mundo, logo reage: Não, não. Guerra é guerra… O mais difícil terá sido encontrar um voluntário, atenta a meia idade da dita...[O nosso “capo”, a quem, hierarquicamente, incumbiria a missão, atirou para canto; O Guedes, o Arrabaça e mais dois ou três, pinchas na criva como eram, não deixaram os créditos por mãos alheias e já, com afã, tinham metido mãos à obra; o Cavaleiro e o Monteiro estavam (até hoje) a considerar]Valeu, na altura, o Costa, valente especialista em desbravar teias de aranha, que fez jus ao n/lema “sem temor”, e, ao que se supõs, lá deu conta do recado.Quanto a mim, lá no meu cantinho, com o já aqui rotulado ar de ingénuo, cabeça inclinada à sacripanta, ergui as mãos aos céus e agradeci, assim:Hoje foi dia santo, foi dia de graça . . . Por via do stress, só de me lembrar de tão intensa actividade operacional, vou, já, no “goss” tomar um “quinino” para a m/vesícula preguiçosa, a ver se descarrego . . .Nota: Sei, por conhecimento de causa, que não ficou ninguém na fotografia, pois claro. Hipólito

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Os Idosos e os outros Velhos... pelo Pica

Os Idosos e os Outros Velhos Impressionado com as reportagens, artigos e, outros textos, sobre os idosos e as vicissitudes da vida que, o dia-a-dia lhes tem vindo a reservar, surgiu-me a ideia de publicar no nosso blog, um texto, necessariamente modesto, com o objectivo e no propósito de desenvolver uma “conversa” com os meus camaradas d’armas e amigos, ao estilo e a exemplo das muitas “conversas” desenvolvidas no tempo, onde não nos passava pela cabeça, a vida, 40 anos passados. Acreditem que não foi difícil encontrar o “suporte” necessário para relatar, e, opinar, sobre a problemática da chamada 3ª idade neste país, chegando à conclusão, que são muito poucos os Idosos, com razões para darem Graças, por verem respeitados, honrados, na sociedade e na família, os direitos que lhes são justamente devidos no Outono da vida. Os outros, os “Velhos”, a esmagadora maioria, sem “voz” para reclamarem, juntam velas, que acendem, ou não, rezando e implorando p’los direitos que lhes são legítimos; na segurança económica, nas condições de habitação, na saúde, no convívio familiar e comunitário. Rezam, suplicam, protestam para que respeitem a sua autonomia pessoal, que lhes acabem com o isolamento e com a marginalização de que são vítimas. Direitos que lhes são constitucionalmente devidos e que tardam a encontrarem. No Largo do Martim Moniz, em Lisboa, encontro o Fernando (nome fictício), um sem abrigo que se estendia e, se aconchegava no “seu” cartão, para uma noite que ambiciona ser calma. Na improvisada cabeceira da sua “cama”, tem uma vela apagada. Murmurava quando lhe pergunto se esteve na guerra colonial. Não me respondeu, a sua meditação ia noutra direcção. Não sei se rezava, ou se reclamava por não ter acesso uma refeição, mesmo que fosse de qualidade deficiente? Uma fatia de pão? Umas sopas ou “algo” misericordioso que não conseguiu encontrar? Insisto por uma resposta e, entre dentes, de olhar incisivo, diz algo que me pareceu ser “Guileje” ou “Guidaje”. Foi claro a pedir-me cigarros, ao que anui. Virou-me as costas e tapou-se de farrapos, não me pareceu digno continuar a insistir, ficando, eu, sem saber as causas que motivaram ou motivam tão miserável forma de estar. Pareceu-me revoltado, mas ao mesmo tempo (talvez) resignado, mas não acredito que o Fernando, (ou qualquer outro sem-abrigo), rejeite uma sociedade que tem a obrigação de proteger aqueles que são seus filhos, que rejeite, o direito uma vida digna (e merecida), enquanto “percorrem a estrada” até ao dia da verdade.
Estigma Filhos dum deus selvagem e secreto e cobertos de lama, caminhamos por cidades, por nuvens e desertos. Ao vento semeamos o que os homens não querem. Ao vento arremessamos as verdades que doem e as palavras que ferem. Da noite que nos gera, e nós amamos, só os astros trazemos. A treva ficou onde todos guardamos a certeza oculta do que nós não dizemos, mas que somos.
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Senhores, basta de olharem para o lado, fingindo que não vêem
Texto - Raul Pica Sinos - Poema Ary dos Santos
Foto - do blog.sapo: trazoutroamigotambem ----------------------------------------
Entusiasmado pelo conteúdo deste artigo do Pica e quando me encontrava no Martin Moniz, com a minha mulher e uns amigos a caminho de jantar na Casa do Alentejo, procurei vasculhar um pouco esta realidade bem crua da nossa capital e que o Pica em boa hora nos trouxe à atenção - os sem abrigo. Ao sair do parque de estacionamento do Martim Moniz, lado contrário às fontes, dou comigo de repente intrigado, não vendo pessoas nas arcadas dum centro comercial já fechado, mas vendo sim os caixotes altos de cartão a mexerem-se dum lado para o outro, a serem arrumados e alinhados, e dois ou três caixotes verdes do lixo, daqueles que têm rodas, a serem movimentados também em várias direcções. Os caixotes seriam as paredes para mais uma noite de sono ao relento, felizmente não chuvosa, e os latões eram as portas do "apartamento". Os seus utentes, a (o?) Fernanda e o Carlos. Nomes verdadeiros. Eles faziam o alinhamento daquelas "paredes e portas", do lado de dentro dos cartões, por isso eu não os via. Confesso que não me preocupou a partir dum certo momento saber se era, ele, ex-combatente, mas sim o que fazia ali e porque veio ali parar. Ela (ele?), a Fernanda, não falava. Ele, o Carlos, tinha um ar limpo e cuidado de quem tomou banho há poucas horas, cabelo meio branco cortado à francesa, calça de ganga não rôta ou amolgada. Se não estivesse ali seria um qualquer funcionário duma empresa, passeando por Lisboa. Ela, sempre calada, meio desconfiada, com ar masculino, fumando sofregamente, seguia dez passos à frente, sempre a olhar para trás. Disse-me ele que tinha sido obrigado a levar aquela vida, não me explicou porquê, mas o que o aborrecia mais era o facto de a segurança social não lhe dar o suficiente para viver.
Trabalhar não, porque com a idade dele, cinquenta, já ningém lhe dava trabalho. E ele gostava daquele mundo como me disse. Após arrumarem a sua casa, foram a caminho do Intendente. Fui embora! Mas o que custa é ver que ninguém se preocupa com esta situação. Ninguem lhes dá abrigo decente. Não há quem resolva meter mãos à obra e nestes 35 anos, tantas foram as presidências da Câmara, de vários campos políticos. É um aspecto deprimente, uma cidade cheia de luz durante o dia, onde o sol é generoso, e que durante a noite se transforma num dormitório a céu aberto. Onde dorme gente que foi e é gente como nós...
leandro guedes
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nota - após esta publicação tive conhecimento de que a autarquia de Budapeste, capital da Hungria, encetou em 2006 um aturado e bem elaborado plano de recuperação de habitações degradadas, privadas e publicas, a fim de alojar com dignidade todas estas pessoas, proporcionando-lhes uma vida de cidade decente, conjuntamente com todos os outros habitantes, sem guetos, mas integrados nas ruas normais duma capital quase tão bonita como Lisboa - Budapeste. O resultado? Bem o resultado é que, segundo esse estudo, conseguiram até agora retirar 90% da população sem abrigo das ruas, proporcionando-lhes a dignidade merecida a que cada um tem direito. Os politicos da Hungria não fizeram favor nenhum. Apenas e tão só foram pessoas honestas, merecedoras do titulo de servidor publico e mostraram a sua preocupação com o seu semelhante.. leandro guedes .

segunda-feira, 6 de julho de 2009

As coincidências do tempo...

SEQUÊNCIA ÚNICA AS QUATRO HORAS, CINCO MINUTOS E SEIS SEGUNDOS DO DIA 7 DE AGOSTO DESTE ANO, O TEMPO E A HORA SERÃO: 04:05:06 07/08/09 ESTA SEQUÊNCIA NUNCA ACONTECERÁ DE NOVO.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Silva deu noticias, de França.

Meus amigos

O Silva já mexe na NET e escreveu-me!

Seria muito bom que o pessoal lhe mandasse uma MSN

e que o Guedes logo que tenha tempo publique a sua mensagem

a morada é:

francisco.fernanda.costa@gmail.com

Pica Sinos

Aqui vai a sua mensagem:

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“Pica Sinos

2009/7/1

Amigo Pica desculpa de te tomar um pouco do teu tempo, mas sabes eu sempre ouvi dizer que quando chegamos a velhos tornamos a ser meninos.

agora que o meu neto parece estar operacional aproveito contactar os amigos de longa data.

Então como é que vai a saúde? Se as aparências não enganam estás porreirinho segundo as fotografias do almoço convívio. Eu pessoalmente sinto-me em forma, embora esteja a atravessar um momento difícil na vida devido ao estado de saúde da minha mãe que se deteriorou hà três semanas. Está em coma depois desta data, embora nós esperássemos este momento critico mas na realidade nunca estamos preparados.

O Costa enviou-me as fotos da rapaziada presentes no almoço e foi com uma certa emoção que as vi tendo a dizer que sinceramente se encontrasse a rapaziada inesperadamente a maioria não os conheceria.

Não posso fazer projectos mas seria um prazer estar junto a vocês todos na próxima vez se não for antes.

Pica para leres estas linhas levas um minuto, o que não foi o caso para mim a escreve-las. Olha se quiseres saber o tempo que passei a fazê-lo conta as letras e multiplica por cinco minutos cada uma.

Amigo Pica recebe um grande abraço do teu amigo Silva e cumprimentos para os teus familiares

Silva”

Grande Silva Meu bom amigo Que saudades de te poder abraçar que estou certo que será em breve. Vejo que já mexes na NET à maneira. Estou nesta data, mais o Hipólito, a convencer o Mestre do mesmo. Mas o alentejano "tá molenga". Mas vai lá, demora tempo mas vai. Relativamente à tua mãe tens que ter calma amigo e conformismo a vida á assim camarada. Eu estou bem e a família também. Já estou reformado mas ainda faço "uma perninha" num gabinete de advogados amigos, sempre vem mais uns tostões que dão sempre jeito. Vou mandar o teu endereço electrónico para alguns de nós para te escreverem e tu também o fazeres. Amanha já o faço e dou informação à tua pessoa. Vou mandar este teu texto ao Guedes para ele o publicar no nosso blog cuja morada é a seguinte: (basta carregares com o ponteiro do rato em cima dela duas vezes e é só desfrutar a tua malta amiga) se não o conseguires, vai ao sítio que dá pelo nome de Google e é só colocares esta morada. http://bart1914.blogspot.com Tem uma boa noite, assim como para a tua mulher.

As melhoras da tua mãe.

Pica Sinos

Rapazes!!

O Silva também me escreveu 3ª feira a contar que demora 5 minutos a escrever uma palavra com duas sílabas!!!

Já comecei a enviar alguns emails… mas por enquanto é tudo assuntos inocentes, não vá a D. Fernanda se assustar rrsss!!!

Entretanto estive fora alguns dias, mas já comecei a enviar “as minhas notícias” rrrsssss!!!!

Um abraço

Costa

Amigo Silva

Acho que estás no bom caminho, amigo. Cinco minutos por cada letra é já uma boa performance.

Para a semana já demoras apenas dois minutos e qualquer dia não conseguimos ter pedalada para te responder.

Pelas fotos que mandaste acho que estás óptimo e só desejo que assim continues.

Pena o problema da tua Mãe, mas como diz o Pica, tens que estar preparado para tudo e ter coragem para aguentares tão grande perda, que a alguns de nós já aconteceu também.

Um grande abraço amigo.

Que tenhas saúde e todos os teus e vai escrevendo.

Leandro Guedes

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Caro Amigo Silva Foi bom saber que mais um "guerreiro" irá batalhar nas lides Bloguistas. Sê bem vindo, e não te preocupes com a velocidade da escrita, porque o importante é dares notícias e enviar material para alegrar as hostes. Gostamos de saber dos amigos. Já te inclui nos meus contactos, e de quando em vez lá irás receber uns bonecos interessantes mas muito respeitadores e tementes a Deus. Amigo, sei avaliar os momentos por que estás passando com a saúde da tua mãe. Custa ver quem amamos a sofrer, e a vida por vezes é mesmo dura, mas a dor fortalece o homem. Tudo o melhor possivel neste momento e recebe um abração e cumprimentos à esposa. Zé Justo